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ISSN 1514-3465

 

Exercício físico no diabetes mellitus tipo 2. 

Revisão integrativa para prática baseada em evidência

Physical Exercise in Diabetes Mellitus Type 2. Integrative Review for Evidence-Based Practice

Ejercicio físico en diabetes mellitus tipo 2. Revisión integradora para una práctica basada en la evidencia

 

Gustavo Rocha Resende*

gtv.rezende@gmail.com

Priscilla Rosa Queiroz Ribeiro**

priscillarqr@unipam.edu.br

Eduardo Vignoto Fernandes***

eduardovignoto@ufj.edu.br

David Michel de Oliveira****

profdoliveira@ufj.edu.br

*Bacharelado em Educação Física

pela Universidade Federal de Jataí (UFJ)

**Docente do Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM)

***Docente dos Cursos de Ciências Biológicas e Educação Física

da Universidade Federal de Jataí (UFJ)

****Docente do Curso de Educação Física

da Universidade Federal de Jataí (UFJ)

Líder do Grupo de Estudo e Pesquisa

em Exercício e Nutrição (GEPEN/CNPq)

(Brasil)

 

Recepção: 21/08/2019 - Aceitação: 07/08/2021

1ª Revisão: 15/01/2021 - 2ª Revisão: 14/07/2021

 

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Citação sugerida: Resende, G.R., Ribeiro, P.R.Q., Fernandes, E.V., e Oliveira, D.M. de (2021). Exercício físico no diabetes mellitus tipo 2. Revisão integrativa para prática baseada em evidência. Lecturas: Educación Física y Deportes, 26(281), 204-214. https://doi.org/10.46642/efd.v26i281.1575

 

Resumo

    Introdução: O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é uma desordem metabólica, multifatorial caracterizada por hiperglicemia e disfunção vascular com prevalência em países em desenvolvimento e impacto negativo para saúde pública. Além do tratamento farmacológico e a dietoterapia, o exercício físico é considerado importante estratégia para o controle e prevenção do DM2, entretanto seus efeitos e dose respostas não estão totalmente esclarecidos. Um estudo de revisão integrativa poderia contribuir para prática clínica baseada em evidências. Objetivo: Revisar estudos publicados em periódicos brasileiros sobre efeitos do exercício físico no DM2. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa realizada por pesquisa eletrônica nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizou-se os unitermos: diabetes tipo 2; exercício físico; efeitos clínicos; benefícios, incluiu-se estudos observacionais, longitudinais, clínicos e estudos de casos com humanos publicados em periódicos brasileiros entre 2013 e 2018. Resultados: Na BVS não foram encontrados artigos que atendiam os critérios de elegibilidade. Na Scielo, foram encontrados 96 resultados, 4 artigos (3 clínicos quase experimentais e 1 longitudinal), foram compatíveis com os critérios de elegibilidade. Conclusão: O exercício de caminhada pode ser prescrito para iniciantes, entretanto seus efeitos em variáveis bioquímicas ocorrem em longo prazo; os programas de exercício concorrentes e multicomponente demonstraram efetividade na aptidão funcional e controle bioquímico, portanto sugere-se estes modelos propostos como parte do programa terapêutico para portadores de DM2.

    Unitermos: Diabetes tipo 2. Exercício físico. Efeito clínico.

 

