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Educação Física Escolar e Esporte: como foi 

que se tornaram ‘sinônimos’ em terras brasileiras

Educación Física y Deporte: cómo fue que se volvieron “sinónimos” en tierras brasileñas

 

Especialista em Metodologia da Educação Física Escolar

pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

do Sudeste de Minas Gerais

Bruno Botti Esteves

bruno.edu.fisico@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Vislumbramos no presente artigo, através de uma revisão da literatura disponível, buscar na história da Educação Brasileira, como foi que a Educação Física e o esporte se tornaram “sinônimos” no meio escolar. Pesquisamos desde as origens da Educação Física como componente curricular na Educação Básica, a partir de 1900, até os dias atuais, a fim de compreendermos como o desporto se tornou o tema hegemônico da Educação Física Escolar.

          Unitermos: Educação Física Escolar. Esporte. Tema hegemônico.

 

Resumen

          Podemos ver en este artículo, a través de una revisión de la literatura disponible, buscar en la historia de Educación de Brasil, como lo es la Educación Física y el deporte se convirtió en "sinónimos" en la escuela. Hemos buscado este estudio desde los orígenes de la Educación Física como componente curricular en la Educación Básica, desde el año 1900 hasta el día de hoy, con el fin de entender cómo el deporte se ha convertido en el contenido hegemónico de Educación Física Escolar.

          Palabras clave: Educación Física Escolar. Deportes. Contenido hegemónico.

 

Recepção: 08/07/2015 - Aceitação: 14/08/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 207, Agosto de 2015. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    Observando a realidade, como professores e acadêmicos, sobre a relação entre a Educação Física Escolar e os Esportes, e tendo como base o Coletivo de Autores (1992), e os estudos de Bassani (2003); Lettnin (2005) e Frizzo (2013) que apresentam o desporto como tema hegemônico nas aulas, buscaremos nesta breve revisão bibliográfica as origens desta esportivização da disciplina, na cultura escolar brasileira, a fim de compreendermos como essas duas palavras se tornaram praticamente “sinônimos” no meio escolar e social.

    Pode-se dizer que as primeiras iniciativas de incluir as atividades corporais na Educação Formal, se deram no século XVIII, a partir da inserção dos métodos ginásticos Alemão, Sueco, Dinamarquês e Francês no currículo escolar destes países, com o objetivo de criar cidadãos saudáveis e ativos, prontos para o trabalho pesado nas fabricas, característica da revolução industrial, ou para defender a pátria em caso de guerra (Betti, 1991).

    Segundo Betti (1991), foi nas escolas públicas da Inglaterra que aconteceram as primeiras tentativas de incluir o esporte como meio de educação, no século XIX, por iniciativa do pedagogo Thomas Arnold, que suprimiu a ilegalidade de alguns jogos como o rúgbi na esperança de realçar nos jovens a tenacidade e o espírito esportivo de cooperação e autonomia.

O inicio da Educação Física escolar no Brasil

    Segundo Correia (2012), a Educação Física escolar brasileira tem construído sua história desde o século XIX, apresentando contingentes políticos e pedagógicos desde então. A sua inserção no sistema educacional atendeu a certos interesses ideológicos e culturais, onde nunca houvera consenso a respeito de seus objetivos, principalmente quanto ao que se refere ao seu objeto de ensino (Betti, 1991; Correia, 2012).

    A ginástica neste primeiro momento era o conteúdo predominante no primário e a dança no secundário (Darido, 2003). Os principais métodos ginásticos eram o Sueco, o Francês e o Alemão (Darido, 2003). Durante este período, onde a Educação Física tinha a eugenia como objetivo, os exercícios físicos eram tidos como “remédio”, onde se pensava que somente a sua inclusão na vida do individuo bastaria para tornar seu corpo forte, sadio, ágil e disciplinado (Castellani, 1988; Coletivo de Autores, 1992).

    Conforme Coletivo de Autores (1992), a partir de 1900, o sistema Educacional sofreu forte influencia dos Métodos Ginásticos e da Instituição militar. É válido ressaltar que a Educação Física era totalmente prática, aproximando-se muito da instrução física militar, sendo que a formação de professores neste momento, tanto civis como militares, era realizada na Escola de Educação Física do Exercito (Castellani, 1988; Coletivo de Autores, 1992).

