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História da Dança de Salão no Brasil: Curitiba e Paraná do século XIX

Historia del Baile de Salón en Brasil: Curitiba y Paraná en el siglo XIX

 

Mestre em Ciências Biológicas, UFPR

Especialista em Educação, IBPEX

Licenciada em Ciências Biológicas, UFPR

Museu de História Natural Capão da Imbuia, Curitiba, Paraná

Maristela Zamoner

maristela.zamoner@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O estudo foi procedido em periódicos do século XIX produzidos no Paraná, objetivando reconhecer características da prática de Danças de Baile na sociedade paranaense desta época. Foram analisados todos os periódicos produzidos no Paraná do século XIX e disponibilizados pela Hemeroteca Digital Brasileira até outubro de 2013, totalizando 44 deles, que cobrem o intervalo de 1842 a 1900. Conclui-se que a dança nesta sociedade do século XIX, fortemente influenciada pela imigração de origem alemã e provavelmente trazida da Europa por ela, foi uma atividade importante: sociedades de dança promoviam bailes; colégios ofertaram aulas de dança como parte da educação formal; a dança estava presente na literatura oferecida pelos periódicos; partituras de música para dança e acessórios femininos para bailes foram anunciados a venda; alguns espetáculos tiveram a dança em seu escopo. Foi reconhecido o nome de origem alemã, Ernesto Schimidt como professor de dança atuante no intervalo pesquisado, que também ofertou aulas de música, desenho e alemão. A Valsa, primeira Dança de Salão, foi a dança com maior ocorrência entre as Danças de Baile verificadas nesta pesquisa. Destacou-se neste contexto a presença marcante do Museu Paranaense, não só como ponto de disseminação de conhecimento, acervo científico e de curiosidades como também local de encontros políticos, econômicos e sociais, destacando-se, por fim, a ocorrência de muitos bailes em seus salões, inclusive o que fora oferecido ao imperador no ano de 1880.

          Unitermos: Dança de Salão. Curitiba. Paraná. História. Século XIX.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 188, Enero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A Dança de Salão se estabeleceu entre as Danças de Baile de forma mais relevante durante o século XIX (Zamoner, 2013a). Assim, o entendimento sobre as Danças de Baile do século XIX, ao longo do território brasileiro, é relevante como fundamento necessário para o conhecimento sistematizado da História da Dança de Salão no Brasil.

    A literatura já produzida, que aborda a Dança de Salão no Paraná, não disponibiliza muitas informações sobre o século XIX.

    Pastre (2005) discorre sobre o lazer na formação da sociedade curitibana, informando sobre uma vida cultural intensa na cidade que cultivava hábitos relacionados a música, ao teatro e a dança. Para o autor, existiam vários ambientes destinados a estes fins, como teatros, parques, clubes e sociedades. Ao final do século havia ainda o cinematógrafo, exibido inicialmente nos teatros. Cita o autor ainda, que as bandas militares eram uma diversão vespertina e a dança é registrada como uma “animação sadia” nas noites dos salões, como os cafés-concerto, a exemplo do Parisiense e Tigre Royal. Os piqueniques em parques das cervejarias, no Jardim Botânico e no Passeio Público, foram citados também como diversão familiar dos finais de semana. O autor destaca enfaticamente que o lazer curitibano tinha de forma privilegiada a existência dos clubes, que, segundo o autor, eram criados até em função da tendência a formação de associações, característica da imigração alemã.

    Para Vechia (2002) os imigrantes que se estabeleceram em Curitiba procuraram recriar suas tradições na nova terra, transmitindo as gerações seguintes seu modo de vida. Conforme a autora, suas instituições desempenharam o papel de participação na formação de seus membros, transmitindo e preservando traços culturais do local de origem. Neste cenário descrito pela autora, os bailes ocupavam “lugar preponderante entre os alemães”. Também havia alguma tendência a adotar aspectos do modelo cultural seguido pela corte. A autora cita que as sociedades alemãs que tiveram sua fundação no século XIX, em Curitiba, desempenharam um papel destacado como transmissoras e preservadoras da herança cultural da etnia alemã.

    Freitas (2009) registra que a imigração alemã, polonesa e italiana foi intensa no século XIX, sendo que a economia do Paraná baseava-se na pecuária, produção de erva mate e café. Para a autora, a partir de 1853 houve uma dinamização da cidade de Curitiba, escolhida como sede da Província, intensificando-se a vida social com a fundação de sociedades para bailes, saraus e de um primeiro teatro em 1855. Segue a autora informando que entre as manifestações culturais estava a dança pela prática de valsas, xotes, batuques e fandangos.

    Zamoner (2013b) mostra que documentos produzidos no século XIX, como jornais, revistas, livros e outros, disponibilizados em meio digital, permitem que sociedades de diferentes épocas e localidades sejam conhecidas tendo suas características identificadas, a exemplo das práticas de Danças de Baile.

    Durante o século XIX houve produção de periódicos, no Paraná, que têm sido disponibilizados para consulta eletrônica pela Hemeroteca Digital Brasileira. Segundo Mizuta (2012), o primeiro periódico a circular na Província do Paraná foi o jornal “O Dezenove de Dezembro”, assim nomeado em virtude da data em que a Província foi levada a termo, deixando de ser comarca de São Paulo. Informa a autora que no ano de 1853 a Lei número 704 de 29 de agosto foi sancionada determinando a criação da Província de forma oficial e em 19 de dezembro do mesmo ano chega, para instalar e organizar a Província, Zacarias de Goes e Vasconcelos, primeiro presidente. Conforme a autora, a circulação deste jornal iniciou-se em abril de 1854.

    O objetivo desta pesquisa é reconhecer características das Danças de Baile na sociedade paranaense do século XIX através do estudo de periódicos complementado por outras fontes.

Metodologia

    Os periódicos que compuseram este estudo foram elencados com base na busca filtrada por “Paraná” no acervo da Hemeroteca Digital Brasileira do século XIX. Os periódicos obtidos foram tabelados com os dados do intervalo de anos em que foram produzidos.

    Os periódicos obtidos foram acessados em sua totalidade, procedendo-se a busca pelos unitermos “dança” e “dansa” em todas as suas edições. A partir dos acessos os totais de suas ocorrências e suas naturezas foram registrados. De forma complementar, e em virtude das observações possíveis a partir de alguns resultados, os periódicos com maiores quantitativos de ocorrências foram pesquisados também com os unitermos “baile”, “museu”, “museo”, “muzeu” e “muzeo”.

    Parte dos documentos consultados não estavam em condição de leitura, as impressões encontravam-se apagadas, borradas ou mesmo mutiladas. Alguns periódicos estavam incompletos, faltando edições ou danificados. A busca por unitermos apresentou poucas falhas, trazendo palavras semelhantes à buscada ou não identificando sua presença, portanto, pode haver outras ocorrências do unitermo de busca além do que foi possível obter por este método. Mesmo diante destas constatações, o objetivo da pesquisa não foi inviabilizado.

    O primeiro jornal da província foi “O Dezenove de Dezembro”, que começou a ser publicado em 1854 e sua última publicação ocorreu em 1890 (Mizuta, 2012). A Hemeroteca Digital Brasileira disponibiliza números do ano de 1854 e coletâneas isoladas digitalizadas dos anos de 1856 e 1857 são encontradas em diferentes fontes. Entretanto, todos os outros anos não estão disponíveis para consulta eletrônica, inviabilizando a cobertura destes períodos pela metodologia proposta neste trabalho. Desta forma, atualizações posteriores serão necessárias quanto a este periódico.

