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ISSN 1514-3465

 

Voltando aos princípios do judô: prática para uma educação integral

Returning to the Principles of Judo: Practice for an Integral Education

Volviendo a los principios del judo: práctica para una educación integral

 

José Edson Rodrigues Ferreira

docentefal@hotmail.com

 

Licenciatura Plena em Educação Física

Universidade Federal de Alagoas

Especialização em Esporte Escolar

Universidade de Brasília (UNB)

Especialização em Educação Física e Cultura

Universidade Gama Filho (UGF)

Especialização em Educação Física Escolar

Fundação Universitária de Ciências da Saúde de Alagoas

Especialização em Fundamentos Sócio-Culturais da Educação Física (UGF)

Professor Assistente I – Faculdade Estácio de Alagoas (2003-2017)

Membro da Comissão Estadual de Graduação da Federação Alagoana de Judô-FAJU

Kodansha 6º Dan de Judô, Confederação Brasileira de Judô (CBJ)

Membro da Comisión del Jovens del Centro Latinoamericano

de Estudios Coubertinianos (CLEC)

Professor aposentado da Rede Municipal de Ensino da Cidade de Maceió

e da Rede Estadual de Ensino do Estado de Alagoas

(Brasil)

 

Recepção: 14/05/2020 - Aceitação: 21/11/2021

1ª Revisão: 28/10/2021 - 2ª Revisão: 12/11/2021

 

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Citação sugerida: Ferreira, J.E.R. (2022). Voltando aos princípios do judô: prática para uma educação integral. Lecturas: Educación Física y Deportes, 26(285), 135-149. https://doi.org/10.46642/efd.v26i285.2245

 

Resumo

    Este artigo discute dois temas, o uso de metodologias que priorizam a dimensão formativa/educacional e a dimensão/desempenho competitivo dos esportes de combate. Objetivo: Incentivar os professores de judô no aprofundamento dos conhecimentos sobre os objetivos do Shihan Jigoro Kano em estruturar o judô com fins educacionais visando uma melhor aprendizagem nas dimensões física, mental, estética, moral, e social dos indivíduos. Metodologia: Foi realizada uma busca informativa em plataformas virtuais, bibliotecas e outras, por termos referentes à educação, história, filosofia e judô, para delimitar conceitos e foram obtidos documentos com os critérios estabelecidos. Resultado: Foram coletados textos relacionados com informações sobre os princípios, fundamentos, valores, ensino, aprendizagem, pedagogia, formação, educação e performance no cotidiano da prática do judô. Conclusão: Fica evidenciado que no ensino do judô as duas vertentes pedagógicas, formativa/educativa e a competitiva/performance, sejam trabalhadas como um elo de ligação, no qual o aprendizado dos fundamentos da modalidade seja de real importância para a etapa do aprimoramento técnico tornando o judô uma prática esportiva que traga benefícios ao convívio social de seus praticantes. Portanto, faz-se necessário que os professores realizem estudos e pesquisas relacionadas aos objetivos e metodologias da prática do judô.

    Unitermos: Judô. Educação. Formação. Competição.

 

Abstract

    This article discusses two themes, the use of methodologies that prioritize the formative/educational dimension and the competitive dimension/performance of combat sports. Objective: To encourage judo teachers to deepen knowledge about Shihan Jigoro Kano's objectives of structuring judo for educational purposes aiming at better learning in the physical, mental, aesthetic, moral, and social dimensions of individuals. Methodology: An informative search was carried out in virtual platforms, libraries and others, by terms related to education, history, philosophy and judo, to delimit concepts and documents were obtained with the established criteria. Results: Texts related to information about the principles, fundamentals, values, teaching, learning, pedagogy, training, education and performance in the daily practice of judo were collected. Conclusion: It is evidenced that in the teaching of judo the two pedagogical, formative/educational and competitive/performance aspects, are worked as a link, in which the learning of the fundamentals of the modality is of real importance for the stage of technical improvement making judo a sports practice that brings benefits to the social conviviality of its practitioners. Therefore, it is necessary that teachers carry out studies and research related to the objectives and methodologies of judo practice.

    Keywords: Judo. Education. Training. Competition.

