Lecturas: Educación Física y Deportes | http://www.efdeportes.com

ISSN 1514-3465

 

Associação entre o nível de atividade física e 

doenças crônicas não transmissíveis em idosos

Association Between the Level of Physical Activity 

and Chronic Diseases not Transmissible

Asociación entre el nivel de actividad física y enfermedades 

crónicas no transmisibles en personas mayores

 

Daniel Vicentini de Oliveira*

d.vicentini@hotmail.com

Camila Mariani Pereira**

camilamarianip@hotmail.com

José Roberto Andrade do Nascimento Júnior***

jroberto.jrs01@gmail.com

Priscila Almeida Inhoti****

priscilainhoti@hotmail.com

Mateus Dias Antunes*****

mateus_antunes03@hotmail.com

Paolo Marcello da Cunha******

pcunha88@gmail.com

Lenamar Fiorese*******

lenamarfiorese@gmail.com

 

*Doutor em Gerontologia. Pós-doutorando em Educação Física

Universidade Estadual de Maringá (UEM)

**Graduada em Educação Física

Centro Universitário Metropolitano de Maringá (UNIFAMMA)

***Doutor em Educação Física

Docente no departamento de pós-graduação stricto sensu em Educação Física

Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF)

****Mestre em Promoção da Saúde

Centro Universitário Metropolitano de Maringá (UNIFAMMA)

*****Doutorando em Ciências da Reabilitação

Universidade de São Paulo (USP)

******Doutorando em Educação Física

Universidade Estadual de Londrina (UEL)

*******Doutora em Ciência do Movimento Humano

Docente no programa de pós-graduação stricto sensu em Educação Física

Universidade Estadual de Maringá (UEM)

(Brasil)

 

Recepção: 18/03/2020 - Aceitação: 26/07/2020

1ª Revisão: 13/04/2020 - 2ª Revisão: 25/06/2020

 

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https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt

Citação sugerida: Oliveira, D.V. de, Pereira, C.M., Nascimento Júnior, J.R.A. do, Inhoti, P.A., Antunes, M.D., Cunha, P.M. da, y Fiorese, L. (2020). Associação entre o nível de atividade física e doenças crônicas não transmissíveis em idosos: visão discente. Lecturas: Educación Física y Deportes, 25 (268), 76-90. Recuperado de: https://doi.org/10.46642/efd.v25i268.2060

 

Resumo

    O presente estudo teve como objetivo investigar a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) e sua possível associação com o nível de atividade física e comportamento sedentário de idosos usuários das Unidades Básicas de Saúde (UBS). Trata-se de um estudo epidemiológico analítico, observacional, correlacional e transversal, realizado com 654 idosos de ambos os sexos, usuários de UBS do município de Maringá, Paraná, Brasil. Foram coletados dados sociodemográficos e de saúde. O nível de atividade física e o comportamento sedentário foi avaliado por meio do International Physical Activity Questionnaire (IPAQ), versão curta. Para a análise dos dados foi utilizado a estatística descritiva e inferencial, por meio dos testes Kolmogorov-Smirnov, Krustal-Wallis e Qui Quadrado, considerando um nível de significância de p<0,05. A hipertensão arterial sistêmica é a DCNT mais prevalente nos idosos (57,9%). Os idosos das UBS com três ou mais morbidades associadas realizam menos dias de atividades moderadas por semana quando comparados com os idosos com nenhuma ou com um ou duas. Conclusão: Baixos níveis de atividade física estão associados à algumas DCNTs (doença do coração, AVC e doença pulmonar) em idosos das UBS.

    Unitermos: Envelhecimento. Atividade motora. Doença crônica. Promoção da saúde. Sistema Único de Saúde.

 

Abstract

    The objective of this study was to investigate the prevalence of chronic noncommunicable diseases (CNCDs) and their possible association with the level of physical activity and sedentary behavior of elderly users of Basic Health Units (BHU). This is a descriptive, cross-sectional, epidemiological study conducted with 654 elderly men and women, BHU users from the city of Maringá, Paraná, Brazil. Sociodemographic and health data were searched. The level of physical activity and sedentary behavior was evaluated through the International Physical Activity Questionnaire (IPAQ), short version. Data analysis was performed using descriptive and inferential statistics using the Kolmogorov-Smirnov, Krustal-Wallis and Chi-Square, using a significance level of p<0.05. Systemic arterial hypertension is the most prevalent NCD in the elderly (57.9%). Elderly BHU users with three or more associated morbidities performed fewer days of moderate activities per week compared to the elderly with none or one or two. Low levels of physical activity are associated with some CNCDs (heart disease, stroke, pulmonary disease) in the elderly BHU users.