Resultados

    Foram encontrados 44 periódicos paranaenses produzidos no século XIX, cobrindo o intervalo de tempo entre 1842 e 1900. O Quadro 01 apresenta estes resultados.

Quadro 01. Periódicos que compuseram a pesquisa, intervalos de publicações e quantitativos totais de ocorrências dos unitermos de busca

 

Periódico

Intervalo de publicações

Ocorrências dos unitermos de busca “dança” e “dansa”

1

A Arte

1888-1895

3

2

A Galeria Allustrada

1888-1889

6

3

A Idea

1888-1889

5

4

A Luta

1886-1887

0

5

A Opinião

1886-1887

0

6

A Penna

1897

0

7

A Republica: orgam do Club Republicano

1888-1900

187

8

A Semana

1893

0

9

A Tribuna: Folha imparcial e destinada a defesa dos interesses geraes do povo paranaense

1895-1896

3

10

A Vida Litteraria

1887

0

11

Almanach do Paraná

1896-1900

2

12

Azul

1900

0

13

Breviario: revista de arte

1900

0

14

Club Curitybano

1890-1896

462

15

Correio Municipal

1895-1896

0

16

Deutshe Beitung

1895-1897

0

17

Diário do Commercio

1891-1894

64

18

Diario do Parana: orgao dos interesses do estado em geral e do commercio em particular

1897

4

19

Esphynge

1899-1900

1

20

Gazeta Paranaense: orgam do Partido Conservador

1882-1889

80

21

Imprensa Livre

1867

0

22

Iris Paranaense

1873

2

23

Jerusalem

1898-1900

6

24

O Cenaculo

1895-1897

34

25

O Dezenove de Dezembro

1854-1857

34

26

O Diabo Azul

1878

1

27

O Esfola-Gato

1866

0

28

O Futuro

1842

0

29

O Guarany

1891

0

30

O Jasmim

1857

29

31

O Mascarado

1861

0

32

O Mosqueteiro

1887

1

33

O Municipio

1897-1898

36

34

O Paranaense

1877-1882

70

35

O Pelicano: orgam de propaganda da maçonaria no Estado do Parana

1897

0

36

O Pharol: orgam litterario e scientifico

1898-1899

0

37

O Santelmo

1888

0

38

O Sapo

1898-1900

9

39

O Trovão

1888

0

40

Pallium: revista de arte

1898-1900

4

41

Provincia do Parana: orgam democratico, dedicado aos interesses da provincia

1876-1884

11

42

Relatorios dos Presidentes dos Estados Brasileiros

1892-1900

0

43

Revista Azul

1893

1

44

Revista do Parana: publicacao hebdomadaria

1887

1

Fonte: documentos produzidos no século XIX no Paraná, disponibilizados até outubro de 2013, como parte do acervo de periódicos da Hemeroteca Digital Brasileira.

    As buscas nos periódicos trouxeram 1056 apontamentos dos unitermos “dança” e “dansa”. Todos foram analisados quanto ao contexto em que estavam inseridos. Dentre eles, 51 corresponderam a palavras semelhantes aos unitermos de busca.

    Ao longo desta pesquisa foi identificado um nome de professor de dança, “Ernesto Schimidt”, que em 1890 publicou quatro anúncios no periódico “A República”, oferecendo-se para ensinar também piano, canto, desenho e alemão. Forneceu como endereço a Rua General Deodoro, número 8, em frente a “fotografia”. Entende-se que outros professores deveriam existir, considerando que as atividades de dança foram intensamente citadas, várias sociedades voltadas para os bailes existiam e colégios ofereciam aulas de dança.

Danças

    A pesquisa revelou que a dança cujo nome mais apareceu durante a leitura dos textos em que os unitermos de busca foram encontrados foi a Valsa. Seguindo-se à ela constataram-se Quadrilha, Polca, Fandango e Contradança. Outras danças também foram constatadas com menores quantitativos de ocorrências: Cotilon, Mazurca, Schottish, Samba, Maxixe, Habanera, Lanceiros, Batuque, Minuete, Miudinho e Pas de quatre.

    Freitas (2009) aborda, chamando de “contraponto aos bailes” da sociedade curitibana, as restrições as danças locais na legislação, citando “Posturas Municipais de Curitiba”, de setembro de 1829, no sentido de controlar a prática de “batuques”, sob a justificativa de tratar-se de uma corrupção dos costumes, favorecendo a promiscuidade de escravos e libertos. Conforme o documento citado pela autora, a prática de batuque se descontrolava e, sem autorização do Juiz de Paz, os envolvidos estavam sujeitos à prisão, sendo que a permissão não seria dada a “ajuntamentos” de escravos de ambos os sexos ou com filhos sem permissão de seus responsáveis. A autora complementa informando que jornais publicados quase 25 anos após este documento ainda registravam oficialmente, na forma de decretos do ano de 1854, que os batuques ou fandangos eram proibidos sem licença de autoridade policial, estando sujeitos, os infratores, à prisão e multa.

    Ellmerich (1987) configura o “batuque” como um nome usado para dança originada na Angola e no Congo, praticada ao som de instrumentos de percussão. O autor registra como dança sensual do interior de São Paulo, de terreiro. Ao descrever a dança o autor informa que junto aos instrumentos musicais dispostos ao chão, formava-se uma fileira de homens que distava 10 a 15 metros da fileira de mulheres. A dança ocorreria por alternância de pares e umbigadas, entre as quais “o batuqueiro meneia o corpo, ajoelha-se, sempre dentro do ritmo marcado pelo tambu”. Conforme o mesmo autor, o samba “provém do batuque angola-congolês”. É pertinente registrar que, segundo Wachowicz (1967), o primeiro recenseamento (em regime republicano), datado de 1890 indicava uma população de 294.491 habitantes no Paraná, e deste total, apenas 5,17% era constituído de negros, segundo o autor, um dos menores percentuais brasileiros. E mesmo assim, a prática do batuque no Paraná foi forte ao ponto de resultar em legislações proibitivas que abrangeram o intervalo de décadas.

    Freitas (2009) registra que “fandango”, nesta época, era um tipo de festa inicialmente rural, propícia para encontros, namoros e desordens que resultavam em registros criminais, levando a proibições exigidas pela elite da sociedade. A autora também reconhece tratar-se de uma dança específica com sapateado intenso (cavalheiros) e uso de tamancos de madeira, acompanhamento por castanholas (damas) e freqüentemente executada entre intervalos de canto, assumindo movimentos de valsa, polca e mazurca. Outras nomenclaturas reconhecidas para o mesmo tipo de dança são: “tirana, tatu, sabão, cerra-baile, chimarrita, anu, Chico”. A origem do fandango é controversa, havendo adeptos da hipótese de surgimento na península ibérica (Leandro, 2007), na América, tendo chegado à Europa no início do século XVII (Pereira, 2004), portuguesa (Coelho et al, 2009) e resultante da mistura de várias danças criadas por caboclos (Roderjan, 1969). Freitas (2009) afirma que o fandango foi praticado em muitas partes do Brasil, incluindo o litoral paranaense aonde chegara com imigrantes portugueses.

