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O papel da educação a distância na área da enfermagem

El papel de la educación a distancia en el área de enfermería

 

Enfermeira Especialista em Prevenção e Controle de Infecções pela Universidade Federal

de São Paulo, UNIFESP/SP. Pós-graduanda em Enfermagem do Trabalho na modalidade EAD

pelas Faculdades Integradas de Jacarepaguá, FIJ/RJ

Cínthia Neves Fonseca

cinthianevesfonseca@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica, de caráter descritivo, que visa discutir as especificidades da educação a distância, sua importância e aspectos associados à área da enfermagem, com o objetivo de promover uma reflexão teórica sobre o referido profissional em seu processo contínuo de aprendizagem e aprimoramento. Percebeu-se ser tal método de educação considerado eficaz, capaz de possibilitar maior acesso à aprendizagem, atendendo as exigências do mundo contemporâneo. Cabe ao profissional de enfermagem buscar a aplicação desse método facilitador de ensino continuado em sua realidade profissional, a fim de progredir na produção de conhecimentos na área de enfermagem e propiciar mudanças e desenvolvimento na realidade social em que se insere, fornecendo serviços cada vez mais com maior competência e qualidade.

          Unitermos: Educação a distância. Enfermagem. Papel do profissional.

 

Resumen

          El presente estudio se ocupa de una revisión bibliográfica y descriptiva, para discutir los aspectos específicos de la educación a distancia, su importancia y los aspectos asociados en enfermería, con el objetivo de promover una reflexión teórica sobre ese profesional en su proceso de aprendizaje y la mejora continua. Se considera como un método de la educación que se considera eficaz, capaz de proporcionar un mayor acceso al aprendizaje, atendiendo las demandas del mundo contemporáneo. Depende de la enfermería profesional buscan la aplicación de este método facilitador de educación continua en su realidad profesional, con el fin de avanzar en la producción de conocimiento en enfermería y proporcionar cambios y desarrollo en la realidad social en la que opera, prestando servicios cada vez con más competencia y calidad.

          Palabras clave: Educación a distancia. Enfermería. Rol profesional.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 188, Enero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Pesquisadores das mais diversas áreas começaram a perceber nos últimos tempos que, para lidar com as rápidas transformações que ocorrem no mundo globalizado, faz-se necessário repensar continuamente a educação, não apenas em termos do conteúdo a ser ensinado, mas também no que concerne aos traços de personalidade a serem reforçados e cultivados nas pessoas, não bastando somente o conhecimento a ser apreendido (SATHLER E FLEITH, 2010).

    Em complemento, Camacho (2009) e Sathler e Fleith (2010) expõem a dificuldade de se educar a geração pós-moderna, em que grande parte dos indivíduos necessita conciliar estudo e trabalho, destacando-se então a característica de flexibilidade temporal e espacial da Educação a Distância (EAD), importante por possibilitar a continuidade nos estudos à realidade de restrição de tempo dessas pessoas, tornando-se possível ainda relacionar conhecimentos norteadores da prática profissional engajada no mercado de trabalho.

    Segundo Moran (2002), a Educação a Distância (EAD) consiste no processo de ensino-aprendizagem mediado por tecnologias, em que professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente, mas que, não se encontrando na rotina juntos fisicamente, utilizam demais meios de comunicação, como a internet, o correio, rádio, televisão, vídeo, CD-ROM, telefone, fax e demais tecnologias semelhantes, a fim de se manter conectados, interligados no processo de educação.

    Como ferramentas para a realização da EAD, Oliveira (2007) também cita que se utiliza material impresso apoiado por transmissão em televisão, fitas de vídeo e áudio, kits de material experimental, além de orientações por meio de computadores, videoconferências, teleconferências, correio eletrônico, fórum, chat, discussões presenciais e por correspondência.

    Dessa forma, tem-se que reformular também a imagem do aluno ideal, cuja obediência, passividade e conformismo, atualmente, têm dado lugar à coragem, dedicação, entusiasmo, iniciativa e à autoconfiança, traços que contribuem para a busca de novas perguntas, respostas e soluções, sendo essencial que os métodos de educação preparem o aluno para se tornar um aprendiz mais autônomo (SATHLER E FLEITH, 2010).

