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Análise do consumo de macronutrientes de 

jogadores de futebol de um clube de Santos, SP

Análisis del consumo de macronutrientes de jugadores de fútbol de un club de Santos, SP

Analysis of the consumption of macronutrient soccer players from a club of Santos, SP

 

*Nutricionista, Doutora e Mestre em Nutrição Saúde Pública

pela Faculdade de Saúde Pública, USP

**Nutricionista pelo Centro Universitário Lusíada-UNILUS - Santos, SP

Especialidade em Obesidade Saúde e Emagrecimento pela UNIFESP – Santos, SP

(Brasil)

Tamara Eugenia Stulbach*

tamyst@ig.com.br

Márcia dos Santos Moraes**

marciadmoraes@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O futebol é um esporte que apresenta grande esforço físico, intensidade, exercícios intermitentes, qualidade do adversário e importância do jogo. Deseja-se saber as alterações metabólicas desses atletas e a conduta dietética para melhor desempenho. A preocupação com a nutrição dos jogadores deve ser a de oferecer uma alimentação equilibrada e variada, para atender as demandas e necessidades de carboidrato, proteína e lipídeos. O objetivo desse estudo foi de avaliar o consumo dos macronutrientes segundo a ADA (2000), feito através da obtenção de inquérito alimentar de três dias, com os valores da mediana. Os jogadores de futebol, em sua maioria, não chegaram a atender as recomendações de carboidrato (60-70%); em relação à proteína, a maior parte, encontrou-se dentro da recomendação (10-15%); já os lipídeos foram consumidos na dieta acima do recomendado (25-30%).

          Unitermos: Macronutrientes. Alimentação. Referência.

 

Abstract

          Football is a sport that has great physical effort, intensity, intermittent exercise, quality of opponent and importance of the game. Wants to know the metabolic changes of these athletes and dietary behavior for better performance. Concern about the nutrition of the players should be to provide a balanced and varied food to meet the demands and needs for carbohydrate, protein and lipids. The aim of this study was to evaluate the consumption of nutrients in the ADA (2000), done by obtaining a survey of food three days, with the median values. The soccer players, most of them, did not meet the recommendations for carbohydrate (60-70%) for protein, the majority, found himself in the recommendation (10-15%), while the lipids were consumed in the diet above the recommended (25 to 30%).

          Keywords: Macronutrients. Food. Reference.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 195, Agosto de 2014. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    O futebol é o esporte coletivo em que o atleta necessita de nutrientes necessários e aporte energético para garantir o desempenho durante treinos e jogos desgastantes.

    Com isso, há uma sustentabilidade nos treinos, nas refeições pré, durante e pós jogos, o que vem mostrar que é um trabalho a ser desenvolvido ao longo de toda uma temporada (LIMA; PERCEGO, nov./dez. 2001).

    O consumo alimentar insuficiente em termos de energia como macro e micronutrientes pode levar o organismo a situações de estresse, que prejudicam de forma importante o desempenho da atividade física como fadiga crônica, disfunções no sistema endócrino, maior susceptibilidade a doenças infecciosas, baixa imunidade, lesões musculoesqueléticas e articulares, perda de massa muscular e osteopenia. (VIEBIG; NACIF, 2007).

Metodologia

    Foram avaliados 15 jogadores de futebol do sexo masculino, da categoria profissional, do Litoral Futebol Clube. Os atletas tinham idade entre 18 e 25 anos.

    Para verificar a ingestão dietética, foi realizado um Inquérito Alimentar de três dias consecutivos nos treinamentos em períodos competitivos. Cada jogador foi entrevistado individualmente a fim de se avaliar a ingestão dietética durante o período referido, caracterizando assim seu consumo habitual. Segundo Cintra et al. (1997), este método de avaliação é válido, pois estima a ingestão habitual de nutrientes dos indivíduos, visto que apenas um único recordatório alimentar não é capaz de avaliar esta ingestão.

    A ingestão alimentar foi avaliada através do cálculo das dietas de cada atleta através do software Avanutri, dados estes computados posteriormente no programa Excel.

    Em relação aos valores de consumo dos micronutrientes -cálcio, ferro, zinco e vitamina C- encontrados nos três dias alimentares, foi elaborada a mediana, que é uma medida de tendência central, correspondente ao valor que divide a amostra ao meio, ou seja: metade dos elementos do conjunto de dados são menores ou iguais à mediana, enquanto que os restantes são superiores ou iguais. (WIKIPÉDIA, 2008).

    Conforme visto na literatura, não existem quantidades específicas acerca da ingestão de micronutrientes para jogadores de futebol, bem como para os demais atletas, portanto, foram usados como parâmetros de avaliação da ingestão dietética as atuais DRI's (2002) para cada nutriente, sendo que, ainda em relação ao consumo dos jogadores de futebol, foram calculados os percentuais de adequação mínimos e máximos (% 90 e 110, respectivamente), valores estes calculados para cada micronutriente, conforme a recomendação da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição-SBAN. (RIVEIRA; SOUZA, 2008).

