Estudo dos efeitos da sobrecarga entre as etapas
de um programa de reabilitação cardíaca
Jônatas de França Barros, Paulo Tadeu Romagna Cavalheiro, Candido Simões Pires Neto e Aluisio Otavio Vargas Avila

Lecturas: Educación Física y Deportes | http://www.efdeportes.com/
revista digital | Buenos Aires | Año 5 - N° 19 - Marzo 2000

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     Poucos programas de pesquisas testaram os efeitos da atividade física na flexibilidade de adultos mais velhos Champman, De Vries e Swezey apud EVERETT (1986) estudaram a rigidez das juntas em 20 adultos e 20 jovens, que após um programa de treinamento de 6 semanas ambos os grupos mostraram a mesma quantia de melhora. Lesser apud EVERETT (1986) estudou os indivíduos de idade madura que exercitaram durante 10 semanas, encontrando uma melhora significativa na flexibilidade em dois terços dos locais medidos. Munns apud EVERETT (1986) ao trabalhar com 40 indivíduos maduros, 20 deles serviram de controle durante semanas, verificou-se que o grupo de exercício melhorou em todos os locais (pescoço, ombro, joelho, quadril e tornozelo de 8 a 48%).

     Com referência à flexibilidade, observa-se que são poucos pesquisadores que atuam neste campo de conhecimento, representando uma importante qualidade física de base, em que o professor de educação física, ao ministrar suas aulas, insere esta qualidade física nos movimentos básicos de uma aula.

     Nesta variável em estudo, observamos que é importante detectar uma melhora na condição física em relação à mobilidade articular para que os pacientes possam movimentar o seu corpo numa forma livre e, assim, alcançar movimentos desejados no seu cotidiano. Salienta que, os exercícios elaborados metodológicamente, através de módulos (aquecimento) e a atividade (caminhada) possibilitam um aumento dos índices de flexibilidade dos pacientes, em que através de testes já submetidos em determinadas regiões do corpo, caracterizando esta flexibilidade variável como um dos principais objetivos nesta pesquisa e para averiguar que houve resultados signifitivos do pré e pós-teste.

     Nos movimentos da posição em pé, segundo afirmativas de SCOTT & FRENCH (1959), atinge-se valores maiores nos índices de flexibilidade por causa da força da gravidade. CORBIN & NOBLE (1980) aconselham para que o músculo permaneça em extensão no mínimo seis segundos. VIANA (1982) mostra que a influência do peso, da altura e do tamanho corporal são determinantes nos índices de flexibilidade articular.

     Quando abordamos a flexibilidade sob o aspecto biomecânico FISK & BAIGENT (1981) concluiram que a rigidez dos tendões pela limitação das articulações do quadril com os joelhos estendidos pode aumentar a tensão na coluna vertebral. Os autores afirmam que para poder favorecer a elevação dos níveis de flexibilidade recomendam-se os mesmos movimentos, porém, com os joelhos flexionados.

     KATCH & McARDLE (1990) comentam que a flexibilidade, do tecido conjuntivo (cartilagem, ligamentos e tendões), se torna mais rígido com a idade e reduz a flexibilidade das articulações. Entretanto, o que ainda não está certo é até onde a idade biológica, por si própria, causa estas alterações ou se a vida sedentária e as alterações degenerativas, que atingem os tecidos comprometem as articulações. Sabe-se com certeza que os exercícios adequados aqueles que movem as articulações em todo o seu âmbito de ação podem aumentar em 20% a 50% a flexibilidade de homens e mulheres de todas as idades.


Resultados e Análise dos Valores Antropométricos
     Pode-se verificar que houve nos pacientes coronarianos, conforme a Tabela 4, alterações significativas p < 0,05 nas dobras cutâneas tricipital e subescapular. A dobra bicipital diminui em 0,4mm, ou seja, 6,25%. A dobra tricipital diminiu em 2,7mm, ou seja, 22,7%. Já na dobra subescapular, verificou-se uma redução de um decréscimo de 2,6mm ou seja, 12,1%. Na dobra supra-ilíaca houve um decréscimo de 1.6mm, ou seja, 12%. Quanto ao somatório das 4 (quatro) dobras cutâneas houve uma diminuição dos valores de 57,3mm para 50,0mm, equivalendo a um decréscimo de 7,3 mm, ou seja, 14,3%.