Abstract

    Introduction: Type 2 diabetes mellitus (DM2) is a metabolic disorder, multifactorial characterized by hyperglycemia and vascular dysfunction with prevalence in developing countries and negative impact on public health. In addition to pharmacological treatment and diet therapy, physical exercise is considered an important strategy for the control and prevention of DM2, although its effects and dose-responses are not fully understood. An integrative review study could apply to evidence-based clinical practice. Objective: To review studies published in Brazilian journals, effects of physical exercise on DM2. Methods: This is an integrative review performed by electronic research in Scientific Electronic Library Online (Scielo) and Virtual Health Library (VHL) databases, using the keywords: type 2 diabetes; physical exercise; clinical effects; benefits, observational, longitudinal, clinical studies and case studies with humans published in Brazilian journals between 2013 and 2018 were included. Results: In the VHL, no articles were found that met the eligibility criteria. In Scielo, 96 results were found, 4 articles (3 quasi-experimental and 1 longitudinal) were compatible with the eligibility criteria. Conclusion: Walking exercise can be prescribed for beginners, however its effects on biochemical variables occur in the long term; competitive and multicomponent exercise programs have shown effectiveness in functional fitness and biochemical control, if these models are necessarily proposed as part of the therapeutic program for patients with DM2.

    Keywords: Type 2 diabetes. Physical exercise. Clinical effect.

 

Resumen

    Introducción: La diabetes mellitus tipo 2 (DM2) es un trastorno metabólico multifactorial caracterizado por hiperglucemia y disfunción vascular con prevalencia en países en vías de desarrollo e impacto negativo en salud pública. Además del tratamiento farmacológico y la dietoterapia, el ejercicio físico se considera una estrategia importante para el control y prevención de la DM2, sin embargo, sus efectos y respuestas no se comprenden del todo. Un estudio de revisión integradora puede contribuir a la práctica clínica basada en evidencias. Objetivo: Revisión de estudios publicados en revistas brasileñas sobre los efectos del ejercicio físico con DM2. Métodos: Se trata de una revisión integradora realizada a través de la investigación electrónica en las bases de datos de la Scientific Electronic Library Online (Scielo) y la Biblioteca Virtual en Salud (BVS), utilizando las palabras clave: diabetes tipo 2; ejercicio físico; efectos clínicos; beneficios, incluyendo estudios de casos observacionales, longitudinales, clínicos y humanos publicados en revistas brasileñas entre 2013 y 2018. Resultados: En la BVS no se encontraron artículos que cumplieran con los criterios de elegibilidad. En Scielo, se encontraron 96, 4 artículos (3 clínicos cuasi experimentales y 1 longitudinal), compatible con los criterios de elegibilidad. Conclusión: El ejercicio de caminar se puede prescribir para principiantes, sin embargo, sus efectos sobre las variables bioquímicas ocurren a largo plazo; los programas de ejercicio concurrente y multicomponente han demostrado su eficacia en la aptitud funcional y el control bioquímico, por lo que estos modelos se sugieren como parte del programa terapéutico para pacientes con DM2.

    Palabras clave: Diabetes tipo 2. Ejercicio físico. Efecto clínico.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 26, Núm. 281, Oct. (2021)


 

Introdução 

 

    As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são consideradas um dos maiores problemas de saúde pública da atualidade; foram responsáveis por 68% de um total de 38 milhões de mortes ocorridas no mundo (Magnusson, e Patterson, 2014). Entre 1930 e 2006 aumentou 3 vezes mais, e atualmente são responsáveis por 68,3% das mortes, no Brasil. (Malta et al., 2006; Vigitel Brasil, 2019)

 

    Entre as DCNTs, especificamente o Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2) vem crescendo em países em desenvolvimento está associado aos maus hábitos nutricionais, obesidades, sedentarismo, e ao envelhecimento populacional, acometendo 23% da população com mais de 65 anos. (Sá et al., 2016; Vigitel Brasil, 2019)

 

    O DM2 é uma desordem metabólica de etiologia multifatorial caracterizada pela resistência à insulina, hiperglicemia e disfunção vascular (Ferreira et al., 2011). Suas complicações são ocasionadas por processos inflamatórios com impactos negativos no sistema cardiovascular (hipertensão e coronariopatias), tecido hepático (esteatose hepática) e aumento da incidência de demência e complicações em demais tecidos. (Cassidy et al., 2016; Callisaya et al., 2017)

 

