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Nível de aptidão física de adolescentes praticantes de natação

Nivel de aptitud física de adolescentes que practican natación

Fitness level of physical teen swimming practitioners

 

*Graduados em Educação Física pelo ITPAC

Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos – ITPAC

**Mestre, Docente do Curso de Educação Física do ITPAC

Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos – ITPAC

(Brasil)

Jorge Ferraz Sales*

jorgeferrazsales@gmail.com

Ray Daylon Batista Sales*

raydaylon1991@gmail.com

Hugo Martins Teixeira**

hugoprof@globo.com

 

 

 

 

Resumo

          A aptidão física é fator determinante para um bom desempenho dentro do cenário esportivo, e também para a vida cotidiana, devido a isso o PROESP elaborou um manual para basear os níveis de aptidão física para crianças e jovens brasileiros. O presente estudo compara os níveis de aptidão física de 9 (nove) jovens nadadores, sendo 4 (quatro) mulheres e 5 (cinco) homens com os níveis indicados pelo PROESP, além de traçar um paralelo com outros estudos de mesma finalidade. Este estudo caracteriza-se enquanto forma de abordagem, quantitativa, enquanto objetivo, descritivo, além de ter caráter bibliográfico e procedimento técnico quase experimental. Para a avaliação foram utilizados testes de flexibilidade, força de membros inferiores, força de membros superiores, além do teste T-25 proposto por Costill et al. Os resultados demonstraram que as mulheres obtiveram uma média de flexibilidade e velocidade melhor que a dos homens, e também estão mais bem classificadas com relação ao PROESP nas capacidades de força de membros superiores e inferiores, porém, os homens apresentaram na média resultados maiores de força do que as mulheres. Por ultimo de acordo com os níveis indicados pelo manual PROESP as mulheres se encontram com melhor aptidão física do que os homens.

          Unitermos: Aptidão física. Desempenho. Jovens nadadores.

 

Abstract

          Physical fitness is a determining factor for a good performance in the sports scene, and also for everyday life, it's because there PROESP developed a manual to base levels of physical fitness for children and young Brazilians. This study compared the levels of fitness of nine (9) swimmers, four (4) women and five (5) men with levels indicated by PROESP, and draw a parallel with other studies of the same purpose. For the evaluation of manual tests PROESP, flexibility, strength, lower limb, upper limb strength, besides the T-25 test proposed by Costill et al were used. The results showed that women had an average of flexibility and better than men, and speed are also better classified with respect to the capabilities PROESP strength of upper and lower limbs, however, men were on average larger force results than women. Finally according to the levels indicated by the manual PROESP women find themselves with greater fitness than men.

          Keywords: Physical fitness. Performance. Young swimmers.

 

Recepção: 30/08/2015 - Aceitação: 05/01/2016

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 213, Febrero de 2016. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Atualmente a prática esportiva vem se tornando bastante competitiva e não basta apenas a habilidade para se destacar nesse cenário, onde cada vez mais a preparação física se faz necessária. Esportistas com boa aptidão física se destacam perante aos outros, isso ocorre na prática do futebol, do basquete, do vôlei e de outros esportes onde são preferidos os mais rápidos, os mais fortes os mais altos, ou seja, são escolhidos os que apresentam uma capacidade física mais exuberante do que os mais habilidosos, a habilidade é treinada depois. E na natação o processo não se faz diferente, praticantes que possuem boa aptidão física levam certa vantagem sobre os demais.

    Nesse contexto se faz necessário identificar as principais capacidades físicas envolvidas na natação e trabalhá-las para que haja uma evolução dentro da prática e conseqüentemente uma melhora da aptidão física e do nado. Gomes e Marinho (1999) indicam para a importância da avaliação das capacidades físicas na orientação lógica do treinamento, e essa importância se faz fundamental para jovens atletas que se beneficiarão do treinamento de cada capacidade física na sua idade sensível.

    Dentre as capacidades físicas mais observáveis na natação estão a força, a flexibilidade e a velocidade. A força é uma capacidade que se faz de extrema importância na natação, desde a saída do bloco até o momento em que o atleta toca a mão na borda da piscina na chegada. Quanto maior a força mais facilmente será tracionada a água gerando assim um deslocamento do nadador para frente. A força também está intimamente relacionada à velocidade, pois à medida que a força aumenta a velocidade cresce na mesma proporção, é isso que a literatura afirma. A velocidade e a resistência são capacidades físicas importantíssimas para o nadador, e as mesmas estão relacionadas à força. (Gomes e Marinho, 1999).