Tabela 4 - Resultados médios dos valores antropometricos em coronarianos (n=11)
Variáveis
Pré-testes
Pós-testes
 
 
 
x
s
x
s
T
p
Diferença %
Peso Corporal
77,2
8,3
77,45
8,6
-36
.724
0,3
D. Bicipital (mm)
6,8
2,5
6,4
2,1
1.34
.208
6,3
D. Tricipital (mm)
11,9
3,7
9,2
2,1
0,175
.017
22,7
D. Subescapular (mm)
24,1
4,6
21,5
4
0,14375
.017
12,1
D. Supra-ilíaca (mm)
14,5
4,2
12,9
5
1.34
.211
12
Soma das 4DC (mm)
57,3
12,1
50,1
11,3
4.49
.002
14,3
p < 0,05

     BROZEK & KINSEY (1960) estudaram a influência da idade na compressibilidade significante em dobras cutâneas tricipital, subescapular e somatório das 4 (quatro) dobras, ou seja, apenas duas diferencas estatísticamente significativas. Este acréscimc com a idade pode ocorrer devido à diminuição na quantidade de água do tecido subcutâneo.

     A avaliação da espessura de dobras cutâneas tem demonstrado ser uma excelente opção na determinação da gordura corporal de um indivíduo. FORBES (1962) comenta que, muito embora, a proporção exata que não seja bem definida, ela é um dos principais depósitos de gordura no corpo humano, estando localizada subcutâneamente. SKERLJ, BROZEK & HUNT(1953) realizaram um estudo comparativo em indivíduos adultos e observaram que os homens acumulam a maior quantidade de gordura na região subescapular e abdominal.


Resultados e Análise dos Valores da Composição Corporal
     Pode-se verificar que, nos pacientes coronarianos, conforme a Tabela 5, mostrou as alterações significativas, p < 0,03, nas variáveis densidade e gordura corporal relativa. A densidade corporal aumentou de 1,035 gm/cc para 1,039 gm/cc, apresentando um aumento de 0,0044 gm/cc, ou seja, 0,38%. A gordura corporal relativa diminui de 28,22% para 26,05%, observando-se uma redução de 2,17gm/cc, ou seja, 8,3%.

Tabela 5 - Resultados médios da composição corporal dos coronarianos (n=11)
Variáveis
Pré-testes
Pós-testes
 
 
 
x
s
x
s
T
p
Diferença %
D. Corporal (gm/cc)
1.035
.007
1.039
.007
-3.96
.003
0,38
G. Corporal Relativa (%)
28,22
3.12
26,06
3.28
3,98
.003
8,3
p < 0,05

     No presente estudo, através da Tabela 5, procurou-se apresentar os resultados do tratamento estatístico, envolvendo valores de densidade corporal obtidos do sexo masculino, além da quantidade de gordura corporal calculada através da equação proposta por SIRI (1961) e com base nos próprios valores de densidade corporal. No peso corporal houve um aumento pouco expressivo, mas devemos levar em conta que não ocorreu ganho de gordura total e, sim, um aumento da massa muscular magra. Entende-se, então, que houve uma diminuição da gordura corporal.

     Nesta análise, utilizamos um dos métodos indiretos de maior validade para avaliação da quantidade de gordura corporal total, envolvendo a determinação da densidade corporal através da equação de DURNIN & WOMERSLEY (1974). Embora este procedimento seja relativamente simples, seu uso requer apenas atenção no cálculo da referida equação D= c - m x log 4 (quatro) dobras. É interessante observar que DURNIN & WOMERSLEY (1974) procuraram determinar com que grau de prescrição as equações de regressão podem ser propostas em indivíduos de diferentes idades. Os autores utilizaram uma amostra sub-dividida em cinco grupos etários dos 16 a 72 anos de idade, sendo empregada as medidas de espessuras das dobras cutâneas, bicipital, tricipital, subescapular e supra-ilíaca com variáveis independentes.

