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Efeitos do Mat Pilates sobre a resistência muscular localizada, flexibilidade, força e postura estática de adolescentes:
um estudo de caso institucional

Efectos del Mat Pilates sobre la resistencia muscular localizada, la flexibilidad, 

la fuerza y la postura estática de adolescentes: un estudio de caso institucional

 

*Licenciada em Educação Física

Especialista no Método Pilates, ESEF/UFRGS, Porto Alegre

**Dra. em Ciência do Movimento Humano

ESEF/UFRGS, Porto Alegre

(Brasil)

Pauline Louise Kellermann Kaercher*

paulinekaercher@gmail.com

Catiane Souza, Raquel da Silveira

Emanuelle Francine Detogni Schmit

Cláudia Tarragô Candotti**

claudia.candotti@ufrgs.br

 

 

 

 

Resumo

          Considerando que o Método Pilates é uma prática corporal que possibilita o desenvolvimento da força muscular, da flexibilidade e da postura estática, acredita-se que poderia ser uma interessante ferramenta para intervenções no âmbito da postura corporal em jovens de idade escolar. Desse modo, o objetivo desse estudo foi identificar o efeito de 30 aulas da modalidade Mat Pilates sobre a RML abdominal, a força lombar, a flexibilidade lombar e a postura corporal estática de escolares entre 14 e 17 anos de idade. Participaram do estudo seis adolescentes do sexo feminino de uma escola particular de Porto Alegre. As seguintes avaliações foram realizadas em quatro momentos: (1) a avaliação inicial; (2) após 10 aulas; (3) após 20 aulas; e (4) após 30 aulas. Em todos os momentos de avaliação foram coletados dados de resistência muscular abdominal, de força lombar, de flexibilidade do tronco e de postura estática, sempre pelo mesmo avaliador. A análise dos resultados de todas as avaliações foi realizada por estatística descritiva a partir de tabelas de freqüência, média e desvio padrão. Os resultados demonstraram pequenas alterações, em torno de 30%, 5% e 2%, para a RML abdominal, a força e a flexibilidade lombar, respectivamente. A postura corporal estática da coluna vertebral e pelve não apresentou qualquer alteração. Considerando que se trata de um estudo de caso institucional, esses resultados não podem ser generalizados para outros casos, devendo apenas ser considerados como resultados preliminares, que não permitem inferências sobre o efeito do Mat Pilates na postura estática de adolescentes.

          Unitermos: Método Pilates. Escolares. Prevenção.

 

Abstract

          Whereas Pilates is a body practice that enables the development of muscular strength, flexibility and static posture, it is believed that it could be an interesting tool for interventions within the body posture in young school age. Thus, the aim of this study was to identify the effect of 30 lessons of Pilates Mat mode RML on abdominal, lower back strength, flexibility and static lumbar posture of schoolchildren between 14 and 17 years of age. The participants were six adolescent females from a private school in Porto Alegre. The following evaluations were performed in four stages: (1) the initial assessment; (2) after 10 lessons; (3) after 20 lessons; and (4) after 30 lessons. At all times of evaluation data of abdominal muscle endurance, lumbar strength, trunk flexibility and static posture, by the same evaluator was collected. The results of each assessment were performed by descriptive statistics from frequency, mean and standard deviation tables. The results showed small changes, around 30 %, 5 % and 2% for abdominal RML, strength and lumbar flexibility, respectively. The static posture of the spine and pelvis showed no change. Whereas this is an institutional case study, these results can not be generalized to other cases and should only be considered as preliminary results, which do not allow inferences about the effect of the static posture Pilates Mat adolescents.

          Keywords: Pilates Method. School. Prevention.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 195, Agosto de 2014. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    Empiricamente, podemos dizer que o Método Pilates vem apresentando cada vez mais adeptos, seja a partir do crescente número de estúdios, de cursos de formação de instrutores ou de pessoas que buscam nessa prática uma alternativa de atividade física ou reabilitação. Assim, parece-nos adequado pensar que o Método Pilates é uma técnica “antiga e nova” ao mesmo tempo, pois se trata de um Método criado na época da 1ª Guerra Mundial por Joseph Pilates, cujos princípios são inovadores e atuais. Por ocasião da criação do Método, muitas pessoas com limitações físicas, dores crônicas e lesões foram recuperadas com o treinamento proposto pelo Método Pilates, o qual se baseia tanto nos princípios concentração, centralização, fluidez, respiração, precisão, controle e relaxamento (PANELLI e DE MARCO, 2006) quanto no equilíbrio entre as capacidades motoras força e flexibilidade (BRACIALLI e VILLARTA, 2000).

