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Uma estimativa sobre a composição corporal em acadêmicos 

de Educação Física da Universidade de Cuiabá, UNIC

Una estimación sobre la composición corporal en Estudiantes de Educación Física de la Universidad de Cuiabá, UNIC

 

*Acadêmica do Curso de Bacharelado em Educação Física

da Universidade de Cuiabá (UNIC)

**Professora Mestre, coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas

em Educação Física e Lazer - GEPEFeL – UNIC

Linha de Pesquisa: Corpo e Aptidão Física

Cristiane Braz de Souza França*

Raquel Firmino Magalhães Barbosa**

kekelfla@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Um estilo de vida inadequado pode induzir as pessoas a ficarem mais suscetíveis a doenças, associadas ao excesso de gordura corporal, causando algumas implicações à saúde. Assim, surgiu o interesse em pesquisar sobre a composição corporal de alguns acadêmicos do Curso de Bacharelado em Educação Física da Universidade de Cuiabá (UNIC) e a relação dos mesmos com o exercício físico. Neste estudo, o objetivo será apresentar os conceitos, a sua compreensão e a avaliação da composição corporal. O método utilizado para a avaliação da composição corporal foi por antropometria percentuais de gordura, com o protocolo de três dobras de Jackson e Pollock (1978), Por meio desses dados foi analisado o IMC (Índice de Massa Corporal), RCCQ (Razão Circunferência Cintura-Quadril) e a mensuração de dobras cutâneas. Os resultados apontaram uma preocupação com a qualidade de vida, mostrando o cuidado e a importância de se ter um estilo de vida saudável, incorporando o hábito de se praticar alguma atividade física. E através dessas considerações, fazer uma análise estatística da composição corporal desses acadêmicos, praticantes e não-praticantes de exercícios físicos, a fim de conscientizá-los sobre a mudança de estilo de vida e a implicação desses resultados para a qualidade de vida dos mesmos, principalmente, por serem acadêmicos do curso de Educação Física e futuros profissionais da área.

          Unitermos: Composição corporal. Saúde. Exercício físico.

 

Recepção: 15/03/2014 - Aceitação: 27/07/2014.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 197, Octubre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Referencial teórico

    A composição corporal refere-se a quantidades relativas de diferentes compostos corporais, que segundo Nahas (2010) podem ser entendidas como um conjunto de componentes tais como as proporções corporais de água, proteína, minerais, ossos, músculos e gordura, bem como uma estimativa da massa magra (livre de gordura) e da massa gorda.

    Vários estudos comprovam que uma alta porcentagem de gordura corporal está associada com o alto risco de doenças do coração, diabetes, hipertensão, câncer e uma variedade de outros problemas de saúde. Por outro lado, uma alta porcentagem de massa corporal magra e de pouca massa gorda está associada a um bom estado de saúde (NAHAS, 1995).

    Percebe-se que a maneira como se vive, passa a ser considerado essencial na promoção da saúde e na diminuição das causas de problemas relacionados à obesidade, havendo, com isso, fatores positivos e negativos que afetam a saúde e o bem-estar, a curto ou longo prazo.

    O excesso de gordura corporal é um dos maiores problemas de saúde pública nos dias de hoje. Este quadro crescente de obesidade populacional está associado a vários problemas de saúde, incluindo doenças do coração, diabetes, dentre outros.

    A obesidade é determinada por fatores biológicos, ambientais e comportamentais, e suas principais causas incluem: alimentação excessivamente calórica, sedentarismo, problemas psiquiátricos, como a depressão e doenças como o hipotireoidismo, disfunções genéticas, dentre outros.

    A obesidade é considerada um problema de alcance mundial, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge um número elevado de pessoas, predispõe o organismo a várias doenças graves e pode levar a morte prematura.

    A OMS define saúde como sendo:

    Uma condição humana com dimensões física, social e psicológica, caracterizada num contínuo com polos positivos e negativos. A saúde positiva seria caracterizada com a capacidade de ter uma vida satisfatória e proveitosa, confirmada geralmente pela percepção de bem-estar geral; a saúde negativa estaria associada com a morbidade e, no extremo, com a mortalidade prematura. (NAHAS, 2010, p. 47)

    Indicadores como a avaliação da composição corporal apontam que um estilo de vida inadequado pode induzir as pessoas obesas a ficarem mais suscetíveis a doenças, associadas ao excesso de gordura corporal, causando algumas implicações à saúde como: maior incidência de doenças cardiovasculares, morte prematura, aumento da hipertensão, diabetes, artrite degenerativa, de doenças dos rins, de problemas posturais e menor resistência orgânica, consequentemente, diminuição da qualidade de vida (NIEMAN, 1999).