Resultados e discussão

Gráfico I. Distribuição dos valores da mediana do consumo de Carboidrato pelos jogadores de futebol de um clube de Santos-SP

    O gráfico acima, representado em mediana, mostra que 74% dos atletas, não estão dentro da recomendação, ou seja, o consumo baixo de carboidrato, e apenas 26% está dentro da recomendação.

    Os resultados encontrados no presente estudo, não estão em consonância com os da literatura, portanto menos que a recomendação da ADA (2000). O consumo de CHO para atleta é de 60 a 70% sendo que o gráfico nos revela 26% estão com a ingestão adequada, isto nos mostra um desequilíbrio para a prática da modalidade.

    Este desequilíbrio foi determinante na ocorrência de baixos percentuais devido às refeições feitas em horários inapropriados e excesso de ingestão em calorias vazias.

    Quando se fala em atleta, deve-se então ter um aporte calórico maior para atender ao gasto energético imposto pelo treinamento.

    Sendo assim, a ingestão adequada de CHO, bem como a prescrição adequada de treinamento é essencial para o sucesso de uma equipe.

    Vale ressaltar que a grande maioria dos estudos que foi investigado, a ingestão de CHO, inclusive este, encontrou valores menores que da ADA. (GUERRA; BARROS NETO, TIRAPEGUI, dez. 2004).

    Comparando com outros artigos, verifica-se a preferência dos atletas pela proteína já que as demandas energéticas em treinamentos e em competições de nível profissional exigem que seus participantes ingiram uma dieta rica em CHO e adequada em energia e nutrientes reguladores, a depleção de glicogênio é observada após a partida de futebol.

    O futebol é um esporte que compreende exercícios aeróbicos e anaeróbicos com uma recuperação entre os períodos de exercícios de 15 minutos, sendo um jogo que a demanda de reservas de CHO quanto de líquidos.

    A fadiga durante o exercício está freqüentemente associada à depleção dos estoques de glicogênio e o tempo de exaustão está relacionado às concentrações iniciais de glicogênio muscular antes do exercício. (GUERRA; BARROS NETO, TIRAPEGUI, dez. 2004).

    Pode-se então dizer que a depleção do glicogênio pode limitar a habilidade de um jogador de futebol em manter um desempenho de alta intensidade, principalmente nos momentos finais do jogo.

    Como o gráfico apresenta inadequada ingestão de CHO, a taxa de ressíntese de glicogênio muscular é mais lenta.

    O consumo recomendado de CHO para a ressíntese é de 7 a 10 g/kg de peso corporal.

    O consumo de CHO é recomendado antes, durante e depois do exercício. Antes do exercício, fontes de CHO simples, só devem ser consumidos nos 5 minutos que antecedem as provas evitando assim possível quadro de hipoglicemia de rebote.Durante o exercício, o consumo de CHO poupa o glicogênio, adiando o aparecimento da fadiga e resulta em menores níveis circulante de citosinas pró inflamatórias. Após o exercício, o consumo de bebida carbonatada, é fundamental para acelerar a ressíntese do glicogênio muscular e hepático, especialmente em modalidades com maior intensidade, o metabolismo do CHO é mais elevado (CABRAL et al., nov/dez 2006).

    As restrições no consumo de CHO levarão a redução dos estoques de glicogênio, o que prejudicará a capacidade de trabalho, levando à fadiga.

Gráfico II. Distribuição dos valores da mediana do consumo de Lipídeos pelos jogadores de futebol de um clube de Santos-SP

    O resultado expresso em mediana neste gráfico mostra-se que pela recomendação da ADA (2000), os lipídios devem estar de 25-30%, sendo que 53% dos atletas consome acima desta recomendação.

    As dietas restritas em lipídios podem ocasionar hipovitaminoses e suas conseqüências envolvidas nos processos metabólicos. Por outro lado, o elevado consumo de lipídios pode significar um déficit na ingestão de CHO, o que pode representar menores quantidades de glicogênio e perda do desempenho. (VIEBIG; NACIF, 2007).

    A hiperingestão de lipídios não interfere significativamente ou negativo no perfil da composição corporal dos atletas, visto que o fato de o futebol ser um esporte de alta intensidade e que 40% da energia utilizada durante a partida, pode ser devido à oxidação de gorduras.

    O metabolismo da gordura contribui com cerca de 20% do fornecimento total de energia.