    Reconhece a necessidade sobre a administração de medicamentos para o tratamento do DM2, entretanto o uso prolongado ocasiona efeitos colaterais prejudicando a qualidade de vida do paciente, a utilização da dietoterapia é de suma importância no controle glicêmico, modulação do perfil bioquímico e redução do peso, entretanto quando utilizada de forma isolada aumenta a chance do abandono da terapia devido à mudança radical do comportamento nutricional (Sociedade Brasileira de Diabetes, 2019-2020). Por outro lado, o exercício físico faz parte do tratamento de forma complementar do DM2, por ser de baixo custo e eficaz no controle de variáveis metabólicas, melhora da condição física e redução dos fatores de risco (Heiskanen et al., 2017). Entretanto, não está totalmente esclarecido sobre protocolos de exercício físico, sua dose-resposta e seus efeitos para portadores de DM2, portanto pesquisas sobre este viés com artigos nacionais contribuiria para elaboração de programas de exercício físico com efetividade para a melhora da saúde desta população. Nesta perspectiva a revisão integrativa é um método que permite a síntese de evidências disponíveis sobre o tema a ser investigado, e oferece aos profissionais de saúde acesso rápido aos resultados relevantes de pesquisas fundamentando condutas ou a tomada de decisão para a prática clínica baseada em evidências. (Mendes, Silveira, e Galvão, 2008)

 

    Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo revisar estudos publicados em periódicos brasileiros sobre efeitos do exercício físico no DM2.

 

Métodos 

 

    Este estudo tem como delineamento a revisão de literatura integrativa (Mendes, Silveira, e Galvão, 2008). A pesquisa eletrônica foi realizada por 2 pesquisadores de forma independente nos meses de setembro a outubro de 2018, nas bases de dados científicas: Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Para busca e análise dos estudos, foram utilizados os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeSC): diabetes tipo 2; exercício físico; efeitos clínicos; benefícios, estes termos foram combinados com os operadores booleanos (ON, AND e OR) para refinamento das buscas. Para apuração dos estudos, foi identificada sua duplicação em todas as bases de dados investigadas, sendo selecionados somente uma vez.

 

    Foram incluídos artigos científicos sobre estudos observacionais, longitudinais, clínicos e estudos de casos com humanos realizados em laboratório, hospitais ou centro de pesquisas, publicados em periódicos brasileiros, entre 2013 e 2018. Não foram incluídos estudos descritivos, experimentais com modelo animal, epidemiológicos, revisões narrativas e revisões sistemática com ou sem metanálises, teses e/ou dissertações. A análise foi realizada a partir dos estudos incluídos na pesquisa conforme os critérios supracitados. As informações extraídas para categorização dos artigos selecionados foram; autor e ano, periódico, delineamento, população participante, variáveis estudadas, protocolo de intervenção e principais desfechos.

 

Resultados e discussão 

 

    Na BVS foram encontrados 7.822 resultados, ao filtrar a busca sobre publicações brasileiras entre os anos de 2013 e 2018, foram encontramos 11 artigos, no entanto, nenhum atendeu os critérios de elegibilidade. Na base de dados Scielo, foram encontrados 96 estudos, sendo selecionados 4 artigos compatíveis com a proposta e método da pesquisa. Na Tabela 1, estão apresentados e categorizados os artigos científicos identificados na literatura científica nacional.

 

Tabela 1. Estudos brasileiros sobre efeitos do exercício físico e DM2. Período 2013 e 2018 

Autor/ano

Periódico

Delineamento

Amostra

Variáveis

Protocolo

Desfechos

Barrile et al. (2015)

RBME

Clínico

23 adultos, idade 21 a 83 anos

Clínicas, Bioquímicas

Pressóricas Antropométricas

Única sessão de caminhada (60 a 80% FCmáx.)

Não alterou a glicemia

Silva, Lacerda e Mota (2015)

RBME

Longitudinal

15 mulheres idosas, idade 68,86 ± 11,2 anos

Antropométricas Pressóricas Bioquímicas

16 semanas de caminhada, 2 vezes na semana (60-70% FCmáx.)