 

Resumen

    Este artículo discute dos temas, el uso de metodologías que priorizan la dimensión formativa/educativa y la dimensión competitiva/rendimiento de los deportes de combate. Objetivo: Alentar a los profesores de judo a profundizar en sus conocimientos sobre los objetivos de Shihan Jigoro Kano al estructurar el judo con fines educativos, apuntando a un mejor aprendizaje en las dimensiones física, mental, estética, moral y social de las personas. Metodología: Se realizó una búsqueda de información en plataformas virtuales, bibliotecas y otros, de términos referentes a educación, historia, filosofía y judo, para delimitar conceptos y se obtuvieron documentos con los criterios establecidos. Resultados: Se recolectaron textos relacionados con información sobre los principios, fundamentos, valores, enseñanza, aprendizaje, pedagogía, formación, educación y desempeño en la práctica diaria del judo. Conclusión: Es evidente que en la enseñanza del judo, los dos aspectos pedagógicos, formativo/educativo y competitivo/rendimiento, se trabajan como un vínculo, en el que aprender los fundamentos del deporte es de real importancia para la etapa de perfeccionamiento técnico que convierte al judo en un deporte que aporta beneficios a la vida social de sus practicantes. Por tanto, es necesario que los profesores realicen estudios e investigaciones relacionados con los objetivos y metodologías de la práctica del judo.

    Palabras clave: Judo. Educación. Capacitación. Competición.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 26, Núm. 285, Feb. (2022)


自己完成 (Jiko No Kansei)

Perfeição como ser humano.

Jigoro Kano

Introdução 

 

    Este artigo situa-se no âmbito da prática do judô e faz uma apreciação da representação social de sua aplicabilidade no contexto educacional e esportivo. O ponto de partida da argumentação é a contextualização das práticas do judô com a área de conhecimento no processo histórico da cultura oriental e aos objetivos da criação do judô com fins educacionais; as influências no contexto da cultura ocidental face a rápida propagação e, a absorção das artes marciais como prática esportiva.

 

    A prática de uma arte marcial requer persistência, disciplina, obediência, coragem, e outros requisitos, pois, são ações repetitivas, árduas, intensas e exaustivas. Advinda da cultura asiática, a arte de combate ensina não só a lutar melhor, a dominar melhor o adversário, mas ensina também, no campo da formação, a ser melhor como ser humano. (Ariyama, Shimamoto, y Nakanishi, 2017; Lira Quina, 2017)

 

    Ser atleta requer vários anos em plena submissão aos treinamentos almejando vitórias para mostrar que há uma verdade interna e uma identidade de ser autônomo. E para vivenciar essa escolha precisa de um técnico que ajudará na formação da sua identidade como um indivíduo vencedor e possuidor de uma liberdade. Nessa realidade, é perceptível uma significativa quantidade de ex-atletas tornando-se técnicos. Parecendo, assim, haver uma busca em exercer um papel de dominador perante outros indivíduos, caracterizando uma inversão de papeis sociais.

 

    Surge, então, o problema do estudo: está a prática esportiva sendo uma forma pedagógica construtiva e transformadora à vida de seus praticantes ou um processo repetitivo, continuísta de exploração e exclusão social reforçado? O questionamento é realizado a partir da fundamentação teórica exposta por Platão (2012), na obra Filebo, que aborda sobre o ilimitado e o limite em seu diálogo referente ao “conhecimento e o prazer”. Assim, uma analogia é realizada em relação a aquisição do conhecimento quando o indivíduo pratica o judô: a) um meio educativo/formativo para a sua vida extra dojô (道場, ambiente onde se realiza o treinamento/meditação) e b) o prazer quando das práticas do judô com o intuito competitivo, puramente na dimensão do rendimento.

 

    A primeira opção, o judô formativo, com característica de um conhecimento ilimitado, voltado à formação do indivíduo, o ser do ente. Segunda opção, do judô competitivo, como um prazer limitado, onde o foco do praticante orientado é o vir-a-ser (Platão, 2012). Com uma fundamentação teórica em Hegel (apud Heidegger, 2012, p. 87) a preocupação é que o processo educativo esportivo deve estar alinhado com a questão do ser, do vir-a-ser, do nada, da presença, da existência, da possibilidade, da realidade, e não somente do pensar (como forma para aquisição conhecimento). Logo, a discussão é sobre o porquê do judô na vida do praticante.

 

    O objetivo desse artigo é incentivar os professores de judô no aprofundamento dos conhecimentos sobre as finalidades educacionais do judô nas dimensões física, mental, estética, moral e social dos indivíduos. Espera-se que atingindo tal objetivo novos trabalhos acadêmicos dêem prosseguimento ao judô almejado por Jigoro Kano –uma prática que leva à educação integral–, identificando as aplicabilidades e finalidades da introdução das práticas corporais seculares advindas da cultura japonesa no contexto social atual.