    Textos abordando as danças de forma mais específica destacaram-se nesta pesquisa por seus conteúdos. Alguns deles são abordados brevemente na seqüência.

    O periódico “Gazeta Paranaense” do ano de 1887, edição 195, apresenta uma nota sobre o centenário da Valsa, informando:

    Um escriptor allemão descobriu que ha agora cem annos que foi composta a primeira valsa. Em 1778 um compositor hespanhol Vicente Martin, fez representar em Viena uma nova opera contendo uma dança de novo genero, que não tardou a ser adoptada em todas as salas.

    Um periódico do Clube Curitibano, de 1894, também dedica um texto a esta dança, intitulado “A Valsa”. Neste texto discorre-se sobre a dança destacando-se trechos como:

    Quem ha por ahi, moço ou velho, apaixonado ou descrente que não tenha experimentado já as doces emoções, e não sinta ainda os resabios de uma valsa que dançou? [...]

    Valsar é desferir, enlaçado a um anjo um vôo ao céo; é trocar magoas, dores e queixumes por um momento feliz de mil delicias; é fundir dois corações n’um só affecto, de duas vidas – gerar um Paraíso.

    No periódico “A República”, do ano de 1894, edição 66, há uma pequena nota informando que em Madrid há uma nova dança causando furor, chamada “O passo a quatro”, que seria realizada com quatro passos de minuete e quatro voltas de valsa, como consta na nota, é interpretada como “O passado e o presente enlaçando-se”.

    Sopesando o conservadorismo da cultura imigrante alemã e seus esforços para recriar no novo território os hábitos e costumes da terra de origem, considera-se como provável que as Danças de Baile tenham chegado a localidade de Curitiba com estes imigrantes, vindas diretamente da Europa. É pertinente agregar a esta análise que a primeira Dança de Salão, a Valsa, tem suas hipóteses de surgimento apontando como local de origem as imediações da Alemanha e Áustria (Zamoner, 2013c).

Dança no ensino formal

    Anúncios de instituições de educação formal ofereceram aulas de dança aos seus alunos como parte integrante da educação ofertada no Paraná do século XIX. A listagem dos colégios identificados na pesquisa oferecendo estas aulas pode ser observada no Quadro 02.

Quadro 02. Colégios que funcionaram no século XIX ofertando aulas de dança no ensino formal no 

Paraná, seguidos por intervalo de tempo em que as ofertas foram constatadas e periódico de ocorrência

Instituição

Anos das publicações de anúncios

Periódico

Collegio São José

1882-1895

A Republica

Collegio Curitybano

1884

Gazeta Paranaense

Atheneo Paranaense

1888

Gazeta Paranaense

Collegio Costa Pereira

1895

Gazeta Paranaense

Collegio Nossa Senhora da Luz

1875-1877

Província do Paraná

Fonte: dados de todas as edições de 44 títulos de documentos produzidos no Paraná do século XIX, 

disponibilizados até outubro de 2013, como parte do acervo de periódicos da Hemeroteca Digital Brasileira.

    O periódico “Província do Paraná”, do ano de 1877 apresenta um anúncio do “Collegio N. S. da Luz” em que são listadas as matérias ministradas. Neste anúncio “Musica e dança” são citadas juntas como se compusessem uma única disciplina, revelando que a dança era vista, neste momento, como uma arte. Em uma das divulgações do Collegio Curitybano (Gazeta Paranaense, 1884, edição 308), encontra-se que a dança e a ginástica serão lecionadas alternadamente. O mesmo texto refere-se ao ensino de canto como uma disciplina isolada. Este registro revela que neste período havia um olhar sobre a dança mais relacionado à atividade física do que à Arte. Talvez, a concepção de dança migrou, ao longo do século, do âmbito artístico para o da atividade física, o que pode ser constatado também no Rio de Janeiro (Zamoner 2013d).

Artigos e literatura

    No decorrer da pesquisa foram encontrados muitos textos de literatura e artigos referindo-se a dança. Na seqüência alguns destes textos são comentados conforme a natureza de seus conteúdos

Dança e costumes

    No ano de 1879, para exemplificar, o periódico “O Paranaense”, edição 82 traz uma poesia que permite a percepção da dança nesta sociedade:

DESAPONTAMENTO

EM UM BAILE

Emquanto os pares vão,

suados delirantes,

em posições brilhantes

girando no salão.

Da filha d’um barão

eu longe dos dansantes,

com phrases retumbantes

disputo o coração.

Mas... que frieza aquella !...

eu, a falar e ella,

-ingrata – a ouvir calada !

Depois – momento atroz !

se afasta e, a meia voz,

murmura: - eu sou casada !

SERVE-LHE ?

    No ano de 1879 o periódico “O Paranaense” publica um artigo, na edição 85, intitulado “O Baile”, descrevendo um evento dançante que ocorrera na Sociedade Recreativa Familiar em que haviam pelo menos quarenta pares dançando no salão que para o autor, “José do O”, era muito espaçoso. O artigo refere-se ao costume de se eleger uma Rainha a cada baile e que foi servido café às 22h. O autor tece algumas críticas a outros eventos e ironiza um convite que recebera, onde estaria escrito “Convido-o para pular em minha casa”, registrando temer frases ambíguas criticando um afilhado de um conselheiro ao dizer que deveria fazer “jus a gorda propina da assembléia provincial” que receberia do padrinho, e afirmando que deveria cuidar de aperfeiçoar “a letra”.

    A “Gazeta Paranaense” de 1887, edição 244, publica um texto sob o chamado “Folhetim”, intitulado “As moças (nos bailes)” em que registram-se trechos reveladores da natureza dos bailes:

    Por entre alas de rapazes desejosos de um bom para para walsa, o bello sexo passa magestoso de belleza. [...]

    Nos bailes, dão-se, entre as moças e os rapazes, scenas interessantes, e o principal motôr disto é a dança.

    Em 1898 um artigo do periódico “O Município” traz uma crítica às mulheres que freqüentam bailes, destacando-se o trecho:

    Uma mulher no momento em que amammentar seu filho póde sonhar com Platão e meditar com Descartes; nem por isso perderá a serenidade do espirito ou correrá o risco de se alterar a pureza do leite: mas a mulher que se enfeita, perde as noutes, dança, irrita-se envolvida na intriga das salas, perderá o viço do seio e seu filho sofrera

    Qual é o motivo que instiga os homens a condemnarem tão severamente a mulher philosopha ao mesmo tempo que acolhem com tanta indulgencia a coquete?

    No ano de 1898 o periódico “O Municipio” apresenta um artigo intitulado “Clubs infantis” em que o autor, Felippe de Nery, tece críticas a participação de menores em clubes dançantes de Curitiba. Registra o autor que a capital curitibana é um dos lugares em que mais se dança, indicando que seu povo vive feliz e alegre, o que o autor, curitibano, admite ser lisonjeiro. Entretanto, registra discordar da fundação de clubes para “crianças de todas as idades e de ambos os sexos”. Diz o autor que em seu tempo, até os 18 anos se obedecia aos pais e mestres, e no momento da publicação do texto, os pais estariam obedecendo aos filhos. Para o autor estas distrações são prejudiciais “em todos os sentidos da educação moral e phisica das creanças”. Entende o autor que os recreios das escolas, sob o olhar dos mestres, e as distrações que os pais proporcionam em casa, são mais vantagem educacional para a criança.

