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Prevalência da utilização da suplementação de creatina

no treinamento de musculação em academias no Brasil

Predominio del uso de suplementación de creatina en el entrenamiento de musculación en gimnasios en Brasil

 

Pós graduando em Treinamento Esportivo pela Universidade Estadual do Ceará

Graduado em Educação Física pela Universidade Federal do Ceará

(Brasil)

Abraham Lincoln de Paula Rodrigues

lincoln7777@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Atualmente, pode-se observar um crescimento na procura por atividades físicas em academias. Entre as opções de quem procura uma academia, pode-se destacar a musculação como uma das modalidades que vem apresentando uma adesão crescente no seu número de praticantes. Pesquisas recentes têm demonstrado um aumento significativo do uso de suplementos alimentares, entre esses, destaca-se a creatina, que é um suplemento bastante comercializado, com vendas anuais estimadas em torno de US$ 400 milhões somente nos Estados Unidos. Estudos relatam que a suplementação de creatina poderia aumentar as reservas de creatina muscular melhorando assim a performance em exercícios de alta potência, o que vem sendo respaldado através de evidências relatadas dos benefícios do uso da creatina. O objetivo desse estudo de revisão foi atualizar acerca da prevalência do uso da creatina no treinamento de musculação em academias no Brasil. O estudo foi realizado através de uma revisão bibliográfica, onde, foram buscados artigos científicos relacionados ao assunto, publicados entre os anos de 2006 a 2014 na base de dados Google Acadêmico. Os resultados apresentados nos estudos mostraram que cerca de 10% dos praticantes de musculação de academias do estado de São Paulo utiliza a creatina como suplemento alimentar pensando em nos seus efeitos ergogênicos no treinamento de força. Em Curitiba 17% dos entrevistados revelou utilizar creatina. Na cidade de Petrópolis-RJ, em estudo realizado com praticantes de musculação, 51% dos indivíduos afirmaram utilizar a creatina. Em academias de Campo Grande-MS a creatina também apareceu entre os suplementos mais consumidos. Conclui-se que a creatina está entre os suplementos alimentares mais consumidos por praticantes de musculação nas diversas academias localizadas no vários estados brasileiros. A área da Nutrição Esportiva está em pleno crescimento, cada dia mais estudos estão sendo realizados nesse campo, e, visto que a creatina é um suplemento em constante estudo, é sensato considerar o custo-benefício entre os seus possíveis efeitos ergogênicos e os efeitos adversos, considerando a individualidade de cada pessoa, de cada exercício e os objetivos almejados pelo indivíduo, utilizando-se sempre sob orientação de um profissional da Nutrição.

          Unitermos: Musculação. Suplementação. Creatina.

Recepção: 25/11/2014 - Aceitação: 24/01/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 202, Marzo de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Atualmente, pode-se observar um crescimento na procura por atividades físicas em academias, as quais indivíduos são motivados por diversos fatores, como a busca pela saúde, aprimoramento estético ou como uma forma de socialização. São muitas as opções de quem procura uma atividade física regular em uma academia, dentre elas, pode-se destacar a musculação como uma das modalidades mais importantes e que vem apresentando uma adesão crescente no seu número de praticantes (NOVAES e VIANNA, 2003).

    Pesquisas recentes têm demonstrado um aumento significativo do uso de suplementos alimentares. A creatina monoidratada é um suplemento bastante comercializado, com vendas anuais estimadas em torno de US$ 400 milhões apenas nos Estados Unidos. Estudos científicos relatam que a suplementação de creatina poderia aumentar as reservas de creatina muscular melhorando assim a performance em exercícios breves de alta potência, o que vem sendo respaldado através de evidências relatadas dos benefícios do uso da creatina. Diferente de muitos suplementos, a creatina tem sido amplamente pesquisada, todavia sua eficácia como substância ergogênica está longe de ser um consenso (RAWSON E CLARKSON, 2004).

    A creatina é um dos suplementos mais populares entre os atletas e um dos mais rentáveis para o mercado da suplementação (VOLEK e RAWSON, 2004). A sua ingestão em doses supra-fisiológicas tornou-se comum, sendo utilizada não apenas por atletas profissionais, mas também por praticantes de atividades amadoras ou recreacionais (BEMBEN E LAMONT, 2005). A creatina é um composto dietético não essencial, ou seja, pode ser tanto ingerida através da alimentação como pode ser produzida pelo organismo. Sua síntese ocorre por um processo que envolve os seguintes aminoácidos: arginina, metionina e glicina (DEMANT E RHODES, 1999). A sua absorção no trato gastrointestinal se dá por transporte ativo, e sua excreção feita através da urina (VANDENBERGHE et al.,1997).

    De acordo com o conteúdo exposto anteriormente, e verificando-se a importância da realização de estudos que busquem investigar, analisar e compreender como está ocorrendo o processo de utilização da creatina no âmbito das academias brasileiras foi proposta a realização desse estudo de revisão artigo que tem como objetivo principal atualizar acerca da prevalência do uso da creatina no treinamento de musculação em academias no Brasil.