    Abordagens preventivas, intervenções nos hábitos alimentares e a prática de atividade física proporcionam mudanças de comportamento. Por vezes, achamos que só a informação basta, entretanto, é preciso suscitar mudanças de atitudes e proporcionar condições sociais e materiais para que essas transformações no estilo de vida possam ocorrer.

    Segundo, Nahas (2010, p. 16), “[...] numa visão holística, considera qualidade de vida como sendo: a percepção de bem-estar resultante de um conjunto de parâmetros individuais e socioambientais, modificáveis ou não que caracterizam as condições em que vive o ser humano”. Assim, podemos entender que ela é diferente de pessoa para pessoa, e considerando a ideia de que são vários os fatores que a determinam e a combinação desses fatores produz e diferencia o cotidiano do ser humano, resultando assim, o que podemos chamar de bem-estar, isto é, qualidade de vida.

    Esta percepção de bem-estar pode ser percebida como sendo o que vai diferenciar e determinar as características individuais e a condição de vida em que a pessoa vive, e dessa maneira, buscar os parâmetros modificáveis que afetam diretamente na qualidade de vida, a saúde e o bem estar. Segundo Nahas (2010, p. 17), “[...] qualidade de vida é, pois, algo que envolve bem-estar, felicidade, sonhos, dignidade, trabalho e cidadania”.

    Deste modo, a qualidade de vida da população e seus os aspectos sempre estarão diretamente ligadas, na qual a qualidade de vida ou o desenvolvimento humano caracterizam-se sempre como indicadores que geralmente estão associadas a pessoas felizes, realizadas, socialmente produtivas e com mais chances de alcançar seus objetivos mais genuínos na vida.

    Um fator que não podemos esquecer seria a qualidade de vida relacionada à saúde, pois através dela pode definir e avaliar componentes cognitivo, físico e emocional. A saúde é um das qualidades mais importantes e algumas pessoas só pensam em melhorar ou mantê-la quando a mesma se encontra ameaçada ou com uma doença mais evidente.

    De acordo com Nahas (2010, p. 22), “o estilo de vida é o conjunto de ações habituais que refletem as atitudes, os valores e as oportunidades na vida das pessoas”. Ou seja, um estilo de vida positivo é notadamente visto quando os comportamentos e o cotidiano são baseados em momentos regulares de exercício físico, alimentação equilibrada, aproveitamento das horas de lazer. E em relação ao estilo de vida negativo é quando há ausência de exercícios físicos, dieta desequilibrada e comportamentos de risco, com poucas horas de sono, consumo excessivo de bebidas alcoólicas e drogas, dentre outros, e isso, acaba por conduzir a doenças, podendo chegar até a morte.

    Apesar de se saber sobre tudo isso, ainda há pessoas que ainda estão longe de levar uma vida saudável, e trazem os motivos mais variados como a falta de tempo, o stress, o sedentarismo, a alimentação inadequada, como motivos mais destacados para não mudar seus hábitos de vida. Infelizmente, esse estilo de vida irregular põe em risco a saúde.

    Portanto, a triangulação atividade física-saúde-qualidade de vida é extremamente importante para quem pretende obter um estilo de vida mais ativo, consequentemente, mais saudável. Devemos estar informados de que se mantermos uma vida ativa teremos muitos benefícios significantes para a nossa saúde como: controle de peso, prevenção ou controle de doenças, estética, diversão, autoestima e socialização. Então, para conseguir esses benefícios e ter um estilo de vida saudável, nada melhor que dar o primeiro passo e não esquecer: MEXA-SE, MOVIMENTE-SE, esse é o melhor remédio.

    A partir dessas acepções e discussões sobre atividade física e saúde, passaremos a conceituar e discutir sobre alguns fundamentos teórico-metodológicos sobre a avaliação da composição corporal.