    Diante desse fato, o presente estudo tem por finalidade discutir a caracterização e especificidades da educação a distância, sua importância e aspectos associados à área da enfermagem, com o objetivo de promover uma reflexão teórica sobre o referido profissional em seu processo contínuo de aprendizagem e aprimoramento, a fim de se obter maior qualidade laboral.

Método

    Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, a qual utiliza revisão de parte da literatura científica pré-existente sobre o tema, com a finalidade de sintetizar e reorganizar o conhecimento obtido de forma sistemática. O levantamento bibliográfico mostra-se etapa fundamental na pesquisa já que tem por objetivo situar o pesquisador quanto ao assunto escolhido, utilizando-se posteriormente da revisão de literatura, na qual passa a ter conhecimento de outros trabalhos já publicados na área, como descrevem França e Vasconcelos (2009).

    Tendo em vista seus objetivos gerais, trata-se ainda de estudo de caráter descritivo, que, segundo Gil (2002), tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis, que podem vir em associações.

    Para a realização do presente estudo, utilizaram-se como descritores de pesquisa os seguintes termos: Educação a distância; educação em enfermagem; papel do profissional de enfermagem. As referências literárias pesquisadas que serviram de embasamento teórico foram obtidas por meio de textos e artigos presentes nos sítios das bases de dados Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME) e da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS).

Resultados e discussão

    A Educação a Distância (EAD) pode ser considerada e definida como uma modalidade de ensino que facilita a auto-aprendizagem, contando com o auxílio de recursos didáticos organizados, apresentados em diferentes suportes de informação e meios de comunicação. A característica essencial da metodologia é que o aluno se envolve em uma atividade de aprendizagem em local onde o professor não se encontra fisicamente presente, sendo esse afastamento entre professor e aluno apoiado no uso de tecnologias para transmitir a mensagem do professor ao aluno e o oposto (OLIVEIRA, 2007).

    Sendo assim, na perspectiva da metodologia educacional a distância, sabe-se que o ambiente on-line e suas interfaces condicionam, mas não determinam a EAD. O sucesso da aprendizagem depende diretamente do movimento comunicacional e pedagógico dos sujeitos discentes e docentes envolvidos, já que o processo de aprendizagem se baseia na colaboração de um outro indivíduo, na pessoa do tutor. O mesmo, por meio de sua inteligência e experiência, provoca o interesse e estudo do aprendiz, a ser confirmado através da comunicação entre ambos que se dá pela fala livre e plural (CAMACHO, 2009).

    Neste contexto da interatividade própria da EAD, Camacho (2009) explica que o professor deixa de ser um transmissor de saberes e converte-se em formulador de problemas, provocador de interrogações, sistematizador de experiências e coordenador de equipes de trabalho, para que o processo de educação, ao invés de prender-se à transmissão de conhecimento, valorize e possibilite o diálogo e a colaboração dentre as partes.

    Assim, Sathler e Fleith (2010) reafirmam ser o tutor uma figura importante para a construção do conhecimento, devendo atuar como: assessor pedagógico na orientação e solução de dúvidas em relação aos conteúdos, provocando a reflexão e intercâmbio de experiências; facilitador da interação do aluno com as fontes de informação; fomentador da comunicação interpessoal entre os participantes do processo; além de constante motivador para a obtenção do resultado.

    No entanto, apesar do papel fundamental que apresenta o tutor e os meios de comunicação nesse processo de aprendizagem, cabe ressaltar também, conforme descrevem Sathler e Fleith (2010), que em suas definições a EAD apresenta ainda aspectos que tornam determinante o desempenho do aluno no método educacional, como saber administrar o tempo de estudos e realização de tarefas, com desenvolvimento de autonomia ao realizar as atividades, consistindo o aluno o ator principal na educação a distância.

    Portanto, esse fato exige ao aprendiz o desenvolvimento de capacidades e habilidades essenciais para o processo de ensino-aprendizagem: o aluno deve estar motivado a aprender, ter perseverança e responsabilidade, hábito de planejamento e visão de futuro, ser pró-ativo, comprometido e auto-disciplinado, não depender do juízo de outrem, mas, ao mesmo tempo, saber estudar e pesquisar de modo colaborativo, com troca de informações em ambientes de estudo grupal, ter clareza sobre as próprias necessidades de estudo e saber refletir sobre a própria aprendizagem (SATHLER e FLEITH, 2010).