     Nos estudos de YOUNG, MARTIN, CHIHAN, McCARTHY, MANNIELLO, HARHUTH e FRYER (1961) foram encontradas variações de 25% a 29% na quantidade de gordura, mas ao utilizar diferentes equações observou-se valores médios de 27,20% da gordura corporal relativa no presente estudo.

     Segundo KATCH & McARDLE (1990), a gordura representa em torno de 15 a 27% do peso total. E para homens idosos a gordura média será de cerca de 25% e, consequentemente, o valor a 30%, podendo se afirmar que a amostra deste estudo está dentro dos padrões normais de gordura corporal.

     Por outro lado, citando a equação de SIRI (1961), em que ele fornece resultados de 6 a 7% maiores do que a de KEYS & BROZEK (1953) em relação à quantidade de gordura corporal. Entretanto, McARDLE, KATCH E KATCH (1985), afirmam que a diferença básica entre as equações propostas por SIRI e BROZEK é, geralmente, menor do que por volta de 1%, dentro de um índice de gordura corporal de 4 a 30%.

     Na avaliação da gordura corporal, LOHMAN (1981) conclui que a precisão com que a densidade corporal é predita através de variáveis antropométricas, num índice em torno de .0098gm/cc, o que corresponde, aproximadamente a 4% de gordura corporal. Segundo a equação de SIRI (1961), em outra pesquisa mostram um índice entre 3,5 e 3,9% (JACKSON E POLLOCK, 1982).

     LESMES et al. (1983) examinaram um maratonista de 78 anos de idade que possuia somente 7,8% de gordura corporal e um consumo máximo de oxigênio de 48ml/kg.min, isto é, superior a capacidade aeróbica máxima de 80% dos indivíduos entre 25 a 35 anos de idade.

     Diversos fatores géneticos e comportamentais são determinantes na composição corporal, sendo que o equilíbrio calórico é fundamental, porque é resultante da ingestão calórica e do gasto calórico. Perde-se peso corporal quando o gasto calórico excede a ingestão calórica e se ganha peso quando o oposto acontece (COLÉGIO AMERICANO DE MEDICINA ESPORTIVA, 1987).

     POLLOCK et al. (1986), afirmam que, o exercício, quando usado como meio de um programa de atividade física, é o mais importante a ser considerado nas metas do programa. Alterações substanciais ocorrem na composição corporal conseqüente ao treinamento físico. POLLOCK et al. (1986) ainda sugerem que em programas de 3 meses de duração ou mais, são verificadas as perdas na gordura corporal, que são acompanhadas por ganhos aparetemente iguais no peso da massa magra.

Conclusão
     Dentro das limitações inerentes a este tipo de estudo, conclui-se que:

  1. Houve melhora significativa do condicionamento físico em conseqüência da aplicação de sobrecarga entre as etapas do programa, obedecendo os critérios experimentados de intensidade, duração e freqüência;

  2. Havendo aumento da tolerância ao exercício físico observado, através do tempo de exercício no ergômetro, sem variação significativa da pressão arterial sistólica de esforço e da freqüência cardíaca de esforço, concluimos, então, que um mesmo gasto energético cardíaco, que é dado por estas duas últimas variáveis, permitiu maior atividade física;

  3. Em geral houve uma melhoria na amplitude máxima de cada movimento realizado com uma melhor performance articular e mascular;

  4. Os pacientes obtiveram uma diminuição significativa e considerável nas espessuras das dobras cutâneas e no somatório das 4(quatro) dobras cutâneas, como também na gordura corporal relativa.

     Finalmente, podemos considerar que este programa de reabilitação cardíaca propiciou uma melhoria significativa na aptidão física dos pacientes, proporcionando uma condução de qualidade de vida do ponto de vista da saúde.


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