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A dança na perspectiva crítico-superadora: 

uma experiência no contexto do ensino médio

El baile en la perspectiva crítico-superadora: una experiencia en el contexto de la escuela media

 

*Discente do Curso de Educação Física

da Universidade Salgado de Oliveira

**Docente do curso de Educação Física

da Universidade Salgado de Oliveira

Fernanda Felipe Ferigatto*

Edson Leonel Rocha**

fernandafferigatto@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A metodologia proposta neste trabalho foi desenvolver uma didática para trabalhar a Dança na escola através da Abordagem Crítico-Superadora. Pois, em grande parte das escolas a dança não é considerada como conteúdo da Educação Física, os professores se utilizam dela como uma atividade para distrair as crianças e não como área de conhecimento. A realidade é que a dança é lembrada nas escolas em épocas festivas ou outras atividades. A dança reflete na educação dos alunos, elementos que favorecem o desenvolvimento entre si, com os outros e com seu meio. Proporciona aos alunos um desempenho na criatividade, musicalidade, socialização, capacidades motoras, coordenação, flexibilidade, psicológico, postura, atitudes, gestos e ações cotidianas, autoestima, superação da timidez, com objetivo de melhorar o comportamento, resgatar valores culturais e o prazer da atividade lúdica para o desenvolvimento físico, emocional e intelectual. Diante disso, surge a seguinte situação problema: Qual a percepção de uma professora de Educação Física e alunos do 1º Ano do Ensino Médio sobre a dança na escola trabalhada através da abordagem crítico-superadora? A metodologia adotada foi trabalhar com a Dança Regional nas aulas de Educação Física com alunos do 1º Ano do Ensino Médio. E, após a intervenção elaborado um questionário com perguntas relacionadas às aulas com os alunos e professora.

          Unitermos: Dança. Abordagem Crítico-Superadora. Educação Física.

 

Trabalho de Conclusão do Curso de Educação Física - Licenciatura

 

Recepção: 31/01/2015 - Aceitação: 04/03/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 202, Marzo de 2015. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    A dança é utilizada como uma forma de linguagem desde o começo dos tempos, com o passar dos anos foi aperfeiçoada, desenvolveu-se uma técnica que gerou a primeira escola de dança do mundo, inicialmente com o ballet clássico, houve evolução para o jazz, depois outras modalidades. Já foi utilizada para adorar aos deuses no passado, e hoje adquiriu aspecto lúdico, onde se fantasia histórias ou se transmite uma mensagem.

    A dança favorece a professores de Educação Física, várias possibilidades a serem trabalhadas, não de forma mecânica, ou apenas reproduzindo o que a mídia mostra, mas como uma proposta educativa que deve ser trabalhada com criatividade, expressão e comunicação, realizando ligações entre a crítica, a estética, o educativo, entre outros. (RINALDI, 2010, p.7)

    A dança pode ser aplicada em qualquer faixa etária, inicialmente com crianças que por vezes é mais fácil de ser aplicada utilizando o lúdico como referencial para o aprendizado, mas a dança pode ser iniciada em qualquer momento da vida, proporcionando a cada momento sensações e benefícios variados.

    Este estudo tem como objetivo verificar o quanto a dança está presente nas aulas de Educação Física no ensino médio, e qual o interesse dos alunos nesse tipo de atividade. A proposta pedagógica utilizada foi à abordagem crítico-superadora, que segundo Rinaldi (2010, p. 9): “sugere meios didático-pedagógicos que viabilizem, ao se tematizarem as formas culturais do movimentar humano, propiciar um esclarecimento crítico a seu respeito, apresentando suas ligações com os elementos atuantes [...]”.

2.     Desenvolvimento

2.1.     A dança na escola

    Para Verderi (2000, p. 33) a dança na escola deve proporcionar oportunidades para que o aluno possa desenvolver todos os seus domínios do comportamento humano e, através de diversificação e complexidades, o professor pode fornecer possibilidades para a formação de estruturas corporais mais complexas. As atividades e propostas de trabalho da dança na escola são elaboradas e fundamentadas unicamente no movimento e nas possibilidades da mudança do mesmo e, também, nas informações reais que esse movimento poderá fornecer para o aluno, quando estiver falando em educação nos componentes curriculares.