Metodologia

    O estudo foi realizado através de uma revisão bibliográfica, onde, foram buscados artigos científicos relacionados ao assunto publicados entre os anos de 2006 a 2014 na base de dados eletrônica Google Acadêmico. Foram utilizados os seguintes descritores na realização da busca: creatina; musculação; academias; Brasil. Resultaram da busca um total de 40 artigos, que foram em seguida analisados criteriosamente, e inseridos no trabalho à medida que os mesmos se enquadraram dentro do objetivo do estudo.

Musculação

    A musculação é um exercício físico em que os músculos opõem-se a uma força de resistência, sendo utilizada principalmente para o desenvolvimento da força. Pode ser denominado também como treinamento de força, treinamento com cargas, treinamento com pesos ou contra resistência (FLECK e KRAMER, 2006; UCHIDA et al., 2005).

    A musculação consiste em um treinamento no qual se pode controlar todas as suas variáveis, como: carga, velocidade, tempo de contração, intensidade do exercício, o que torna essa atividade mais versátil, podendo ser realizada por qualquer indivíduo, nas distintas faixas de idade, e com os objetivos mais variados (FLECK e JÚNIOR, 2003).

    Fleck e Júnior (2003) afirmam que, em decorrência desse fato, a aceitação do treinamento de musculação é cada vez maior. Referem-se ainda que, um dos objetivos de maior procura pela musculação é a profilaxia do aparelho locomotor visando uma prevenção das perdas musculares e ósseas, comuns em decorrência da idade, bem como uma elevação do nível de saúde. Para que ocorram as alterações fisiológicas desejadas, resultantes das adaptações ao treinamento com pesos, o músculo deve atuar contra uma resistência que ele não encontra habitualmente, denominada pelo treinamento desportivo como sobrecarga. Uma maneira de controlar a intensidade do exercício é conhecer a intensidade máxima que o indivíduo consegue suportar para um dado exercício (FLECK e KRAEMER, 2006).

Histórico da creatina e o seu uso nas academias de musculação

    Segundo Mendes e Tirapegui (2005) a creatina foi descoberta pelo cientista francês Michel Chevreu no ano de 1835, que relatou ter encontrado nas carnes um novo constituinte orgânico. Entretanto foi somente no inicio do século XX que as pesquisas se desenvolveram e relataram que nem toda a creatina ingerida era encontrada na urina, indicando que o organismo armazenava uma parte. Nos jogos olímpicos de Barcelona em 1992, alguns corredores de alta velocidade e com barreiras obtiveram benefícios significativos com relação ao aprimoramento nas atividades de potencia e força e em atividades curtas e explosivas; maior sobrecarga muscular, capaz de aumentar a eficácia do treinamento, esses ganhos relatados seriam provenientes do uso da creatina.

    De acordo com Willians (2002) suplemento dietético é um produto alimentício, acrescido á dieta, que contenha em sua composição pelo menos um dos seguintes ingredientes: vitamina, mineral, erva ou planta, aminoácido, metabólito, constituinte, extrato ou a combinação de qualquer um desses ingredientes. Algo acrescido à alimentação principalmente para corrigir alguma deficiência.

    Em seu estudo Hirschbruch e Carvalho (2002) verificaram que cerca de 10% dos praticantes de musculação de academias do estado São Paulo que suplementam, utilizam a creatina como suplemento alimentar pensando em nos seus efeitos ergogênicos no treinamento de força.

    No estudo realizado por Pereira, Lajolo e Hirschbruch (2003) apontaram que cerca de 24% dos alunos de academias na cidade de São Paulo utilizavam algum tipo de suplemento alimentar, sendo a creatina consumida por cerca de 10% deles. Resultados distintos foram encontrados em academias localizadas em outras cidades pesquisadas. Em Curitiba, 50,61% dos entrevistados utilizavam alguma suplementação, sendo a creatina utilizada por quase 17%. Na cidade de Petrópolis-RJ, em estudo realizado com praticantes de musculação, 75% utilizavam algum tipo de suplemento alimentar, sendo que 51% dos indivíduos afirmaram utilizar a creatina. Nas academias de Campo Grande-MS, 56% dos alunos consumiam algum tipo de suplemento, estando a creatina entre os mais consumidos, após carboidratos e proteínas, no grupo masculino (REIS, MANZONI E SIMONARD-LOUREIRO, 2006; OLIVEIRA E DOS SANTOS, 2007; RAVAGNANI, RAVAGNANI E CAMARGO, 2007).

    Para que a suplementação de creatina produza efeito sobre a performance no treinamento é preciso que esta seja capaz de aumentar as concentrações de creatina celular, pois são esses estoques aumentados que refazem a síntese rápida de ATP durante o exercício. Os suplementos nutricionais não são considerados doping segundo a lista de substâncias proibidas pelo comitê olímpico internacional, esse define doping como a administração ou uso por um competidor de qualquer substância estranha ao corpo ou qualquer substância fisiológica ingerida em quantidade anormal com a única intenção de melhorar de maneira artificial e desonesta sua performance na competição (Willians, 1998).

