efdeportes.com

Perfil dos pacientes com diagnóstico de síndrome do ombro doloroso atendidos em serviços de fisioterapia de Pendências, RN e Mossoró, RN

Perfil de los pacientes con diagnóstico del síndrome de hombro doloroso atendidos
en servicios de fisioterapia de Pendencias, RN y Mossoró, RN

Profile of patients with diagnosis of shoulder pain syndrome treated in physical
therapy services of Pendencias, RN e Mossoro, RN

 

*Fisioterapeutas, alunas do Curso de Especialização em Fisioterapia Traumato-ortopédica

e Desportiva (com ênfase em Terapia Manual) Mossoró (RN)

**Fisioterapeuta. Doutor em Biotecnologia pela Universidade Estadual do Ceará

Docente da Faculdade Maurício de Nassau Fortaleza, CE

(Brasil)

Ana Clara Alves Cabral*

Ledycnarf Januário de Holanda*

Mário Ítalo Barros de Carvalho*

Tâmisa Vieira Ferrari*

Francisco Fleury Uchoa Santos-Júnior**

drfleuryjr@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: As algias no ombro atingem 16% da população, aparecem desde uma postura incorreta, atividades esportivas e disfunções ocupacionais. “Ombro doloroso” é uma expressão que indica patologias do grupo da Síndrome do Ombro Doloroso (SOD), como: síndrome do impacto (SI), tendinites, capsulite adesiva (CAO), artropatias e osteoartrite. Objetivo: O intuito do estudo foi analisar o perfil demográfico e epidemiológico de indivíduos com diagnóstico clínico referentes a patologias ortopédicas, que afetam o complexo do ombro, em um serviço público de Fisioterapia em Pendências/RN e em um serviço particular em Mossoró/RN, a fim de identificar as doenças mais comuns. Método: O estudo foi de natureza transversal e do tipo descritiva, que consistiam na análise de 32 prontuários de indivíduos com diagnóstico clinico de patologias ortopédicas, que acometem o ombro. Resultados: Os pacientes com patologias no ombro representam 35,55% de indivíduos que realizam fisioterapia nestes serviços, sendo 50,33% do sexo feminino e 49,67% do sexo masculino, com faixa etária de 58,59±15,21 anos, que realizaram tratamento fisioterapêutico por 0,61±0,88 anos. A patologia mais comum foi a tendinite (31,25%) seguida da síndrome do impacto do ombro (18,75%), bursite (18,75%), lesão do manguito rotador (9,38%), luxação (6,25%), artrose (6,25%), fratura (3,13%), artroplastia (3,13%) e capsulite adesiva (3,13%) respectivamente. o lado mais acometido foi o direito com 59,37%, o esquerdo apresentou 25% dos casos e 15,62% apresentaram sintomatologia bilateral. Conclusão: Existe uma incidência significativa de indivíduos do sexo feminino com patologias na região do complexo do ombro no hemicorpo direito, sendo a tendinite a doença mais acometida.

          Unitermos: Ombro. Dor musculo-esquelética. Fisioterapia.

 

Abstract

          Introduction: The pains in the shoulder reach 16% of the population; appear from poor posture, sports and occupational dysfunction. ''Ombro Doloroso'' is an expression that indicates the pathologies of Painful Shoulder (PS) Syndrome group, such as impingement (SI), tendinitis, adhesive capsulitis (AC), arthropathies and osteoarthritis. Objective: The aim of the study was to analyze the demographic and epidemiological profile of individuals with a clinical diagnosis regarding orthopedic pathologies affecting the shoulder complex, in a public service in Physiotherapy Pendências/RN and a particular service in Mossoró/RN, in order to identify the most common diseases. Method: The study was cross-sectional in nature and descriptive, which consisted in the analysis of medical records of 32 patients with clinical diagnosis of orthopedic pathologies affecting the shoulder. Results: Patients with shoulder pathologies represent 35.55% of individuals who perform physiotherapy on these services, and 50.33% female and 49.67% male, mean age was 58.59 ± 15.21 years who underwent physiotherapy treatment 0.61 ± 0.88 years. The most common pathology was tendonitis (31.25%) followed by shoulder impingement (18.75%), bursitis (18.75%), rotator cuff injury (9.38%), dislocation (6 syndrome 25%), osteoarthritis (6.25%), fracture (3.13%), arthroplasty (3.13%) and adhesive capsulitis (3.13%), respectively. more affected side was the right with 59.37%, the left showed 25% of cases and 15.62% had bilateral symptoms. Conclusion: There is a significant incidence of females with pathologies of the shoulder complex region in the right hemisphere, being the most affected tendonitis disease.