    Verderi (2000) escreve sobre a dança, nas aulas de Educação Física:

    A Dança na escola, associada à Educação Física, deverá ter um papel fundamental enquanto atividade pedagógica e despertar no alunado uma relação concreta sujeito-mundo. Deverá propiciar atividades geradoras de ação e compreensão, favorecendo a estimulação para ação e decisão no desenrolar das mesmas, e também reflexão sobre os resultados de suas ações, para assim, poder modificá-las defronte a algumas dificuldades que possam aparecer e através dessas mesmas atividades, reforçar a autoestima, a autoimagem, a autoconfiança e o autoconceito. O professor não deve ensinar o aluno como se deve dançar, mas sim favorecer a aprendizagem. Não deve demonstrar os movimentos, mas sim criar condições para que o aluno se movimente. Aqui, a dança não tem regras, não tem certo, não tem errado. (VERDERI, 2000, p. 34).

    Para Verderi (2000) a dança na escola, é integrada à Educação Física e deverá ter um papel fundamental enquanto atividade pedagógica, despertando no aluno uma relação real sujeito-mundo. Deverá proporcionar atividades geradoras de ação e compreensão, favorecendo a estimulação para ação e decisão no desenrolar das mesmas, e também reflexão sobre os resultados de suas ações, para deste modo, poder modificá-las frente a algumas dificuldades que possam aparecer, e através dessas mesmas atividades, reforçar a autoestima, a autoimagem, a autoconfiança e o autoconceito. Não se deve preocupar com a quantidade de atividades que será oferecida aos alunos, mas sim, na qualidade, adequação e principalmente uma participação espontânea, que acima de tudo proporcione prazer, para não sair uma aula institucional mecanicista. 

2.2.     A dança como conteúdo da Educação Física

    A dança é considerada como um conteúdo a ser trabalhado pela educação física escolar. Para Pellegrini (1988 apud PEREIRA; HUNGER, 2006) a educação física engloba a dança, assim como o esporte e a recreação, desde que estes se prestem aos objetivos e propósitos da Educação Física Escolar. “A dança além de atividade física é ‘educação’, sendo indispensável para que o indivíduo entenda o que é e por que fazer o movimento, pois o movimento expressivo antes de tudo deve ser consciente” (PIEREZAN et al., 200-?, p. 4).

    Podemos dizer que a Educação Física e a dança se completam porque ambas possuem como eixo o movimento do corpo e suas teorias se difundem. Segundo Edson Claro (1988, p. 67) “[...] a Dança e a Educação Física se completam [...] a Educação Física necessita de estratégias de conhecimento do corpo e a Dança das bases teóricas da Educação Física”.

    Tanto a Dança como a Educação Física não priorizam o desenvolvimento de habilidades, mas sim fazer o aluno perceber como pode se movimentar de formas diversas, entendendo o significado e o objetivo da atividade proposta para desenvolver autonomia e ainda dividir seus conhecimentos com a sociedade.

    A Dança enquanto atividade pedagógica ensina o aluno a capacidade de se perceber e se posicionar na sociedade, identificando através do movimento seus limites, isso poderá ajudá-lo na construção da personalidade, a entender a importância das regras e o convívio em sociedade (NANNI, 2003).

    Oliveira (2001) fala sobre movimento consciente. É importante que as pessoas se movimentem tendo consciência de todos os gestos, pensando e sentindo o que realizam. É necessário que tenham a sensação de si mesmos, caso contrário, estaremos diante da deseducação física.

    Neste caso, sabendo que a dança está presente de alguma forma na Educação Física, é necessário refletir sobre a função e o papel da dança na Educação Física. É necessário que haja uma reflexão sobre as quais propósitos, finalidades e objetivos deve a dança servir na Educação Física (PEREIRA; HUNGER, 2006).