    Neste modelo militarista, os objetivos da Educação Física na escola eram restritos à formação de uma geração saudável, capacitada a suportar o trabalho e o combate, para servir a pátria em caso de guerra e para tanto era imprescindível à seleção de indivíduos “perfeitos” fisicamente e a exclusão dos “incapacitados” (Coletivo de Autores, 1992).

    Durante a década de 1920, as reformas educacionais nos estados brasileiros contemplaram a Educação Física como componente curricular no ensino primário e secundário (Castellani, 1988). Segundo Castellani (1988), a partir da metade da década de 1930, a Educação Física se pautou na perspectiva higienista onde sua principal meta era a higiene e a saúde da população, valorizando assim a aptidão física e moral através do exercício físico.

    A partir de 1937 a disciplina passa a ser componente obrigatório no currículo escolar garantida pela constituição deste mesmo ano (Kolyniak, 1998). A formulação da Associação Brasileira de Educação (ABE) neste momento para a Educação Física ganha um forte caráter eugenista a partir da orientação de que a disciplina deveria se destinar ao “melhoramento da raça e ao ‘robustecimento’ da população brasileira a fim de mantê-la fisicamente adestrada e capacitada, cuidando assim da manutenção e recuperação da força de trabalho” (Castellani, 1988, p.79).

A Educação Física desportiva generalizada

    Após o término da Segunda Guerra, período marcado por significativas mudanças no campo social nacional, devido à reestruturação da sociedade passando de agro exportadora para urbana industrial, e paralelo ao final do governo ditatorial brasileiro conhecido como Estado Novo, datado de 1945, apareceram novas tendências para o desenvolvimento educacional incluindo-se a Educação Física neste contexto (Castellani, 1988; Maciel, 2013).

    Dessa forma o esporte da um salto quantitativo e passa a ser um dos principais, senão o principal componente da Educação Física Escolar e da cultura corporal a ser vivenciado nas aulas naquele momento. Auguste Listello, francês idealista do desporto, foi o maior incentivador na implementação do chamado “Método da Educação Física Desportiva Generalizada”, que se utilizava da cultura européia como referência (Bracht, 1989; Coletivo de Autores, 1992).

    O Método criado pelo instituto nacional de esportes da França consistia em adequar o conteúdo do Desporto aos objetivos da Educação Física naquele momento, ou seja, formar indivíduos ativos fisicamente, saudáveis, aptos ao trabalho e com corpos e mentes disciplinados (Castellani, 1988; Betti, 1991). Assim o esporte passa a ser o destaque das aulas, privilegiando a aquisição de capacidades físicas e bons valores, tendo seu eixo metodológico voltado para o valor educativo do jogo (Kolyniak, 1998). De acordo com documentos oficiais da época, “[...] para a Educação Física Desportiva generalizada o esporte não é um fim, mas um meio de formação e preparação para a vida” (Brasil, 1966, p. 4 como citado por Betti, 1991, p. 99).

    Segundo Betti (1991), o método tinha como objetivos: a iniciação nos diversos esportes existentes, orientar para as especializações aperfeiçoando atitudes e gestos técnicos, o desenvolvimento do gosto pelo belo, pelo esforço e pelo desempenho, como também provocar as necessidades de higiene nos indivíduos. Conforme o autor, a aula continha exercícios de aquecimento, flexibilidade, agilidade e as técnicas esportivas dirigidas à iniciação das modalidades.

    Pode se dizer que esta metodologia apareceu como forma de reação aos antigos métodos ginásticos europeus, sendo também uma tentativa de manter o esporte, que já se mostrava socialmente autônomo, sob o controle pedagógico da Educação Física, que permanece até o golpe militar de 1964 no Brasil (Betti, 1991).

Educação Física e ditadura militar: atleta se forma na escola

    No momento seguinte de nossa história, período em que ocorreu a tomada do poder pelos militares no Brasil, a partir do golpe de 1964, o desporto se fortaleceu nas aulas de Educação Física Escolar caracterizado por ter como objetivo principal formar atletas que poderiam obter resultados em competições internacionais servindo como instrumento de propaganda positiva do regime e também passando a falsa idéia ao povo da possibilidade de ascensão social e melhoria das condições de vida através do desporto (Kolyniak, 1998; Maciel, 2013).