    Keywords: Aging. Motor activity. Chronic disease. Health promotion. Unified Health System.

 

Resumen

    El presente estudio tuvo como objetivo investigar la prevalencia de enfermedades crónicas no transmisibles (ECNT) y su posible asociación con el nivel de actividad física y el comportamiento sedentario de los usuarios mayores de las Unidades Básicas de Salud (UBS). Se trata de un estudio epidemiológico analítico, observacional, correlacional y transversal realizado con 654 hombres y mujeres mayores, usuarios de UBS en la ciudad de Maringá, Paraná, Brasil. Se recogieron datos sociodemográficos y de salud. El nivel de actividad física y el comportamiento sedentario se evaluó mediante el Cuestionario Internacional de Actividad Física (IPAQ), versión corta. Para el análisis de los datos se utilizó estadística descriptiva e inferencial, utilizando las pruebas de Kolmogorov-Smirnov, Krustal-Wallis y Chi Cuadrado, considerando un nivel de significancia de p<0.05. La hipertensión arterial sistémica es la ECNT más prevalente en las personas mayores (57,9%). Las personas mayores en UBS con tres o más morbilidades asociadas utilizan menos días por semana de actividades moderadas en comparación con los que ninguna, una o dos. Conclusión: Los niveles bajos de actividad física se asocian con algunas ECNT (enfermedad cardíaca, accidente cerebrovascular y enfermedad pulmonar) en las personas mayores de la UBS.

    Palabras clave: Envejecimiento. Actividad motora. Enfermedad crónica. Promoción de la salud. Sistema Único de Salud.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 25, Núm. 268, Sep. (2020)


 

Introdução 

 

    As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) são consideradas como um conjunto de doenças multifatoriais que se desenvolvem com o passar dos anos e são de longa duração (WHO, 2005). São resultados de vários fatores, alguns determinantes e outros condicionantes como por exemplo, os fatores individuais como o tabagismo, uso nocivo de álcool, inatividade física e dieta não saudável, condições estas que são modificáveis. (WHO, 2005)

 

    Essas doenças são as principais causas de mortalidade e incapacidade precoce em muitos países, incluindo o Brasil. Nesse conjunto de doenças, destacam-se quatro com maior impacto econômico para saúde pública. São elas: as doenças cardiovasculares, o câncer, diabetes e doenças respiratórias crônicas (Duncan et al., 2012). No início do século XX as doenças infecciosas eram as principais causas de morte na população (Duncan et al., 2012), no entanto, as mudanças nas condições socioeconômicas e culturais interferiram diretamente na mortalidade brasileira (Malta et al., 2011), nesse sentido, a Organização Mundial da Saúde aponta que existe uma tendência de aumento de 20% das mortes por DCNTs em 2018. (OMS, 2018)

 

    A inatividade física aumenta o risco de complicações devido as DCNTs e diminui a expectativa de vida. Estima-se que a maior quantidade de pessoas doentes, assim como a maior quantidade de doenças em uma pessoa, poderia ser evitada se a inatividade física fosse eliminada. A prevalência de atividade física insuficiente no Brasil é de 73,9% nos idosos, ou seja, não alcançaram o escore de 150 minutos/semana de atividade física no deslocamento (caminhada, por exemplo) (Madeira et al., 2013). Quase metade dos brasileiros não alcançaram os níveis recomendados de prática de atividade física, o que demonstra a necessidade de fortalecer as ações de promoção de atividade física (Mielke et al., 2015). Tais dados apontam grandes desafios para o enfrentamento das DCNTs, sendo a atividade física um auxiliar nas ações de promoção da saúde (Mielke et al., 2015). Diante disto, este estudo visa preencher uma lacuna na literatura a respeito do perfil de DCNTs em idosos usuários das Unidades Básicas de Saúde (UBS) de um município do noroeste paranaense. Portanto, o presente estudo teve como objetivo investigar a prevalência de DCNTs e sua possível associação com o nível de atividade física e comportamento sedentário de idosos usuários de UBS.