2.3.     A dança na abordagem crítico-superadora

    O objeto de estudo desta abordagem metodológica, segundo Soares et al. (1992 apud RINALDI, 2010, p. 9) é a “reflexão sobre a cultura corporal”, sendo que as expressões do corpo são entendidas como linguagem universal que necessitam ser trabalhadas com os alunos a fim de que entenda a realidade em sua totalidade e, portanto, como algo dinâmico e que precisa de transformações.

    A proposta pedagógica crítico-superadora, sugere meios didático-pedagógicos que viabilizem, ao se tematizarem as formas culturais do movimentar-se humano, propiciar um esclarecimento crítico a seu respeito, apresentando suas ligações com os elementos atuantes, desenvolvendo simultaneamente, as competências para tal: a lógica dialética. Dessa forma, conscientes e possuidores de uma consciência crítica, os sujeitos poderão agir autônoma e criticamente no campo da cultura corporal ou do movimento e também atuar de forma transformadora como cidadãos políticos (RINALDI, 2010, p. 9).

    Na obra “Metodologia do ensino de educação física”, são apresentadas as áreas de conhecimento trabalhadas nas aulas de educação física e tratadas a partir de ciclos de escolarização que compreendem todo o processo escolar. De acordo com Soares et al. (1992) são eles: 1º Ciclo: (pré a 3ª série) – ciclo de organização da identificação dos dados da realidade; 2º Ciclo: (4ª a 6ª série) – ciclo de iniciação à sistematização do conhecimento; 3º Ciclo: (7ª a 8ª série) – ciclo de aplicação da sistematização do conhecimento; 4º Ciclo: (2ª grau) – ciclo de aprofundamento da sistematização do conhecimento.

    Os conteúdos trabalhados nesses ciclos são: jogos, ginástica, dança e esporte que são enfocados metodologicamente propondo um direcionamento para as práticas que integram cultura corporal e práticas sociais, relacionadas ao trabalho realizado pelo homem e mulher brasileiros com intuito de atender determinadas necessidades sociais, sendo que estes devem estar adequados à fase escolar do aluno.

2.4.     Os benefícios da dança na escola

    Sendo a adolescência um período de maior transformação corporal, psíquico e social, a dança poderá proporcionar benefícios mais significativos nesta fase da vida.

    Brikman (1989) defende que o trabalho relacionado à dança, realizado na Educação Física Escolar, deve ser adequado a cada etapa do desenvolvimento humano. Assim, o trabalho será diferenciado conforme a faixa etária de crianças, adolescentes e adultos. Através da dança os alunos nessa fase principalmente poderão retratar e melhorar o seu humor, mostrando seus sentimentos mais íntimos em forma de expressão corporal, mesmo inconscientemente.

    Atividades que favoreçam a sensação de alegria (aspecto lúdico), que a partir daí, ela possa retratar e canalizar o seu humor, seu temperamento, através da liberdade de movimento, livre expressão, e desenvolvimento de outras dimensões contidas no inconsciente. (KATZ, 1987, p. 10).

    Do ponto de vista social, o conhecimento direto da dança permite uma percepção crítica, tanto da dança quanto de suas relações consigo e com o mundo. A dança desenvolve atenção, memória, raciocínio e imaginação, com vantagens no estudo, no trabalho, nas amizades e no lazer. “Entre outros benefícios, a dança proporciona: melhoria nas relações interpessoais, ajuda na saúde mental, redução de ansiedade, stress e sedentarismo” (MARQUES, 1997).

    Como Pereira (2001) afirma:

    “[...] a Dança é um conteúdo fundamental a ser trabalhado na escola: com ela, pode-se levar os alunos a conhecerem a si próprios e / com outros; a explorarem o mundo da emoção e da imaginação; a criarem; a explorarem novos sentidos; movimentos livres [...]. Verifica-se assim, as infinitas possibilidades de trabalho do / para o aluno com a sua corporeidade por meio dessa atividade. (PEREIRA, 2001, p. 61).

