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O que é Educação Física? Qual sua identidade?

¿Qué es la Educación Física? ¿Cuál es su identidad?

 

Acadêmico da UNESC (Universidade do Extremo Sul Catarinense)

(Brasil)

Tales de Souza Bertan

taleko_bertan@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          No decorrer da sua historia, a Educação Física vem passando por diversos momentos. A partir da revolução industrial no século XVlll era atribuído a educação física, o cuidado do corpo, para adaptação, ao processo produtivo que se fazia presente. A critica pretende apresentar o significado da educação física, entendendo-a de diferentes analises epistemológicas, onde apresentara conceitos divergentes, de autores de grande importância.

          Unitermos: Educação Física. Identidad. Epistemologia.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 195, Agosto de 2014. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    Definir educação física não é uma tarefa fácil. Durante o percurso, me deparei com várias incertezas, uma lacuna que precisava ser preenchida. Às vezes me perguntava se com conteúdo tão amplo, eu teria como responder de fato o que seria a Educação física?

    No percurso histórico a educação física brasileira vem se modificando, mas preserva traços antepassados, que estudados mostram a realidade em nosso país. Somos reféns de um sistema capitalista, cujo objetivo, é “ter capital, sem olhar a qual”. Nesta sociedade parece que sobrepujar o próximo, é a única maneira de manter-se em uma zona de conforto. Ao falarmos em capitalismo – principalmente relacionado à Educação Física -, é mister afirmar que, existe a classe proprietária que detém a propriedade, e a classe trabalhadora, que de fato vende sua força de trabalho, ou seja, o “seu corpo”.

    Nesse arranjo não nos damos conta de pensar em que sociedade vivemos e que sociedade queremos. Na verdade, quando escrevo, não demos conta de pensar, é que de fato nesse sistema, o grande “segredo” é não pensar, só reproduzir, para que esta pirâmide de poder não se desfaça.

    Caro leitor, estamos diante de um mundo cheio de códigos, e “decodificá-lo”, não é uma tarefa simples, porém, se não pensarmos em mudança, sempre seremos alienados. Nessa realidade, em que estamos inseridos está determinado, que o pobre nasce e morre pobre. E ai você pergunta: O que a Educação Física tem a ver com isso?

    Em uma pesquisa bibliográfica, tentei me aproximar o mais perto possível para responder a tal pergunta, onde a partir dela surgiram mais dúvidas (o que ensinar? Qual o papel do professor?). Enfim, quero convidá-lo a viajar nesse universo polêmico de conhecimento chamado Educação Física.

História da Educação Física

    Na Europa final do século XVlll início do século XlX, se constrói uma nova sociedade denominada capitalista, onde o papel da educação física era: preparar o homem para o mercado de trabalho.

    Nesse sentido Bracht nos mostra que o corpo sofria varias intervenções no sentido de adaptação, as várias formas sociais de produção e reprodução humana. Alvo das necessidades produtivas corpo produtivo, das necessidades sanitárias corpo saudável, das necessidades morais corpo deserotizado, das necessidades de adaptação e controle social corpo dócil. (Bracht, 1999, p. 71,72).

    Era de atribuição exclusiva a educação física, cuidar e educar esse corpo. Para essa nova sociedade, tornava–se necessário construir um homem novo: mais forte, mais ágil, mais empreendedor. (Coletivo de Autores, 1992 p. 34)

    Segundo Bracht o nascimento da educação física se deu, por um lado, para cumprir a função de colaborar na construção de corpos saudáveis e dóceis, ou melhor, com uma educação estética que permitisse uma adequada adaptação ao processo produtivo ou uns perspectiva politica nacionalista, e, por outro, foi também legitimado pelo conhecimento médico-cientifico do corpo que referendava as possibilidades, a necessidade e as vantagens de tal intervenção sobre o corpo. (1999, p. 73).

    Então, surge as primeiras escolas de ginástica no século XVlll na Alemanha, que mais adiante ira se difundir em outros países da Europa e da América, mas essas escolas não destinavam a uma população escolar.

    Fica claro que, nos anos 80 que a educação física no Brasil tinha um papel importante; o desenvolvimento da aptidão física e o desenvolvimento do desporto, ambos importante para a saúde, e a produção da classe trabalhadora que mostrava um país com potencial.

    De acordo com o Coletivo de Autores (1992) essa influência do esporte no sistema escolar é de tal magnitude que temos, então, não o esporte da escola, mas sim o esporte na escola.