 

Da essência do judô 

 

    A filosofia ensina a realizar indagações como se fosse um combate histórico/epistemológico, que não para de cessar sobre a essência do ser e dos sendos. O efetivo compreender nesse exercício faz o indivíduo manter-se vivo cognitivamente mediante o dinamismo latente do pensar. Heidegger (2012) servirá de apoio nesse argumento quando escreve “não devemos dar guarida à preguiça do espírito e à covardia da vontade” (p. 31) e, citando Platão, na obra Menão, com a seguinte máxima: “o saber deve ser retirado de dentro de nós mesmos” (p. 50).

 

Imagem 1. Jigoro Kano criou os princípios norteadores à prática do judô

Imagem 1. Jigoro Kano criou os princípios norteadores à prática do judô

Fonte: https://flapyinjapan.com/2009/08/10/el-kodokan/

 

    E, meditando a máxima de René Descartes – Cogito ergo sum, torna-se, ao nosso ver, o principium (άρχή, arché) – de onde algo é e vem a ser, ou seja, simplesmente se determina. Assim, um duvidar, um determinar, e uma certeza contribuem para que os indivíduos sejam pensantes e ativos. Fazer uma reflexão sobre as práticas do judô leva à questão da fundamentação (principium) do judô, a qual o Shihan Jigoro Kano teve por base o indivíduo na sua essência social. Ele criou os princípios norteadores à prática do judô (flexibilidade, mínimo de força e máximo de eficácia, amizade e prosperidade mútua) nos quais o praticante receberia uma educação integral, vivenciando as dimensões física, mental e moral. (Kano, 2016)

 

    A essência do judô dá-se pela busca na formação do indivíduo, mas atualmente, a sua existência está caracterizada pela efetividade como prática esportiva competitiva (Sánchez-García, 2016). Portanto, tem-se como meta saber dos meios como se determina a essência da representação do judô como conceito e prática, evitando que o judô, nas suas ações, não seja uma prática insidiosa.

 

    As práticas do judô são exercidas nas escolas, clubes, academias, quartéis e, conduzidas por profissionais da educação física, atletas, gestores, acadêmicos e militares. Como consequência, aqui fica o alerta sobre uma parcela que exerce o ensino do judô sem conhecer os conceitos da essência do judô, mas conhecem e priorizam a difusão das práticas do judô esportivo competitivo regido por conceitos técnicos e estratégicos. (Kano, 2016; Lira Quina, 2017)

 

    Na dimensão técnico-competitiva, o ensino do judô torna-se rígido, onde o corpo do indivíduo recebe uma carga de pressões psíquicas, fisiológicas, anatômicas, sociais e nutricionais. O corpo é trabalhado, tornando-se consciente das responsabilidades aos objetivos competitivos, ou seja, preparado/programado para vencer.

 

    Como contraponto, eis os questionamentos relacionados à corporeidade, à existencialidade (história absorvida e contada pelo corpo), ao modo de dominar e administrar esse corpo após o período de competição. Não sendo mais um atleta competidor, como esse indivíduo se vê na sua história de vida? De que forma ele sente o seu próprio corpo? Como é visto pelos outros e de que forma se dá o relacionamento com estas outras pessoas? Enfim, é a prática esportiva uma potenciação da verdade e um bem para o praticante? Como está sendo adequada a forma de exercer a prática esportiva, uma cópia e reprodução de ações exercidas por outros ou uma prática solidificada e adaptada para cada indivíduo praticante? Atende as necessidades de cada indivíduo e a necessidade do viver em grupo?

 

    O vocábulo grego πολεμος (pólemo), no sentido restrito, significa desacordo, desunião, guerra no sentido de massacre, morte, luta e combate. Diferente de ἀγωνας (ágona), luta, embate corporal com fins de jogo, combate. E παλε (pale) significando luta, desafio no sentido de jogo ou prática esportiva. O segundo e terceiro vocábulo vêm caracterizar uma tomada de decisão para solucionar problemas, a forma educativa e lúdica de aprender e apreender algo por intermédio do jogo, da disputa.