 

Método 

 

    Trata-se de um estudo epidemiológico analítico, observacional, correlacional e transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário de Maringá (UNICESUMAR), sob parecer nº 1.626.966/2016.

 

Participantes 

 

    Segundo dados obtidos junto à Secretária de Saúde do município de Maringá, Paraná (PR) a população alvo foi composta por 42.258 idosos (2016). A amostra inicial a ser considerada pelo cálculo amostral foi de 595 idosos, adicionando 10% de possíveis perdas a amostra final foi composta por 654 idosos, de ambos os sexos, considerando um nível de confiança de 95% e 4% de margem de erro. Adicionalmente, o poder da amostra foi calculado no G*Power 3.1.9 (Faul, Erdfelder, Lang, & Buchner, 2007) considerando o número de grupos para o presente estudo (três), o qual revelou o poder estatístico de 93,9% baseado na amostra de 654 idosos e um tamanho do efeito médio (0,15) de acordo com os critérios de Cohen (1988) e um p-valor de 0,05.

 

    As UBS, das quais fazem parte os idosos, foram subdivididas em quatro regiões: Leste (sete UBS) que contempla 21,8% da população, região norte (oito UBS) com 34,5% da população, região oeste (oito UBS) com 23,2% da população e a região Sul (oito UBS), que contempla 20,4% da população total de idosos da cidade. Ao conhecer a composição das regiões, foram selecionadas por sorteio três UBS para serem avaliadas em cada uma das regiões. Após definido o tamanho da amostra em cada região e selecionada as UBS, foi importante manter a proporção de idosos da população na amostra, sendo assim os cálculos para obtenção da amostra final por UBS de acordo com sexo foram proporcionais aos populacionais.

 

    Foram incluídos no estudo, idosos, de ambos os sexos, com capacidade de fala e audição preservadas, que permitiam a aplicação dos questionários. Foi utilizado o Mini exame do estado mental (MEEM) para excluir idosos com déficits cognitivos importantes (Folstein, Folstein & Mchuch, 1975; Brucki, Nitrini, Caramelli, Bertolucci & Okamoto, 2003). Idosos com deficiência intelectual, demências e demais prejuízos cognitivos, percebidos pelos pesquisadores, também foram excluídos.

 

Instrumentos 

 

    Para a caracterização do perfil sociodemográfico e de saúde dos idosos, foi utilizado um questionário semiestruturado desenvolvidos pelos autores, composto por informações referentes à idade (60 a 69 anos; 70 a 79 anos; 80 anos ou mais), sexo (masculino; feminino), estado civil (casado ou vive com o companheiro; solteiro; divorciado, desquitado; viúvo), morbidades (nenhuma; 1 ou 2; 3 ou mais/quais?). A pergunta sobre morbidades foi referida exclusivamente às DCNTs e não aos seus fatores causais.

 

    Foram analisadas também medidas antropométricas de massa corporal (kg), estatura (m), perímetro da cintura (cm) e do quadril (cm). Para avaliação da massa corporal utilizou-se balança digital portátil, tipo plataforma, marca Kratos com variação de 0,1 kg e capacidade de até 150 kg. No momento da avaliação, os participantes foram orientados a utilizar roupas leves e a ficarem com os pés descalços. Para a tomada do perímetro da cintura, a fita foi posicionada ao redor da menor curvatura localizada entre as costelas e a crista ilíaca. A mensuração do perímetro do quadril foi realizada posicionando-se a fita ao redor da região do quadril, na área de maior protuberância.

 

    A distribuição da gordura corporal foi estimada pela relação cintura/quadril (RCQ). Foram utilizados os pontos de corte propostos pela OMS para RCQ (Björntorp, 1991). O Índice de massa corporal (IMC) foi obtido pela divisão do peso (em quilogramas) pelo quadrado da altura (em metros) e o resultado, avaliado utilizando-se os pontos de corte propostos pela OMS: IMC < 18,5 kg/m2 (baixo peso); IMC ≥ 18,5 kg/m2 até 24,9 kg/m² (eutrófico); IMC ≥ 25 kg/m² até 29,9 kg/m² (sobrepeso) e IMC ≥ 30 kg/m² (obeso). (Björntorp, 1991)