    Assim, a disciplina assumiu o esporte como referência primária dentro do planejamento curricular (Kolyniak, 1998). Betti (1991, p. 100) ao relatar este momento afirma que:

    O período assinalou a ascensão do esporte à razão do estado e a inclusão do binômio Educação Física/Esporte na planificação estratégica do governo. Ocorreram também profundas mudanças na política educacional e na Educação Física Escolar, que subordinou-se ao sistema esportivo, e a expansão e sedimentação do sistema formador de recursos humanos para a Educação Física e o Esporte.

    Em plena Ditadura Militar, a Educação Física Escolar deixa de lado a ginástica militar e passa a ser influenciada pela Educação Esportiva, incorporada a idéia de saúde (Soares & Góis, 2011). A frase mais pronunciada durante este momento era “esporte é saúde” (Darido, 2003).

    Nessa fase, aboliu-se totalmente o lúdico das aulas em favor das tarefas esportivas mecânicas (Bracht, 1989). A Política Nacional da Educação Física e Esportes neste momento, regida pela lei 6251/75 apontava como um dos principais objetivos da Educação Física o aumento da participação estudantil em práticas esportivas e o aprimoramento técnico dos atletas para melhorar os resultados em campeonatos internacionais (Kolyniak, 1998). A iniciação esportiva foi inserida como atividade-meio nos currículos a partir da 5ª serie do 1º grau, atual 6º ano do ensino fundamental (Betti, 1991).

    Bracht (2003) afirma que a partir do inicio da ditadura, a Educação Física Brasileira e suas políticas públicas, agregaram definitivamente o esporte escolar ao sistema nacional esportivo, ou seja, ao Desporto de Competição. Dessa forma, substituiu-se o Método Desportivo Generalizado, que previa a aprendizagem de fundamentos de diferentes esportes, pelo Método Esportivo, que visava à especialização em alguma modalidade específica (Kolyniak, 1998).

    Essa tendência esportiva tornou-se clara no ensino publico e privado, com as chamadas “turmas de treinamento”, formadas pelos mais habilidosos que eram selecionados pelos professores, que tinham a função de caçar talentos para elevar o nome da instituição em competições escolares e prepará-los para o aprimoramento nos clubes (Kolyniak, 1998).

    Constava na Política Nacional de Educação Física e Desporto, documento datado do ano de 1976, que a Educação Física deveria ser à base de um sistema piramidal, onde o esporte praticado na escola seria a base da pirâmide responsável por formar no futuro, o topo deste sistema, composto por atletas de alto rendimento, sendo a Educação Física Escolar tida como causa e o Esporte de alto rendimento como efeito, passando pelo esporte de massa como intermediário (Betti, 1991; Maciel, 2013).

    Nesta mesma época, foi muito difundida na Educação de forma geral e conseqüentemente na Educação Física Escolar, a Pedagogia Tecnicista, que sob a tutela do pragmatismo norte-americano tinha como princípios fundamentais, a racionalidade, a eficiência e a produtividade, e como finalidade a eficiência técnica (Coletivo de Autores, 1992).

    Foi durante este momento, por influencia do tecnicismo na educação, que o esporte de rendimento esteve mais presente na história da Educação Física Escolar brasileira, com a aplicação de métodos extremamente diretivos e baseados na repetição mecânica dos movimentos esportivos (Darido, 2003; Brasil, 2004b). “O esporte é, para esta fase, objetivo e o conteúdo, da Educação Física escolar e estabelece uma nova relação passando de professor instrutor para professor treinador” (Darido, 2003, p.3).

    Segundo Tubino (1996) e Frizzo (2013), uma das grandes bandeiras do esporte escolar durante este período foram os Jogos Escolares Brasileiros (JEB’s), disputados desde 1969. Essas competições reproduziam fielmente o esporte competitivo, sem nenhum objetivo educacional (Tubino, 1996).

    A propaganda dos JEB’s contava com alguns poucos atletas de renome que chegaram a participar da competição, mas que não tiveram nenhuma influencia do torneio em sua formação esportiva (Tubino, 1996). O governo vislumbrava com os JEB’s, além de formar atletas, a possibilidade de acalmar as revoltas estudantis contra o regime ditatorial, acreditando que os jovens mudariam o foco de discussão para as competições (Kolyniak, 1998).