 

    Heidegger (2012, p. 120) cita a máxima de Heráclito que “a guerra é a mãe de todos e a rainha de tudo. De uns faz deuses, de outros, homens. De uns escravos; de outros homens livres”. Assim, cabe uma reflexão sobre as questões cotidianas referentes aos conflitos externos que cada pessoa tem em relação com as demais; como é possível e deve cada pessoa resolver os problemas causados por si mesma. Cabendo ao indivíduo estar sempre reelaborando, reinterpretando a sua realização como ser nessa vida. Não é só caminhar, mas buscar na caminhada a realização da meta traçada por cada um, isto sim caracteriza a via (ὁδός, em grego, e em japonês , ).

 

    O caminho evidenciado é o da prática das lutas como elemento constitutivo, um dos conteúdos da educação física escolar (Brasil, 2017; Lira Quina, 2017). As práticas de lutas são milenares e regidas por princípios rígidos, desde as civilizações mesopotâmicas, assírias, gregas, chinesas, japonesas, dentre outras. Sob uma orientação pedagógica os praticantes eram levados a exercerem atividades corporais para o fortalecimento da parte física e mental.

 

    No Japão, as práticas mais antigas são oriundas da China e, pelos registros históricos, o Taijutsu (体術, técnicas do corpo) é a forma mais antiga de luta, na qual apenas o corpo e a mente são utilizados de forma harmoniosa, não recorrendo ao uso de armas. O Taijutsu era classificado em dois tipos: o Daken Taijutsu (打鍵体術), o qual recorria aos socos e chutes e, o Ju Taijutsu (柔体術), com torções e projeções ao solo. Com o decorrer dos tempos utilizou-se o termo Ju-jutsu (柔術), deixando assim de chamar Taijutsu. (Draeger, 2007)

 

A prática do judô como uma análise existencial 

 

    Socialmente as nossas ações devem estar pautadas em valores, nos quais os julgamentos devem estar voltados ao fazer o bem. O comportamento deve estar atrelado à reflexão das ações frente ao fator coletivo. Reflexões sobre os hábitos de pensar e agir, reflexões nas unidades dos contrários que se efetuam em um nexo (σύναψις, sinapse). Contiguidade esta que leva à harmonia (αρμονια) no processo dinâmico de ser e fazer no cotidiano.

 

    As experiências humanas acontecem a partir das coisas existentes (τό ὄντα). No dojô, exemplificando, todos praticam o judô, mas nem todos se identificam com algumas técnicas, sejam elas de projeção, de imobilização, de estrangulamento e de chaves de braço.

 

    Dentre os que gostam das técnicas de projeção há quem utiliza mais as pernas, outros as mãos, e outros o uso do quadril. Alguns não gostam de realizar randori (乱取り), outros gostam dos exercícios para o fortalecimento do corpo; os que praticam kata (,forma), e os que objetivam momentos de socialização e de integração. Todos praticam o judô, todos exercitam as técnicas, mas há escolhas. No todo há diferenças, há quereres diversos. (Descartes, 2002; Heidegger, 2009, 2012; Jaeger, 2011)

 

    No judô cada praticante deve exercer a tarefa de forma inteligente e valorosa, imprimindo nas suas escolhas e execuções à agudeza das percepções sensoriais e presteza em seguir o que deve ser trabalhado, adicionando o máximo de energia para a obtenção de seus objetivos (Mazzola, 2018). Cada ação deve tornar-se boa, agradável e prazerosa (καλός και αγαθό και εδονή). Cada praticante, respeitando a sua individualidade, tem o direito de escolher a prática que lhe convém por questões pessoais, sociais, biológica (morfológica, fisiológica e psicológica).

 

    O judô tem como fundamento a boa e melhor vivência do indivíduo no meio social (自他共栄, jita kyoei), na qual, o praticante necessita de liberdade e autonomia para realizar suas escolhas. Nesta perspectiva, Kant (2009), em sua obra Crítica do Razão Pura, esclarece que o indivíduo para conhecer o mundo necessita de sensibilidade, entendimento e razão. Ou seja, é no dojô onde o fenômeno do aprendizado ocorrerá. As vivências (tempo e espaço) neste ambiente efetivar-se-ão de forma legítima na vida do judoca, o qual sentir-se-á “ser-no-mundo” exercendo as suas ações necessárias à prática do judô (respeito, disciplina, responsabilidade, persistência, cooperação, reflexão, cautela…). Sendo a prática do judô um motivo e causa para a percepção de “ser-com-os-outros”, evidencia-se a importância para a vida social. Essa ação, na percepção filosófica de Parmênides (apud Heidegger, 2012) denominava de “vir-a-ser”.