↑capacidade cardiovascular

↔ composição corporal,

↔ perfil lipídico e glicêmico

não alterou homocisteína.

Paulino et al. (2013)

RBM

Clínico

16 mulheres, idade 62,8±9,5 anos

Funcionais

Bioquímicas Antropométricas Hemodinâmicas

20 semanas de treinamento concorrente moderado (aeróbios + resistido) 3 vezes/ semana

↔ glicemia

não alterou CT e TG

↔ pressão arterial de repouso

↑ aptidão física geral

não alterou antropometria

Heubel et al. (2018)

Journal of Physical Education

Clínico

13 idosos, idade 68 ± 6 anos

Antropometria

Pressóricas

Funcional

Bioquímica

16 semanas de treinamento multicomponente 3 vezes / semana, com aumento de cargas

↑ aptidão funcional

↔ glicemia

não promoveu ↑ de força nos membros inferiores

não alterou hemoglobina glicada

Legenda: RBME: Revista Brasileira de Medicina do Esporte; FCmáx.: Frequência cardíaca máxima; RBM: Revista Brasileira de Medicina; CT: colesterol Total; TG: Triglicérides. Símbolos: ↑= melhora; ↔= normalização, modulação.

Fonte: Dados da pesquisa

 

    Sobre o delineamento dos artigos encontrados, 3 são clínicos quase experimentais e 1 longitudinal.

 

    A população predominante investigada foi a idosa. O diabetes é prevalente em indivíduos acima dos 60 anos na população brasileira, sugerindo maiores chances da participação desta faixa etária em estudos clínicos (Vitoi et al., 2015). Em relação às variáveis estudadas, foram investigados indicadores bioquímicos, antropométricos, e pressóricos e 2 artigos avaliaram capacidade funcional inerente a aptidão física.

 

    Entre os indicadores bioquímicos, a glicemia e os lipídios circulantes (triglicérides, colesterol e subtrações) foram investigadas na maioria dos estudos, por serem considerados importantes parâmetros metabólicos no diagnóstico e controle do DM2 e verificação da eficiência do programa de exercício físico para sua modulação. (Araújo et al., 2000)

 

    Sobre os indicadores de antropometria o índice de massa corpórea (IMC) e a cintura abdominal (CA), foram utilizados em todos os artigos, por serem considerados métodos não invasivos e amplamente utilizado em estudos científicos e prática clínica. (Medeiros et al., 2017)

 

    Os valores de pressão arterial são importantes para monitoramento da hipertensão arterial sistêmica, considerada uma doença cardiovascular com alta prevalência na população idosa, quando associada ao DM2 aumentam o risco de complicações renais, doença cardíaca coronariana, insuficiência cardíaca e acidente vascular encefálico, portanto o monitoramento desta variável é importante para a saúde do portador de DM2. (Francisco et al., 2018)

 

    A capacidade funcional e a aptidão física estão inerentes as adaptações do exercício físico e resultam na melhora da sensibilidade à insulina, reduz a hiperinsulinemia, aumenta a sinalização muscular de glicose e modulação do perfil lipídico,o que pode contribuir para a perda de peso, indução a resposta hipotensora e melhora do bem-estar físico e psíquico (Sociedade Brasileira de Diabetes, 2019-2020), portanto o exercício físico pode ser considerado uma estratégia não medicamentosa para o tratamento do DM2. Quanto aos protocolos de intervenção encontrados, 2 estudos pesquisaram a modalidade de caminhada e os outros 2 treinamentos mistos.