Conclusão

    A realização do estudo permitiu concluir que a creatina está entre os suplementos alimentares mais consumidos por praticantes de musculação nas diversas academias localizadas no vários estados brasileiros. Com os avanços da biologia molecular e a realização de um maior número de pesquisas, novos mecanismos relacionados à creatina estão sendo descobertos.

    Embora encontremos um grande número de estudos afirmando que o uso da creatina gera diversos benefícios na performance esportiva, encontramos também vários estudos afirmando o contrário. Dessa forma recomenda-se cautela nas afirmações sobre a creatina enquanto suplemento alimentar. Faz-se necessário a realização de mais estudos que possa comprovar realmente a eficácia da suplementação de com creatina nas atividades de curta duração e que necessitam de energia imediata, e/ou de curto prazo, como por exemplo, nos exercícios de musculação.

    A área da Nutrição Esportiva está em pleno crescimento, cada dia mais estudos estão sendo realizados nesse campo. Visto que a creatina é um suplemento em constante estudo, é sensato considerar o custo-benefício entre os seus possíveis efeitos ergogênicos esperados e os efeitos adversos, considerando a individualidade de cada pessoa, de cada exercício e os objetivos almejados pelo indivíduo. Recomenda-se que seu consumo seja realizado somente após uma consulta, avaliação e prescrição por um profissional da Nutrição, e de preferência que tenha experiência na área da nutrição esportiva.

Referências

  • BEMBEN, M.G.; LAMONT, H.S. Creatine Supplementation and Exercise Performance. Sports Medicine. Vol. 35. Num. 2. 2005. p. 107-125

  • DEMANT, T.W.; RHODES, F.C. Effects of Creatine Supplementation on Exercise Performance. Sports Medicine. Vol. 28. Num. 1. 1999. p. 46-60.

  • FLECK, S. J; JÚNIOR, A. F. Treinamento de força para Fitness e Saúde. São Paulo: Phorte, 2003.

  • FLECK, S. J; KRAEMER, W. J. Fundamentos do treinamento de força muscular. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

  • HIRSCHBRUCH, M.D; CARVALHO, J. R. Nutrição esportiva. Uma visão pratica. São Paulo: Manole. 2002.

  • MENDES, R.R; TIRAPEGUI, J. Creatina e atividade física. Nutrição, Metabolismo e Suplementação na Atividade Física. São Paulo: Atheneu, 2005.

  • OLIVEIRA AAA DE, DOS SANTOS PS. O consumo de proteína isolada da soja por praticantes de musculação. Nutrição Brasil 2007; 6(4):216-221.

  • PEREIRA, R. F; LAJOLO, F. M; HIRSCHBRUCH, M. D. Consumo de suplementos por alunos de academias de ginástica em São Paulo. Rev. Nutr. 2003; 16(3):265-272.

  • RAVAGNANI, CC; RAVAGNANI, FCDEP E CAMARGO, VR. Consumo de suplementos nutricionais por praticantes de musculação em academias de Campo Grande-MS. Nutrição em Pauta, XV (87): 2007

  • RAWSON, E.S.; CLARKSON, P.M. Controvérsia Científica: A Creatina vale quanto pesa? Sports Science Exchange. Gatorate Sports Science Institute. Junho, Julho, Agosto, 2004

  • REIS MGA, MANZONI M, SIMONARD-LOUREIRO HM. Avaliação do uso de suplementos nutricionais por freqüentadores de academias de ginástica em Curitiba. Nutrição Brasil 2006; 5(5):256-261.

  • UCHIDA, M. C; CHARRO, M. A; BACURAU, R. F. P; NAVARRO, F; JÚNIOR, F. L. P. Manual de musculação: uma a abordagem teórico-prática do treinamento de força. 3ª ed. São Paulo: Phorte, 2005.

  • VANDENBERGHE, K.; GORIS, M.; VAN HECKE, P.; VAN LEEMPUTTE, M.; VANGERVEN, L.; HESPEL, P. Long-term Creatine Intake is Beneficial to Muscle Performance During Resistance Training. Journal of Applied Physiology. Bethesda. Vol. 83. Num. 6. 1997. p. 2055- 2063.

  • VOLEK, J.S.; RAWSON, E.S. Scientific basis and practical aspects of creatine supplementation for athletes. Nutrition. Burbank. Vol. 20. Num. 7. 2004. p. 609-614.

  • WILLIANS, M. H. Nutrição para saúde, condicionamento físico e desempenho esportivo. 5 ed. São Paulo: Manole, 2002.

  • WILLIANS, M. H; BRANCH, J. D. Creatine supplementation and exercise performance: an update. Journal of the American College of Nutrition. v. 17, p. 216-234, 1998.

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