    Aferir a composição corporal é mensurar a aptidão física relacionada à saúde que os indivíduos se encontram, por meio de alguns procedimentos como o IMC (índice de massa corporal), RCCQ (razão circunferência cintura-quadril), percentual de gordura, dentre outros. Os objetivos que levam as pessoas a se interessar por esse tipo de procedimento são os mais variados, dentre eles, podemos destacar: fins estéticos como a redução da quantidade de gordura, o emagrecimento, o aumento da massa muscular, e saúde, com o combate a obesidade e a doenças crônico-degenerativas.

    A composição corporal faz parte dos elementos da aptidão física relacionada à saúde bem como a flexibilidade, a aptidão cardiorrespiratória, a força e a resistência muscular. Nahas (2010, p. 47) apresenta a importância dos componentes da aptidão física relacionada à saúde:

    [...] congrega características, que, em níveis adequados, possibilitam mais energia para o trabalho e para o lazer, proporcionando paralelamente, menor risco de desenvolver doenças ou condições crônico-degenerativas associadas a baixos níveis de atividade habitual.

    Ao tratar de composição corporal é impossível negar a relação que a mesma possui diretamente com a qualidade de vida e a aptidão física, devido à percepção sobre o bem-estar e a diminuição da inatividade física, bem como, a gordura corporal relativa – o percentual de gordura e a massa corporal magra – é um componente importante para que possamos fazer uma relação com a qualidade de vida e a prevenção de doenças (NAHAS, 2010).

    Deste modo, o excesso de gordura corporal tornou-se uma das grandes preocupações por parte da população, e do ponto de vista estético, ela é considerada indesejável, principalmente, quando se torna superficialmente visível. Nos dias de hoje, a atividade física é um fator decisivo na saúde e na qualidade de vida das pessoas. São mantidas e reafirmadas a cada dia as hipóteses da importância de promover mudanças no estilo de vida negativo das pessoas, levando a incorporar à prática de atividades físicas no seu cotidiano.

    A maioria das técnicas de avaliação da composição corporal pode proporcionar uma estimativa à quantidade total e regional de gordura corporal (FRAGOSO & VIEIRA, 2000). A importância dessa avaliação está em determinar e monitorar a saúde, esclarecer sobre os riscos de doenças, estimar a eficiência das intervenções nutricionais e monitorar alterações na composição corporal.

    Paralelo a essa discussão, surgiu o interesse em pesquisar sobre a composição corporal de alguns acadêmicos do Curso de Bacharelado em Educação Física da Universidade de Cuiabá – UNIC e a relação dos mesmos com o exercício físico.

    Portanto, neste estudo, o objetivo será apresentar os conceitos, a sua compreensão e a avaliação da composição corporal. E através dessas considerações, fazer uma análise estatística da composição corporal desses acadêmicos, praticantes e não-praticantes de exercícios físicos, a fim de conscientizá-los sobre a mudança de estilo de vida e a implicação desses resultados para a qualidade de vida dos mesmos.

    Por meio da produção deste trabalho, visa-se uma mudança de direção e de pensamento sobre a melhoria do bem-estar, a transformação de estilo de vida negativo e a ressignificação da prática de exercícios físicos no cotidiano desses sujeitos, de modo que se conscientizem sobre ser fisicamente ativo, a fim de evitar doenças, e principalmente, por serem acadêmicos do curso de Educação Física e futuros profissionais da área.

Metodologia

    Foram convidados alunos matriculados no 2º semestre do Curso de Bacharelado em Educação Física da Universidade de Cuiabá/MT (UNIC), nos quais 23 sujeitos aceitaram participar voluntariamente, sendo esses 08 mulheres, com faixa etária entre 17 a 34 anos, e 15 homens, entre 18 a 37 anos. Os voluntários foram informados devidamente sobre a proposta do estudo e os procedimentos os quais seriam submetidos.

    A coleta foi realizada na academia CESU, no Campus UNIC Beira Rio, onde os participantes assinaram um termo de consentimento de participação na coleta e na utilização dos dados.

    O método utilizado para a avaliação da composição corporal foi por antropometria, pois é considerado um procedimento de simples utilização e baixo custo operacional. Foram coletadas sempre pelo mesmo avaliador as seguintes variáveis: peso, altura, circunferência da cintura e do quadril, percentuais de gordura, com o protocolo de três dobras de Jackson e Pollock (1978), (homens: dobras peitorais, abdômen, femoral médio e mulheres: dobras tricipital, suprailíaca e femoral médio). Por meio desses dados foi analisado o IMC (Índice de Massa Corporal), RCCQ (Razão Circunferência Cintura-Quadril) e a mensuração de dobras cutâneas.