 

    O nível de atividade física dos idosos foi avaliado utilizando-se a versão curta do Questionário Internacional de Atividade Física – (IPAQ) (Matsudo et al., 2001). O mesmo é composto por sete questões abertas e suas informações permitem estimar o tempo despendido, por semana, em diferentes dimensões de atividade física (caminhadas e esforços físicos de intensidades moderada e vigorosa) e de inatividade física (posição sentada).O nível de atividade física foi classificado em sedentário, irregularmente ativo, ativo ou muito ativo. O comportamento sedentário foi avaliado por meio do tempo médio sentado em um dia de semana, e em um dia de final de semana. (Matsudo et al., 2001)

 

Procedimentos de coleta de dados 

 

    Os dados foram coletados em 12 UBS, divididas nas quatro regiões (norte, sul, leste e oeste), das 33 UBS do município de Maringá, selecionadas por meio de sorteio, após autorização da Assessoria de Formação e Capacitação Permanente dos Trabalhadores de Saúde (CECAPS). Os idosos voluntários foram abordados pelo pesquisador responsável ou pela equipe de pesquisadores, informados quanto à justificativa, objetivos e procedimentos a serem realizados, conforme orientações para pesquisa com seres humanos constantes na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Após esses procedimentos, aqueles que aceitaram participar da pesquisa, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

 

Análise dos dados 

 

    Foi realizada a estatística descritiva para variáveis categóricas. Para as variáveis numéricas, inicialmente foi verificada a normalidade dos dados por meio do teste de Kolmogorov-Smirnov. Como os dados não apresentaram distribuição normal, foram utilizadas Mediana (Md) e Quartis (Q1; Q3) para a caracterização dos resultados. Na estatística inferencial, o teste do Qui-quadrado foi empregado para investigar a associação entre o nível de atividade física e as variáveis sociodemográficas, de saúde e a prevalência de morbidades dos idosos. Na comparação do nível de atividade física em função da quantidade de morbidades associadas (Nenhuma/1 a 2/3 ou mais), foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis. Considerou-se um nível de significância de p<0,05.

 

Resultados 

 

    Participaram da pesquisa 654 idosos com média de idade de 69,49 ± 7,52 anos, massa corporal de 71,95 ± 12,61 quilogramas estatura de 1,41 ± 0,16 metros e IMC de 26,98 ± 4,29 kg/m². Nota-se (Tabela 1) a prevalência de idosos do sexo feminino (56,0%), casados (61,3%), com idade entre 60 e 69 anos (59,2%), com peso normal (IMC eutrófico), de acordo com o IMC (39,9%). Além disso, foi encontrado o baixo/moderado risco cardiovascular, de acordo com o RCQ (60,2%) e nível de atividade física ativo/muito ativo (60,7%). Notou-se média de caminhada por semana de 390,5 ± 12,36 minutos; e de tempo sentado durante a semana de 300,0 ± 36,0 minutos.

 

Tabela 1. Perfil sócio demográfico, de saúde e de atividade física dos idosos 

usuários das Unidades Básicas de Saúde do município de Maringá, Paraná, Brasil, 2016

Variáveis

ƒ

%

Sexo

Masculino

288

44,0

Feminino

366

56,0

Estado civil

Casado

401

61,3

Solteiro

58

8,9

Divorciado/Separado

74

11,3

Viúvo

121

18,5

Faixa Etária

60 a 69 anos

387

59,2

70 a 79 anos

197

30,1

80 anos ou mais

70

10,7

IMC

Baixo peso

97

14,8

Peso normal

261

39,9

Sobrepeso

151

23,1

Obesidade

145

22,2

RCQ (Risco cardiovascular)

Baixo/moderado

394

60,2

Alto

260

39,8

Nível de atividade física

Muito ativo/ativo

397

60,7

Irregularmente ativo

180

27,5

Sedentário

77

11,8

Legenda: IMC: índice de massa corporal; RCQ: relação cintura quadril.

 

    Ao analisar a prevalência de morbidades dos idosos usuários das UBS do município de Maringá (Tabela 2), verificou-se que 49,4% dos idosos possuem de 1 a 2 morbidades. Especificamente, nota-se que Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é a DCNT mais prevalente nos idosos (57,9%).

