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Incidência de dores no período gestacional

Incidencia de dolores durante el embarazo

 

*Acadêmica do 8º período do curso de Bacharel

em Fisioterapia da Universidade de Rio Verde, FESURV

**Fisioterapeuta e professor orientador da Faculdade de Fisioterapia

da Universidade de Rio Verde, FESURV. Graduação em Fisioterapia

pelo Centro Universitário do Triângulo. Mestrado em Gerontologia

pela Universidade Católica de Brasília

Caroline Rodrigues Menezes*

Ferdinando Agostinho**

caroltkdrv@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A gestação é um período especial na vida de uma mulher. É a fase em que o corpo sofre alterações, adapta-se para a chegada de uma nova vida. Geralmente, essas adaptações vêm acompanhadas por dores, principalmente na coluna lombar. Também é de conhecimento que a fisioterapia pode e deve intervir, no intuito de promover uma melhor qualidade de vida da gestante. Este estudo tem como objetivo analisar as dores e os desconfortos durante o período gestacional, e, para isso, participaram da pesquisa 33 gestantes, do primeiro ao terceiro trimestre de gestação, participantes do programa de pré-natal do Centro de Atendimento Integral à Saúde (CAIS), da cidade de Rio Verde, Estado de Goiás. Essas gestantes responderam a um questionário de questões descritivas e objetivas sobre as dores sofridas durante o período gestacional. Os resultados demonstraram que 32 gestantes (96,96%) relataram possuir queixa de dor em algum local do corpo, destas, 21 gestantes (63,6%) relataram que as dores tiveram inicio com a gestação. Concluímos que as gestantes sentem dores musculares, no período gestacional, e essas dores podem ser originadas antes ou durante a gravidez e o local mais acometido pelos desconfortos musculares é a coluna lombar.

          Unitermos: Gestação. Dores. Coluna. Incidência.

 

          Artigo científico apresentado à Faculdade de Fisioterapia da Fesurv – Universidade de Rio Verde, para obtenção do título de bacharel, sob orientação do Prof. Ms. Ferdinando Agostinho.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 186, Noviembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    A gestação é um período especial e diferente na vida de uma mulher, com alterações físicas emocionais, e psicológicas. As alterações fisiológicas, ou seja, naturais, no corpo da mulher causam desconfortos e dores, principalmente musculoesqueléticas. As adaptações que o corpo promove, são para a melhor forma de desenvolvimento do feto, que depende da mãe para crescer de forma natural (DREHER; STRASSBURGER, 2006).

    O aumento do tamanho do útero, o deslocamento do centro de gravidade, o aumento do fluxo sanguíneo para o abdome e as alterações hormonais são as mudanças mais importantes e que levam a outras sintomatologias gestacionais. Com o deslocamento do centro de gravidade, a mulher tende a jogar a cabeça e os ombros para trás, ocorre o aumento da lordose lombar, a pelve se rotaciona para frente e a base de apoio dos pés aumenta (POLDEN; MANTLE, 2002, p. 26 e 27). Os órgãos também mudam de posição e mudam a forma como agem no organismo. O coração passa a ter o aumento da pressão sanguínea, aumento do tamanho do coração, e ocorre uma redistribuição do fluxo sanguíneo. Na respiração, ocorre aumento da freqüência respiratória, e a dificuldade de respirar profundamente com o avanço da gravidez, já que o útero pode impedir a total expansão do diafragma o músculo respiratório. A musculatura lisa, como o intestino, tem sua ação diminuída, se tornando hipotônica, onde ocorre a constipação intestinal (POLDEN; MANTLE, 2002, p.35).

    O sistema musculoesquelético é sobrecarregado, já que os hormônios, como a relaxina, aumentam a flexibilidade das articulações ao mesmo tempo em que os músculos se esforçam para manter o corpo alinhado e em movimento. A coluna vertebral é a maior prejudicada, pois tem que se adaptar de acordo com as outras mudanças gestacionais. As curvaturas podem se alterar, as lordoses cervicais e lombares podem se acentuar, assim como a cifose torácica e sacral. (POLDEN; MANTLE, 2002, p.38).

    A lombalgia aparece quando os músculos da coluna estão enfraquecidos, ou quando há movimentos repetitivos, ou ainda quando há uma sobrecarga dessa região. Na gestação, os fatores que desencadeiam a dor lombar se acentuam, pois além das alterações normais dessa fase, pode-se ter influência das atividades profissionais exercidas e das atividades de vida diária (KENDALL; MCCREARY; PROVANCE, 1995, p.4).