    Nas décadas de 1970 e 1980 começam os estudos no campo pedagógico, de orientação marxista, influenciado pela sociologia, filosofia e ciências humanas (BRACHT, 1999 p.78). Com intuito, da análise da educação física no campo escolar, como tratar os elementos do capitalismo, e das diferentes classes sociais.

    O movimento inovador da educação física Brasileira se origina na década de 1980 onde, “[...] A entrada mais decisiva das ciências sociais e humanas na área da educação física, processo que tem vários determinantes, permitiu ou fez surgir uma análise critica do paradigma da aptidão física” (Bracht, 1999 p.77).

O que é Educação Física?

    Nos dias de hoje nos deparamos com variadas dúvidas, que nos fazem pensar o que somos o que fazemos, e para onde vamos. Perguntar o que é educação física, não é uma tarefa fácil, pois temos que ter convicção do que estamos perguntando. Segundo Bracht (2005) é comum buscar elucidar a essência da educação física como se essa existisse independentemente da educação física concreta e situada historicamente, que conhecemos.

    E qual é a verdadeira educação física? E qual é o seu papel? O que ensinar? É importante? Diante de varias perguntas Tani (apud GUEDES) tentou responder qual a importância da educação física, em um estudo realizado pelos profissionais da área.

Pergunta: Por que os profissionais da área insistem em convencer as pessoas de que a educação física é tão importante?

Resposta: Fundamentalmente porque as pessoas não estão convencidas disso.

Pergunta: Por que as pessoas não estão convencidas de que educação física é algo importante?

Resposta: Fundamentalmente porque elas não sabem o que significa educação física. Muitas confundem com atividade física.

Pergunta: Por que as pessoas não sabem oque é educação física?

Resposta: Fundamentalmente porque as ações dos profissionais da área não foram capazes de sensibilizá-las e informá-las a respeito, através de suas ações.

Pergunta: Por que os profissionais foram incapazes de sensibilizá-las e informá-las?

Resposta: Fundamentalmente porque eles próprios não têm uma definição clara do que é educação física.

Pergunta: Por que os profissionais não tem uma definição clara do que é educação física?

Resposta: Fundamentalmente porque o curso de preparação profissional não foi capaz de lhe transmitir essa identidade.

Pergunta: Por que o curso de preparação profissional ano foi capaz de transmitir uma identidade clara de educação física?

Resposta: Fundamentalmente porque a própria educação física não tem sua identidade claramente definida (p. 61,62).

    É notório que nos dias de hoje ainda predomina essa falta de identidade. Segundo Medina (1986) a educação física não e capaz de justificar a si mesma, ou não e capaz de encontrar sua própria identidade, isto quer dizer que seus profissionais não são capazes de lhe dar uma identidade.

    Em seu livro A educação física cuida do corpo e mente (1986) Medina nos chama atenção para a necessidade da educação física entrar em crise. De acordo com o autor, “[...] os verdadeiros educadores não podem deixar de atender aos desvios a que estamos sujeitos em termos de busca dos nossos valores de vidas mais expressivos”. (1986, p. 32).

    Conforme Sérgio (1989 p. 31) “a educação física encontra-se em crise que se vê em uma diversidade de interesses estímulos e leituras”. O autor aponta que a mesma emerge de uma crise interna, de identidade e de definição.

    Em seu livro educação física ou ciência da motricidade humana? (1989) Manuel Sérgio aponta que a educação física precisa obter um conceito de paradigma, como se tem feito nos outros ramos do conhecimento.

    Será que podemos fazer dela uma ciência independente, com lugar marcado entra as demais ciências? Para Sérgio (1989), com o nome educação física não será possível. O autor levanta que não é possível, pois se confundem conceitos distintos, se a palavra educação é oriunda da pedagogia geral, ciência da educação física se refere a uma concepção teórica que não pode transformar em qualquer amostra de citação real. Então propõe uma nova nomenclatura dando o nome de ciência da motricidade humana, onde integra, o treino a dança, a motricidade infantil, a ginastica, o jogo desportivo, o desporto, o circo, a educação especial e a reabilitação e a ergonomia. (Sérgio, 1989).

    Medina (1989) relata alguns depoimentos de estudantes em fase de conclusão do curso de Educação Física. Em uma pesquisa foi feita a pergunta “em sua opinião, o que é educação física?”. As respostas são diversificadas e relatam que a Educação Física é educar o físico; é uma arte; melhor qualidade de vida; pode ser usada como autoajuda; preparação para a vida em sociedade; cuidar da saúde; construir o indivíduo; educar através dos movimentos; um meio de evitar doenças e outras definições.