 

Tabela 2. Prevalência de morbidades dos idosos usuários das 

Unidades Básicas de Saúde do município de Maringá, Paraná, Brasil, 2016

Variáveis

ƒ

%

Morbidadesa

Nenhuma

137

20,9

1 a 2

323

49,4

3 ou mais

179

27

Doenças do coraçãoa

Sim

112

17,1

Não

541

82,8

HASa

Sim

378

57,9

Não

274

42,1

AVCa

Sim

52

8,0

Não

601

92,0

Diabetesa

 

 

Sim

182

27,9

Não

471

72,1

Câncera

Sim

25

3,8

Não

628

96,2

Osteoartritea

Sim

146

22,4

Não

507

77,6

Doenças do Pulmãoa

Sim

66

10,1

Não

587

89,9

Depressãoa

Sim

105

16,1

Não

548

83,9

Osteoporosea

Sim

102

15,6

Não

551

84,4

a: Variáveis com casos ausentes. HAS: Hipertensão arterial sistêmica; AVC: Acidente vascular cerebral.

 

    Foi encontrada associação significativa do nível de atividade física com a doença do coração (p=0,001), AVC (p=0,001) e doença pulmonar (p=0,001). As demais comorbidades não se associaram significativamente (p>0,05) com o nível de atividade física.

 

Tabela 3. Associação do nível de atividade física com a prevalência de comorbidades dos

idosos usuários das Unidades Básicas de Saúde do município de Maringá, Paraná, Brasil, 2016

Variáveis

Nível de atividade física

X2

P

Muito ativo/ativo

Irreg. Ativo

Sedentário

ƒ (%)

ƒ (%)

ƒ (%)

Morbidades

Nenhuma

92 (67,2)

34 (24,8)

11 (8,0)

2,223

0,136

1 a 2

190 (58,8)

90 (27,9)

43 (13,3)

3 ou mais

105 (58,7)

52 (29,1)

22 (12,3)

Coração

Sim

53 (47,3)

35 (31,2)

24 (21,4)

14,843

0,001*

Não

344 (63,6)

144 (26,6)

53 (9,8)

HAS

Sim

229 (60,6)

98 (25,9)

51 (13,5)

0,676

0,411

Não

168 (61,1)

81 (29,5)

26 (9,5)

AVC

Sim

24 (46,2)

19 (36,5)

9 (17,3)

4,719

0,030*

Não

373 (62,1)

160 (26,6)

68 (11,3)

Diabetes

Sim

112 (61,5)

42 (23,1)

28 (15,4)

0,422

0,516

Não

285 (60,5)

137 (29,1)

49 (10,4)

CA

Sim

19 (76,0)

3 (12,0)

3 (12,0)

1,202

0,273

Não

378 (60,2)

176 (28,0)

74 (11,8)

Artrite

Sim

83 (56,8)

47 (32,2)

16 (11,0)

0,375

0,540

Não

314 (61,9)

132 (26,0)

61 (12,0)

Pulmão

Sim

26 (39,4)

27 (40,9)

13 (19,7)

12,963

0,001*

Não

371 (63,2)

152 (25,9)

64 (10,9)

Depressão

Sim

72 (68,6)

19 (18,1)

14 (13,3)

0,999

0,317

Não

325 (59,3)

160 (29,2)

63 (11,5)

Osteoporose

Sim

65 (63,7)

25 (24,5)

12 (11,8)

0,217

0,641

Não

332 (60,3)

154 (27,9)

65 (11,8)

Legenda: *Associação significativa – p<0,05: Teste de Qui-quadrado para proporções. 

HAS: hipertensão arterial sistêmica; AVC: acidente vascular cerebral; CA: câncer.

 

    Ao comparar o nível de atividade física em função da quantidade de morbidades dos idosos (Tabela 4), verificou-se diferença significativa entre os grupos apenas nos dias de atividade moderada por semana (p=0,044). Já ao comprar o comportamento sedentário em função da quantidade de morbidades dos idosos, verificou-se diferença significativa entre os grupos apenas no tempo sentado durante a semana (p=0,012).