    Em relação aos aspectos legais, a regulamentação da educação a distância no Brasil mostra-se recente e está pautada na Lei de número 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, sendo previsto em seu Artigo 80 a EAD como modalidade regular integrante do sistema educacional nacional e também a atuação do poder público no incentivo ao desenvolvimento e veiculação de programas de ensino a distância nos diversos níveis e modalidades de ensino e de educação continuada no país (BRASIL, 1996).

    No que tange à área da saúde, Oliveira (2007) descreve que o Ministério da Saúde se preocupa com a educação de caráter permanente dos profissionais, como meio de transformar as práticas educativas nos âmbitos da formação, atenção direta à saúde, gestão e formação de políticas públicas, participação popular e de controle social no setor de saúde. Para que essas transformações ocorram, sabe-se que a inovação e mudanças de concepções e práticas de saúde dentro das organizações dependem diretamente da ruptura com a alienação do trabalho, resgatando a democratização da gestão dos processos de trabalho e a produção de conhecimento a partir das práticas diárias.

    A autora relata que desde a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) ocorreram muitas mudanças nas práticas de saúde, mas que ainda não configuram uma situação ideal, fazendo-se necessárias alterações na formação e no desenvolvimento continuado dos trabalhadores da área. Assim, só mostra-se possível modificar a forma de educar, cuidar, tratar e acompanhar a saúde dos indivíduos se for alcançado também transformações nos modos de ensinar e aprender dos profissionais, o que se espera por meio da educação permanente em saúde, que propicia, em contrapartida, o fortalecimento do SUS (OLIVEIRA, 2007).

    Neste contexto, Oliveira (2007) complementa que a educação a distância deve ser um método utilizado para realização da educação permanente dos trabalhadores da área da saúde, oferecendo oportunidade de diálogo e cooperação entre os profissionais dos diversos serviços, atenção, formação e controle social, além de ampliar os conhecimentos dos docentes nas instituições de ensino, fornecendo serviços cada vez com maior competência e qualidade.

    Paralelamente, como ressalta Camacho (2009), há de se considerar que, por ser o Brasil um país de dimensões continentais, a missão de disponibilizar formação adequada a todos os profissionais pelos meios tradicionais torna-se um ato de custo elevado e de difícil realização. Então, apesar de não ser substitutiva de outras formas de educação convencional, a educação a distância consiste em uma alternativa na transposição deste impasse, sendo uma modalidade educacional bastante significativa, em ascensão na atualidade, especificamente no que diz respeito ao ensino a distância na área da enfermagem.

    Assim, Oliveira (2007) salienta que, na realidade, por uma questão de sobrevivência, os profissionais de saúde da área de enfermagem em sua maioria apresentam dois ou mais vínculos empregatícios, dificultando ainda mais a realização de atualizações presenciais, vindo a não participar de espaços coletivos de discussão de problemas inerentes à profissão e à sua área específica de conhecimento/atuação. Dessa forma, os trabalhadores podem tornar-se despreparados para lidar com os avanços científicos e tecnológicos na área de saúde e, consequentemente, não há a incorporação de sua vivência ao conjunto dos saberes da área de atuação.

    A esse respeito, de acordo com Camacho (2009), estudos apontam a formação pedagógica dos tutores on-line na enfermagem como relevante levando em consideração suas experiências, além de relatos da educação on-line como um importante papel nos cursos de graduação e de pós-graduação lato-sensu, levando em consideração a disponibilidade de novas tecnologias acessíveis para o ensino a distância.

    Moran (2002) explica que as tecnologias que mediam a formação em EAD vêm evidenciando a interação e a interlocução entre todos os envolvidos no processo educacional, características que deveriam representar o principal aspecto de qualquer processo de educação. Outro conceito importante envolvido é o de educação contínua ou continuada, que se dá no desenvolvimento de formação constante, com o aprendizado em serviço, associando teoria e prática e assim refletindo sobre a própria experiência, ampliando-a com novas informações e relações.