    Segundo Medina (1986) os autores dessas frases são, conjuntamente com a quase totalidade dos estudantes do nosso país, nada mais do que vítimas de uma estrutura fossilizada e perversa de ensino que pouco se preocupa com a educação. O autor destaca que a educação física tem como preocupação melhorar o nível de higiene e saúde da população.

    “Uma educação física assim delineada estará procurando cuidar de um corpo isento de suas totais significações e, portanto, mentindo ao homem integral” (MEDINA 1986, p. 64).

    Para Nahas uma das tarefas da educação física escolar é priorizar um estilo de vida ativo para os alunos. “É importante construir currículos que atendam as necessidades dos indivíduos, tanto as atuais como as futuras”. (2006, p.152).

    Para o autor o currículo deve enfatizar os objetivos centrais da educação física: desenvolvendo as habilidades motoras e a promoção de atividades físicas relacionadas com a saúde. O autor ainda destaca que um dos objetivos é fazer com que os alunos venham a incluir hábitos de atividades físicas em suas vidas, é fundamental compreender os conceitos básicos relacionados com a saúde e a aptidão física, que sintam prazer na prática de atividades físicas e que desenvolvam um grau de habilidade motora, o que lhes dará percepção de competência e motivação para essa prática. Esta parece ser uma função educacional relevante e de responsabilidade preponderante da educação física escolar. (NAHAS, 2006).

    Manuel Sérgio acredita que na educação física, existe um aspecto de dualismo em que se divide a educação e o físico. “[...] e assim não é uma categoria gnoseológica, nem uma categoria sociológica: é um conglomerado de técnicas, sem qualquer tipo de fundamento”. (1989, p. 77).

    Para o autor na Educação Física tradicional, vítima do paradigma cartesiano, se dá velocidade, resistência, endurance, impulsão, etc. Não pode dar saúde porque lhe falta um trabalho no nível da complexidade estruturado de acordo com o ego- pensado e pondo de lado o multi-pensante.

    Steinhilber levanta um discurso sobre a natureza da educação física, ora profissão/disciplina, ressalta que a mesma perdeu sua identidade. “Assim atendo como educação física, designaria uma determinada profissão, cujo profissional seria denominado profissional de educação física”. (1996, p. 95).

    Em sua tese de doutorado Guedes (1998) aponta uma pesquisa de campo elaborada por 29 professores doutores em educação física, que nos mostra um agrupamento como: componente curricular, área do conhecimento, curso de preparação profissional, profissão, área de estudos e aplicação, atividade motora, processo cultural, conjunto interdisciplinar, aquisição de determinados modelos físicos, componente da educação não formal, cultura corporal de movimento e um conceito não evidenciado.

    A autora ainda revela que a Educação física Brasileira precisa de uma organização conceitual em discussões epistemológicas relevantes no sentido de buscar a sistematização dos conhecimentos produzidos, uma proposta de estruturação acadêmica com bases sólidas que tanto podem ser Motricidade Humana, a Cinesiologia ou outra que possa surgir. (Guedes, 1998, p. 196)

    Para que ensinar educação física? Para uma prática concreta, temos que primeiro entender para que finalidade a educação física existe.

    De acordo com o Coletivo de Autores (1992, p. 14) “os interesses de classes são diferentes e antagônicos. Portanto, não se pode entender que a sociedade capitalista seja aquela onde os indivíduos buscam objetivos comuns”.

    A pedagogia é “a reflexão e teoria da educação capaz de dar conta da complexidade, globalidade, conflitividade e especificidade de determinada prática social que é a educação”. (SOUZA apud COLETIVO DE AUTORES, 1978, p. 27).

    A educação física é uma matéria que está inserida na grade curricular de ensino, de acordo com o Coletivo de Autores (1992, p.33). É uma disciplina que trata, pedagogicamente, na escola, do conhecimento de uma área denominada aqui de cultura corporal.