    Na prática, o Método Pilates propõe um treinamento a partir do conhecimento integrado entre corpo, mente e vida saudável (SILER, 2008) que relaciona as fraquezas e compensações musculares geradoras de desequilíbrios musculares em todas as alavancas do corpo (PANELLI e DE MARCO, 2006). Portanto, se considerarmos o Método Pilates como uma prática corporal que utiliza o peso corporal e a força da gravidade como aliados para o desenvolvimento da força muscular, da flexibilidade, do equilíbrio corporal e da consciência corporal (BRACIALLI e VILLARTA, 2000), podemos supor que o mesmo consiste em uma interessante ferramenta para intervenções no âmbito da postura corporal, seja de caráter de reabilitação ou educacional.

    Nesse sentido, uma vez que a educação postural consiste em uma prática baseada em experiências de aprendizagem que visa à aquisição de comportamentos que possam alterar o desenvolvimento da má postura (CANDOTTI et al., 2011) entendemos que o Método Pilates pela vivência corporal que proporciona, poderá de fato promover alterações da postura estática, ou seja, estimular um adequado posicionamento do corpo no espaço. Ainda, embora tradicionalmente, o Método Pilates seja praticado em estúdios, academias ou consultórios de fisioterapia, acreditamos que se o mesmo fosse também praticado no ambiente escolar, com crianças e adolescentes, haveria maior possibilidade de prevenir a má postura e de estimular a prática regular atividade física. Além disso, a inserção do Método Pilates no âmbito escolar promoveria também a união entre educação, saúde, atividade física e prevenção. Portanto, o objetivo desse estudo foi identificar o efeito de 30 aulas da modalidade Mat Pilates sobre a RML abdominal, a força lombar, a flexibilidade lombar e a postura corporal estática de escolares entre 14 e 17 anos de idade.

Materiais e métodos

    Trata-se de um estudo de caso do tipo institucional (GAYA, 2008), realizado em uma escola particular pertencente à rede La Salle, na cidade de Porto Alegre, que ocorreu entre os meses de outubro e dezembro de 2013. Foram convidados a participar de 30 aulas de Mat Pilates estudantes do sexo feminino entre 14 a 17 anos de idade, que estivessem matriculadas e cursando o ensino médio. Os critérios de exclusão foram: já ser praticante de Pilates, apresentar problemas de saúde que impeçam de praticar qualquer tipo de atividade física, não participar de pelo menos de 80% das aulas, faltar duas aulas consecutivas e não participar de todos os momentos de avaliação. Esse estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) sob o número 367.885.

    Aceitaram participar do estudo 16 adolescentes, as quais apresentaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado por seus pais e/ou responsáveis no primeiro dia da coleta de dados. As adolescentes tinham em média 16,7±0,5 anos de idade, 66,4±17,8 kg de massa corporal e 1,6±0,1 m de estatura.

    Todas as coletas e as aulas de Mat Pilates ocorreram nas dependências da própria escola. As adolescentes foram avaliadas em quatro momentos distintos: (1) pré-aulas, ou seja, a avaliação inicial; (2) após 10 aulas; (3) após 20 aulas; e (4) após 30 aulas, ou seja, a avaliação final. Em todos os momentos de avaliação foram coletados dados de resistência muscular abdominal, de força lombar, de flexibilidade do tronco e de postura estática, sempre pelo mesmo avaliador.

    O protocolo de exercícios que foi realizado durante a intervenção (30 aulas) foi adaptado de Siler (2008) para ser desenvolvido em grupo, na faixa etária de 14 aos 17 anos. Nas primeiras 5 aulas foram desenvolvidos 19 exercícios, a cada 5 aulas eram acrescentados em torno de 2 a 3 exercícios novos (totalizando 35) que passaram do nível básico ao avançado, de acordo com a progressão de cada adolescente. As aulas ocorreram com freqüência de 3 vezes por semana, com duração de 60 minutos cada, durante um período de 3 meses.

    A avaliação da Resistência Muscular Localizada (RML) dos músculos abdominais foi realizada com um teste cuja posição inicial é em decúbito dorsal sobre um colchonete, com os joelhos flexionados em 90º e membro superior com as mãos na cabeça (Figura 1).