    O periódico “O Município”, do final de 1898 traz um longo artigo intitulado “Excavações historicas de Arte e de Literatura, danças e bailados”, dividido em três partes. O artigo discorre sobre danças teatrais e de bailes, finalizando com o trecho que segue:

    Em Corityba, nesta gentil e graciosa cidade do Sul a vida da familia, isso é, a dança da familia está quasi totalmente annulada pelas festas dos Clubs.

    E dança-se muito no Paraná!

    Até nesta pequenina villa do Imbituva, aqui a beira do sertão, onde faço o anachoretismo de minha velhice, ha varias associações e casas de dança, e todos dançam com infatigável frequencia, a proposito de tudo e até sem proposito algum. Dança-se ao toque da banda, ao toque do realejo, aos folles da gaita, aos gemidos da viola, não tardando muito que se danse ao sopro do pente !...

    Entretanto a dança é tambem de funestas consequencias !...

    Imbituva, 26 de setembro de 1898.

    Dr. J. J. de Carvalho.

    No ano de 1899 foi publicado no periódico “A Republica” um texto interessante sobre a importância da agricultura, considerando que é uma área negligenciada e que seu mau é que a maior parte dos lavradores não sabe ler. O autor reforça a necessidade de mudar esta situação registrando o desejo de se ter mestres, citando aí os de dança, e reforçando que na arte da agricultura não se acharão nem mestres nem discípulos.

Dança e Atividade Física

    Por alguns artigos, particularmente no final do século XIX, percebe-se que a dança é relacionada à ginástica.

    No ano de 1893, no periódico “A Republica”, edição B00182, o artigo intitulado “A gymnastica”, dedica-se a prática da dança por crianças, do qual destacam-se os trechos:

    [...] a dança é filha dirécta da musica; é assim que tenho já observado em muitas reuniões que quando ouvem uma peça musical bastante commovente uns estão marcando o compasso com a cabeça, outros com o pé, outras movendo os leques em acompanhamento as variações da peça; uma criança como alegra-se quando dança ao som de uma melodia despida de acompanhamentos, então a mãe ou qualquer outra pessoa poderá ir-lhe ensinando a mover os pés com o corpo bem equilibrado, a dar os paços em ordem crescente de complicação [...] Ao passo que este exercicio é inteiramente apropriado à infancia de trez anos para cima como um meio de desenvolvimento [...] Me parece que a dança moderna não tem nem siquer o ideal da perfeição physica, tanto assim que as senhoras vão dançar com os espartilhos a dividir o corpo em duas partes produzindo alem da deformação das partes compridas, o impedimento da livre circulação do sangue acompanhado de sua consequencia necessaria: a dilatação de alguma veia e a privação da transpiração cutanea pela enorme quantidade de vestidos.

    O artigo segue abordando questões de saúde sobre digestão e vestimentas, criticando espartilhos.

    No periódico “A Republica”, do ano de 1893, consta um artigo denominado “A gymnastica”, no qual a dança é abordada. O autor, “Ernesto Luiz de Oliveira”, considera que a gymnastica é importante desde o berço, não de forma imposta, mas, como “um divertimento ao som da musica acompanhada de canções adequadas”. Segundo o autor:

    o simples som da musica provoca nas pessoas um desejo de acompanhal-os com o corpo em movimento; ou por outras palavras: a dança é filha dirécta da musica; é assim que tenho já observado em muitas reuniões que quando ouvem uma peça musical bastante commovente uns estão marcando o compasso com a cabeça, outros com o pé, outras movendo os leques em acompanhamento as variações da peça; uma criança como alegra-se quando dança ao som de uma melodia despida de acompanhamentos, então a mãe ou qualquer outra pessoa poderá ir-lhe ensinando a mover os pés com o corpo bem equilibrado, a dar os paços em ordem crescente de complicação, as voltas, os saltos a moxer os braços com graça, em vim a dançar com correção

    No periódico “O Municipio”, de 1898 foi publicado um artigo intitulado “A Dansa”, citando que o professor da dança chamado “F. Girandet”, sem especificar de onde seria, procedeu a diversos cálculos sobre o número de movimentos que um dançarino fazia durante as práticas habituais de dança, estabelecendo uma correspondência com caminhadas. O professor teria feito seus cálculos a partir das práticas de valsas, polkas, schottis e mazurcas. Teria concluído que para se adquirir o aprendizado das danças os movimentos seriam equivalentes a 41600 metros percorridos. Já um mestre com 20 anos de prática teria se movimentado de forma equivalente a percorrer 290248 quilômetros, o que, conforme o texto, corresponderia a 7 voltas ao mundo.

    Outro texto intitulado “Chroniqueta”, do ano seguinte, 1899, publicado no periódico “A Republica”, faz uma outra comparação entre Danças de Baile e caminhadas na cidade de Curitiba:

    Pois bem. Vou provar a essas minhas queridas amiguinhas que consomem horas e horas nas fatigantes e ante-hygienicas evoluções da dansa, que ellas percorrem um caminho muito maior cada noite de baile, do que se, alegres, respirando o balsâmico e puro ar dos campos, ataviadas de seus ligeiros costumes trotteurs ellas percorressem o pavoroso trajecto acima indicado [até o Bariguy].

    [...]

    Tocando a orchestra no movimento normal de 80 compassos de walsa por minuto, ou 240 tempos ou movimentos de pés e durando esta dansa a media do tempo indicado, valsou durante 400 passos. (Betine des evolutions des danses).

    Como se dão 40 voltas ou passos de walsa por minuto, ter-se-á executado 200 voltas. Marcando cada tempo um movimento de pés, a tres tempos por compasso, dá isso um total de 1200 movimentos pedestres, os quaes produzem, andando á volta ou avançando, um caminho de 400 metros.

    A menina com certeza não deixará de renovar esse exercício umas 8 vezes, o que fará o bonito resultado de 3.200 metros!

    O artigo, da autoria de “A Viejecita” segue propondo os mesmos cálculos para outras danças como a polka, mazurca, shottisch (também é denominada de “polka-walsada”), quadrilhas, lanceiros, pas de quatre, mostrando que um baile equivale a uma caminhada de duas léguas. O artigo ainda registra a peculiaridade do uso de sebo de velas para pulverizar o chão com a finalidade de torna-lo mais liso. Ainda diversas características do salão são apresentadas com o intuito de mostra-lo como um ambiente pouco saudável e asfixiante devido a fatores como odor de suor, fumo e queima de querosene, contrastando com os prados.

Dança e Saúde

    Alguns textos relacionavam a dança à saúde, um exemplo nota-se em um periódico do Clube Curitibano, do ano de 1890 em que se registra:

    Foi nomeada uma commissão de tres sabios brazileiros para estudarem a recente descoberta do grande medico allemão Dr. Kock que extermina este immenso cancro, a tuberculose.

    Mas, ainda assim, dou sempre um conselho as amaveis leitoras:

    Quando acabarem de dançar não tomem gelados porque podem se constipar e dahi provir uma molestia grave.

    Não recebo nada pelo conselho.

