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Benefícios da hidroginástica em idosos: uma revisão de literatura

Beneficios de la gimnasia acuática en personas mayores: una revisión de la literatura

Benefits of water aerobics in the elderly: a literature review

 

*Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO

Professora de natação e hidroginástica no Samuara Clube de Campo, Irati – PR

**Professor do Curso de Educação Física e dos Programas de Pós-Graduação em Desenvolvimento 

Comunitário e Educação da Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO

Doutor em Educação Física – UFPR. Irati, Paraná

Giseli Jankovski*

Khaled Omar Mohamad El Tassa**

khaledunicentro@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Objetivo: verificar os benefícios da hidroginástica para idosos. Método: caracterizou-se por uma revisão da literatura orientada pela busca bibliográfica na base de dados da Biblioteca Regional de Medicina (BIREME), que é um centro especializado da Organização Pan-Americana da Saúde / Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS). Os descritores utilizados foram: hidroginástica, idosos e qualidade de vida. Os critérios de inclusão foram: estudos com amostras constituídas por indivíduos acima de 60 anos e idosos praticantes de hidroginástica há pelo menos três meses. Resultados: a busca bibliográfica resultou em 11 artigos, quatro artigos foram excluídos por apresentar na amostra indivíduos com idade abaixo de 60 anos. Sete artigos que atenderam aos critérios metodológicos foram adotados para este trabalho. Conclusão: considerando as naturais perdas decorrentes do envelhecimento sobre algumas características físicas, a hidroginástica apresenta-se como uma importante opção de prática de atividade física. A prática da hidroginástica está relacionada à manutenção da saúde e melhora das capacidades físicas. Evidencia-se também a busca pelo seu contato social, já que nesta modalidade intenciona-se também a vivência corporal, grupal e interpessoal.

          Unitermos: Hidroginástica. Idosos. Qualidade de vida.

 

Abstract

          Objective: To verify the benefits of water aerobics for seniors. Method: characterized by a literature review guided by the bibliographic search in the Regional Library of Medicine database (BIREME), which is a specialized center of the Pan American Health Organization / World Health Organization (PAHO / WHO). The descriptors used were: water aerobics, senior citizens and quality of life. Inclusion criteria were: studies with samples of individuals over 60 years and aerobics practitioner’s elderly for at least three months. Results: The literature search resulted in 11 articles, four articles were excluded because of the sample persons aged below 60 years. Seven articles that met the methodological criteria were used for this work. Conclusion: Considering the natural losses due to aging on some physical characteristics, water aerobics presents itself as an important option for physical activity. The practice of water aerobics is related to the maintenance of health and improvement of physical abilities. It also highlights the search for social contact, since this modality It also intends body, group and interpersonal experience.

          Keywords: Water aerobics. Elderly. Quality of life.

 

Recepção: 29/08/2015 - Aceitação: 21/12/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 213, Febrero de 2016. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Nos últimos anos, tem crescido o interesse por investigações relacionadas ao envelhecimento. Estudos mostram que a longevidade dos idosos no mundo e no Brasil é uma realidade, corroborados por dados estatísticos relacionados ao aumento da expectativa de vida ao nascer (IBGE, 2006). As alterações demográficas observadas nos países em desenvolvimento também são sentidas na maioria das sociedades do mundo, ocasionando mudanças na pirâmide etária populacional (Berquó, 1999; OMS, 2005). No entanto, este aumento da expectativa de vida do idoso brasileiro nem sempre é ajustado a uma qualidade de vida satisfatória.

    Paralelo ao aumento da expectativa de vida surge à preocupação com a prática de exercícios físicos, aliada, principalmente, à relevância dada para a manutenção da saúde e da qualidade de vida. Para Teixeira e colaboradores (2009) os idosos estão cada vez mais ativos participando de diversas modalidades de exercícios físicos e obtendo vários benefícios físicos e psíquicos.