    Neste sentido, destaca-se a EAD como um sistema tecnológico de comunicação bidirecional que substitui a interação na sala de aula entre professor e aluno, com ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e apoio de uma organização e tutoria que propiciam aprendizagem flexível e independente. Através da EAD, se têm o desenvolvimento profissional e humano pelo uso de mídias variadas, o que facilita o acesso de um grande número de pessoas pela utilização de variados recursos tecnológicos, relacionado ao baixo custo. Essa modalidade de ensino facilita, portanto, a aprendizagem do profissional muitas vezes na própria instituição em que trabalha, sem afastá-lo por muito tempo das suas atividades (CAMACHO, 2009; OLIVEIRA, 2007).

    Diante desta perspectiva, a EAD surge ainda como ferramenta estratégica importante de sobrevivência pessoal e profissional aos trabalhadores da área da enfermagem, tendo em vista ter-se como consequência da globalização o aumento da concorrência no mercado de trabalho, além de impulsionar também as organizações que objetivam manter-se e ganhar espaço em seus mercados. Afinal, as empresas requerem não mais trabalhadores robotizados, que executam sequências de operações mecânicas, mas sim um trabalhador apto a executar atividades de abstração, com capacidade analítica, que, mais do que aprender a fazer, seja formado para aprender a aprender, em um ambiente coletivo de atuação, com visão ampla de processo produtivo e não-fragmentada, como descreve Oliveira (2007).

Considerações finais

    Percebe-se que a educação a distância na enfermagem tem sido desenvolvida e cada vez mais utilizada em cursos de graduação e de pós-graduação em enfermagem e em diversas áreas de capacitação desses profissionais. Entende-se essa nova dinâmica de ensino como relevante, tendo em vista permitir ao enfermeiro capacitação e inserção na realidade virtual, que promove a interatividade e o conhecimento de novas tecnologias, representando grande impacto na melhoria da gestão do conhecimento, da qualidade da assistência e da satisfação no atendimento ao cliente.

    Dessa forma, o avanço tecnológico, a globalização e a mudança exigida às pessoas no ambiente de trabalho determinam uma nova postura profissional do enfermeiro. Mais do que conhecimento, ele precisa de atualização constante, por meio da educação permanente, sendo a informática ferramenta fundamental para facilitar a aprendizagem em qualquer ambiente. Sendo assim, é imprescindível que o enfermeiro domine esta área de conhecimento e a aprimore, contribuindo para a divulgação científica de práticas inovadoras para a enfermagem.

    Portanto, compreende-se que a EAD é reafirmada cada vez mais como uma modalidade de educação eficaz, capaz de possibilitar maior acesso à aprendizagem e democratização do saber, sendo uma forma de ensino que atende as exigências do mundo contemporâneo. Cabe, então, ao profissional de enfermagem buscar a aplicação desse método facilitador de ensino continuado em sua realidade profissional, a fim de progredir na produção de conhecimentos na área de enfermagem e propiciar mudanças e desenvolvimento na realidade social em que se insere.

Referências

  • BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 20 de dezembro de 1996. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf. Acesso em: 17 de Outubro de 2011, 21:05h.

  • CAMACHO, A. C. L. F. Análise das publicações nacionais sobre educação a distância na enfermagem. Brasília: Revista Brasileira de Enfermagem, n. 62, v. 4, p. 588-593, jul-ago, 2009.

  • FRANÇA, J. L.; VASCONCELLOS, A. C. IN: FRANÇA, J. L.; VASCONCELLOS, A. C.; MAGALHÃES, M. H. A.; BORGES, S. M. Manual para normalização de publicações técnico-científicas. Belo Horizonte: Editora UFMG, 8. ed., 258 p., 2009.

  • GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 4. ed., 2002.

  • MORAN, J. M. O que é educação a distância. Texto publicado pela primeira vez com o título Novos caminhos do ensino a distância, no Informe CEAD - Centro de Educação a Distância - SENAI, Rio de Janeiro, ano 1, n. 5, out-dez de 1994, páginas 1-3.

  • OLIVEIRA, M. A. N. Educação a distância como estratégia para a educação permanente: possibilidades e desafios. Brasília: Revista Brasileira de Enfermagem, n. 60, v. 5, p. 585-589, set-out, 2007.

  • SATHLER, T. C.; FLEITH, D. S. Estímulos e barreiras à criatividade na educação a distância. Campinas: Estudos de Psicologia, n. 27, v. 4, p. 457-466, out-dez, 2010.

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