O movimento renovador e a crítica ao modelo de esporte escolar

    Já durante a década seguinte, os anos de 1980, após o fim do governo militar, o campo de estudo da Educação e da Educação Física se direciona para as ciências humanas adicionadas a um novo cenário político social, assim contribuindo para a desvalorização do rendimento como único objetivo pedagógico da disciplina (Soares, 1993; Darido, 2003).

    Segundo Caparroz (2007, p.81), “[...] nos anos de 1980, há uma forte necessidade de romper com o passado, num movimento que foi autodenominado renovador [...]”. O autor deixa evidente que esse não foi um ato isolado da Educação Física, mas de toda a sociedade brasileira clamando pela redemocratização.

    Segundo Caparroz (2007, p.8) sobre a inquietação dos professores da época:

    No cenário da educação física nacional, são travados importantes debates e organizados movimentos que, [...], tiveram o mérito de tensionar as relações vigentes na área, com um movimento intenso de questionamento e contestação das práticas e das políticas publicas da época [...].

    O autor ainda afirma que o principal motivo de criticas ao modelo antigo é a biologização do movimento humano, na realização das práticas esportivas, desenvolvidas através da abordagem tecnicista.

    Medina (1987) a respeito deste período, afirma que a Educação Física necessitava entrar em crise o quanto antes para questionar criticamente seus valores e para justificar-se a si mesma, procurando assim por sua identidade. Ainda sobre esse momento histórico.

    Segundo Kunz (2006, p. 16):

    Especialmente na década 80 iniciou-se no Brasil um período de crítica, talvez seja melhor dizer denúncia, sobre a hegemonia e o modelo de esporte praticado nas escolas pela Educação Física. Uma das críticas era fundamentada em modelos teóricos de tendência marxista, que viam no fomento do esporte uma seqüência, [...], do processo de alienação e retificação do homem que já acontecia na sociedade [...].

    A partir destes questionamentos, foram reformuladas as políticas educacionais para a Educação Física Escolar onde o esporte a ser vivenciado nas aulas deveria ter como referencial o Esporte-Educação, que tinha como objetivo primordial o desenvolvimento integral do homem, como ser autônomo, democrático e participante, vivenciando o esporte a favor de seu bem estar, sem preocupações com rendimento (MEC, 1986 como citado em Betti, 1991). Porém, as orientações governamentais ainda continham resquícios do modelo da pirâmide, sugerindo que o Esporte-Educação também fosse um meio de descoberta e desenvolvimento de futuros atletas de alto nível (Betti, 1991).

    Segundo Bassani (2003), o desporto escolar conseguiu resistir durante este período aos questionamentos de uma parte do Pensamento Crítico da Educação Brasileira, que o associava á Ditadura Militar e as formas de opressão política e sujeição do corpo. Mesmo assim, conforme Oliveira, Betti e Oliveira (1988), nessa época era comum professores de Educação física terem a imensa responsabilidade de satisfazer as paixões desportivas de alguns diretores que queriam suas salas decoradas com os troféus da glória esportiva.

Novas tendências e atual estado da arte da relação entre Educação Física Escolar e Esporte

    No início da década de 1990, um grupo de professores/acadêmicos, de diversos pontos do Brasil, se reúne para questionar a hegemonia do Esporte quanto conteúdo da Educação Física Escolar e seus objetivos na formação dos alunos, como também quais deveriam ser os conteúdos a serem ensinados pela disciplina. Assim, na obra “Metodologia do ensino da Educação Física” datada do ano de 1992, estes acadêmicos lançam mão de um método de ensino denominado Abordagem Crítico-Superadora.

    Estes autores sugerem, debruçados na Pedagogia Histórico-Crítica que tem como vertente norteadora o Materialismo Histórico Dialético, a socialização do conhecimento construído pelo homem, a respeito do esporte e dos demais temas da cultura corporal, de forma contextualizada e crítica, utilizando-se da ludicidade e distanciando-se do conceito de rendimento presente no esporte competitivo e na sociedade capitalista de forma geral (Coletivo de Autores, 1992; Maciel, 2013).