Figura 1. Avaliação da Resistência Muscular Localizada Abdominal

    O teste consiste na execução da flexão parcial durante um minuto. Para a execução ser considerada correta a adolescente deveria flexionar o tronco até o ponto onde a escápula fosse erguida do colchonete. Foram desconsideradas as execuções em que as adolescentes não conseguiam levantar a escápula do colchonete; tomassem impulso para conseguir realizar a flexão do tronco; movimentassem o quadril (ex.: levantando) para facilitar o exercício; não retornassem totalmente a cabeça e a coluna em relação ao colchonete no fim da fase excêntrica do movimento; levantassem os pés do solo; (RIBEIRO et al., 2002). O resultado do teste foi registrado pelo numero máximo de repetições corretas executadas pelas adolescentes.

    Para avaliação da força isométrica dos extensores lombares foi utilizado um dinamômetro lombar (Figura 2). Para a execução do teste, a adolescente é posicionada em pé sobre a plataforma do dinamômetro, com os joelhos estendidos, tronco flexionado à frente em aproximadamente 120°. Nessa posição inicial, o cabo do aparelho foi ajustado de acordo com a altura da adolescente, ficando próximo ao joelho. A adolescente segurava a manopla com os braços estendidos e aplicava o máximo de força isométrica possível no movimento de extensão da coluna. Foram realizadas três repetições com intervalo de dois minutos entre cada repetição, sendo adotado o maior valor das três repetições.

Figura 2. Avaliação da Força Isométrica Lombar

    O inclinômetro foi colocado nas costas da adolescente, um sobre o processo espinhal da vertebra T12, sendo a posição inicial em pé na postura ereta, com os joelhos estendidos e braços ao longo do corpo.

    Na posição inicial, o inclinômetro foi zerado e no final da amplitude máxima da flexão e da extensão (Figura 3), foi registrado o valor angular fornecido pelo inclinômetro. Foram realizadas três repetições do teste e para fins de análise, foi adotado o valor médio das três repetições.

Figura 3. Avaliação da flexibilidade da coluna lombar na flexão: (a) inclinômetro; (b) posição inicial do teste de flexibilidade; 

(c) posição final de amplitude máxima de flexão; (d) posição final de amplitude máxima de extensão

    A avaliação da postura estática foi realizada através de fotogrametria, utilizando o software de avaliação da postura denominado DIPA (Digital Image-based Postural Assessment) (FURLANETTO et al, 2011, 2012). O protocolo dessa avaliação consiste na palpação de pontos anatômicos de referência (PA), colocação de marcadores reflexivos sobre os PAs, registros fotográficos digitais e digitalização dos pontos no software. Os PA utilizados foram: maléolo lateral direito, côndilo lateral do joelho direito, trocânter maior do fêmur direito, acrômio, lóbulo da orelha, espinha ilíaca póstero-superior (EIPS) direita, espinha ilíaca ântero-superior (EIAS) direita e processos espinhosos das vértebras C7, T6, L4 e S2.

    Para a avaliação, as adolescentes deveriam estar vestindo top e bermuda, de pés descalços e, quando fosse o caso, com os cabelos devidamente presos. Para o registro fotográfico foi utilizado uma câmera digital Sony (Sony Brasil Ltda., Modelo Cyber-shot, 12.1 Mega Pixels, Brasil) acoplada a um tripé, com altura de 0,95m e distante horizontalmente 2,80m do indivíduo. Em todas as avaliações um fio de prumo com marcadores distantes entre si um metro deveria estar ao lado da adolescente, na mesma profundidade do maléolo lateral direito (Figura 4).

    Após a digitalização das fotos no software, o mesmo forneceu automaticamente os resultados da postura estática, tanto em valores absolutos das medidas quanto informações das classificações de cada variável. As variáveis utilizadas no presente estudo foram: inclinação da pelve (neutra, anteversão e retroversão), posição da pelve (neutra, antepulsão e retropulsão), postura da coluna cervical, dorsal e lombar (para cada curvatura, a classificação de normal, aumentada e diminuída).

Figura 4. Avaliação da postura estática no plano sagital direito

    A análise dos resultados de todas as avaliações (RML abdominal, força lombar, flexibilidade lombar e postura estática) foi realizada por estatística descritiva a partir de tabelas de freqüência, média e desvio padrão.