Discussão e resultados

    Nesta etapa da pesquisa, foram analisados os dados coletados dos acadêmicos de ambos os sexos em relação ao tipo de exercício físico praticado, a frequência e a sua importância, assim como, a relação do IMC, do RCCQ e do percentual de gordura com a prática de exercícios físicos e o risco de doenças.

Tabela 01. Dados dos acadêmicos do sexo masculino; Faixa etária entre 17 a 34 anos

 

Tabela 02. Dados dos acadêmicos do sexo feminino; Faixa etária entre 18 a 37 anos

    Dos dados coletados dos 23 alunos, sendo 15 homens e 08 mulheres, relataram que praticam atividade física de duas a cinco vezes por semana como: caminhada, corrida, dança, natação, ciclismo, musculação, futebol, exercícios funcionais e somente 01 homem é sedentário, não pratica nenhum tipo de atividade física.

    A cidade de Cuiabá proporciona a seus moradores um clima quente e seco, com pouca chuva e sol o ano inteiro, conta com parques e praças, que são bastante frequentados pelos moradores, que se exercitam ao ar livre. Nesse sentido, a pesquisa mostrou que a maioria dos sujeitos, 14 praticam caminhada e corrida, de duas a cinco vezes por semana, sendo esta uma das atividades mais desenvolvidas na cidade, de acordo com pesquisas realizadas com a população[1].

    As atividades relacionadas pelos alunos apontam que existe uma preocupação com a qualidade de vida, mostrando o cuidado e a importância de se ter um estilo de vida saudável, incorporando o hábito de se praticar alguma atividade física.

    Outra variável pesquisada foi o IMC, pois é a maneira mais simples de detectar informações importantes sobre a obesidade, ou seja, se o peso de uma pessoa está dentro do recomendável para a saúde. O cálculo se dá pela relação entre: massa corporal, em kg, dividido pela altura corporal (em metros) ao quadrado.

    O IMC é um indicador prático na dimensão da obesidade, pode-se conferir o resultado facilmente a partir de tabelas, e é um cálculo direto baseado no peso e altura, ou seja, um método simples, barato e rápido. Os resultados podem ser verificados considerando a seguinte tabela proposta para adultos pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Tabela 03. Classificação do IMC

    É importante frisar que o IMC representa apenas uma estimativa da composição corporal, pois, em alguns casos como nos atletas com a musculatura avantajada pode ser confundido com o excesso de gordura, o que seria totalmente incorreto.

    Em relação ao IMC dos acadêmicos, foram avaliados o peso corporal (P) e estatura (A), por meio de balança welmy. Os sujeitos foram pesados, e no mesmo local, por meio do estadiômetro, foi medida também a altura dos mesmos. A partir das medidas de peso e estatura foi calculado o IMC, por meio da fórmula: IMC = P/A2, onde: IMC = índice de massa corporal.

    Após o cálculo do IMC, a análise mostrou que dos 15 homens, 10 estão dentro da faixa recomendável e 05 estão com sobrepeso. É interessante observar que 03 desses acadêmicos praticam exercício físico regularmente, e esteticamente aparentam um físico saudável, entretanto, se encontraram na margem de erro, pois possuíam uma massa muscular elevada, consequentemente, o IMC se apresentou com um aumento considerável.

    Dos outros 02 sujeitos, um pratica atividade duas vezes por semana e o outro é sedentário, estão na faixa do sobrepeso, provavelmente por terem hábitos alimentares irregulares e pelos baixos níveis da prática de exercício físico.

    Entre as 08 mulheres, 03 delas apresentam o IMC na faixa entre sobrepeso e obesidade I, de acordo com a tabela da OMS. Embora pratiquem exercício físico cinco vezes por semana, possivelmente pode existir algum problema de ordem hereditária, alimentar, metabólico ou hormonal, que precisaria ser investigado, que pode levar a terem um aumento de peso. As outras 05 acadêmicas estão dentro da faixa recomendável.

    O RCCQ é um método simples e conveniente para se determinar os fatores de riscos e o tipo de obesidade presente. É calculado dividindo-se a circunferência da cintura pela circunferência do quadril. Através desses indicadores, os riscos de doenças aumentam de maneira acentuada, principalmente quando o RCCQ de homens se encontra cima de 0,9 e a de mulheres, acima de 0,8.