 

    Há uma importância na vida do judoca quando ele está no convívio social do dojô, pois ele mostra-se efetivo, manifesto em si mesmo. Eis o fenômeno da prática do judô, da sua razão em permitir que o praticante mostre mediante as suas ações (técnicas) a expressão corporal do que foi aprendido e apreendido no decorrer de sua vida judoísta. O que foi descoberto e o que ainda está encoberto, o que falta assimilar, fazendo-o perceber o aprendizado, o seu conhecimento (σοφια, sophia).

 

    Fenômeno pelo qual o judoca mostra-se mediante suas ações corporais nas identificações e escolhas de movimentos, este “saber ser e fazer”, a partir dos esclarecimentos fornecidos pelo sensei (professor) recebe o nome de “”, o caminho. O caminho que permite perceber-se como ser integrante e responsável por um grupo de indivíduos. Caminho este que não se deve perder de vista no cotidiano (em grego: άπᾱτη - engano, perdido de vista). Para trilhar esse caminho correto (ή ὁδός - em grego; , , em japonês) o praticante deve investigar, planejar e corrigir a sua forma de ser e estar nesse caminho, ação essa denominada de método (ή μέθοδος).

 

    Mas, trilhar o caminho, a via reta, não é fácil, pois o caminho pelo qual caminhamos, outros indivíduos também trilham. Cada um com o seu querer, objetivos e percepções diferenciadas. Contradições com outros caminhos, encruzilhadas e desvios diversos surgem no nosso caminho. Embora reconhecendo-os como caminhos não devemos desviar do nosso caminho escolhido e orientado pelo sensei (, sen- antes, e , sei- nascido, nascer: ou seja, o que veio primeiro, o que já vivenciou). É nesse caminhar que se deve exercer e obter com disciplina o esforço moral nas ações concretas (no taoísmo recorre-se a palavra 實行, shixing).

 

    Deve-se estar atento às dificuldades e provocações, ofertas de prazeres utópicos que podem levar aos desejos desnecessários à vida. Para maior consistência a esse argumento, eis a máxima de Bouterwek (1766-1828) citada por Kant (2001): “El junco, cuando se le dobla demasiado, se parte, y quien quiere demasiado no quiere nada” (p. 56). Assim, há a necessidade de estar em estado de alerta, pois interferências surgem na caminhada. Portanto, nenhum sinal de fraqueza pode ser aparentado, evitando, assim, influências sugestionadas. Virgílio, na obra Eneida, livro VI v95, apud por Kant (2001), ensina a “não ceder diante os males, mas enfrentá-los com mais audácia” (p. 77). Ou seja, é dever estar sempre encarando e buscando vitórias sobre os problemas que surgem na caminhada.

 

    Na prática do randori (乱取り, movimentos livres para execuções das técnicas) há ocorrências nas quais o parceiro de treino se apresenta com novas dificuldades, com técnicas e ações visando a queda do adversário, causando um desconforto físico e moral. Mas, quando age com firmeza, objetividade, sabedoria e determinação estará sempre recorrendo às esquivas e aos contragolpes para inibir os ataques.

 

    Inibir os ataques é não resistir com o mesmo ímpeto provocado, mas com a sabedoria da não-ação tão propagada no taoísmo, o wu-wei (無爲), a ação pela não-ação com resistência. Não há necessidade de ficar medindo forças, mas ser flexível e aceitar a ação de ataque e, adicionar ao ataque exercido pelo adversário uma nova energia para que seja dada uma continuidade ao movimento inicial do adversário, ou seja,se ele empurra, aproveita a sua ação e puxa-o na mesma direção (A+B) gerando uma ação maior num movimento mais acelerado e com menos esforço (精力善用, seiryoku zenyō, o segundo princípio do judô). Isso é o verdadeiro saber agir e fazer, isso é habilidade. Para o Mestre Kano (2008 apud Mesquita, 2014) este é o princípio do “ceder para vencer”.

 

    Segundo Dewey (2017), em sua filosofia pragmática, o indivíduo deve estar atento aos fazeres cotidianos, “não só a ação é importante, mas as reflexões ‘das’ e ‘nas’ ações, pois o que importa é: o que é melhor para sociedade” a partir das ações realizadas. Como as ações no dojô efetivamente servirão à vivência no contexto dinâmico do cotidiano social (ação, fato), um diálogo interno deve estar sempre presente em cada indivíduo quando se exercita no dojô– o que pretende com a atividade, o que será obtido com ela, e se após as práticas haverá transformações. Para Descartes (2002), isso é “usus rectus rationis” (uso correto da razão) e “facultatis indicandi” (capacidade de julgar).