    A hidroginástica é uma das atividades físicas recomendadas para serem praticadas por idosos, sendo possível identificar algumas vantagens para este grupo populacional, devido à utilização das propriedades físicas da água. Estas propriedades trazem algumas contribuições para uma melhor qualidade de vida, como: diminuição do peso corporal dentro da água em aproximadamente 90%; a flutuação; a pressão hidrostática; a tensão superficial; a refração e a viscosidade. Tais práticas corporais são utilizadas para a exploração de movimentos que diminuem as forças compressivas nas articulações, utilizando-se dos músculos de forma mais equilibrada e simétrica, incluindo aqueles exercícios pouco utilizados em atividades físicas em espaços fora da água, aumentando, assim, a variedade dos movimentos corporais (Teixeira et al., 2009; Aguiar e Gurgel, 2009).

    A hidroginástica possui também um caráter profilático e de contribuição para a independência pessoal na vida diária, diferenciando-se de outras atividades, pois no meio líquido, as musculaturas agonistas e antagonistas trabalham em alternância e em igual proporção para vencer a resistência da água, sendo utilizada, predominantemente, a contração concêntrica, pois, devido ao fluxo turbulento e irregular dos movimentos repetidos, a musculatura age sempre contra uma força oposta (Aguiar e Gurgel, 2009).

    A hidroginástica tem sido apontada como uma atividade alternativa para inserção dos idosos nas práticas corporais e para a promoção de um estilo de vida mais ativo e saudável. Cabe ressaltar, que ainda carece de maiores investigações sobre os efeitos sobre a saúde e o impacto na qualidade de vida dessa população, e, principalmente, metodologias de trabalho diferenciadas para esse fim. A imersão aquática possui efeitos biológicos que se estendem sobre todos os sistemas homeostáticos, que podem ser tanto imediatos quanto tardios. No sistema musculoesquelético, os efeitos são causados pela ação compressiva da imersão, bem como pela regulação reflexa do tônus dos vasos sanguíneos. A turbulência da água exige estabilização central (co-contração de músculos abdominais e dorsais) antes que o movimento distal seja possibilitado. A reeducação dos músculos do tronco, por meio da atividade, possibilita o uso mais eficiente dos músculos abdominais e dorsais para controle postural em terra, levando a um melhor alinhamento corporal (Teixeira et al., 2007). Com este entendimento, o presente estudo objetiva apresentar e discutir o os benefícios da hidroginástica para idosos.

Método

    O delineamento metodológico deste estudo caracterizou-se por uma revisão da literatura orientada pela busca bibliográfica na base de dados base de dados da Biblioteca Regional de Medicina (BIREME), que é um centro especializado da Organização Pan-Americana da Saúde / Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS). Os descritores utilizados foram: hidroginástica, idosos e qualidade de vida. Os critérios de inclusão foram: estudos com amostras constituídas por indivíduos acima de 60 anos e idosos praticantes de hidroginástica há pelo menos três meses.

Resultados

    Conforme o método definido, a busca bibliográfica resultou em 11 artigos, quatro artigos foram excluídos por apresentar na amostra indivíduos abaixo de 60 anos. Os sete artigos que atenderam aos critérios metodológicos adotados para este trabalho, estão descritos a seguir:

  1. Aguiar e Gurgel (2009) verificaram a influência da hidroginástica sobre a qualidade de vida, a força de membros inferiores e a flexibilidade de idosas. Foram avaliadas 26 mulheres com idade de 60 a 80 anos, que foram divididas em dois grupos: sedentário (n=13) e praticante de hidroginástica (n=13). O grupo praticante de hidroginástica apresentou média de escores do domínio físico da qualidade de vida significativamente maior que o grupo sedentário, bem como para impulsão vertical e flexibilidade.