    Na sala de aula os alunos passam muito tempo sentados, o que pode prejudicar o aprendizado, o não se movimentar pode ser confundido com disciplina (SCARPATTO, 2001). Um dos problemas do aluno permanecer muito tempo na mesma posição e estar inquieto é a postura, os alunos passam muito tempo na escola, na maior parte do tempo sentados. Como educadores devemos prevenir o problema, não se esquecendo de que o professor é o exemplo do aluno, e ele deve se preocupar em como se comporta, sua postura deve ser modelo (STRAZZACAPPA, 2001).

    Não estamos falando apenas na postura corporal, mas também na postura ética. A dança pode auxiliar o aluno se perceber nas aulas e prestar mais atenção em si mesmo em momentos fora da aula.

3.     Metodologia

    A pesquisa classifica-se como descritiva, que segundo Cervo e Bervian (2002) se caracteriza por observar, registrar, analisar e correlacionar variáveis sem manipulá-las, procurando descobrir, com a precisão possível, a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características. É uma pesquisa de cunho qualitativo e descritivo.

    A amostra foi constituída por uma professora do sexo feminino, com idade de 24 anos, licenciada em Educação Física. Também fizeram parte da amostra 24 alunos do 1º Ano do Ensino Médio, sendo 15 do sexo feminino com idade de 15 a 17 anos e 10 do sexo masculino com idade de 15 a 18 anos.

    Os instrumentos utilizados para a coleta dos dados foram, a entrevista através de perguntas estruturadas relacionada aos objetivos de pesquisa, e o Diário de campo que é um instrumento complexo que permite o detalhamento das informações, observações e reflexões sugeridas no decorrer da investigação ou momento observado.

    As aulas foram planejadas e divididas em danças figurativas e danças regionais como mostra o quadro abaixo:

Quadro 01 - Proposta de Intervenção

Aulas

Conteúdos

Metodologia/Estratégia

Objetivos

Avaliação

1 a 5

Dança figurativa

Concepção Abordagem crítico-superadora. Utilizar vídeos expositores para familiarizarem com diversos estilos de dança.

Trabalhar a expressão do corpo através dos movimentos básicos que os alunos já têm no senso comum

Participação, interesse dos alunos, conversa com os mesmos após a aula.

 

6 a 10

Dança figurativa

Concepção Abordagem crítico-superadora. Utilizar letras de músicas para trabalhar a expressão corporal.

 

Trabalhar a expressão dos alunos, sua criatividade, ritmo e imaginação.

Participação dos alunos sugerindo novas possibilidades de movimento.

7 a 15

Dança Regional

Concepção Abordagem crítico-superadora. Utilizar a dança Regional e aprofunda-las nos seus principais conceitos.

Trabalhar o cognitivo e sócio afetivo.

Participação dos alunos sugerindo novas possibilidades de movimento, conversa sobre a aula.

15 a 20

Dança Regional

Concepção Abordagem crítico-superadora. Divididos em grupos apresentar alguns passos de diferentes regiões.

 

Exposição dos dados assimilados.

Participação, interesse e a expressão

comunicativa dos alunos

Fonte: Adaptado de Müller e Daniel (2010)

4.     Resultados e discussão

    A partir dos dados coletados inicio-se a proposta de intervenção, onde o objetivo principal foi trabalhar a Dança Figurativa na escola com a abordagem crítico-superadora.

    Segue abaixo planejamento da proposta de intervenção com alunos do 1º Ano do Ensino Médio, onde as aulas foram aplicadas 2 vezes por semana no período de quatro meses (Agosto, Setembro, Outubro e Novembro) totalizando vinte aulas de 45 minutos.