Anúncios

    No ano de 1880 no periódico “O Paranaense” leem-se dois anúncios relacionados à prática das Danças de Baile. Um deles, de “Munhóz Irmãos”, oferece à venda “fichús a ponpadour, próprios para bailes”. Outro, oferece a venda “Estrellas (transformaveis) de brilhantes” que segundo o anunciante seriam “ricas joias proprias para toilette de baile”.

    Ao longo do período estudado foram encontrados anúncios de dois livros sobre dança, ambos no periódico “A República”, conforme Quadro 03.

Quadro 03. Autores e materiais gráficos sobre dança anunciados no século XIX, Paraná, seguidos por ano e entidade publicadora.

Autor

Título

Ano

Publicador

Alvaro Dias Patricio

Novissimo e completo manual de dança

1895

Livraria Popular

Lúcio Borelli*

A arte da dança

1898

Associação C. dos empregados do Commercio

Fonte: dados de todas as edições de 44 títulos de documentos produzidos no Paraná do século XIX,

 disponibilizados até outubro de 2013, como parte do acervo de periódicos da Hemeroteca Digital Brasileira.

*Autor não citado no local em que se encontrou menção ao livro.

    Partituras de música para dança também foram anunciadas a venda. Um dos anúncios, datado de 1890, publicado no periódico “A Republica”, traz o seguinte texto:

    Estrella formosa, tal é o titulo de uma walsa que nos foi gentilmente enviada pelo seu autor, o Sr. João Urbano de Assis Rocha, intelligente compositor, nosso patricio.

    Muito agradecidos e esperamos breve dançar a mimosa composição soluçada pelo magnifico piano do Club Coritibano,

    Acha-se à venda essa mimosa walsa em casa de Constante & Tramujas, Theolindo de Andrade & C.a Livraria Queiroz.

Espetáculos

    Balhana e Nadalin (1973) registram a importância destacada dos imigrantes alemães na história de Curitiba, especialmente no século XIX, citando, no âmbito cultural, a criação do Teatro Hauer por José Hauer Senior, único do gênero na cidade durante anos.

    Três teatros foram encontrados durante esta pesquisa, tendo ofertado espetáculos com algum número de dança, “Theatro de Curityba”, “Theatro Hauer” e “Theatro S. Theodoro”.

    Em abril do ano de 1856 o senhor Domingos e sua senhora Julia dançam um dueto denominado “O meirinho e a pobre” no “Theatro de Curityba”. Em 4 de março de 1857 Domingos Martins de Souza noticia que mudou-se para Paranaguá e alugou uma casa na rua de Direita, utilizada como teatro, para o padre João de Abreu Sotto-Maior por dois anos, deixando como encarregado pelo imóvel o senhor José Joaquim Teixeira Ramos.

    Na Gazeta Paranaense, ano de 1886, foi noticiado um evento, ocorrido no Theatro S. Theodoro, no qual “Florinda Mello” interpretou uma professora de dança. Em 1893 a “Revista Azul” noticia peças teatrais com dança, porém, sem citar detalhes e nomes de intérpretes ou personagens. Em 1896 noticiaram-se pelo periódico “A Republica” dois eventos no Theatro Hauer, a apresentação de “um magnífico tango” e de uma peça na qual havia um personagem de nome Vorbim, que era professor de dança, interpretado pelo “Sr. Germanc Alves”. Em 1897, no periódico “A República”, foram noticiadas apresentações de “dança da serpentina”, uma dança com características circenses, realizadas por Alice de Mesmeris.

    A prática de se promover eventos dançantes em teatros no século XIX e mesmo antes dele, verificada em várias localidades européias e até brasileiras também foi constatada em Curitiba. O periódico “A Republica”, de 1888 noticia que no “Theatro S. Theodoro” haveria concerto artístico e dançante. Neste caso, o evento ocorreu em benefício da professora de piano Miss Carolina Tamplin. Segundo a notícia, a professora seria uma viúva pobre e necessitada, embora portadora de “belissimas qualidades”. O periódico “O Municipio”, de 1898 traz outro exemplo de bailes em teatros ao noticiar um conflito em que faleceu o cidadão Luiz Adão após ser agredido por Alferes João Epaminondas durante um baile que ocorria no “Theatro Hauer”. O mesmo periódico, no mesmo ano e teatro, registra ainda o fato de que houve um “sarao” dançante em benefício do Centro d’Instruzione Dante Alighieri e um baile em comemoração do aniversário do Corpo de Bombeiros Voluntários.

Bailes e Sociedades/Clubes

    A pesquisa revelou que diversos ambientes foram utilizados para a realização de bailes durante o século XIX, na cidade de Curitiba. Entre eles: Quartel Militar, residências, instituições de ensino, sociedades/clubes e o Museu da Capital, que mais tarde se tornaria o Museu Paranaense, terceiro museu deste tipo do país (Abilhoa et al, 2013).

Bailes em locais diversos

    Ao longo da pesquisa constatou-se que bailes realizaram-se em residências particulares. Em 1876 o periódico “Provincia do Paraná” noticia um baile oferecido ao tenente coronel José de Almeida Barreto nos salões da residência do senhor Dr. Parigot. Na Gazeta Paranaense de 1887, edição 216 se registra:

    No dia 17 do corrente o Sr. Willian Withers festejou com um esplendido baile os seus 25 annos de casado. Apezar do mao tempo foi elle concorrido por mais de 40 pessoas, que na casa daquele distincto estrangeiro dansaram na maior animação e harmonia até as 4 horas da madrugada, retirando-se todos captivos de amabilidade do Sr. Withers, sua Exma. esposa e dignos filhos. [...]

    As instituições de ensino também foram locais em que ocorreram bailes. A “Gazeta Paranaense” noticia em 1887:

    Para festejar o anniversario de sua digna esposa a Exma. Srs. D. Maria de Barros Ferreira da Luz, reuniu ante-ontem o nosso ilustre amigo Dr Brasilio Luz, no vasto prédio em que funcciona o acreditado estabelecimento de instrucção – Parthenon Paranaense – do qual é diretor o distincto Sr. Dr. Laurentino de Azambuja, uma parte da nossa melhor sociedade, que alli passou a noite agradavelmente.

    Os bailes em ambientes militares também foram uma realidade na cidade de Curitiba do século XIX. Um exemplo de registro destes bailes nota-se no periódico “Gazeta Paranaense”, do ano de 1885, edição 337, em que consta ter ocorrido um baile de aniversário da Guerra contra o Paraguai, oferecido pelo 2º corpo de cavalaria à elite da sociedade. A nota registra que o quartel estava decorado com extremo gosto e elegância tanto externa quanto internamente, onde podiam ser vistos dois salões no térreo. Em 1898 ainda encontram-se registros de bailes no quartel, um deles, publicado no periódico “O Municipio”, informava que em um baile no quartel os oficiais dançaram com suas famílias no pavimento superior e os praças no inferior.

    Muitos bailes foram anunciados, nos periódicos analisados, após sessões literárias. Há um artigo publicado no periódico “O Paranaense” do ano de 1880, edição 117, que cita um baile em um salão da Câmara Municipal.

    Vechia (2002), registra que no “rocio da cidade” aconteciam bailes populares chamados “Shumps”, freqüentados pela parcela social de menor poder aquisitivo.

    Além dos eventos dançantes constatados em Curitiba, também se registraram bailes em outras localidades paranaenses como Guarapuava, Paranaguá, Morretes, Antonina e Campo Largo.