Resultados

    O estudo iniciou com de 16 adolescentes, mas terminou com a participação de seis adolescentes. Em termos de avaliação, na 1ª avaliação as 16 adolescentes estavam presentes, na 2ª avaliação, o numero de participantes reduziu para dez adolescentes, na 3ª avaliação, baixou para nove adolescentes e na 4ª e ultima avaliação, terminou com apenas 6 adolescentes. Considerando que como critérios de exclusão havia a obrigatoriedade de participação em 80% das aulas, de não faltar a duas aulas consecutivas e de participar de todos os momentos de avaliação, apresentaremos os resultados apenas das seis adolescentes que participaram de todo o projeto.

    Os resultados da avaliação de RML abdominal demonstraram que houve uma melhora de 30% no nível de resistência das adolescentes (Figura 5), pois na avaliação pré-aula as adolescentes apresentaram uma média de 42 repetições e na avaliação após 30 aulas a média passou para 54,7 repetições.

Figura 5. Resultados da avaliação de Resistência Muscular Localizada Abdominal

    Os resultados da avaliação da força isométrica lombar demonstraram que a força lombar aumentou cerca de 5% da avaliação inicial para a avaliação final (Figura 6), passando em média de 81,3 Kgf para 85,6 Kgf.

Figura 6. Resultados da avaliação de Força Isométrica Lombar

    Os resultados da avaliação da flexibilidade da coluna lombar demonstraram que a flexibilidade aumentou em torno de 2%, tanto na flexão quanto na extensão lombar, da avaliação inicial para a avaliação final (Figura 7). A flexão lombar passou de 102,4° para 105° e a extensão lombar de 45,5° para 46,6°.

Figura 7. Resultados da avaliação da Flexibilidade Lombar

    Os resultados da postura da coluna vertebral no plano sagital não demonstraram modificações entre o inicio e o final das 30 aulas de Pilates (Figura 8). A curvatura da coluna cervical permaneceu aumentada, a curvatura da dorsal diminuída e a curvatura da coluna lombar aumentada.

Figura 8. Resultados da avaliação da postura estática no plano sagital da coluna cervical, dorsal e lombar

    Os resultados angulares médios de inclinação da pelve demostraram que praticamente não houve alteração da inclinação da pelve, sendo que os ângulos de inclinação ficaram entre 12,3° e 13° graus (Figura 9a). No entanto, ao analisar a freqüência das posturas de pelve, notamos que uma adolescente que apresentava inicialmente a postura de anteversão pélvica passou a apresentar, após as 30 aulas de Pilates, a pelve em postura neutra (Figura 9b).

Figura 9. Resultados da avaliação da postura estática no plano sagital da inclinação da pelve: (a) valores angulares médios e (b) classificação da postura

    Ainda em relação a pelve, a analise da posição pélvica em relação ao fio de prumo, demonstrou que todas as adolescentes apresentaram antepulsão da pelve em todas as quatro avaliações, de modo que as aulas de Pilates não promoveram modificações na posição da pelve (Figura 10).

Figura 11. Resultados da avaliação da postura estática no plano sagital da posição da pelve

Discussão

    O objetivo do presente estudo foi identificar o efeito de 30 aulas da modalidade Mat Pilates sobre a RML abdominal, a força lombar, a flexibilidade lombar e a postura estática de adolescentes escolares, do sexo feminino, entre 14 e 17 anos de idade. Os principais resultados demonstraram pequenas alterações, na casa de 30%, 5% e 2% para a RML abdominal, a força lombar e a flexibilidade lombar, respectivamente. No entanto, quanto a postura corporal estática, não houve qualquer alteração na postura da coluna vertebral e na posição da pelve em relação ao fio de prumo. Apenas uma adolescente modificou a postura da pelve de anteverão para postura em posição neutra.

    Quanto a RML abdominal, já está documentada a eficácia do método Pilates no fortalecimento da região que envolve os músculos abdominais (OLIVEIRA et al., 2013; COSTA et al., 2012). FERREIRA et al. (2007) analisaram a influência do Método Pilates sobre a resistência de força no exercício abdominal em mulheres (n=12), com idades entre 25 e 40 anos, submetidas a uma intervenção com o Método Pilates de nove semanas. Os testes realizados, antes e após a intervenção foram propostos por Pollock e Wilmore (1993). A freqüência de treinamento foi de três sessões/semana, com duração de 50 minutos cada. Os autores encontraram melhora significativa da força abdominal no pós-teste em relação aos valores encontrados no pré-teste e concluíram que a prática do Método Pilates é um importante aliado na promoção da saúde, pois possibilita ganhos nos padrões de resistência de força dos praticantes da atividade. Esse estudo, embora com mulheres de faixa etária superior, corrobora o nosso resultado, pois as adolescentes apresentaram uma melhora de 30% em relação a RML abdominal (Figura 6).

