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O papel do preparador físico no retorno à prática esportiva competitiva após
reabilitação músculo-esquelética: uma abordagem no tênis de campo
Adriano Vretaros

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 8 - N° 50 - Julio de 2002

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    Um dado importante encontrado por Silva (2000) que merece destaque é a localização das lesões dos tenistas e o tempo de afastamento no esporte.

Quadro 02 - Localização da freqüência das lesões( sobre um total de 244 lesões)

Adaptado de Silva (2000)

Quadro 03 - Tempo de afastamento dos tenistas acometidos pelas lesões


Adaptado de Silva (2000)

    Chama a atenção o tempo predominante que oscilou entre 07 a 28 dias. Esse longo período de inatividade pode provocar um acentuado processo de destreinamento das valências físicas. Conforme Powers & Howley (2000) o ditado “use-o ou perca-o” é válido para atletas em caso de interrupção prolongada de treinamento. Os autores reportam que cinco semanas de treinos ocasionam um rápido e acentuado aumento das mitocôndrias musculares, porém, cerca de uma semana de destreinamento a perda pode chegar a 50% daquilo que foi adquirido. Em relação aos componentes da força muscular, McArdle et alii (1998) salientam que algumas semanas de destreino são suficientes para inverter as adaptações neurais e hormonais resultantes do treino da força. Neste sentido, Mujika & Padilla (2001) em recente revisão, reportam que a perda da performance geral de força em atletas bem treinados torna-se significativa após quatro semanas de inatividade.

    Esses aspectos devem ser levados em conta pela equipe durante o período em que o tenista permanecer em recuperação, pois, o repouso prolongado derivado das cirurgias ou imobilizações, deve ser constantemente repensado e avaliado em termos efetivos quanto à minimização do tempo de retorno do atleta a sua atividade esportiva.


O papel do preparador físico no retorno à prática esportiva competitiva do tênis

    O retorno do atleta à prática esportiva competitiva deve ser gradual e obedecer a critérios rigorosos de monitoramento e índices funcionais. Neste sentido, Battistella & Shinzato(1999) reportam os critérios para o retorno à atividade esportiva devem ser: ADM normal, força, potência e resistência muscular adequadas, capacidade cardiovascular, flexibilidade, coordenação e propriocepção.

    Conforme Andrews et alii (2000) o programa ideal de reabilitação músculo-esquelética deve respeitar a individualidade do atleta, a patologia acometida, e conseqüentemente, aos problemas resultantes que ele está enfrentado. Também, é importante levar em consideração as demandas funcionais específicas da modalidade em que o atleta está inserido.

    Na concepção proposta por La Chance (2000), uma das maneiras de se reduzirem os riscos de lesões durante a atividade esportiva é por meio do desenvolvimento equilibrado da musculatura flexora/extensora e de agonistas/antagonistas.

    Na literatura, encontramos que alguns autores se utilizam de meios de reabilitação com protocolos acelerados, como também outros citam a necessidade de se empregar estratégias mais agressivas, visando diminuir o lapso de tempo no retorno do atleta em diferentes tipos de lesões e atividades esportivas (Andrews et alii, 2000; Burkhead & Rockwood, 1992; Gould, 1993; Kleiner et alii, 1996; Paulos et alii, 1981; Rodeo et alii, 1990; Shelbourne et alii, 1990).

    Os quadros 04 e 05 apresentam a proposta de plano de adaptação músculo-funcional para tenistas lesionados nos MMSS ou MMII no retorno gradativo à atividade esportiva. As fases enumeradas seguem uma linha de raciocínio do mais simples para o mais complexo em termos de controle motor. Porém, isto não implica necessariamente que as fases devam sempre começar do número 01. O preparador físico avaliará a real situação da lesão e seguirá o roteiro a partir da fase em que o tenista se enquadra. Também, não existe tempo fixo para cada fase, podendo a mesma perdurar de semanas até alguns dias. Durante a implementação do plano, deve-se utilizar baterias de avaliação dos índices funcionais para garantir a integridade do atleta e permitir uma adequada passagem por cada fase do plano.

    O plano de adaptação músculo-funcional somente se inicia após liberação médica e fisioterápica para o retorno à prática do esporte.

Quadro 04 - Plano de adaptação músculo-funcional para tenista lesionado nos membros inferiores (MMII)


 

Quadro 05 - Plano de adaptação músculo funcional para tenista lesionado nos membros superiores (MMSS)
 


Conclusão

    No esporte de alto rendimento como o tênis de campo, existe uma necessidade cada vez maior de integração dos diferentes membros que compõe uma equipe interdisciplinar esportiva. Através dessa importante aproximação na relação profissional é que se permitirá elucidar os aspectos inerentes a melhoria da performance e propiciar a manutenção do rendimento do atleta durante a temporada.

    No caso do surgimento de um processo de reabilitação músculo-esquelética, o trinômio profissional médico-fisioterapeuta-preparador físico se faz presente como agentes de intervenção no sentido de habilitar o atleta no retorno à sua prática esportiva.

    O preparador físico é o elemento responsável pela última fase do processo de reabilitação. Portanto, seus conhecimentos quanto à causa e tipo de lesão ao qual o atleta foi acometido se faz necessário para uma eficaz aplicabilidade do plano de adaptação músculo-funcional.


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