  2. O estudo de Teixeira e colaboradores (2009) visou evidenciar os motivos da busca pela hidroginástica como forma de exercitação. A amostra foi de 124 idosos. Os resultados indicam que os idosos têm como principais fatores para a procura da hidroginástica, a manutenção da condição saudável (84%), fatores sociais (59%), melhora de capacidades físicas (44%) e ordens médicas (38%), que se relacionam a presença de patologias, sendo as mais freqüentes a hipertensão arterial (44%) e a osteoporose (16%).

  3. Santana e colaboradores (2009) analisaram como as necessidades e valor social das atividades físicas interferem na percepção do idoso. O objetivo do estudo foi investigar as representações sociais da atividade física na terceira idade, através de uma amostra de 62 pessoas. Nos resultados foi identificado que a hidroginástica destacou-se na preferência dos idosos na dimensão biofísica para a promoção da saúde.

  4. Para Afonso e colaboradores (2010) as atividades físicas e de lazer proporcionadas pelo Núcleo de Atividades para a Terceira Idade (NATI) desenvolve ações com aproximadamente 500 idosos da comunidade, e indica que tem melhorado a qualidade de vida dos idosos participantes, com aulas de: hidroginástica, ginástica, musculação, dança e caminhada orientada.

  5. Na pesquisa de Caetano e Tavares (2008), o objetivo foi descrever as características sócio-demográficas dos idosos freqüentadores da Unidade de Atenção ao Idoso (UAI), bem como as atividades realizadas pelos idosos no local, identificando as mudanças ocorridas em seu cotidiano após freqüentar a UAI e sugestões de atividades. Dentre diversas atividades físicas proporcionadas ao grupo, a que mais obteve freqüência foi a hidroginástica. A participação dos idosos nas atividades da UAI acarretou mudanças positivas na vida dos usuários, propiciando melhorias na sua qualidade de vida.

  6. Teixeira e colaboradores (2007) realizaram uma pesquisa que indicam que a hidroginástica favorece o desenvolvimento de algumas importantes qualidades físicas como resistência cardiorrespiratória, força e flexibilidade. Como qualquer outra forma de exercitação, deve ser praticada de forma contínua, principalmente, considerando indivíduos na terceira idade, e pode também ser realizada como atividades de relaxamento e recreação. As relações da prática da hidroginástica com a saúde dos idosos nos estudos analisados consideraram principalmente o desempenho em testes motores, o que remete a necessidade de estudos que analisem também as repercussões dessas práticas sobre a qualidade de vida enquanto uma percepção de bem estar dos idosos.

  7. Para Almeida (1999), em seu estudo, foi identificado que a hidroginástica na terceira idade colabora de forma segura na promoção da saúde e prevenção de doenças. A prática de hidroginástica melhora a função cardiorrespiratória e conjunto de capacidades como força, resistência muscular localizada, flexibilidade, entre outras. A atividade física na terceira idade proporciona múltiplos efeitos benéficos no nível antropométrico, neuromuscular, metabólico e psicológico, o que além de servir na prevenção e tratamento das doenças próprias desta idade, melhora significativamente a qualidade de vida do indivíduo e sua independência.

Discussão

    Dos 11 artigos encontrados quatro foram definitivamente excluídos. Os sete artigos analisados evidenciam que a atividade física assume um papel preponderante na vida de idosos, adquirindo, simultânea e gradativamente, a representação social de vida com mais saúde e qualidade além de repercutir, também no aspecto físico-motor.

    O estudo de Aguiar e Gurgel (2009) foi o único que avaliou capacidades físicas aliadas à hidroginástica, avaliando a força muscular de membros inferiores, com teste de impulsão vertical ("Sargent Vertical Jump Test") e a flexibilidade, que foi avaliada pelo teste de Wells e Dillon, também denominado teste de sentar e alcançar ("Sit-and-reach Test"). Os autores avaliaram dois grupos: sedentário e praticante de hidroginástica. Os resultados dos testes aplicados apresentaram uma melhor qualidade de vida relacionada ao domínio físico, assim como maior força de membros inferiores e flexibilidade no grupo de mulheres idosas praticantes de hidroginástica, em relação ao grupo de mulheres sedentárias.