          Keywords: Shoulder. Musculoskeletal pain. Physiotherapy.

 

Recepção: 17/11/2014 - Aceitação: 25/01/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 202, Marzo de 2015. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    A prevalência de algia no ombro é elevada, afetando 16% da população em geral, sendo 21% idosos e 43% indivíduos com patologias reumáticas, aumentando com a idade, chegando ao pico em torno dos 50 anos (1), perdendo somente das cervicalgias e lombalgias (2).

    Inúmeros fatores favorecem ao surgimento de dor no ombro, como posturas estáticas e incorretas, overuse, flexão ou abdução dos ombros por muito tempo, alterações anatômicas preexistentes, idade ou desempenho de atividades com a mão acima do ombro, por exemplo, em determinados tipos de desportos (1,3). Algumas modalidades esportivas como voleibol, natação, ginástica olímpica e judô possuem queixas frequentes de dor nos ombros, o que acarreta diminuição do rendimento esportivo ou afastamento do atleta. No Brasil, o voleibol é o segundo esporte mais praticado, acometendo um grande número de atletas. Estudos afirmam que entre 40% e 50% de jogadores deste esporte sofrem de dor no ombro, necessitando afastar-se por um período superior a três meses, em 23% destes casos (1,4).

    As DORT's (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) acometem, principalmente, os membros superiores, devido ao aumento do ritmo e da quantidade de trabalho e, da velocidade em que os movimentos são realizados em um ambiente ergonômico inadequado (5).

    O complexo articular do ombro é formado por cinco articulações: glenoumeral, esternoclavicular, acromioclavicular, coracoclavicular e escapulotorácica. Cada articulação possui uma amplitude de movimento específica, sendo restringidas por suas estruturas ósseas, ligamentares, musculares, tendinosas e capsulares, sendo os movimentos articulares normais: abdução (180º), adução (45º), flexão (90º), extensão (45º), rotação interna (55º) e rotação externa (40º a 45º) (4,5).

    A integridade, sincronia e harmonia constante entre todos os componentes estáticos e dinâmicos favorecem a sua biomecânica fisiológica, já que esta é uma estrutura do corpo humano que possui grande mobilidade e pequena estabilidade, que também pode ser relacionada à frouxidão capsular unida a configuração arredondada e grande cabeça umeral e, rasa superfície da fossa glenóide, permitindo ao indivíduo diversas ações técnicas e mudanças posturais. (6).

    Os músculos desempenham fundamental importância na estabilidade, a fim de promover a integridade da articulação reduzindo os riscos de degeneração. (4). Devido a isto, qualquer alteração, como movimentos repetitivos ou com grande resistência sobrecarregarão esta estrutura, interferindo na sua conformação e função, tornando este complexo alvo de inúmeras afecções (5, 7).

    A expressão “Ombro doloroso” é utilizada por diversos profissionais da área da saúde para designar diversas patologias dolorosas específicas, (8) inseridas no grupo da Síndrome do Ombro Doloroso (SOD), sendo as mais comuns: síndrome do impacto (SI), tendinites, capsulite adesiva (CAO), artropatias e osteoartrite. Caracterizada por ser uma das queixas mais frequentes e incapacitantes do sistema musculoesquelético, por causar dor e impotência funcional (9, 10).

    A Fisioterapia vem apresentando grandes evoluções em sua atuação profissional, influenciando de forma positiva em todos os seus campos de atuação, inclusive na área Ortopédica (11). Sendo, os bancos de dados recursos importantes para estudos epidemiológicos e utilizados, comumente, na área da saúde para avaliar tecnologias, serviços e programas. Nesta perspectiva, torna-se importante a sua construção para conhecer as patologias mais comuns do complexo do ombro. Para que a partir destes dados sejam aperfeiçoados protocolos para as disfunções específicas, organização do espaço físico, instrumentos de trabalho e números de profissionais atuantes no serviço (12).