    Contrastando com outro artigo, revela que o consumo da quantidade elevada de consumo na dieta é um problema muito comum nas dietas de atletas, tornando mais difícil o consumo das quantidades preconizadas de CHO. Entretanto, uma redução muito severa no consumo de lipídios não é muito aconselhável, pois tal nutriente não só participa do metabolismo da produção de energia, como também no transporte de vitaminas lipossolúveis (ADEK) que são componentes das membranas celulares. (GUERRA; SOARES; BURINI, nov./dez. 2001).

    Os ácidos graxos poliinsaturados ômega 3 vêm crescendo com inúmeros pesquisadores, pelo seu papel em estimular o metabolismo lipídico e o turnover de lipoproteínas.

    Além disso, a maior ingestão de ômega 3 aumenta a concentração de ácidos graxos no plasma EPA e DHA, o que é importante na dinâmica imunológica do indivíduo e na proteção cardiovascular.

    Os resultados do presente estudo demonstraram que a suplementação de ácidos graxos ômega 3 é importante modulador do organismo para a atual população.

Gráfico III. Distribuição dos valores da mediana do consumo de Proteínas pelos jogadores de futebol de um clube de Santos-SP

    O gráfico acima, expresso em mediana, revela a preferência do atleta pela proteína, totalizando 74% segundo a recomendação da ADA (2000), que é de 10-15%.

    As necessidades protéicas de um atleta são maiores que as do indivíduo sedentário por causa de lesões induzidas pelos exercícios nas fibras musculares. A proteína contribui para o pool energético durante o repouso e o exercício, sendo que durante a atividade sua oxidação apresenta cerca de 5 a 10% do fornecimento total de energia.

    Assim, os aminoácidos servem como fonte auxiliar de combustível durante exercícios intensos e de longa duração, após sua oxidação são irreversivelmente perdidos.

    Caso não sejam repostos via alimentação, haverá comprometimento do processo normal de síntese protéica. Isso pode levar a perda da força muscular, diminuindo então o desempenho durante uma partida de futebol.

    Nos artigos consultados, observou-se o consumo elevado na recomendação da proteína. (GUERRA; SOARES; BURINI, nov./dez. 2001).

    Muitos atletas e praticantes de atividade física aumentam substancialmente sua ingestão protéica com a finalidade de aumentar a massa muscular, o que pode sobrecarregar o organismo. O excesso na ingestão de proteínas acima da necessidade diária pode implicar em um sobrecarga no organismo, pelo aumento das concentrações de uréia e também pelo déficit do fornecimento energético pelos nutrientes, exigindo elevação do consumo calórico pelo organismo. (VIEBIG; NACIF, 2007).

Considerações finais

    É importante ressaltar o papel da alimentação no desempenho de uma modalidade esportiva, principalmente o futebol, onde o consumo inadequado de CHO é fator limitante no desempenho durante os jogos.

    As evidências científicas publicadas sugerem que, em jogadores de futebol, a ingestão de carboidratos deve ser de no mínimo 60% do valor energético total (VET), de lipídeos até 30% do VET e de proteína de 10 a 15% do VET, segundo a ADA (2000). Desta forma, serão satisfeitas as necessidades nutricionais destes atletas e conseqüentemente o seu desempenho esportivo será otimizado.

Referências bibliográficas

  • CABRAL, C. A. C. et al. Diagnóstico do est. Nutricional dos atletas da equipe Olímpica Permanente de Levantamento de Peso do Comitê Olímpico Brasileiro (COB): Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 12, n.6, Niterói, nov./dez. 2006.

  • CINTRA et al. Métodos de Inquéritos Dietéticos. In: STULBACH, T. E. Apostila avaliação nutricional. Santos: [s.n], 2005. p. 3-9.

  • GUERRA, I. P. L. R; BARROS NETO, T.; TIRAPEGUI, J. Futebol: Uma revisão. In: Nutrire, ver. Soc. Bras. Alim. Nut., São Paulo, v. 28, p. 80-90, dez. 2004.

  • RIVERA, F. S. R.; SOUZA, E. M. T. de. Consumo alimentar de escolares em uma escola rural. Acesso em: 24/09/2008. Disponível em: http://64.233.169.104/search?q=cache:vY8fBFqRlt8J:www.fepecs.edu.br/revista/artigos2_2006/Artigo4.pdf+%25+de+adequa%C3%A7%C3%A3o+de+micronutrientes+segundo+a+OMS&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=7&gl=br

  • VIEBIG, R. F.; NACIF, M. de A. L.. Nutrição aplicada à atividade física e ao esporte. Nutrição e atividade física. In: Silva, S. M. C. S. da; MURA, J. D. P.. Tratado de Alimentação, Nutrição e Dietoterapia. São Paulo: Roca, 2007. Cap. 16, p. 224-226.

  • WIKIPÉDIA. Mediana (estatística). Acesso em: 29/09/2008. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mediana_(estat%C3%ADstica).

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