    Os estudos de Teixeira e colaboradores (2009) e Santana e Maia (2009) relacionam o fator de melhoria e/ou manutenção da vida saudável e o fator social. Os resultados destes estudos indicam que os idosos percebem forte relação com bem-estar psicológico, indicado por sentimentos de satisfação, felicidade e envolvimento, fugindo do estereótipo da velhice doentia, apagada e infeliz.

    Nas pesquisas de Afonso e colaboradores (2010) e Caetano e Tavares (2008) enfatizam a importância dos grupos de terceira idade e também da prática de atividades físicas, bem como a preferência dos idosos com relação à hidroginástica. Percebe-se nestes estudos, que tal atividade melhora não só os níveis de saúde, mas também as relações sociais, que exercem influência na qualidade de vida do idoso, pois resultam na satisfação pessoal, promovendo melhor enfrentamento da vida.

    Teixeira e colaboradores (2007) e Almeida (1999) relatam em seus estudos as revisões de literatura sobre o tema, encontrando evidências científicas que apontam para importantes benefícios da prática de atividades físicas para os idosos, considerando sua mobilidade, saúde física e mental e qualidade de vida.

Conclusão

    Considerando as naturais perdas decorrentes do envelhecimento sobre algumas características físicas, a hidroginástica apresenta-se como uma importante opção de prática corporal. A prática da hidroginástica está relacionada à manutenção da saúde e melhora das capacidades físicas. Evidencia-se também a satisfação pelas relações sociais criadas e estreitadas decorrentes da prática, tendo em vista que através da hidroginástica também objetiva-se a vivência corporal, grupal e interpessoal.

Bibliografia

  • Afonso, M. da R., Cavalli, A. S., Silva, M. C., Rombaldi, A. J. & Campos, A. L. P. (2010). Do diagnóstico a ação: Núcleo de Atividades para a Terceira Idade (NATI): trajetória e construção. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, 15(3), 78-86.

  • Aguiar, J. B. & Gurgel, L. A. (2009). Investigação dos efeitos da hidroginástica sobre a qualidade de vida, a força de membros inferiores e a flexibilidade de idosas: um estudo no serviço social do comércio – Fortaleza. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, 23 (4), 335-344.

  • Almeida, M. N. de. (1999). Hidroginástica: prática corporal voltada à promoção de saúde do idoso. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, 6 (2), 56-60.

  • Berquó, E. (1999). Considerações sobre o envelhecimento da população no Brasil. En A. L. Neri (Coord.), Velhice e sociedade (pp. 75-89). Campinas (SP): Papirus.

  • Caetano, A. C. M. & Tavares, D. M. dos S. (2008). Unidade de Atenção ao Idoso: atividades, mudanças no cotidiano e sugestões. Revista Eletrônica de Enfermagem, 10 (3), 45-58.

  • Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2006). Projeções da População. Projeção da população do Brasil 1980 –2050. Disponível em URL: HTTP://ibge.gov.br

  • Organização Mundial da Saúde –OMS (2005). Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Tradução Suzana Gontijo. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde.

  • Santana, M. da S. & Maia, E. M. C. (2009) Atividade física e bem-estar na velhice. Revista Salud Pública (Bogotá), 11 (2), 225-236.

  • Teixeira, C. S.; Lemos, L. F. C.; Mann, L.; Rossi, A. G. (2009). Hidroginástica para idosos: qual o motivo da escolha. Salusvita, 28 (2), 183-191.

  • Teixeira, C. S.; Pereira, É. F.; Rossi, A. G. (2007). A hidroginástica como meio para manutenção da qualidade de vida e saúde do idoso. Acta fisiátrica, 14 (4), 112-119.

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 20 · N° 213 | Buenos Aires, Febrero de 2016
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