    Outra capacidade importante para a prática da natação é a flexibilidade que é um fator condicionante para tal. Para um bom movimento de braçada é interessante se ter boa flexibilidade, assim a cinesiologia do movimento se torna facilitada, dessa maneira evitando lesões que possam ser fruto de um baixo nível de flexibilidade. Suzarte (2010) afirma que lesões podem ocorrer por diversos fatores, porém entre os principais está o treinamento inadequado. Também a literatura aponta que exercícios contínuos e mais suaves como a natação não necessita de alongamento prévio. (Weineck, 2005).

    Para desenvolver qualquer exercício físico de maneira satisfatória faz se necessário o sujeito possuir uma condição física compatível com o grau exigido pela atividade, e a natação é uma atividade que exige bastante dos seus praticantes: força, velocidade e flexibilidade.

    Na literatura existe boa quantidade de pesquisas sobre aptidão física, porém é pouco encontrada uma pesquisa que englobe diversas capacidades dentro de um mesmo estudo de aptidão. Assim o presente estudo contribui para fortalecer o conhecimento científico e obter-se uma melhor qualidade no desenvolvimento da prática da natação através do conhecimento das aptidões físicas.

Materiais e métodos

    Para a coleta de dados, foram escolhidos intencionalmente 09 (nove) jovens (quatro mulheres e cinco homens) nadadores amadores com a média de idade de 14 (catorze) anos, nadadores do SESI (Serviço Social da Indústria) de Araguaína – TO. Antes da aplicação dos testes, foi dado um esclarecimento verbal e escrito a respeito dos procedimentos e dos possíveis riscos da pesquisa para os alunos e para os seus pais. Em seguida os alunos que se dispuseram a participar da pesquisa preencheram o termo de assentimento livre e esclarecido e também contaram com o consentimento de seus pais através de assinatura de documento específico.

    Como critérios de inclusão dos voluntários foi exigido: um tempo mínimo de prática de 6 (seis) meses de natação, não ingestão de bebidas alcoólicas na véspera dos testes, alunos que não tinham problemas cardíacos, respiratórios, ortopédicos, e que não faziam uso de medicamentos que poderiam interferir na prática da atividade física.

    O teste T-25 foi realizado numa piscina semiolímpica de 25 metros de comprimento, não aquecida. Já os demais testes aconteceram em uma quadra coberta, porém aberta nos lados, sempre antes de iniciar a aula, no período da tarde.

    Para realização dos testes, foram utilizados dois colchonetes e uma Medicine Ball 2kg no teste de força explosiva de membro superior; uma fita métrica para o teste de flexibilidade e força explosiva de membro inferior; cronômetros de precisão para o teste de velocidade, além dos materiais acessórios pranchetas, canetas, fita crepe, câmera digital, entre outros.

    Para análise dos dados foi utilizado estatística simples, medida de tendência central (média), e os mesmos estão expostos em tabelas a seguir.

Resultados e discussões

    Os dados obtidos nas avaliações dos praticantes de natação do SESI, foram comparados com dados encontrados na literatura relacionada à pesquisa e ao Manual PROESP (2012), a fim de correlacionar os resultados e obter-se uma idéia do nível de aptidão física dos adolescentes avaliados em relação a outros grupos de características semelhantes que também foram relatados em outras pesquisas, como mostram as tabelas a seguir:

Tabela 1. Valores das capacidades físicas coletadas de jovens nadadores

Tabela 2. Valores das capacidades físicas coletadas de jovens nadadoras

Nota: todos os alunos possuem de 6 a 12 meses de prática.

Vel: velocidade. FMI: força de membros inferiores.

Flex: flexibilidade. * valores em centímetros.

FMS: força de membros superiores. ** valores em segundos.