 

    Para Le Breton (2011), cada indivíduo tem o seu saber e visão do valor singular sobre o corpo. Onde as numerosas sociedades primitivas, principalmente as asiáticas, não separaram o homem do seu corpo. Mas, o corpo moderno é de outra ordem. Le Breton (2011) continua,

    Ele implica o isolamento do sujeito em relação aos outros (uma estrutura social de tipo individualista), em relação ao cosmo (as matérias primas que compõem o corpo não têm qualquer correspondência em outra parte), e em relação a ele mesmo (ter um corpo, mais do que ser o seu corpo). O corpo ocidental é o lugar da cesura, o recinto da soberania do ego. (p. 9)

    Para o referido autor, o corpo, é uma construção simbólica, não uma realidade em si. Para ele, o corpo “é o efeito de uma construção social e cultural”, chegando ao ponto de servir como um elemento de individuação que é recorrido para fazer a distinção de um sujeito do outro (Durkheim,1968 apud Le Breton, 2011). Esse processo de individualização pela matéria -o corpo-, faz do corpo uma propriedade do homem e não mais a sua essência. (Le Breton, 2011)

 

    No processo evolutivo da humanidade o corpo vem passando por progressivas fases de distanciamento da sua capacidade de comunicação por intermédio de suas ações. Na atualidade a solicitação feita ao corpo é mais para o uso do mesmo como instrumento para executar ações em benefícios dos outros. Um corpo onde a espontaneidade e a expressão corporal não são muito permitidas e valorizadas. Os sentidos, a agilidade dos movimentos e suas reações rápidas já não são percebidos como e quando eram solicitados primitivamente.

 

O judô como um fenômeno educativo 

 

    As práticas de lutas foram utilizadas na Grécia Antiga com fins educacionais sendo um dos conteúdos da παιδέια – a formação do homem grego (Jaeger, 2013). No Japão, precisamente do período feudal até a presente data, as práticas de luta denominadas de Budô (武道) são utilizadas na formação e transformação do indivíduo para uma vida harmoniosa. (Croucher, e Reid, 2010; Lira Quina, 2017; Mazzola, 2018)

 

    Enfim, cabe ao educador estar atento à ação pedagógica, reflexão sobre as propostas dos planos de aulas das práticas esportivas, aqui, mais especificamente o judô, para não perder o foco, o sentido da educação e seus fins. A concepção de sociedade e de homem não devem ser relegadas à outras finalidades que não seja a transformação dos indivíduos para uma boa convivência social. Kano (apud Watson, 2011) enfatizava que a educação dos jovens deveria estar fundamentada nas três formas de educação (三育手技, san iku shugi): aquisição do conhecimento (, chi), estudo da moralidade (, toku) e educação física (体育, taiiku), pois proporcionaria uma instrução que contribuiria para o bem da sociedade, segundo a teoria educacional de Herbert Spencer. (Watson, 2011)

 

    Kano (2013) concebe que o “o judô é mais que uma arte de ataque e defesa. É um modo de vida”. (p. 16). Shihan Kano criou o judô fundamentado no princípio de fazer o uso mais eficiente da energia física e mental e, teve como propósito “melhorar a saúde”, quando aplicado à educação física (p. 20). Princípios para a convivência social foram estabelecidos para o judô além do dojô: plena atenção no relacionamento, tomada de iniciativa, usar reflexões antes de agir, saber parar no momento certo, andar de forma simples não sendo arrogante quando da vitória ou sentir-se humilhado após uma derrota. (Kano, 2013, pp. 24-25)

 

Métodos 

 

    A metodologia utilizada para a elaboração deste ensaio foi a leitura de publicações especializadas em filosofia, educação, sociologia, e história para o devido questionamento sobre as práticas do judô com características educativa e esportiva competitiva, para despertar e mostrar qual reflexão pode ser efetivada sobre a prática do judô. Caracterizada como pesquisa de natureza qualitativa, do tipo bibliográfica de cunho descritivo. O problema do estudo: está sendo a prática esportiva do judô uma forma pedagógica construtiva e transformadora para os praticantes ou um processo contínuo de exploração e exclusão social está sendo reforçado?