 

Tabela 4. Comparação do nível de atividade física em função da quantidade de morbidades 

dos idosos usuários das Unidades Básicas de Saúde do município de Maringá, Paraná, Brasil, 2016

Variáveis

Morbidades

P

Nenhuma

1 a 2

3 ou mais

Md (Q1;Q3)

Md (Q1;Q3)

Md (Q1;Q3)

Dias de caminhada

4,0 (2,0; 6,0)

4,0 (2,0; 6,0)

3,0 (2,0; 6,0)

0,287

Min. de caminhada p/ dia

45,0 (20,0; 120,0)

40,0 (20,0; 90,0)

40,0 (20,0; 90,0)

0,519

Min. de caminhada p/ semana

140,0 (60,0; 472,5)

140,0 (60,0; 420,0)

120,0 (50,0; 300,0)

0,459

Dias de atividade moderada

2,0 (0,0; 3,0)

2,0 (0,0; 3,0)

0,0 (0,0; 3,0)a

0,044*

Min. de atividade moderada p/ dia

30,0 (0,0; 60,0)

20,0 (0,0; 60,0)

0,0 (0,0; 60,0)

0,287

Min. de atividade moderada p/ semana

45,0 (0,0; 120,0)

60,0 (0,0; 180,0)

0,0 (0,0; 150,0)

0,104

Dias de atividade vigorosa

0,0 (0,0; 1,0)

0,0 (0,0; 0,0)

0,0 (0,0; 0,0)

0,066

Min. de atividade vigorosa p/ dia

0,0 (0,0; 30,0)

0,0 (0,0; 0,0)

0,0 (0,0; 0,0)

0,247

Min. de atividade vigorosa p/ semana

0,0 (0,0; 30,0)

0,0 (0,0; 0,0)

0,0 (0,0; 0,0)

0,227

Tempo sentado durante a semana

300,0

 (180,0; 420,0)b

240,0

 (120,0; 360,0)

240,0

 (150,0; 480,0)

0,012*

Tempo sentado em fim de semana

360,0

 (180,0; 480,0)

300,0

 (180,0; 480,0)

300,0

 (180,0; 540,0)

0,312

Legenda: * Diferença significativa: p < 0,05 – Teste de Kruskal-Wallis – entre: a) 3 ou mais com Nenhuma e 1 a 2; b) Nenhuma com 1 a 2.

 

    Ressalta-se que os idosos com três ou mais morbidades associadas realizam menos dias de atividades moderadas por semana quando comparados com os idosos com nenhuma ou com uma ou duas comorbidades. Em relação ao comportamento sedentário, nota-se que os idosos com nenhuma morbidade ficam mais tempo sentado durante a semana em detrimento aos idosos com uma ou duas comorbidades.

 

Discussão 

 

    Nossos principais resultados mostram que uma parte importante da amostra é irregularmente ativa ou sedentária. Além disso, grande parte dos sujeitos possuem pelo menos uma morbidade e algumas das DCNTs (doenças cardíacas, AVC e doenças pulmonares) foram associadas com baixo nível de atividade física e/ou sedentarismo. Os idosos com mais morbidades instaladas associaram-se com menores níveis de atividade física. E notou-se que os idosos com nenhuma morbidade ficam mais tempo sentados durante a semana em detrimento aos idosos com uma ou duas comorbidades.

 

    Como já esperado na população idosa, independente do país/região, o nível de atividade física é menor quando comparado com seus pares mais jovens. Uma das possíveis explicações é que em partes, várias alterações que ocorrem durante o processo de envelhecimento podem impactar na redução dos níveis de capacidade funcional do idoso. (Janssen, Heymsfield, Wang & Ross, 2000; Shin, Liu, Panton & Ilich, 2014; Waters, Baumgartner, Garry & Vellas, 2010)

 

    Além disso, a Tabela 1 mostra que 45% dos sujeitos tinham IMC acima do normal (sobrepeso ou obeso). A RCQ também se encontrou elevada (39,8%). Tais valores alterados de peso corporal e gordura visceral (RCQ) tem uma grande relação com níveis baixos de atividade física e sedentarismo encontrados em sujeitos idosos. (Schaap, Koster & Visser, 2013; Shin et al., 2014)

 

    No presente estudo, aproximadamente 77% dos sujeitos tinha pelo menos uma morbidade instalada. Dentre as doenças mais prevalentes, a HAS foi que se apresentou mais prevalente e esta doença é intimamente relacionada com sobrepeso e obesidade, inatividade física e envelhecimento (Zamboni et al., 2014). Nesse sentido, está identificado na literatura que o baixo nível de atividade física e/ou sedentarismo vai favorecer o acúmulo de gordura corporal, especialmente na região abdominal.

