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A Educação Física Hospitalar em desenvolvimento: uma breve apresentação das
32 sub-especialidades de atuação profissional no campo da saúde
Leonardo José Mataruna Dos Santos

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 5 - N° 27 - Noviembre de 2000

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  1. Ginástica Médica - atividades desenvolvidas com pacientes de enfermarias, os quais estão a mais de 3 semanas em leitos e necessitam movimentar-se.

  2. Instrução de Socorros Urgentes - aplica-se o curso em conjunto com outros profissionais de saúde no interior do hospital com o propósito de oferecer a comunidade, assim como, funcionários, pacientes internos e externos, um curso de primeiro socorros enfatizando os riscos de acidentes domésticos e algumas medidas para evitá-los.

  3. Manutenção da Performance - trabalho voltado para o atendimento de atletas que se encontram com algum comprometimento funcional. Podemos ter como exemplo o atleta lesionado de membros inferiores. Este poderá realizar trabalhos compensatórios de membros superiores, assim como, pequenos trabalho com os membros inferiores. Este último tipo de atividade citada, deverá ser realizada em conjunto com o fisioterapeuta, porém o trabalho global deve ser de exclusiva responsabilidade do profissional de EF, uma vez que não há presença de lesões em outros grupamentos.

  4. Manutenção Funcional - pacientes (adultos/idosos) drenados pela Fisioterapia, pacientes curados porém com algumas algias músculo-esqueléticas necessitam de reforço e manutenção do tônus muscular.

  5. Orientação Psicomotora - atividade direcionada a Pessoas Portadoras de Deficiências, que adquiriram recentemente ou não uma deficiência e que necessita de uma orientação de descoberta corporal e das suas possibilidades e limites psicomotores. Deve se realizar este trabalho com psicólogos, psicomotricistas e fisioterapeutas.

  6. Prevenção de Doenças/Orientação de Atividades Físicas- trabalho que tem como objetivo orientar pessoas sadias e aparentemente saudáveis de todas as idades em postos de saúde, após passagem por uma rápida avaliação médica a orientação de um Profissional de Educação Física sobre ergonomia, e atividades básicas de alongamento e atividade física, despertando autonomia e gosto pelas atividades físicas.

  7. Reabilitação Cardíaca - área destinada ao tratamento de cardiopatas e obesos mórbidos que possuem como objetivo ter uma boa vascularização. Outro objetivo é evitar o sedentarismo sob o intuito de um ter um bom aparelho cardiovascular.

  8. Reabilitação Cerebral - indicada à pacientes com derrame cerebral, utilizando a ludomotricidade. Pode-se utilizar esta especialização para o atendimento de crianças com lesões cerebrais.

  9. Reabilitação Muscular (Hidroginástica) - atividade voltada para a recuperação de atletas lesionados juntamente com fisiotepeutas (Hidroterapia), oferecendo reforço muscular ou proporcionando trabalhos de hipertrofia muscular.

  10. Reabilitação Psicossocial - tem como grupo alvo psicóticos e esquizofrênicos - pacientes com "Transtorno Mental". Visa o retorno desta clientela as atividades diárias após um curto período de tratamento.

  11. Reabilitação Respiratória ou Pulmonar - aplicada a pacientes com comprometimentos respiratórios. A clientela específica é constituída de portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) com baixo comprometimento, que possibilitem a prática da atividade física. Pode ser oferecida a pacientes que manifestem Bronquite.

  12. Recuperação Pelo Desporto - objetiva o atendimento de pacientes, em geral crianças, de realizarem diversas práticas desportivas, com perspectivas recreacionais, assim como do licere, sob a perspectiva de gasto metabólico. Pode ser aplicados em clínicas de recuperação de drogados.

  13. Terapia Corporal - indicada para portadores de doenças ósteo-articulares, como artrite, artrose, osteoporose, entre outras, que possuem limitações de movimentos, mas que necessitam de uma atividade de reconhecimento geral do seu corpo, para auxílio direto em atividades do cotidiano.

  14. Terapia Física Auxiliar - atividades globais de livre escolha que possibilitam acompanhamento intra e extra hospitalar, com o auxílio de outros profissionais de saúde. Destina-se a clientes portadores de enfermidades que podem ser controladas sob o processo terapêutico conjunto de medicamentos e atividade física. Programada ao atendimento de asmáticos e diabéticos.