    A perspectiva critica superadora busca desenvolver uma reflexão pedagógica sobre o acervo de formas de representação do mundo que o homem tem produzido no decorrer da historia, exteriorizadas pela expressão corporal: jogos, danças, lutas, exercícios ginásticos, esporte, malabarismo, contorcionismo, mimica e outros. Trata-se então, de uma pedagogia que busca responder os interesses de determinadas classes sociais, e para isso existe algumas características especificas, onde: lê e constata os dados da realidade, julgando a partir deles, que por sequencia determina uma direção, a partir dos dados coletados e julgados, tendo por fim um objetivo especifico. (COLETIVO DE AUTORES, 1992)

    Neste sentido o conteúdo da educação física vai além do aprender, é uma forma de comparação do mundo, as intenções das classes sociais. Os temas da cultura corporal, tratados na escola, expressam um sentido significado onde se interpenetram, dialeticamente, a intencionalidade/objetivo do homem e as intenções objetivas da sociedade. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 42)

    Sua reflexão é compreendida como projeto politico–pedagógico. Politico porque encaminha propostas de intervenção em determinada direção, e pedagógico no sentido de possibilitar uma reflexão sobre a ação dos seres humanos na realidade, explicitando suas determinações. (SOARES apud COLETIVO DE AUTORES, 1992).

    Medina acredita que a educação física deve envolver concepções do contexto histórico cultural do corpo, apresentada em três diferentes concepções:

  1. Convencional, uma visão dualista e pluralista do homem, obtendo como finalidade a valorização do corpo, não se preocupa com o contexto sociocultural;

  2. Modernizadora, possui uma visão dualista e pluralista, porém considera a educação física como usa elementos da cultura, como jogos, esportes, meios específicos da educação em seu sentido mais amplo, não se preocupa com aspectos que interferem na transformação social. Seu objetivo é desenvolver o rendimento motor e a saúde dos indivíduos;

  3. Revolucionaria, ser humano é entendido por todas as dimensões, e as relações com o outro, e com o mundo. Caracteriza a educação física como “a arte e a ciência do movimento humano, que através de atividades especificas, auxiliam no desenvolvimento integral dos seres humanos, renovando-os e transformando-os no sentido de sua autorização e em conformidade com a própria realização de uma sociedade mais justa e livre”.

    “Os profissionais de educação física, quaisquer que sejam as suas áreas de atuação, só se realizam na medida em que assumem plenamente o seu papel como agente renovador e transformador”. (MEDINA 1986, p. 86).

    O autor relata que a educação física deve ser trabalhada em dois aspectos: primeiro no sentido de rever criticamente seus princípios e propostas enquanto atividade preocupada com o verdadeiro desenvolvimento humano integral. Segundo é no sentido de democratizá-la permitindo que todos possam ter acesso mais fácil aos conhecimentos necessários e condizentes com este desenvolvimento integral da mulher e do homem através do movimento.

    Sobre a Educação Física, Manuel Sérgio compreende que:

    A vejo como um ramo pedagógico da ciência da motricidade humana, e por isso deveria se chamar educação motora, e assim, consequentemente não reconhece autonomia, nem como sistema e nem como subsistema. Percorrendo o esporte, a dança, a educação especial e reabilitação, a ergonomia, a motricidade infantil, o circo, e tendo como função principal estar presentes com as possibilidades e os instrumentos que permitam humanizar, transformar em espaço libertador aquelas atividades (SÉRGIO 1989 p.58).

    O autor demonstra a necessidade de estabelecer uma nova teoria, um novo corpo de conhecimento, com a tentativa de transformar a educação física em uma ciência independente, com o lugar marcado em outras ciências. É necessário tentar pensar a ciência da motricidade humana não como uma doutrina pré-fabricada, mas como algo que nasce das necessidades culturais do homem do nosso tempo, em geral, e do nosso povo, em particular.

    “É ciência porque, pode resolver o problema da identificação epistemológica dos ainda denominados profissionais de educação física, e ainda solucionar questões urgentes de ordem acadêmica e social”. (SÉRGIO, 1989, p. 57).

    Contudo Manuel Sérgio nos alerta que, a educação física deve deixar de ser essa educação de empréstimo, e passar a ser autônoma.

    Para Nahas (2006 p.164) a atividade física representa um aspecto biológico e cultural do comportamento humano, importante para a saúde e o bem- estar de todas as pessoas, em todas as idades, devendo ser considerada como componente curricular relevante.

    O autor aconselha que a educação física precisa rever seus programas para atender verdadeiramente sua função educacional. Cursos de atualização para os professores em atividade nas escolas e mudanças nos cursos de formação universitária são necessários para que a educação física assuma com plenitude sua função exclusiva e relevante de educar sobre e através de atividade física (2006 p. 164)

    Fica evidente para Nahas que o objetivo da educação física escolar é que o aluno tenha acesso a outra forma de praticar algum tipo de atividade física ou receber informações que posam orientar para um estilo de vida ativo. “[...] Deve – se sempre se ter em mente que qualquer dos possíveis objetivos específicos da educação física representa passos na direção de objetivos educacionais mais amplos, visando proporcionar aos indivíduos uma vida com qualidade e uma participação ativa na sociedade” (NAHAS 2006, p. 155).