    Foram analisados, cinesiológica e biomecanicamente alguns exercícios do Mat Pilates (Teaser, Swan e Hundred) para verificar os benefícios de cada um. Duas professoras do método foram fotografadas realizando os exercícios e, nas fotografias digitalizadas foi aplicado o método segmentar para determinar os centos de gravidade dos segmentos do corpo visando calcular os torques resistentes a partir do modelo antropométrico de Dempster. Os autores concluíram que a musculatura abdominal é o principal grupo muscular trabalhado nesses exercícios. Esse resultado sustenta o aumento de 30% da RML que encontramos, pois também trabalhamos com os exercícios Teaser, Swan e Hundred (SACO et al., 2005).

    Em um estudo realizado por OLIVEIRA et al. (2013) verificou-se os efeitos do método Pilates sobre a força, flexibilidade e dor de um paciente com espondilolistese traumática, que apresentava quadro estável. Foram realizadas avaliações pré e pós-intevenção no intuito de avaliar a força da musculatura abdominal e paravertebral, a flexibilidade da cadeia posterior e a dor lombar, envolvendo os seguintes testes, respectivamente: enrolamento repetitivo do tronco, teste estático de resistência das costas de Sorenson, sentar e alcançar, e a escala visual analógica (EVA) da dor. A intervenção consistiu de exercícios durante uma hora por dia, quatro vezes na semana, durante 12 semanas. O paciente passou de 28 para 39 repetições no teste de enrolamento repetitivo do tronco, e de 17 para 65 segundos, no teste estático de resistência das costas de Sorenson. Os autores concluíram que o método Pilates foi eficiente no aumento da força da musculatura abdominal e paravertebral, na flexibilidade da cadeia posterior e na melhora da dor lombar.

    KOLYNIAK, et al. (2004) avaliaram o efeito de 25 sessões do método Pilates sobre a função de extensores e flexores do tronco em 20 indivíduos (16 mulheres e 4 homens), durante 12 semanas. Os voluntários foram submetidos a um teste isocinético para avaliação da flexão e extensão do tronco no início e ao final do período de treinamento que avaliava o pico de torque, trabalho da melhor repetição (expresso em joule), potência e quantidade total de trabalho, bem como a relação entre os valores encontrados na flexão e extensão do tronco. Os resultados mostraram que a função dos extensores do tronco apresentou aumento em todos os parâmetros analisados e, com relação aos músculos flexores, foi detectado discreto aumento para o trabalho total. Os autores concluem que o método Pilates fortalece a musculatura extensora do tronco, atenuando o desequilíbrio entre a função dos músculos envolvidos na extensão e flexão do tronco. Esses resultados não foram encontrados no nosso estudo, embora tenhamos encontrado uma melhora de 5% para a força extensora do tronco, mensurada por um dinamômetro lombar. Talvez o pequeno número amostral e o uso de dinamômetro analógico tenham interferido no resultado.

    BERTOLLA et al. (2007) verificaram o efeito de um programa de Pilates sobre a flexibilidade em uma equipe de futsal da categoria juvenil (17-20 anos) e em um grupo controle. A flexibilidade foi avaliada através de um flexímetro e banco de Wells. O programa foi realizado em três sessões semanais de aproximadamente 25 minutos, durante quatro semanas. Os resultados mostraram que o protocolo empregado pelos pesquisadores conseguiu incrementar significativamente a flexibilidade dos atletas juvenis. AMORIM et al. (2011) avaliaram o efeito de um programa de treino Mat Pilates, com 11 semanas de duração, na força muscular e flexibilidade de 15 bailarinos, divididos em 2 grupos: experimental (n-7) e controle (n-8). A força muscular foi avaliada através do tempo de sustentação nos elementos técnicos penché e developpé. Para avaliar a flexibilidade foi medido o ângulo de amplitude entre os segmentos nos elementos técnicos arabesque, cambré e developpé em filmagens 2D. Os autores concluíram que o treinamento de Mat Pilates melhorou significativamente a força e a flexibilidade muscular dos bailarinos, afetando positivamente no desempenho da dança. Em nosso estudo, o aumento da flexibilidade da coluna foi de apenas 2% (Figura 8). Embora não tenhamos realizado tratamento estatístico inferencial, acreditamos que nosso resultado é contrário ao de outros estudos (BERTOLA et al., 2007; AMORIM, et al., 2011).