  15. Terapia Física/Corretiva - trabalho de desintoxicação hospitalar com pacientes que estiveram presentes em CTI, onde deve se enfatizar atividades de flexionamento e alongamento. Este tipo de serviço é realizado multidisciplinarmente com o fisioterapeuta e o médico.

  16. Terapia para Enfermos Especiais - campo específico para pacientes com grave comprometimento com o objetivo de reduzir a aceleração do estágio da doença. Este tipo de tratamento é indicado para portadores da Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida (AIDS) e Câncer de diferentes tipos. Pode-se utilizar atividades aeróbias que podem produzir melhora cárdio-respiratória, além de exercícios de alongamento e flexionamento.

  17. Terapia Recreativa/Motora - trabalho desenvolvido com crianças internas em hospitais infantis - trabalho similar ao dos Drs.da Alegria- SP, reduzindo a depressão infantil.

  18. Terapia Redutora e Controladora de Peso - atendimento exclusiva para obesos mórbidos que conseguem ou não se deslocarem de um sitio, que objetiva a atividade física como redutora do peso corporal. Este trabalho funciona em conjunto com a medicina, nutrição, terapia ocupacional, fisioterapia e enfermagem.

  19. Treinamento para Independência Funcional - atividade desenvolvida para que o paciente, que possuí alguma dependência, ou que ficou impossibilitado durante um curto período, possa desempenhar as atividades da vida diária. Exemplificando, melhorar o desempenho de atividades como a mobilidade em leitos, cadeiras de rodas e em deambulação com/sem acessórios. Outras metodologias que podem ser desenvolvidas são os hábitos higiênicos, e auxílio nos caminhos de como vestir-se e alimentar-se.

  20. Construção de software de EFH - em parceria com engenheiros da computação ou com profissionais habilitados na construção de programas de computadores, o PEF estará averiguando e avaliando quais são as necessidades e dificuldades diárias de cada sub-especialidade em EFH, para o registro das suas ações diárias, criando assim, softwares que possibilitem uma melhor desenvoltura do profissional. Outra via é a construção de softwares educativos para pacientes, criando uma relação de aprendizagem-autonoma.

  21. Atuação laboratorial - trabalhando em laboratórios clínicos contribuindo na interpretação de exames, testes e baterias de avaliação. Nesta sub-especialidade o profissional pode ser responsável somente pela aplicação de testes e avaliações.

  22. Ginástica Passiva para Recém-Nascidos - Consiste na aplicação da rotina de massagem e ginástica nas crianças, com a verificação mensal de peso e comprimento. A aferição permite a comparação de cada criança com um padrão de crescimento adequado, permitindo que se analise possíveis perdas ou ganhos. O objetivo é inserir a prática diária de ginástica já nos primeiros meses de vida. Através da Ginástica Passiva, almeja-se estimular um contato maior entre os membros da família (notadamente entre mãe e filho).

  23. Atividade Motora Adaptada - Diversificados tipos de atividades motoras sejam com objetivos e finalidades educacionais ou para a saúde, aplicados à deficientes físicos, mentais, visuais ou auditivos.


Conclusão e Recomendação

    Diversos países, principalmente Canadá, Finlândia e Cuba, já descobriram que é melhor prevenir a doença que curá-la. Estes países chegaram a conclusões congruentes sob os aspectos de processos alternativos de práticas hospitalares. A Educação Física aparece em alguns momentos nos programas de saúde destes países, porém esta ainda se sustenta na medicina e psicologia, não possuindo portanto, um alicerce específico da área em questão. No Brasil, já encontramos educadores físicos atuando em algumas sub-áreas, porém são poucos os espaços para estes profissionais.

    Mesmo sendo reconhecido como Profissional da área de Saúde de nível superior através da Resolução CNS nº 218 de 06 de março de 1997 , (DOU, 1997, p.8932-3), este profissional não aparece nos planejamentos do Sistema Único de Saúde (SUS). Fato que dificulta a atuação e aceitação deste profissional dentro da equipe de saúde, mesmo respaldado pela lei. Mas cabe ao PEF buscar pela sua aceitação demonstrando capacidade técnico-científico, construindo o referencial teórico necessário para uma melhor desenvoltura de seu trabalho.

    O profissional de Educação Física está perdendo, aos poucos, para outros profissionais da área de saúde, este campo. Portanto, recomenda-se que novos estudos sejam realizados sobre esta temática, principalmente nas sub-especialidades descritas neste artigo. Recomenda-se também que sejam revistas as grades curriculares dos cursos de graduação em EF que se propõem formar profissionais para atuarem na área de saúde.


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