Sociedades/Clubes e seus bailes

    A força dos imigrantes alemães é notada em vários aspectos da história de Curitiba e do Paraná ao longo do século XIX, sendo que sua tendência associativa destaca-se. No periódico “Correio Municipal” do ano de 1896, por exemplo, encontra-se um registro de que a proclamação do Império Allemão foi comemorada na Sociedade Thalia:

    Aos cidadãos Carlos Huebel e Maximo Guichart, D. D. Presidente e Secretario da Sociedade Thalia – Tenho a honra de agradecer-vos o convite que me fizestes, em officio datado de 12 do corrente, para assistir a sessão magna e ao baile que devem ter logar na noite de 18 do corrente no salão Hauer em comemoração ao 25º anniversario da proclamação do “Imperio Allemão”.

    Vaz (2004) apresenta uma tabela com uma listagem de sociedades e clubes paranaenses seguidos por suas datas de fundação, segundo a autora, os dados foram obtidos junto às próprias instituições, seus documentos e em edições do Diário Oficial do Estado do Paraná. Constata-se na tabela da autora as seguintes iniciativas associativas iniciadas no século XIX, seguidas por suas datas de fundação: Clube Concórdia - 04/04/1869; Cube Literário de Paranaguá - 09/08/1872; Clube Curitibano - 25/09/1881; Sociedade Thalia -04/04/1882; Sociedade Protectora dos Operários - 28/01/1883; Clube Rio Branco -19/07/1884; Clube Duque de Caxias 07/12/1890; Sociedade União Juventus -10/106/1898.

    Pastre (2005) refere-se a história da cidade citando: clubes alemães como Thalia, O Deutscher Sägerbund (atual Concórdia), o Teuto Brasileiro (atual Duque de Caxias), o Handwerker (atual Rio Branco); italianos como Sociedade Dante Alighieri e a Sociedade Garibaldi; o polonês Sociedade de Educação Física Juventus; o ucraniano Sociedade dos Amigos da Cultura Ucraína; o francês Sociedade Gauloise e outros como o Cassino Curitibano, o Clube Curitibano e os grêmios femininos como o das Violetas e o Bouquet. Para o autor, “Os clubes de elite encontravam uma contrapartida em recintos que já eram tradição nas cidades paranaenses: as casas de jogo”, tais clubes tinham como atividades preponderantes bailes, teatros, literatura e declamações, sessões lítero-musicais e encontros com finalidades políticas.

    O Quadro 04 traz o elenco de sociedades ou clubes nos quais, por esta pesquisa, constatou-se a ocorrência de eventos dançantes, seguidos pelos intervalos de anos em que tais eventos foram verificados nos periódicos analisados.

Quadro 04. Sociedades/Clubes que funcionaram no século XIX anunciando eventos de

 dança no Paraná, seguidos pelo intervalo de anos em que foram constatados nos periódicos

 

Entidade

Ano

1

Botão de rosa

1897

2

Brisa da Marinha - Paranaguá

1897

3

Cassino Curitybano

1897-1898

4

Club Alpha - Morretes

1898

5

Club Curitybano

1887-1899

6

Club dançante Guarapuavano - Guarapuava

1896

7

Club de Leitura Porto Cimense

1889

8

Club Democrático - Antonina

1881

9

Club dos Puritanos

1898

10

Club Literário - Paranaguá

1881-1900

11

Club Militar

1888-1890

12

Club Modelo

1898

13

Club Republicano

1898

14

Clube dos Girondinos

1890-1897

15

Concórdia

1876

16

Gremio Cruzeiro do Sul - Morretes

1898

17

Gremio das Violetas

1895-1899

18

Gremio Musical Carlos Gomes

1894-1899

19

Gruta das Flores

1891

20

Harmonia

1854-1857

21

Heimat

1879

22

O Buquet

1894-1898

23

Recreativa Familiar

1879

24

Recreio da Juventude

1883

25

Recreio Juvenil

1857

26

Sociedade Beneficente Elisabeth

1890-1898

27

Sociedade Dançante 13 de maio

1888

28

Sociedade Dançante e Concertista Estrella d'Alva - Antonina

1896

29

Sociedade de Atiradores ao Alvo Schutzenbund

1888

30

Sociedade Emancipadora (fundada por escravos)

1880

31

Sociedade Germanica

1890

32

Sociedade Recreativa 28 de setembro

1898

33

Sociedade Sangerbund

1898

34

Sociedade Thalia

1896

35

Tivoly

1890

Fonte: dados de todas as edições de 44 títulos de documentos produzidos no Paraná do século XIX, 

disponibilizados até outubro de 2013, como parte do acervo de periódicos da Hemeroteca Digital Brasileira.

Nota: As entidades que indicaram não terem localização em Curitiba são seguidas pelos locais indicados.

    A sociedade de dança mais antiga encontrada nesta pesquisa é a que se denomina “Harmonia”, tendo seu primeiro registro no ano de 1854. Neste mesmo ano, em 1º de julho, o periódico “O Dezenove de Dezembro” publica como parte de um de seus textos, da autoria de Americus:

    Fallaremos da sociedade de bailes, que se trata de estabelecer n’esta capital. Tem por nome, por divisa, por fim, a – Harmonia - : o pensamento da sua instalação é uma consequência da actual ordem das couzas. Com a instalação da província, com a harmonia dos partidos politicos, devia tambem aparecer alguma cousa em favor da harmonia das familias; na nossa opinião uma sociedade de bailes, organisada com esse pensamento, muito concorrerá para estreitar as relações intimas entre os diversos grupos da grande familia paranaense, e que os acontecimentos politicos haviam sobremaneira afrouxado.

    Consta-nos que já excede a sessenta o número dos socios, em cuja frente se acha o sr. conselheiro presidente da província, e que brevemente, a penas ache casa para estabelecer-se, principiará a sociedade a funcionar.

    Sofregos esperamos os primeiros bailes da Harmonia! Em meio dos praseres de um sarão, as horas vôam como os dias da felicidade, os pensamentos tristes desapparecem como a branca geada aos raios tépidos do sol; e as ilusões da vida, a poesia d’alma, a realidade do prazer nos cerca por todas as partes, no reflectir das luzes, ao gemer melodioso da musica, no aroma das flores, e ao sorrir dos lábios d’anjos. E a languida contradança, a estouvada walsa, e a schottisch, praser e escolha de muitos fashionables, pondo tudo em movomento, electrisa todos os corações, e imprime n’alma um inefável contentamento.

    Quando não é grato ao pobre funccionario publico, ao negociante, ao lavrador, depois de um dia de prosaico trafego da vida, passar algumas horas divertidas no meio de uma sociedade de baile! Todos os motivos de desgosto, que se lhe tenha impressionado durante o dia, desaparecem ao transpor o limiar do salão.

    Faremos votos para a duração de um divertimento, que não concorre pouco para os melhoramentos moraes,, de que tanto carecemos.

    Alguns textos dos periódicos estudados trataram de bailes desta sociedade e no ano de 1857, um deles, intitulado “Baile”, publicado no periódico “O Jasmim”, relata sobre a escolha da rainha do baile, como foi observado em outros periódicos. Em um texto do periódico “O Jasmim” de 1857, sobre um dos bailes da Sociedade Harmonia ocorrido em novembro deste ano, que teve seis horas de duração, citou-se que dançaram-se oito “contradanças”, cinco “schotichs”, uma “walsa” e uma “varsoviana”.