    Dentro da Abordagem Crítico-Superadora o desporto é visto como fenômeno social que precisa ter suas regras e valores questionados pela comunidade que o vivencia, no intuito de criá-lo e recriá-lo (Coletivo de Autores, 1992). As intervenções devem ser compostas por jogos com regras implícitas, até os esportes convencionais, não restringindo seu ensino a gestos técnicos (Coletivo de Autores, 1992).

    Conforme estes autores, o esporte quando tema da Educação Física Escolar deve “resgatar valores que privilegiam o coletivo [...], o compromisso da solidariedade e respeito humano, a compreensão de que o jogo se faz ‘a dois’ e que é diferente jogar ‘com’ o companheiro e jogar ‘contra’ o adversário” (Coletivo de Autores, 1992, p. 71).

    Surge também na década de 1990 uma tendência pedagógica denominada Abordagem Crítico-Emancipatória, caracterizada pelo incentivo a reflexão crítica e autonomia dos alunos perante os conhecimentos relacionados às modalidades esportivas. A técnica perde seu espaço de protagonista como objetivo das aulas, que passam a ter como foco a construção da cidadania dos praticantes (Lettnin, 2005).

    O principal defensor destes métodos na Educação Física Escolar é Elenor Kunz, que advoga a favor de um esporte menos competitivo, focado na ludicidade, com igualdade de possibilidades para todos, onde os praticantes pudessem a partir do conhecimento repassado pelo professor, apoderar-se do conteúdo e criar seu “próprio esporte” em favor de seus interesses e necessidades (Kunz, 2006).

    Kunz (2006) propõe que a principal mudança nas aulas de Educação Física onde o esporte é o tema deve ser é a possibilidade de todos os alunos, com suas características biológicas e sociais próprias, participarem das intervenções em igualdade de condições e demonstrarem a mesma satisfação pessoal com seu desempenho ao final da atividade.

    Infelizmente, mesmo passando por muitas transformações a partir da década de 1980, com o movimento renovador da Educação Física e as novas tendências, dentro da Educação brasileira é consensual que o conteúdo da disciplina é o desporto, com suas regras e exigências do esporte de rendimento como nos alertam Bento (2003) e Brasil (2004a).

    Bassani (2003) afirma não ser novidade à prática do esporte como foco central da Educação Física Escolar, se constituindo como único tema de ensino, e em muitas vezes cristalizado em algumas poucas modalidades escolhidas pelos próprios alunos durante todo o ano letivo.

    Em algumas situações, o desporto é visto como um conteúdo mínimo e único, o que reflete uma situação de exclusão: aos mais habilidosos a oportunidade de vivenciar a prática, aos menos habilidosos resta à função de gandula, juiz, ou observador (Barreto, 2003). Mesmo existindo outras concepções e metodologias para o ensino do desporto na Educação Física Escolar, a sua abordagem continua limitada ao desenvolvimento das técnicas individuais, fortalecendo métodos formais e mecânicos (Lettnin, 2005).

    Conforme Frizzo (2013), o fator que pode ter sido fundamental para a esportivização da Educação Física Escolar através dos anos foram às parcerias entre o poder público e as organizações esportivas, o que influenciou significativamente a estrutura da disciplina a favor do modelo de esporte de competição. Parcerias estas que segundo Maciel (2013) ainda não chegaram a um norte satisfatório no que diz respeito a um modelo de desporto diferente do convencional, e continuam reproduzindo fielmente o esporte de rendimento em suas ações “tidas” como desporto-educação.

Considerações finais

    Consideramos que o esporte apresenta grande representatividade e se massificou como conteúdo da disciplina curricular somente a partir do ano de 1945, mesmo já estando presente no âmbito escolar como atividade extracurricular desde o início do século XX, principalmente na Associação Cristã de Moços, como explana Castellani (1988). Por este motivo, construímos nossa pesquisa dando uma ênfase maior ao tema a partir desta data.

    Gostaríamos de finalizar esclarecendo que não consideramos os termos “Educação Física Escolar” e “Esporte” como sinônimos. O titulo foi construído somente no intuito provocativo de polemizar ainda mais a discussão acadêmica a cerca desta contraditória relação entre a disciplina curricular e este importante tema da cultura corporal.

Bibliografia

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