    A aplicação da intervenção se realizou nos meses de Agosto, Setembro, Outubro e Novembro, totalizando vinte aulas de quarenta e cinco minutos cada. Na última aula da intervenção foi realizada a entrevista com os alunos. Essas aulas tiveram por objetivo explorar o potencial do aluno e possibilitar seu desenvolvimento natural, com intuito de aperfeiçoar o conhecimento sobre expressão corporal, cognitivo e afetivo, e psicomotor, adaptando as atividades na realidade dos alunos e sua experiência sócio-cultural. Rinaldi (2010, p. 13): “acredita-se que todo movimento é válido, desde que tenha sido elaborado a partir da concepção de movimento que o aluno possui, além do conhecimento produzido historicamente”.

    No primeiro momento da entrevista foi perguntado aos alunos se eles gostaram das aulas de dança, e porque gostaram. Algumas alunas comentaram o seguinte: “As aulas foram legais e descontraídas”; “Aprendemos muitas coisas legais sobre a dança”; “As aulas foram interessantes, aprendemos coisas novas”; outros alunos também comentaram: “Gostei das aulas, porque não ficamos parados, se remexemos bastante”; “É bom e legal de se dançar”; “Gostei porque foram divertidas”. Percebe-se através das respostas dos alunos, que gostaram das atividades propostas e aplicadas em cada aula com o conteúdo de Dança.

    Na pergunta seguinte, os alunos deveriam falar se já haviam feito aula de Dança na escola, e se tivessem feito como eram essas aulas. A resposta de todos os alunos foi a mesma, não tiveram Dança nas aulas de Educação Física. Comentaram que: “Somente na época de São João, dia dos pais ou mães, apresentam quadrilhas ou outra música”.

    Foi perguntado ainda, se os alunos gostariam que o conteúdo de dança fizesse parte das aulas de Educação Física, tanto os meninos como as meninas entrevistadas comentaram que: “Gostaria de ter, pois é algo novo e legal”; outra aluna completou: “Sim, porque eu queria aprender mais”; um menino manifestou-se: “Gostaria, porque é bem legal e divertido”; uma menina bastante participativa assim se posicionou: “Sim, porque as aulas são legais, e se estivesse no plano da professora seria ainda mais legal”.

    De acordo com Verderi (1998) a dança na escola está voltada para a importância da aprendizagem do movimento e da exploração da capacidade de se movimentar. Quando foi solicitado para falar sobre qual estratégia (forma) de dança que preferiam, e por que, percebeu-se nas respostas que a atividade da mímica, foi a mais lembrada. Uma das alunas da turma, respondeu: “Eu gostei da mímica, porque faz a gente usar bastante criatividade e conhecimento”; outra aluna também se manifestou sobre a atividade proposta: “Porque faz a gente raciocinar mais e adivinhar a música”; sobre o questionamento acima um aluno também deu sua opinião: “Mímica, porque precisamos pensar e imaginar, demonstrar nossa criatividade”; e por último, um aluno se coloca da seguinte forma: “Mímica, pois foi um trabalho em grupos e muito divertido”.

    A dança pode contribuir para a área da Educação Física na medida em que, através da experiência artística e da apreciação, estimula nos indivíduos os exercícios da imaginação e da criação de formas expressivas, despertando a consciência estética, como um conjunto de atitudes mais equilibradas diante do mundo. (BARRETO, 2008, p. 117).

    Após a intervenção a professora foi novamente entrevistada, respondeu quatro perguntas semiestruturadas, relacionadas ao comportamento e respostas dos alunos após a aplicação da entrevista.

    Foi constatado que os alunos participaram de forma favorável na aplicação das atividades propostas, perguntou-se à professora qual seria sua percepção sobre a inclusão da Dança como conteúdo nas aulas de Educação Física do 1º e 3º Ano, a mesma comentou: “Não imaginei que os alunos se comportariam dessa maneira, fiquei muito surpresa com a participação deles, todos gostaram das atividades, pois foram criativas e legais. Quando tentei trazer a dança para as aulas de Educação Física, fiquei muito decepcionada, porque, os alunos de 1º a 3º ano não faziam de jeito nenhum. Com a proposta e a metodologia usada pela estagiária, vou tentar incluir nas aulas de Educação Física, o conteúdo da dança de forma mais dinâmica, fazer com que os alunos aprendam a expressar seus sentimentos e emoções através do corpo”.