    Além de determinar o nível de gordura corporal, o RCCQ também pode auxiliar a caracterizar o padrão de obesidade sendo classificada como: andróide ou “em forma de maça”, com acúmulo de gordura na região central do corpo, e do tipo ginóide ou “em forma de pera”, com o acúmulo de gordura na metade inferior do corpo. O risco de doenças é maior em pessoas que acumulam gordura na região abdominal (gordura visceral), podendo ocorrer em ambos os sexos e está associada a diversos problemas de saúde decorrentes da obesidade, incluindo hipertenção, níveis elevados de colesterol sérico, doenças cardiovasculares e diabetes.

    Em relação ao RCCQ dos acadêmicos, a avaliação foi realizada com o participante na posição ereta e com uma fita métrica. A mensuração da circunferência da cintura (C) foi efetuada com a distância média entre a última costela flutuante e a crista ilíaca, e a circunferência do quadril (Q), pela maior porção dos glúteos, com as pernas unidas.

    A partir das medidas da cintura e do quadril foi calculado o RCCQ, através da fórmula: RCCQ = C/Q, onde: RCCQ = Razão Circunferência Cintura-Quadril; C = medida da cintura; Q = medida do quadril.

    Após o cálculo do RCCQ, a apreciação apontou que dos 15 homens todos estão dentro do indicador recomendável, entre as mulheres das 08 acadêmicas, 07 estão dentro do indicador recomendável e 01 apresentou o índice maior que o estimado, podendo classificá-la como obesidade ginóide, pela observação do tipo corporal e possui um maior acúmulo de gordura nas coxas e no quadril (em forma de pêra). Este tipo de obesidade pode ser causada por consumir alimentos ricos em gordura saturada e/ou açúcares, carência de atividade física, fatores genéticos, problemas de tireóide, dentre outros. Nesses casos, os riscos de doenças cardiovasculares são maiores.

    As medidas de dobras cutâneas nos permite um cálculo estimativo do percentual de gordura corporal de uma pessoa, através de instrumentos especiais, como o adipômetro, que são medidores de dobras cutâneas, medidos em pontos pré-determinados. Normalmente as equações utilizam de duas a sete dobras cutâneas para avaliar o percentual de gordura corporal (%GC), pelo fato de apenas uma dobra não permitir um cálculo preciso do percentual de gordura de uma pessoa.

    Jackson e Pollock (1978) publicaram equações generalizadas para mulheres e homens adultos utilizando a soma de três dobras cutâneas, sendo utilizada nesse estudo para os homens: peitoral, abdômen, femoral médio; e para as mulheres: tríceps, suprailíaca e femoral médio.

    Segundo, Nahas (2010, p. 102) “A faixa percentual de gordura recomendável para adultos jovens: homens – 10 a 18% e mulheres 16 a 25%. As pessoas em geral precisam de um mínimo de gordura para não terem risco de saúde: estes valores mínimos ficam entre 5 e 7% para os homens e entre 14 e 16% para as mulheres”.

    Devemos destacar que estes valores foram propostos como critérios de referências nas avaliações da aptidão física relacionada à saúde, na maioria dos casos, os fatores de estilo de vida, alimentação e atividade física representam a combinação mais efetiva para o controle de peso e o desequilíbrio nesses fatores representa a principal causa do crescente índice de excesso de peso.

    Para a medida das pregas cutâneas foi utilizado um adipômetro científico da marca Sanny, com pressão constante de 10 g/mm2 na superfície de contato e precisão de 0,1 mm, com escala de 0-65 mm, que afere a espessura do tecido adiposo subcutâneo. O valor anotado foi à média de 3 medidas, para os homens: peitoral, abdômen, femoral médio; e para as mulheres: tríceps, suprailíaca e femoral médio. O cálculo do percentual de gordura dos 23 sujeitos pesquisados foi realizado pela tabela proposta por Pollock (1993)[2].

    A dobra do peitoral foi medida no ponto médio entre a linha axilar anterior e o mamilo p/ ambos os sexos. A prega abdominal foi realizada lateralmente a 3 cm de distância da cicatriz umbilical e 01 cm abaixo do centro da cicatriz umbilical. A dobra do tríceps foi conseguida no ponto médio do braço, sobre o músculo tríceps braquial. A prega suprailíaca foi medida 02 cm acima da crista ilíaca antero-superior na linha axilar média, com o tronco em posição anatômica, e a medida da prega cutânea da coxa medial, na face anterior da coxa, foi feita pinçando longitudinalmente a pele.