    O intuito do presente estudo foi analisar o perfil demográfico e epidemiológico de indivíduos com diagnóstico clínico referentes a patologias ortopédicas, que afetam o complexo do ombro, em um serviço público de Fisioterapia em Pendências/RN e em um serviço particular de Fisioterapia em Mossoró/RN, a fim de identificar as doenças mais comuns.

Método

    O estudo foi de natureza transversal e do tipo descritiva, que consistiu na análise dos prontuários de indivíduos com diagnóstico clínico referentes a patologias ortopédicas, que acometem o complexo do ombro. A pesquisa respeitou os aspectos éticos contidos na resolução 196/96.

    Esta pesquisa foi realizada em um serviço público de Fisioterapia em Pendências e em um serviço particular de Fisioterapia em Mossoró, ambas no Rio Grande do Norte, Brasil, utilizando o prontuário de 32 pacientes que realizaram o tratamento fisioterapêutico no período compreendido entre março de 2011 a junho de 2014. Foram excluídas do estudo as fichas que não possuíam os dados confeccionados (idade, sexo, hipótese diagnóstica, lado acometido e tempo de tratamento fisioterapêutico), foi construída uma tabela com auxílio do programa Excel® formando assim, um banco de dados.

Resultados

    Foram analisadas as fichas de avaliação de 32 pacientes, representando 35,55% do total de pacientes que fazem tratamento fisioterapêutico nestes serviços. Na tabela 1 pode ser visualizado os seguintes dados de caracterização da amostra (idade e sexo) e fisioterapêutico. De acordo com a amostra desta pesquisa, 50,33% são do sexo feminino e 49,67% do sexo masculino, com faixa etária de 58,59±15,21 anos, que realizaram tratamento fisioterapêutico por 0,61±0,88 anos.

Tabela 1. Caracterização da Amostra e Fisioterapêutico

Fonte: Dados da Pesquisa

    No gráfico 1 pode ser visualizado a hipótese diagnóstica dos pacientes avaliados, encontrando que a tendinite é a patologia que mais acomete o ombro, pois atinge 31,25% destes pacientes, 18,75% síndrome do impacto do ombro, 18,75% bursite, 9,38% lesão do manguito rotador, 6,25% luxação, 6,25% artrose, 3,13% fratura, 3,13% artroplastia e 3,13% capsulite adesiva.

    No gráfico 2 estão visualizados os dados referentes ao lado acometido da patologia, mostrando 59,37% que apresentam sintomatologia unilateral direita, 25% unilateral esquerda e 15,62% bilateral.

Discussão e conclusão

    Estudo (1) afirma que as algias do ombro são comumente tratadas através da fisioterapia, observando que 79% dos médicos encaminham seus pacientes para este tipo de tratamento, estando ou não relacionadas ao fator etiológico da doença.

    Há uma prevalência estimada que 15% a 25% dos pacientes que procuram clínicas ortopédicas de fisioterapia possuem quadro álgico no complexo do ombro (11), enquanto no presente estudo foi encontrado valores superiores, uma vez que 35,55% dos pacientes buscam estes serviços com objetivo de reduzir a dor nesta região independente da patologia.

    De acordo com esta pesquisa, a tendinite é responsável por 31,25% de dor no ombro destes pacientes, correspondendo a maioria dos casos. Autores (13) afirmam que esta patologia está compreendida entre as lesões traumato-ortopédica e desportivas mais frequentes relacionando-se na sua maioria ao trabalho e ao esporte, com predominância a acometer esportistas acima de 25 anos de idade. Porém atinge aproximadamente de 25% a 30% de não-atletas.

    Através dos dados colhidos pelos pesquisadores deste estudo, o número de casos de luxação na região do ombro corresponde a 6,25% dos pacientes participantes. Entretanto, pesquisa afirma que esta lesão acomete 1% a 2% da população, sua incidência é de 1,7% em adultos, sendo três vezes mais comum no gênero masculino (13). Estudo (12) acrescenta que as lesões de ombro correspondem a 20,63% dos casos, apresentando como principais mecanismos de trauma: acidentes motociclísticos, queda da própria altura e da escada, correlacionando com a luxação de ombro, fraturas de úmero proximal, luxação de ombro e fraturas de escápula, respectivamente.