    O autor defende a atividade física como qualidade de vida, e afirma que esta deve estar no currículo escolar, tendo como objetivo, que o aluno desenvolva conhecimento de seu corpo.

    Ao criticar essa tendência Bracht nos mostra que a revitalização do discurso da promoção de saúde é uma tentativa de setores conservadores de legitimar a educação física na escola (1999 p. 82).

    Nieira Marcos Garcia (2008) aponta uma perspectiva multicultural e demonstra que a partir das práticas sociais a movimentação deve ser em função da comunicação/ expressão de sentimentos e intenções, não bastando aos alunos conhecer e treinar o jogo. O autor articula que em um jogo os movimentos são executados simultaneamente. Para isso cita um exemplo que “se não fosse assim, não veríamos as crianças comemorando jogadas, ansiosas em certos momentos, felizes ou chateadas em outros”.

    Para a perspectiva multicultural o importante é valorizar a dimensão expressiva dos movimentos aqui entendidos como linguagem e isso só poderá ocorrer no interior das manifestações da cultura corporal. (NIEIRA MARCOS GARCIA 2008)

    Conforme o autor, “a educação física é, portanto, uma prática social, construída culturalmente e reproduzida tradicionalmente em diversos ambientes e espaços”.

    Conforme Steinhlber (1996 p. 57, 58) “a palavra educação física é demasiado imprecisa para expressar alguma ideia. A palavra educação da a conotação de alguma coisa que será ensinada a alguém tendo como intenção o atingimento de algum objeto educacional”.

    O autor mostra que existem muitas críticas, argumentos para denominar a área do conhecimento, citando, “Ciência da Motricidade Humana, Cultura do Corpo, Ciência do movimento Humano, Ciência da ação motriz e Ciência do Exercício”.

    Para Steinhilber “o profissional e educação física tem uma missão especial na sociedade e dentro do processo da educação, o da promoção humana através da integridade sócio – afetiva, psicomotora e cognitiva” (1996 p. 95).

    Elenor Kunz em seu livro transformação didático pedagógica do esporte (2001) apresenta uma proposta didática pedagógica denominada de critico emancipatória. Para Kunz (2001, p.73) “o objetivo do ensino da educação física é não apenas o desenvolvimento das ações do esporte, mas propiciar a compreensão crítica das diferentes formas da encenação esportiva, os seus interesses e os seus problemas vinculados ao contexto sócio politico”.

Conclusão

    Diante da pergunta o que é educação física, me fez despertar uma curiosidade, pois é uma área do conhecimento bem complexa, onde cada vez em que pesquisava, mas entusiasmado ficava, com varias dúvidas durante esse percurso. Quero ressaltar que, de frente dos autores mencionados, procurei outras fontes que me ajudaram a fortalecer um conceito que irei firmar.

    Em meu entendimento a educação física pouco progrediu, no sentido que ainda temos indícios militaristas, higienistas, fazendo reproduzir diretamente a alienação. Não estou aqui querendo criticar a história, que é necessária, mas se pararmos para pensar, hoje a educação física reproduz o modelo de manutenção de sociedade, em que só representamos o que a camada dominante almeja. Você parou para pensar como esta a educação no Brasil? É muito possível que não! Pois, em geral, você não pensa, você é pensado, por um comando dominante que é você mesmo que escolhe. O cenário está pronto, a pauta já esta no roteiro, e os personagens somos nós mesmo, atuando em um palco chamado de “Brasil um pais de todos.” Não quero dizer que, a educação física vai transformar a sociedade capitalista, para comunista, mas poderá ser capaz de transformá-la em menos capitalista, com a prática pedagógica apresentando ao aluno a realidade social, fazendo que, ele possa confrontar a realidade, e tomar suas próprias decisões. A frente dos autores citados, quero classificá-los por categoria.

    Manuel Sergio nos mostrou que a educação física precisa ser ciência para se efetivar uma área do conhecimento. Pois bem, a pergunta é: Precisamos ser ciência? Não! pois a ciência por si só não se justifica. “[...] É ciência porque, pode resolver o problema da identificação epistemológica dos ainda denominados profissionais de educação física, e ainda solucionar questões urgentes de ordem acadêmica e social”. Seu discurso se estreita e não vai além de uma mudança, não atingi um discurso de transformação. O autor não apresenta propostas concretas para a modificação da sociedade.