    O Clube Curitibano destacou-se nesta pesquisa, mais enfaticamente ao final do século XIX, onde se promoveram muitos bailes, inclusive de outras sociedades que ocupavam seu salão. Em seu próprio periódico, publicou-se, em 1890, seus estatutos, sendo que o Art 1º, “Da sociedade e seus fins”, especifica:

    O Club Curitybano é uma associação destinada a promover toda a espécie de diversões uteis e instructivas, como: jogos licitos, musica, dança, leitura, conferencias, passeios, etc.

    Pastre (2005) dedica boa parte de seu trabalho ao Clube Curitibano, localizando sua fundação no Salão Lindemann, em 25 de setembro de 1881, quando seu primeiro presidente o assumiu, Comendador Ildephonso Pereira Correia, que em 1888 se tornaria o Barão do Serro Azul. Segundo o autor, no momento da fundação do Clube Curitibano as distrações preferidas da população eram jogos e dança, assim, as atividades que marcaram o início do clube foram justamente as soirées dançantes, jogos de mesa e bilhar, serviços de bar e botequim. O autor afirma que este clube oportunizaria bailes a rigor. O clube teria sofrido influência das mudanças que ocorriam em Curitiba favorecendo a atuação de intelectuais, criação de revistas, promoção de palestras, intercâmbios, reuniões culturais e educativas. Durante esta pesquisa, notou-se que o Museu Paranaense desempenhava estas mesmas funções, tendo recebido o imperador para um grandioso baile em seus salões no ano de 1880 e realizado muitos e diversificados eventos culturais com o envolvimento de intelectuais locais.

Museu Paranaense e seus bailes, além do papel cultural, o social

    Segundo Leão (1900), o Museu Paranaense foi projetado em 1874, pelo desembargador Agostinho Ermelino de Leão (1834-1901) e pelo médico Cândido Murici (1827-1879). Fernandes (1936) registra que o objetivo original era a criação de um museu e também de um jardim de aclimação que abrigariam exposições de materiais apresentados nacionalmente pelo governo provincial. Em 1875 criou-se a “Sociedade de Aclimação” para “introdução, aclimatação, domesticação, propagação e melhoramento das espécies, raças ou variedades de animais e vegetais em toda a Província do Paraná” (Abilhoa et al, 2013). Segundo os autores, com esta iniciativa constituir-se-ia o núcleo original do Museu Paranaense em 25 de setembro 1876, ficando conhecido como “Museu da Capital”, quando seu acervo era composto por cerca de “600 peças, entre artefatos indígenas, moedas, rochas, insetos (especialmente borboletas) e aves”. Dois dias depois, em 27 de setembro de 1876, uma quarta feira, houve um baile no museu, conforme noticiou o periódico “Provincia do Paraná” de 30 de setembro do mesmo ano:

    No dia 26 do corrente com a inauguração do lyceu desta capital, celebrou-se com “sessão magna” e anniversario da sociedade de aclimação, no mesmo edifício.

    No dia seguinte continuou a festa com um baile no museo (Provincia do Paraná, 1876, edição 38)

    Conforme estas informações, é possível cogitar que este baile foi o primeiro evento social ocorrido após a constituição do núcleo original do Museu Paranaense.

    As notícias do século XIX, envolvendo esta instituição, revelam um grande esforço do desembargador Agostinho Ermelino de Leão em cuidar e ampliar o acervo e as atividades culturais da instituição. No decorrer desta pesquisa observaram-se artigos, textos, notícias e anúncios variados envolvendo o nome do “Museu Provincial”, “Museu da Capital” e por fim “Museu Paranaense”. O espaço deste museu, conforme constatado na pesquisa, além de receber e expor uma variedade significativa de objetos curiosos e científicos, abrigava uma diversidade de atividades como: aulas práticas de história natural do “Atheneo Paranaense”; reuniões de sociedades e clubes; solenidades literárias e de premiações; conferências; organização de participações em eventos nacionais e internacionais, especialmente na área agrícola; exposição de móveis para venda; eventos políticos; oficiais e na área de agricultura (inclusive distribuição de sementes); sessões eleitorais; leilões; loterias; rifas; exposições industriais; apresentações de bandas (militares e outras); uma sessão fúnebre; festas beneficentes; quermesses e vários bailes.

    No ano de 1882 o Museu Paranaense torna-se uma instituição pública e o desembargador Agostinho Ermelino de Leão é nomeado seu primeiro diretor (Abilhoa et al, 2013). Entretanto, mesmo antes desta data a instituição já recebia verbas públicas, como foi constatado nesta pesquisa, para manutenção e, inclusive, pagamento de um porteiro/zelador (ao longo do tempo diferentes nomes de porteiros/zeladores apareceram registrados nos periódicos), o que foi observado de forma múltipla nos periódicos. Um exemplo pode ser contemplado no jornal “O Paranaense”, de 1879:

ORDEM DO DIA

    [...]

    São também approvados os seguintes pareceres:

    A commissão pe fazenda examinou o requerimento de André Lobo dos Santos, em que pede uma gratificação, por exercer o lugar de zelador do Muzeu Paranaense, creando-se este lugar com ordenado pago pelos cofres da provincia.

    Considerando a commissão que esta assemblèa tem votado mais de uma vez verba para auxiliar o Muzeu Paranaense, e que mesmo nesta sessão já foi apresentado projecto para isso; [...]

    (O Paranaense, edição 64, 1879).

    Na leitura destas notícias é perceptível que, desde esta época havia dificuldades com recursos, prejuízos em virtude da umidade vinda do rio Ivo, esforços de manutenção e perdas por saques ao acervo. Alguns dos materiais saqueados foram levados pelo General Gumercindo Saraiva, havendo uma nota no periódico “Diario do Commercio” de 1894, edição 34, informando que o próprio desembargador Agostinho Ermelino de Leão solicita a este general, em troca do saque, a espada e o chapéu com que o organizador do saque fazia suas campanhas.

    Nesta pesquisa constatou-se que, a partir de 1876, neste mesmo local em que o acervo era mantido e apesar das citadas adversidades enfrentadas pelo “Museu da Capital”/”Museu Paranaense”, registraram-se muitos bailes e festas nos diversos periódicos da época, a exemplo dos que seguem:

    Como tudo dansa, por isso, vai haver um baile de raridades no nosso muzêo, outrora ereado da capital.