    A partir deste estudo, foi observado que existe uma incidência significativa de indivíduos do sexo feminino com patologias na região do complexo do ombro no hemicorpo direito, sendo a tendinite a doença mais acometida.

    É perceptível a necessidade de um aprimoramento de bancos contendo esses dados, uma vez que a incidência em serviços de Fisioterapia de pacientes com estes tipos de patologias é considerável, por isto se faz necessário criar políticas de educação e prevenção para reduzir os índices de patologias, bem como melhores formas de tratamento para estes pacientes.

Referências bibliográficas

  1. Santos A, Cunha L, Silva AG. A efectividade da mobilização passiva no tratamento de patologias do ombro [Internet]. ConScientiae Saúde. 2011 Jun; 10 (2): 369-379.

  2. Araújo CAB, Medeiros PH, Santos R, Oliveira L, Azevedo MVGT. A eficácia da terapia manual para dor em pacientes com síndrome do impacto do ombro [Internet]. Rev. UNILUS Ens. e Pesq. 2014.

  3. Stapait EL, Dalsoglio M, Ehlers AM, Santos, GM. Fortalecimento dos estabilizadores da cintura escapular na dor no ombro: revisão sistemática [Internet]. Fisioter. Mov. 2013; 26(3): 667-675.

  4. Pires LMT, Bini IC, Fernandes WVB, Setti JAP. Lesões no ombro e sua relação com a prática do voleibol - revisão da literatura [Internet]. Rev. Cient. Index. Linkania Master. 2011; 1; ano 1: 1-16.

  5. Oliveira LAG. DORT's - aspectos clínicos na tendinite de ombro [Internet]. Especialize On-line. 2010 Nov.

  6. Metzker CAB. Tratamento conservador na síndrome do impacto no ombro [Internet]. Fisioter. Mov. 2010 Mar [acesso em 2014 jun 30]; 23(1): 141-151.

  7. Boeck RL, Döhnert MB, Pavão TS. Cadeia cinética aberta versus cadeia cinética fechada na reabilitação avançada do manguito rotador [Internet]. Fisioter. Mov. 2012 Jun; 25(2): 291-299.

  8. Castro AB. Síndrome do impacto do ombro. Diagnóstico e Tratamento [Internet]. Rev. Dor. 2009; 10(2): 174-179.

  9. Zanelatto AP. Avaliação da acupressão auricular na Síndrome do Ombro Doloroso: estudo de caso [Internet]. REBEn. 2013 Jul [acesso em 2014 jun 30]; 66(5): 694-701.

  10. Coelho CT, Dias D, Mansueto Neto, Matos MA. Prevalência da síndrome do ombro doloroso (sod) e sua influência na qualidade de vida em professores de uma instituição privada de nível superior na cidade de Lauro de Freitas, Bahia [Internet]. Rev. Baiana de Saúde Públ. 2010 Dez [acesso em 2014 jun 30]; 34(1): 19-29.

  11. Garzedin DDS, Matos MAA, Daltro CH, Barros RM, Guimarães A. Intensidade da dor em pacientes com síndrome do ombro doloroso [Internet]. Acta ortop. bras. 2008 [acesso em 2014 jun 30]; 16(3): 165-167.

  12. Barbosa RI, Raimundo KC, Fonseca MCR, et al. Perfil dos pacientes com lesões traumáticas do membro superior atendidos pela fisioterapia em hospital do nível terciário [Internet]. Acta Fisiatr. 2013 [acesso em 2014 jun 30]; 20(1): 14-19.

  13. Carrazzone OL, Tamaoki MJS, Ambra LFM. Prevalência das lesões associadas na luxação recidivante traumática do ombro [Internet]. Rev Bras Ortop. 2011 [acesso em 2014 jun 30]; 46(3): 281-287.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 19 · N° 202 | Buenos Aires, Marzo de 2015
Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2015 Derechos reservados