 

    A hipótese é que os profissionais que ensinam o judô não aprofundam os estudos histórico-filosóficos, podendo gerar um problema aos aprendizes e tornar-se uma prática competitiva exacerbada e, possivelmente, levar ao abandono da modalidade, por não alcançarem outros fins a não ser o competitivo.

 

    O resultado da pesquisa permitiu a seleção de 24 referências que atenderam aos critérios de seleção e, consecutivamente, foi realizada uma leitura crítica da redação.

 

Resultados e discussão 

 

Judô: prática motivadora para o aprendizado e a formação do praticante 

 

    A argumentação teórica exposta remete que a prática do judô pode ser efetivada por intermédio da aprendizagem dos fundamentos técnicos, históricos e filosóficos. Uma aprendizagem calcada em metodologias voltadas à dimensão pedagógica na vertente da formação do indivíduo visando a sua vida cidadã pautada na autonomia, liberdade, no agir consciente com ética e seguindo os preceitos morais para a vida coletiva.

 

    Nesse intento serão discutidas duas vertentes do judô. Vejamos:

 

Judô formação, educacional 

 

    Modalidade esportiva que privilegia a parte da fundamentação do judô (judo no kihon, 柔道の基本) composta por: saudações (hei-ho, 礼法), postura (shisei, 至誠) natural e de defesa (shizentai,自然体 e jigotai,自護体), deslocamento do corpo (shintai, 身体), movimentação no tatame (taisabaki, 体捌き), pegadas (kumikata, 組み方), desequilíbrios (kuzushi, 崩し); concentração (mokuso, 黙想), técnicas de amortecimento do corpo (ukemi, 受身), e exercícios para o aquecimento (taiso, 体操). As técnicas de projeção (nage waza, 投げ技), controle no solo (katame waza, 固技), lutas amistosas (randori, 乱取り), formas (kata, ). Além da parte técnica há uma terminologia específica (tokutei no yōgo, 特定の用語).

 

    É perceptível a grande quantidade de ações que o praticante terá no cotidiano do judô. Ações essas que proporcionarão múltiplas experiências de resolução de problemas que deverão ser realizadas nos momentos de convívio em duplas, pequenos e grandes grupos. Ou seja, o aprendizado é efetivado no campo das ações, das experiências, que para Hume (apud Mondin, 2003) “a única fonte de conhecimento é a experiência, e o objeto da experiência não é a coisa externa, mas a sua representação” (p. 112). Assim, o aprendizado dar-se-á pelo agir, no persistir em fazer, em sentir, assimilar, e refletir sobre as vivências no dojô.

 

    No judô os movimentos, as ações devem propiciar momentos de liberdade para o agir e não uma prática em que comandos e determinações são efetivadas e priorizadas. Não ser prisioneiro do outro, mas autônomo nas ações, que de modo consciente, serão viáveis ou não para o aprendizado. Uma prática prazerosa pautada na relação de interação e reflexão do agir, pois, segundo a máxima de Sócrates (apud Mondin, 2003), “que o prazer deva ser o fim das ações” (p. 53).

 

Judô performance, competição 

 

    O evidenciamento da prática esportiva com fins competitivos, da disputa aflorada, do praticante vivendo a modalidade com o objetivo do profissionalismo é hoje movido pelos patrocínios de instituições financeiras, comerciais, educacionais, militares, empresas privadas, enfim, de entidades que absorvem os atletas competidores como seus representantes da marca no mercado capitalista. Diferente de décadas anteriores, as quais os atletas competiam pelo amor, suor, e sangue ao esporte.

 

    Não é objetivo, para esse caso, fazer uma negação da validade da prática do judô na dimensão competitiva. A competição é uma forma possível do ser humano estar presente no âmbito social, mas o fator cooperação também é uma necessidade na vida humana. O processo de formação de um atleta competidor requer relações amistosas, de parcerias, pois a formação de um competidor dar-se-á de modo multidisciplinar com os objetivos de participar e vencer.

 

    Ser o destaque no âmbito esportivo e social é a grande jornada a ser conquistada, mas que essa busca não seja exacerbada da finalidade da prática esportiva, pois assim acontecendo só viria a confirmar o que Hobbes (apud Mondin, 2003) preconizava quando citava que “o homem é o lobo do homem” (Homo homini lúpus) (p. 100). Pois, pelo temor de ser vencido pelo outro, ele só pensa em vencer os demais. Enfim, as práticas competitivas são importantes na formação dos indivíduos, principalmente na formação do caráter em que as vitórias e as derrotas trazem ensinamentos valiosos como persistência, disciplina, autoestima, paciência, reflexão, e outros valores, mas exacerbá-la pode ser um grande risco.