    Que as celebridades da natureza ponhão em movimento as gambi s nas vertiginosas valsas e polkas, va em paz; mas que para tal fim se lembrassem as moças do chapéu alheio, é duro, é! (O Paranaense, edição 94, 1879)

    Baile – Realizou-se com toda pompa o baile que pelas Sras. foi oferecido a S. Ex. o Sr. Dr. Manoel Pinto de Souza Dantas Filho, em demonstração de agradecimento pelo que o S. Ex. tem feito em beneficio do Museo d’esta capital. [...] ...demarcando ainda este facto a instalação do novo salão do Museo de nossa provincia. [...] O immenso salão do museo foi com muito gosto preparado, e confessamos que aqui, ainda não vimos igual trabalho. (O Paranaense, edição 95, 1879)

    Baile – Hoje deve realisar-se nos salões do museu d’esta capital o baile promovido pela mocidade curitybana, cujos convites ja forão distribuídos (O Paranaense, edição 130, 1881)

    Esteve explendido o baile que ante-hontem teve lugar nos salões do Musêo d’esta capital, oferecido ao Exm. Snr. Dr. Alfredo d’Escragnolle Taunay, presidente d’esta Provincia, pelo nosso amigo e digno representante da Provincia o Exmo. Sr. Dr. Eufrasio Correia. [...] tocando n’esta occasião as bandas de musica militares e rompendo os ares uma grande girandola de foguetes. As 9 ½ tiverão começo as dansas no salão principal que se achava deslumbrante pelo esmero com que foi preparado. Este vasto salão achava-se repleto de senhoras e cavalheiros da melhor sociedade da nossa capital, não obstante o mau tempo que tivemos durante o dia e noite de ante-hontem (Gazeta Paranaense, edição 26, 1886).

    Eventos festivos foram constatados tendo suas realizações nos espaços do Museu Paranaense até o final do século XIX. Entretanto, o uso da palavra “Baile” foi constatado pela última vez em 1886.

    O baile, provavelmente mais importante do século XIX, para Curitiba, ocorreu no Museu Paranaense. Segundo documentos disponibilizados pela Secretaria da Educação do Estado do Paraná (sem data), no Jornal “O Dezenove de Dezembro” de 02 de Junho de 1880 há um texto sobre o baile de despedida de suas Majestades Imperiais, ocorrido no Museu Paranaense:

    O baile no dia 02 de junho em homenagem as SS.MM. imperiais, oferecidos pela comissão de festejos, em nome da Sociedade Curitibana, não faltaram luzes nem flores para abrilhantar esta festa, aqui com realçada delicadeza, ocorreu a elite dos salões de Curitiba, em número superior a 200 pessoas, a grande sala do museu, achava-se decorada com esmero e elegância, dignos da presença dos augustos soberanos. Pelas 22:00 horas, quando ele já estava cheio de convidados, fizeram suas majestades imperiais a sua entrada no salão. Ao anuncio da augusta chegada dos ilustres soberanos, uma das senhoras e cavalheiros designados pela comissão, foram receber SS.MM., a porta, e acompanharam-no até o docel, preparado para eles numa das faces do salão. A frente da casa do baile, estava posicionada uma guarda de honra, e uma banda de música militar, que saudou suas majestades com o hino nacional, o que também fez a banda do corpo policial, que tocava no salão. Logo depois sua majestade o imperador, permitiu que se desse o sinal então para a 1ª quadrilha e animada começou a dança. O vasto salão do Museu, tornou-se pequeno para acomodar o crescido número de pares que dançavam, as senhoras trajavam elegantes e vistosos toillettes, parecia que cada qual, havia se esmerado, enquanto tinha de aprimorado gosto, afim de concorrer ao par do brilhantismo desta festa, que se tornou tão digna. O serviço de buffet, esteve abundante e delicado.

    As 24:00 horas se retiravam suas majestades, sendo na saída como na entrada, saudados pelo hino nacional e continências prestadas, pela guarda de honra, postada em frente do edifício. A comissão de festejos presidida pelo Ex.mo Sr. Dr. Chefe da Polícia, para preparar esta agradável soireé, demonstrou ainda mais uma vez o júbilo que se achava possuída a sociedade curitibana, pela honra da visita de SS.MM., ao som do hino nacional, a dança prolongou-se até as 02:00 horas e 30 minutos, hora em que se retiraram os últimos convidados.

    A Academia Paranaense de Letras registra que antes do baile houve uma apresentação da cultura local e um torneio de poesias (Vargas et al, 2011).

    Por ocasião da visita do imperador D. Pedro II, em 1880, Curitiba se engalanou. O baile de gala, nos salões do Museu Paranaense, deveria ser precedido de uma apresentação de nossa cultura, um torneio de poesias.

    Outros jornais registraram este baile, a exemplo do periódico “O Paranaense” de 1880, edição 118:

    Baile Imperial – Hoje realiza-se no salão do Museu Provincial, o grande baile oferecido a SS. MM. II. Pela comissão encarregada dos festejos n’esta capital.

    Este mesmo periódico noticiou bailes oferecidos ao imperador em outras localidades do Paraná.

    O Museu Paranaense enfrentou muitas mudanças até a atualidade. Segundo Sperandio (1974) a Biblioteca Pública do Paraná funcionou junto ao Museu Paranaense a partir de 1886, vindo a adquirir sede própria somente em 1954. Um dos outros destacamentos que este museu viria a sofrer no século XX levou ao surgimento do Museu de História Natural Capão da Imbuia (MHNCI), como ficou conhecido nos meios científicos nacionais e internacionais (Abilhoa et al, 2013), tornando-se uma referência na área de Zoologia. Conforme os autores, outro desmembramento levou ao Museu Botânico Municipal (MBM), localizado atualmente no Jardim Botânico de Curitiba. Nos periódicos estudados constatou-se que parte do acervo de animais vivos que também compunham os materiais do Museu Paranaense, foram enviados ao Passeio Público da cidade pelo próprio Desembargador Agostinho Ermelino de Leão, a exemplo do que consta na edição 18 do periódico “Correio Municipal” de 1895. O Museu Paranaense permanece até os dias de hoje, com os setores científicos de Antropologia, Arqueologia e História. Não constataram-se, em qualquer destas instituições, na atualidade, a promoção de eventos sociais como bailes.

Conclusões

    Esta pesquisa permitiu a revelação de informações que até o momento não constavam na literatura sobre as Danças de Baile no Paraná do século XIX, bem como o papel desempenhado pelo Museu Paranaense neste contexto. Constatou-se que, neste século e local, já havia a pratica da Dança de Salão, representada pela primeira a surgir, a Valsa - Dança de Baile constatada em maior incidência nesta pesquisa.

    É possível concluir que a sociedade curitibana do século XIX foi fortemente influenciada pela colonização alemã, que trazia costumes de sua terra original, local provável de surgimento da primeira Dança de Salão, a Valsa. Assim, esta sociedade já era permeada pelas Danças de Baile, possivelmente vindas diretamente da Europa, trazidas por seus imigrantes. Bailes ocorriam em diversos locais como Quartel, residências particulares, Câmara Municipal, instituições de ensino e no Museu Paranaense. Alguns colégios de ensino formal ofertaram aulas de dança como parte integrante da educação formal, a dança estava presente na literatura constatada em periódicos, algumas peças teatrais trouxeram números de dança e foi identificado um professor alemão anunciando aulas de dança.

    A disponibilização dos periódicos paranaenses do século XIX em meio eletrônico encontra-se incompleta, revelando que aprofundamentos serão bem vindos em pesquisas futuras.

Referências bibliográficas

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  • Balhana, Altiva Pilatti; Nadalin, Sérgio Odilon. A imigração e o processo de urbanização em Curitiba. Anais do VII Simpósio Nacional de Professores Universitários de História – ANPUH. Belo Horizonte, setembro 1973.

  • Coelho, Marisa; Campos, Mª Luisa et al. Tesauro do Folclore e Cultura Popular Brasileira. Disponível em http://www.museudofolclore.com.br, acesso em 16 jun 2009.

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 18 · N° 188 | Buenos Aires, Enero de 2014
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