 

    A caminhada regular promove efeitos agudos importantes na modulação da glicose, adrenalina e noradrenalina, controle da pressão arterial, melhora na qualidade do sono, e em longo prazo melhora função cardiovascular, habilidades cognitivas e redução de doenças metabólicas, devido aos benefícios mencionados é considerado um importante modelo de exercício para a população em geral (Oja et al., 2018). Barrile et al. (2015), estudaram 23 indivíduos submetidos a esforço e divididos em três grupos: G1 (uso de hipoglicemiantes orais), G2 (não diabéticos/controle) e G3 (uso de insulina). A sessão aguda de exercício foi estruturada por 10 minutos de aquecimento e caminhada durante 40 minutos, com intensidade de 60% a 80% da frequência cardíaca máxima, finalizando com 10 minutos de alongamento e 10 minutos de relaxamento, concluiu-se que o exercício teve ação hipoglicemiante nos indivíduos não diabéticos, entretanto, nos indivíduos DM2 não foram encontradas redução da glicemia.

 

    Segundo Silva, Lacerda, e Mota (2015), ao avaliarem os efeitos de um programa de caminhada com 15 idosas de idade média de 68 anos, 2 vezes na semana, com duração de 75 minutos e 60-70% da frequência cardíaca máxima por 16 semanas, verificaram que a caminhada não foi suficiente para promover alterações significativas nos níveis de homocisteína, no entanto, foram observadas melhora no peso corporal e na antropometria (IMC e CA), modulação nos níveis de triglicérides, aumento da capacidade cardiovascular e controle da glicemia.

 

    Exercícios concorrentes são uma combinação entre o exercício aeróbio e de força na mesma sessão, o que facilita a utilização de glicose e lipídios pelo músculo, resultando em importantes adaptações para o sistema cardiovascular e muscular, podendo ser uma estratégia de intervenção importante para o portador de DM2 (Santos et al., 2021). Paulino et al. (2013), realizaram estudo com 16 mulheres diabéticas submetidas a programa de 4 meses com exercícios concorrentes, frequência de 3 vezes por semana, em sessões de 60 minutos de duração com intensidade moderada. A sessão de exercícios incluiu 20 a 30 minutos de exercício aeróbico (caminhadas orientadas, atividades lúdicas e jogos adaptados) e 15 a 20 minutos de exercícios de resistência para principais grupos musculares.O protocolo foi eficaz na melhora da glicemia, porém, não alterou os valores de colesterol total e triglicerídeos.

 

    Heubel et al. (2018), investigaram o efeito de exercício multicomponente na aptidão funcional e glicemia de idosos com idade média de 68,6 anos. Foram aplicados testes de aptidão funcional, glicemia de jejum e hemoglobina glicada. O programa de treinamento ocorreu por 3 vezes por 16 semanas em dias alternados, cada sessão teve 10 de minutos de aquecimento e 50 minutos de exercícios multicomponentes (coordenação, força, flexibilidade, equilíbrio e agilidade) e 10 minutos de alongamento e relaxamento (volta à calma). O protocolo melhorou a capacidade funcional e redução da hemoglobina glicada pré 7,2 ± 1,1 / pós 6,9 ± 0,9 (p≥0.010) em idosos com DM2, por outro lado não promoveu diferenças na força muscular de membros inferior e glicemia de jejum. Observa-se que os protocolos de exercícios concorrentes e multicomponentes tiveram mais efetividade nos resultados e melhora dos indicadores de saúde investigados pelos estudos brasileiros.

 

Conclusão 

 

    Embora a quantidade de publicações encontradas na literatura nacional seja insatisfatória, foi possível concluir que os programas de exercício de caminhada podem ser utilizados inicialmente para o portador de DM2, entretanto seus efeitos no controle de variáveis bioquímicas ocorrem alongo prazo. Já os programas de exercício concorrentes e multicomponente demonstraram efetividade nos componentes específicos da aptidão funcional e controle glicêmico de indivíduos portadores de DM2, portanto indica-se aos profissionais de educação física estes modelos propostos como alternativa ao treinamento convencional.

 

    No período investigado não foram encontrados na literatura nacional, estudos com treinamento resistido e seus efeitos clínicos para o portador de DM2, sugerindo pesquisas com este modelo de exercício físico.

 

Referências 

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 26, Núm. 281, Oct. (2021)