    Utilizando-se a média de flexibilidade dos grupos masculino e feminino e comparando com a média obtida pelo estudo do PROESP para jovens com faixa etária de 14 anos (30,5 cm / 38,5), notamos que os grupos estudados estão com média superior de flexibilidade do que o indicado pelo manual PROESP (35,2 cm / 40,2 cm, respectivamente). Mas vale ressaltar que os testes do Manual PROESP tiveram como amostra escolares cujo parâmetro para avaliação eram as atividades físicas praticadas na escola, e não jovens nadadores. Por isso, o grupo de jovens nadadores pesquisado pode levar vantagem na flexibilidade devido a prática de natação por um período contínuo. Gaya et al (2012) estabelece valores críticos do teste de flexibilidade para a saúde e a média obtida pelos grupos é superior a média apontada por Gaya, e ambos os grupos (masculino e feminino) estão dentro da zona saudável indicada pelo PROESP. Estudos apontam que apenas 08 (oito) a 12 doze semanas de prática de natação já são o suficiente para promover melhoras na flexibilidade, porém essa prática por mais tempo pode proporcionar valores ainda mais expressivos na flexibilidade desses alunos (cf. Carpes et al, 2005). Campos et al (2009) citam que o treinamento da flexibilidade contribui para a amplitude dos movimentos do nado, o que influencia diretamente na velocidade do nado.

    Em um estudo realizado por Souto et al. (2008), foi feita uma comparação das capacidades físicas de jovens nadadoras mineiras e paulistas, as quais tinham como média de idade 15 (quinze) anos, e se destacavam esportivamente ao menos no cenário regional. Se comparados os níveis de flexibilidade das meninas que praticavam natação competitivamente em Minas e São Paulo com a do grupo de nadadoras do SESI que não são competidoras, elas possuem níveis de flexibilidade semelhantes (40,8 / 39,1 / 40,2, respectivamente). Em outro estudo realizado por Nogueira e Pereira (2014) no estado do Ceará utilizando o protocolo PROESP foi observado que meninos possuem maior dificuldade em desenvolver a capacidade de flexibilidade. Souza (2010) e Costa (2010) também elaboraram estudos no estado do Ceará a respeito das aptidões físicas e em ambos os estudos os meninos apresentaram níveis de flexibilidade menores que as meninas. A literatura corrobora para esses resultados. O sexo é um fator influente na flexibilidade, e diferenças anatômicas favorecem as mulheres, portanto, mulheres possuem um maior desempenho nos níveis de flexibilidade se comparado com os homens. (cf. Weineck, 2005; Tubino, 2005; Gallahue e Ozmun, 2005).

    Passando para a análise da força de membros superiores e inferiores, temos, respectivamente, para o grupo masculino 353 cm e 171 cm de média, comparando com os dados obtidos pelos pesquisadores do PROESP, os praticantes de natação com idade de 14 anos possuem apenas resultados razoáveis para os testes de força de membros superiores e inferiores. Os testes de força podem ter sido tão inexpressivos devido a pouca prática do nado, já que os alunos tem apenas duas aulas por semana com duração de uma hora cada e por estarem praticando no máximo a um ano. Professores do SESI informaram que os treinamentos de força ocorrem nas aulas de forma específica (parachute) e inespecífica (paralelas) na borda da piscina. Porém, esses estímulos podem não ser o suficiente devido a fatores como, por exemplo, o fato de o treinamento de força inespecífico não produzir o movimento motor da natação, dessa maneira a força pode não se transferir de forma significativa para o nado; a freqüência de aulas semanais é inexpressiva para que os estímulos surtam efeitos. Assim, seria necessário maior freqüência de aulas, além de serem adicionados mais métodos específicos para que o nível de força dos nadadores apresente melhores resultados.

    Já o grupo feminino apresentou resultados de 325 cm para força de membros superiores e 156 cm para força de membros inferiores. Em comparação com o PROESP, a média de força do grupo pesquisado se encontra em nível bom tanto para membros superiores quanto para inferiores. Aqui podemos notar as diferenças maturacionais entre os sexos. Maglischo (1999) aponta uma idade de maturação especifica para as meninas de 11 a 13 anos, e para os meninos de 13 a 15 anos. Dessa forma, as meninas avaliadas estão em um estado maturacional avançado ao dos meninos, podendo assim apresentar melhores resultados.