    Para reunir resultados preliminares à cerca dos benefícios da utilização do método Pilates no alinhamento postural, JÚNIOR et al. (2008) realizou um estudo clínico prospectivo. Participaram do estudo cinco indivíduos, com idades de 50 a 66 anos, realizando 36 aulas, com uma hora de duração cada, três vezes por semana. Um simetógrafo com fio de prumo foi utilizado para avaliação do alinhamento postural, onde foram descritas as distâncias reais, em centímetros, dos pontos de referência postural em relação ao fio de prumo, antes e depois da intervenção. A comparação entre a primeira e a segunda avaliação mostrou algumas mudanças no alinhamento postural de alguns idosos. Os autores observaram pequena melhora no alinhamento segmentar dos idosos com maior faixa etária e que nenhum dos idosos, obteve melhora em todos os segmentos. Apesar disso, os autores concluíram que o programa Pilates proposto teve efeito corretivo no alinhamento postural.

    SINZATO et al (2013) avaliaram os efeitos do método Mat Pilates no alinhamento postural e na flexibilidade articular de mulheres jovens e sadias (n=33), divididas em grupo Pilates e grupo controle. A avaliação da postura foi realizada pela fotogrametria, utilizando o software SAPO e a avaliação da flexibilidade pelo teste de sentar e alcançar, utilizando o Banco de Wells. Ambas as avaliações foram realizadas antes e após a intervenção, para ambos os grupos. Uma análise de variância (ANOVA 2x2) para medidas repetidas foi utilizada para verificar diferenças entre pré e pós-intervenção. O grupo Pilates apresentou um ganho significante (p=0,036) na flexibilidade, mas não apresentou diferença significativa na postura após a intervenção (p>0,05). Os autores concluíram que embora o Mat Pilates tenha gerado efeitos significantes na flexibilidade articular, vinte sessões parecem não terem sido suficientes para causar adaptações posturais. No presente estudo não foi observada melhora na postura corporal das adolescentes, como pode ser observado nas Figuras 9, 10 e 11, sendo um resultado semelhante ao de SINZATO et al. (2013) e contrario ao de JÚNIOR et al. (2008), que encontraram melhora no alinhamento postural dos idosos avaliados.

    Como limitação do presente estudo citamos, além da perda amostral, caracterizada pela desistência ao longo das aulas, o fato das participantes serem adolescentes com pouca vivência corporal, o que pode ter dificultado a compreensão da técnica e dos movimentos propostos. Ainda, a motivação pessoal das adolescentes pode também ter contribuído para a desistência e o não comprometimento com a qualidade da execução dos movimentos. Esse último fato pode explicar a pouca porcentagem de melhora nas variáveis flexibilidade e força, já bem documentadas como sendo variáveis que respondem positivamente ao Pilates. Em relação à postura corporal, acreditamos que o tempo da intervenção (30 aulas, num período de 3 meses) pode não ter sido suficiente para que alterações se concretizassem. Por fim, entendemos que os resultados obtidos nesse estudo são inconclusivos quanto aos efeitos do Pilates, sobretudo em relação à postura e flexibilidade. Assim, novos estudos abrangendo um número maior de adolescentes, com presença de um grupo controle e com um maior tempo de prática fazem-se necessários para fornecer maiores evidências.

Conclusão

    Os resultados demonstraram pequenas alterações para a resistência muscular localizada abdominal, a força lombar e a flexibilidade lombar, mais especificamente em torno de 30%, 5% e 2% respectivamente. No que diz respeito à postura corporal estática da coluna vertebral, os resultados não demonstraram qualquer alteração. Já na posição da pelve em relação ao fio de prumo, todas as adolescentes permaneceram na posição de antepulsão da pelve. Considerando que se trata de um estudo de caso, esses resultados não podem ser generalizados para outros casos, devendo apenas ser considerados como resultados preliminares, que não permitem inferências sobre o efeito do Mat Pilates na postura estática de adolescentes.

Referências

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