    Quando interrogada sobre as dificuldades enfrentadas na aplicação do conteúdo de dança nas aulas de Educação Física, e também sobre a abordagem que a estagiária utilizou, ela argumenta: “Eu aplicava o conteúdo de dança de maneira diferente, ensinava passos de dança, coreografias que não estavam muito relacionadas com a cultura dos alunos, talvez por isso eles não gostassem. A estagiária utilizou da abordagem correta, a crítico-superadora, pois suas atividades foram todas voltadas na cultura corporal de movimento”.

    Perguntada sobre os pontos positivos e/ou negativos identificados na proposta trabalhada pela estagiária para os alunos do 1º Ano, ela se expressa da seguinte maneira: “Quando fui informada que a proposta das aulas seria através do conteúdo de dança, logo pensei que o estudo não teria êxito, pois como já comentei os alunos não gostavam de participar das aulas de dança. Não deixei transparecer para a estagiária esse pensamento negativo, para que ela não desanimasse. Vejo somente pontos positivos, pois o trabalho foi bem realizado e teve aceitação de todos os alunos. Vou levar como exemplo que temos que ser mais persistente quando trabalhamos algum conteúdo novo, buscar novas formas de ensinamento, tornando as aulas de Educação Física ainda mais atrativas’’.

    A Dança é, em minha opinião, muito mais do que um exercício, um divertimento, um ornamento, um passatempo social; na verdade, é uma coisa até séria e, sob certo aspecto, mesmo, uma coisa sagrada. Cada era que compreendeu a importância do corpo humano, ou que, pelo menos, teve a noção sensorial de sua estrutura, de seus requisitos, de suas limitações e da combinação de genialidade que lhe são inerentes, cultivou, venerou a Dança. (PAUL VALÉRY 1871-1945).

5.     Considerações finais

    Ao longo do estudo e das propostas realizadas, as principais vantagens obtidas foram o conhecimento adquirido pela autora do presente trabalho; a contribuição da proposta desenvolvida para a escola; para os alunos, demonstrando que a Educação Física vai além do jogo; e para a professora, a qual poderá utilizar este estudo para repensar seu planejamento sobre o conteúdo de Dança nas aulas para o Ensino Médio.

    Através da Abordagem Crítico-Superadora, pode-se elaborar uma proposta didático-metodológica, visando o desenvolvimento da dança nas aulas de Educação Física. Essa abordagem trabalha muito a expressão da cultura corporal de movimento. Os professores se esquecem dessa importante cultura, que é o movimentar-se humano, através de gestos, mímicas e expressões. Por esse motivo, quando se tenta aplicar a Dança nas aulas de Educação Física os alunos não gostam.

    Avaliou-se após a intervenção, que os alunos tiveram uma ótima participação nas aulas propostas, e também em suas respostas constatou-se que os mesmos gostariam que a dança fosse incluída nos plano de ensino e aprendizagem da professora.

    A professora após a intervenção se surpreendeu com o desenvolvimento e participação dos alunos quando aplicado o conteúdo de dança. Com esse estudo ela percebeu que precisa utilizar de métodos mais adequados, lúdicos ao ensino da dança, e se comprometeu em tentar aplicar com os alunos de todo o Ensino Médio o conteúdo de dança.

    Assim sendo, essa proposta alcançou seu objetivo, despertando o interesse da professora em experimentar a dança em suas aulas, e vivenciar com seus alunos a oportunidade que ela pode proporcionar. A Dança manifesta nossa imagem, nossa expressão, nossos sentimentos, é por isso que precisamos repassar aos alunos nas aulas de Educação Física, esse contato com o novo.

    Concluiu-se então que o estudo apresentado serviu para demonstrar que a Educação Física e Dança são áreas complementares, sendo assim, as duas podem contribuir significativamente para a formação dos indivíduos.

Referências

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