    Gallahue e Ozmun (2005) apontam que a idade pós-púbere é 12 a 18 anos e 14 a 20 anos respectivamente para meninas e meninos, assim o grupo pesquisado não sofreria influência da puberdade, pois todos possuem 14 anos.

    Trazendo para a discussão o trabalho realizado por Gomes e Marinho (1999), foi notado que a idade com maior sensibilidade ao treinamento de força para homens e mulheres se encontrou entre 15 e 16 anos, e essa evolução de força foi diretamente correlacionada ao desempenho da velocidade, pois sempre que o nível de força aumentava com a idade também se aumentava a velocidade dos nadadores.

    Já nos resultados de velocidade as médias de tempo dos dois grupos foram muito próximas: masculino 22,87 segundos e feminino 22,23 segundos, com pequena vantagem para a média feminina o que reforça a íntima ligação entre força e velocidade, pois, enquanto os níveis de força masculino de membros superiores e inferiores apresentam na média geral resultado razoável, a média geral de força feminina se encontra em nível bom, assim relacionando o nível de classificação de força com os resultado da velocidade do nado. O manual PROESP não tem como referência nos seus testes velocidade em piscinas ou dentro d’água, dessa maneira os resultados obtidos não puderam ser comparados.

    Porém, se comparado com o trabalho realizado por Da Silva (2010), que avaliou em Criciúma, através do T-25, a evolução da velocidade de dez alunos, antes e após treinamento de força com medicine ball, os resultados estabelecidos pelos alunos do SESI são fraquíssimos, visto que as médias dos alunos de Criciúma pré e pós treinamento foram 16,37 segundos e 16,12 segundos. Aqui, ainda podemos considerar a idade dos alunos, observando que os alunos do SESI são dois anos mais velhos que os alunos de Criciúma e, em tese, os alunos do SESI deveriam apresentar melhores resultados na velocidade devido a maior maturação biofisiológica.

    Ao grupo pesquisado no SESI fica a expectativa da evolução dos seus níveis de força e, conseqüentemente, o de velocidade futuramente devido à evolução da idade e ao maturacionamento biológico de suas estruturas. Portanto, em dois anos, esse grupo de nadadores pode ter um salto nos seus níveis de força através de treinamentos específicos. Já os níveis de flexibilidade tendem a diminuir com a idade, porém a prática regular de natação contribuirá para que esses níveis se mantenham regulares.

Considerações finais

    Os achados desse estudo nos permitem observar que os praticantes de natação do SESI possuem um nível de flexibilidade bom se comparado com o manual PROESP. Porém, os meninos apresentam apenas nível razoável de força de membros inferiores e superiores, enquanto as meninas apresentam nível bom. Quanto à velocidade, existem poucos estudos acerca da velocidade em piscinas através do teste T-25, além de haver poucos estudos que exponham os resultados de velocidade em segundos.

    Uma explicação para esses resultados não tão agradáveis é o pouco tempo de prática de natação, além do tempo e da freqüência das aulas não produzirem estímulos suficientes a nível fisiológico para que se tenha uma evolução nesse quadro. Os métodos utilizados para o treinamento de força podem ser insuficientes, sendo necessários outros métodos para um desenvolvimento satisfatório. Assim, seria necessária maior freqüência de aulas semanais. Porém, os alunos que freqüentam as aulas de natação não buscam especialização esportiva, dessa maneira também não estão tão interessados em melhores resultados.

    Outro fator importante é o pouco tempo de prática de natação dos avaliados, o que traz à tona a realidade da falta de políticas públicas para o esporte e lazer. A população tem poucas oportunidades de praticar natação, e essas poucas oportunidades que se apresentam quase sempre são pagas, o que leva a iniciação esportiva na natação muito tarde.

    De acordo com os níveis indicados pelo manual PROESP as meninas se encontram com melhor aptidão física do que os meninos, porém, ambos os grupos podem melhorar na questão de força e velocidade.

    Os resultados encontrados, portanto, não são conclusivos. Seriam necessários outros estudos e um maior embasamento de trabalhos de velocidade na natação, principalmente usando como método o teste T-25 para uma melhor análise e comparação. Porém esse trabalho pode ser uma porta aberta para futuros estudos nesse tema.

Bibliografia

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 20 · N° 213 | Buenos Aires, Febrero de 2016
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