 

    Para Vernant (2010),

    Em uma sociedade de confronto na qual, para ser reconhecido, é preciso derrotar os rivais em uma competição incessante pela glória, cada indivíduo está colocado sobre o olhar do outro, cada indivíduo existe por esse olhar. Ele é o que os outros vêem dele. A identidade de um indivíduo coincide com sua avaliação social… (p. 407)

    Fortalecendo a argumentação de que a prática esportiva de lutas, especificamente o judô, pode contribuir na construção da personalidade e identidade do indivíduo, eis uma citação de Tokitsu (2007):

    O ato do combate conduz a uma introspecção e a uma reconsideração que induzem a uma reorganização da personalidade orientada a aumentar a perspicácia, a ser capaz de não desejar a perturbação, de atuar espontaneamente, de desapegar as próprias atitudes ao máximo (p. 75).

    A prática do judô apresentada nas argumentações anteriores pode ser o recurso viável a ser aplicado na formação dos indivíduos. Tanto pela riqueza de conteúdo e de metodologias que darão uma forte sustentação pedagógica aos profissionais da educação física que lecionam o judô no contexto educacional, ou da prática composta de princípios e valores necessários ao convívio social. (Casado, 2018)

 

    O ensino do judô evidenciado com o propósito na aquisição do fortalecimento da dimensão corporal (rentai-hô, 連体方) ou privilegiando apenas a dimensão técnica, rendimento com finalidades de luta (shôbu-hô, 層武方) termina sendo uma prática de judô equivocada, limitada (kyogi judô, 虚偽柔道). Para o Shihan Kano o judô deve compor de treinamentos corporais (taiiku-ho, 体育方), de treinamentos visando o desenvolvimento da parte técnica-competitiva (shobu-ho, 層武方) e do treinamento visando o aperfeiçoamento da dimensão intelectual e moral (sushin-ho, 修身方) tornando-se uma prática integral, denominada de kôgi judô (広義柔道). (Espartero, 2016; Lira Quina, 2017)

 

Conclusão 

 

    O judô é uma prática para o saber, o conhecimento e, por circunstâncias, uma prática do fazer-se presente. Mostrar a prática do judô como uma importante atividade pedagógica que proporciona benefícios a seus praticantes, e que seja preservada como prática de combate corporal que possui finalidade educativa definida. Prática que mantém a cultura de uma classe guerreira japonesa, a qual os princípios éticos e morais deveriam ser absorvidos desde a tenra idade. Princípios fundamentados pelo Código de Honra dos samurais – o Bushidô, e assimilados pelos praticantes das artes marciais.

 

    Respondendo ao questionamento formulado na introdução: – está sendo a prática esportiva do judô uma forma pedagógica construtiva e transformadora para a vida de seus praticantes ou um processo repetitivo e continuísta de exploração e exclusão social está sendo reforçado? –, a luz dos ensinamentos filosóficos, pode-se concluir que a prática do judô fundamentada nos princípios formulados pelo criador da modalidade, o Mestre Jigoro Kano, tende a ser uma caminhada que trará benefícios sociais e morais ao seu praticante. Que a essência da prática dar-se-á na relação de bem-estar mútuo para chegar a um determinado objetivo – a vida cotidiana em coletividade à luz de uma proposta de vida baseada no descobrir. Descobrir no sentido de dar condição à, deixar que se revele, se faça presente de modo interativo e integrador.

 

    Assim ocorrendo, o judô continuará se revelando como a forma objetivada por Jigoro Kano, a educação integral, na qual a dimensão física pode ser trabalhada com finalidades para o treinamento físico. Uma atividade física que tornar-se-á uma proposta e/ou conteúdo da educação física escolar ou sendo um meio para efetivar uma disputa – uma prática esportiva competitiva. Quanto à dimensão moral, pode-se recorrer como uma atividade que envolverá seus praticantes à reflexão de suas ações conflitivas, mas que está regida por normas e regras preestabelecidas quando utilizada como prática esportiva.

 

    Estas ações podem ser efetivadas caso os educadores recorram às propostas pedagógicas, aos planejamentos e às aulas prevalecendo a essência do judô – a educação integral voltada aos seus praticantes como seres responsáveis pela cultura da civilidade.

 

Referências 

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 26, Núm. 285, Feb. (2022)