    Após o resultado e a análise do percentual de gordura, dos 15 homens, 04 sujeitos estão entre a faixa de percentual de gordura mínima, ou seja, sem risco a saúde. Os outros 10 acadêmicos estão dentro da faixa recomendável de percentual de gordura, com menor risco a saúde, e apenas 01 sujeito está acima do percentual recomendável, isto é, com a pré-disposição a possuir algum problema de saúde, ocasionados por fatores hereditários, genéticos, hábitos irregulares e baixo nível de atividade física.

    Entre as 08 mulheres, 05 estão dentro faixa recomendável, com menor risco a saúde e 03 acadêmicas estão acima do percentual recomendável, com risco a saúde. Desta maneira, conclui-se que, ao procurarem ter e/ou escolher um estilo de vida saudável com alimentação adequada e atividade física regular, pode representar a combinação mais eficaz para o controle de peso e o desequilíbrio nesses fatores relacionado com o IMC, RCCQ e o percentual de gordura, que representa a fundamental causa do crescente índice de excesso de peso em nossa população.

Considerações finais

    Com os dados apresentados, de IMC, RCCQ e das análises da composição corporal através da coleta das dobras cutâneas desses acadêmicos nos mostraram que: para a maioria dos futuros professores, hoje, acadêmicos do curso de Educação Física da Unic, há uma preocupação em realizar atividades físicas em prol da saúde, do bem-estar e da estética, pois quando se trata de saúde, qualidade de vida e a profissão que escolheram, reflete diretamente o estilo de vida que estão propostos a ensinar e a modificar. Assim, a pesquisa mostrou que a maioria dos sujeitos praticam alguma atividade física.

    Portanto, a compreensão sobre a melhoria do bem-estar vem transformando o estilo de vida negativo, ressaltado por Nahas (2010), ganhando um novo sentido, neste caso, positivo, com a prática de exercícios físicos no cotidiano desses sujeitos, principalmente, por serem acadêmicos do curso de Educação Física e serem referência para seus futuros alunos, se mostrando ativos em todos os sentidos, promovendo a saúde e a qualidade de vida, que é o objetivo desses futuros profissionais da área.

Notas

  1. A pesquisa "Alma Cuiabana" descobriu que entre as atividades físicas praticadas pelos moradores de Cuiabá, a favorita é a caminhada. Os horários escolhidos para esta prática são a manhã e o entardecer, e os lugares principais são os parques e margens das avenidas. No geral, foram entrevistadas 600 pessoas, no qual 57,2% afirmaram praticar esportes com regularidade, entre os quais 64,7% disseram ser adeptos da caminhada. Disponível em: http://www.educacaofisica.com.br/index.php/voce-ef/98-saude-bem-estar/2301-pesquisa-afirma-que-caminhar-e-a-atividade-fisica-favorita-em-cuiaba.

  2. Tabela Padrão de Resultados de Avaliação Física por Idade e Sexo, proposta por Pollock (1993). Disponível em: http://www.cdof.com.br/gordura.htm.

Referências

  • FRAGOSO, I.; VIEIRA, F. Morfologia e Crescimento - Curso Prático. Lisboa: FMH, 2000.

  • NAHAS, M. V. Atividade Física, Saúde e Qualidade de vida: Conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. - 5° Ed. Ver. E atual - Londrina: Midiograf, 2010.

  • NAHAS, M. V. et al. Distribuição da Gordura Corporal Subcutânea e Índices de Adiposidade em indivíduos de 20 a 67 anos de idade. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. v. 1, n. 2, p. 15 – 25, 1995.

  • NIEMAN, David C. Exercício e saúde – Testes e prescrição de exercícios. 6ª Ed. Editora Manole, 1999.

  • POLLOCK, M.L., WILMORE, J.H. Exercícios na Saúde e na Doença : Avaliação e Prescrição para Prevenção e Reabilitação. MEDSI Editora Médica e Científica Ltda., 1993.

  • POWERS, Scote K. HOWLEY, Edward T. Fisiologia do exercício – Teoria e aplicação ao condicionamento e ao desempenho. 6ª Ed. Manole, 2010.

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