 

    Foi observado no presente estudo que baixos níveis de atividade física foram associados com doenças cardíacas, AVC e doenças pulmonares. Doenças cardíacas podem estar relacionadas à vários fatores tanto de cunho intrínseco, ou seja, aspectos genéticos e também podem sofrer influência de aspectos ambientais como alimentação inadequada, estresse e, como mostrado em nosso estudo, baixos níveis de atividade física.

 

    Em relação ao AVC e as doenças pulmonares, ambas podem sofrer impacto quando o indivíduo apresenta baixos níveis de atividade física, como por exemplo a hipertensão arterial pode ser um fator que favoreça quadros de AVC. (Cohen, 2017; Shimizu et al., 2011)

 

    Encontramos que idosos com mais morbidades associadas possuem menores níveis de atividade física. Esse resultado reforça a importância que bons níveis de atividade física podem auxiliar a prevenção de várias DCNTs na população idosa, sendo uma ótima estratégia não-farmacológica tanto para prevenção e tratamento de tais doenças. (Hojman, 2017; Paillard, Rolland & Souto Barreto, 2015; Tiainen, Hurme, Hervonen, Luukkaala & Jylhä, 2010)

 

    Nessa mesma tabela foi mostrado que idosos que passam mais tempo sentados tiveram menos morbidades. Esse resultado foi inesperado, sabendo que tempo excessivo em comportamentos sedentários podem favorecer o surgimento e/ou agravamento das DCNTs, ou seja, pode impactar negativamente a saúde geral do sujeito. Infere-se que este dado possa ter surgido ao acaso, já que o estudo é transversal, e não há como inferir causa-efeito (causalidade) entre as variáveis. Em relação a saúde e à adoção do comportamento sedentário, sabe-se que volumes elevados de tempo sentado têm possíveis associações com risco aumentado de obesidade (Gómez-Cabello et al., 2012), doenças cardiovasculares (Matthews et al., 2012), diabetes (van der Ploeg et al., 2012) e câncer. (Matthews et al., 2012)

 

    Em geral, o presente estudo conseguiu mostrar que os idosos apresentam condições de saúde pioradas, ou seja, são mais susceptíveis ao desenvolvimento das DCNTs e tal situação pode ser explicada, pelo menos em partes, pelo baixo nível de atividade física encontrada nessa população.

 

    Algumas limitações do presente estudo devem ser consideradas. Inicialmente, deve-se ter cuidado em extrapolar os achados para a população em geral, visto que a amostra é composta por indivíduos residentes em áreas de abrangência de UBS de um único município, o que não implica em generalizações para toda a população brasileira. Por fim, o fato de tratar-se de um estudo transversal impede a avaliação de relações diretas de causalidade entre as variáveis estudadas. Sugere-se pesquisas semelhantes em outros municípios brasileiros com idosos usuários de UBS assim como com idosos não usuários de UBS, a fim de comparações dos resultados.

 

    Como implicações práticas, destaca-se a importância de programas que proporcionem atividades físicas moderadas para idosos, e de profissionais da área da saúde, incluindo a terapia ocupacional orientarem este público da importância da atividade física como uma ferramenta para prevenir a ocorrência de DCNTs e para a promoção da saúde. Além disso, este estudo auxilia os profissionais da saúde a abordarem as estratégias e soluções de enfrentamento que os pacientes e cuidadores de indivíduos com DCNTs podem passar e interferir na sua qualidade de vida.

 

Conclusão 

 

    Diante dos resultados apresentados, pode-se concluir que o baixo nível de atividade física está associado à algumas DCNTs (doença do coração, AVC e doença pulmonar) em idosos. O presente estudo pode contribuir com informações para gestores de saúde incorporar intervenções de promoção da saúde no modelo de atenção à saúde, especialmente no cotidiano dos serviços de atenção básica em saúde, por meio de ações intersetoriais, voltadas práticas corporais e atividades físicas, que é um dos temas prioritários da Política Nacional de Promoção Saúde.

 

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