    Outro agrupamento de ideias, vem de Nahas, onde defende a educação física como atividade física e saúde, que a meu ver, tem um status conservador. Mas veja bem, não estou aqui criticando a concepção, pelo contrario, acho ela de suma importância, mas entendo que ela por si só, não da conta de uma autonomia.

    E por ultimo um ecletismo de concepções de caráter critico, com a finalidade de mudanças concretas de sociedade. Onde entendo que é a salvação da educação física, pois sua base teórica da conta de intender o sistema capitalista e seus códigos, onde tem como preocupação de mudança, a qual todos queremos, mas, muitos ainda não conseguem fazer essa analise de conjuntura, onde essas concepções apresentam os dados da realidade, fazendo com que, o sujeito confronte-os e os compare.

    Medina (1986) expressou que educação física precisa entrar em crise, para que possa obter uma identidade. Bem levo em consideração que precisamos ter autenticidade, pois percebo que ainda esta confuso, onde cada professor ensina o que quer e do jeito que quer (me refiro aqui da educação física escolar), é claro que cada um se apóia em um autor, mas a meu entendimento deveríamos ter sim, bases teóricas de caráter critico e não de conservador.

    A educação física de um modo geral, é uma profissão é uma matéria. Mas vejo ela mais que isso, ela é uma cultura, quando falamos de cultura, dizemos que somente os seres pensantes produzem. A essência esta ai, pois nós mesmos que produzimos, e temos que assumir isso como nosso, e não deixar se perder, com os interesses do sistema capitalista. Um exemplo disso, o esporte. Tenho certeza que se eu fizer a pergunta oque é educação física para alunos do ensino fundamental e médio, ou para praticantes de qualquer atividade física, a resposta será, que é “esporte” ou até mesmo “atividade física”. Bom não é nenhuma novidade oque estou denotando. Mas será que é só isso? Em nosso processo histórico, só isso que produzimos? Bom se a resposta for sim, creio que você é mais um protagonista, do cenário aqui já mencionado. Temos conteúdo sim.

    A cultura corporal segundo Coletivo de Autores (1992) e cultura corporal de movimento (Kunz, 2006) esses autores nos monstrão os conteúdos da educação física, historicizando e confrontando-os.

    O debate a respeito da educação física ainda é muito recente, onde acredito que, ainda temos muito a caminhar.

    Compreendemos que, muitos autores discutem a educação física das diversas formas, tentando colocar uma identidade a ela. Pois bem esta claro para mim que, matéria, profissão, são os nomes corretos para essa área do conhecimento, e que é de seu dever, ser um agente transformador de caráter critico, não deixando seus conteúdos, deve ensiná-los, do modo que, o ensino vá além, que não se limita a técnicas e táticas, mas que o aluno crie, pergunte, confronte os dados da realidade, se posicione criticamente e que se reconheça enquanto cidadão de direitos.

Referências

  • BRACHT, Valter. A constituição das teorias pedagógicas da Educação Física. Cadernos Cedes, centro de Educação Física e Desportos, Universidade Federal do Espírito Santo, ano XlX, n. 48, Agosto, 1999.

  • COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

  • GUEDES, Claudia Maria. Do discurso da Educação Física. Campinas, SP [s. n.], 1998.

  • JOÃO, Paulo Subirá Medina. A educação física cuida do corpo... e “mente”: bases para a renovação e transformação da educação física. 5ª Ed. Campinas: Papirus, 1986.

  • KUNZ, Elenor. Transformação didático-pedagógico do esporte. 6ª ed. Ijuí: Ed. Unijuí, 2004. 160 p. Coleção Educação Física.

  • MANUEL Sérgio Vieira e Cunha. Educação Física, ou, Ciência da motricidade Humana? Campinas, SP: Papirus, 1989. Coleção Corpo e Motricidade.

  • MARCOS Garcia Niera, MÁRIO Luiz Ferrari Nunes. Pedagogia da cultura corporal: critica e alternativas. 2ª Ed. São Paulo: Phorte, 2008. 296 pg.

  • Nahas, Markus Vinicius. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 4ª Ed. rev. E atual. Londrina: Midiograf, 2006.

  • STEINHILBER, Jorge. Profissional de Educação Física existe? Porque regulamentar a profissão! Rio de Janeiro: Sprint, 1996.

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