    Por se tratar de um período que seja inevitável passar por alterações corporais, é de suma importância que se tenha um maior conhecimento acerca das disfunções para uma melhor qualidade de vida da mulher. A fisioterapia pode ajudar a prevenir e a tratar as dores sentidas pelas gestantes, além de ajudar na parte psicológica, pois dá tranqüilidade a mulher, principalmente na hora do parto (MARTINS; SILVA, 2005).

    É importante saber o problema que mais acomete a gestante para definir o melhor tratamento e a melhor prevenção. A qualidade da saúde da mulher é de suma importância para que haja uma busca por elementos que a ajudem neste período tão importante, e para que se possa diminuir evitar e até sanar os desconfortos causados pela gestação.

    Neste trabalho, visou-se verificar a incidência e o local das dores musculares que mais acometem as mulheres no período gestacional, assim como os fatores que podem trazer estes desconfortos, se as atividades do dia-a-dia são influenciadas pelas dores, se os afazeres domésticos ou profissionais também causam desconfortos, ou ainda, se existe alguma patologia adjacente.

Revisão de literatura

Coluna vertebral

    A coluna vertebral forma o eixo ósseo do corpo, e se constitui para dar resistência, sustentação e a flexibilidade para a necessária movimentação do corpo. As vértebras são os elementos ósseos, a medula a parte nervosa, os ligamentos e músculos dão a sustentação, movimentação e estabilização da coluna vertebral, que é formada por 33 peças esqueléticas. As vértebras articulam entre si de modo a dar resistência e flexibilidade à coluna, para o suporte de peso, a movimentação do tronco e para o equilíbrio e postura (DANGELO; FATTINI, 2011, p.415, 422).

    Segundo Calais-Germain e Lamotte (1991, p. 18), graças à mobilidade da coluna vertebral, o tronco pode efetuar movimentos globais, como extensão, flexão inclinação lateral e rotação. A amplitude não é a mesma para todos os movimentos a cada nível vertebral.

Alterações fisiológicas na gestação

    As mudanças na gestação resultam da interação de quatro fatores: as mudanças hormonais, o aumento do fluxo de sangue para os rins e o útero, o crescimento do feto que amplia e desloca o útero, e o aumento de peso e mudanças adaptáveis no centro de gravidade e postura (MANTLE; POLDEN, 2002, p. 26 e 27).

    Durante a gravidez, ocorrem diversas adaptações físicas, necessárias ao perfeito crescimento e desenvolvimento fetal, mas essas alterações podem trazer conseqüências que resultam em dor e limitação. Grande parte dessas mudanças ocorre na coluna lombar e cintura pélvica, onde se relata mais queixas álgicas (BARACHO, 2007, p. 34).

    A postura da mulher grávida se desarranja precedendo a expansão do volume do útero gestante. Mas, a matriz, evadida da pelve apóia-se a parede abdominal e as mamas dilatadas e engrandecidas pesam no tórax, o centro de gravidade se desvia para diante. Todo o corpo se joga para trás compensatoriamente (MONTENEGRO; REZENDE, 2003, p. 73).

    No sistema musculoesquelético há um aumento generalizado na flexibilidade da articulação. Durante a gravidez a mulher adapta sua postura para compensar a mudança do seu centro de gravidade. Aproximadamente 50% das gestantes sentem dores nas costas. O aumento do peso do corpo que resulta em mais pressão na coluna, aumentados esforços de tensão de torção nas articulações, a flexibilidade da articulação e a fadiga muscular são grandes fatores que levam aos quadros álgicos (MANTLE; POLDEN, 2002, p. 38).

    Recomenda-se que a gestante deve se deitar em decúbito lateral esquerdo, para não comprometer o fluxo sanguíneo, já que na posição supina o útero comprime os grandes vasos, principalmente a veia cava (STEPHENSON; O’CONNOR, 2004, p. 155).

    O ganho de peso durante a gestação ocorre pelo aumento do tamanho do útero e o seu conteúdo, e pelo ganho de peso da mulher onde fluído, proteína e gordura ficam depositados para urgências caso a mãe não consegui suprimi-las. O indicado é ganhar de 9 a 18 quilos para um único feto (O’CONNOR; STEPHENSON, 2004, p. 163).

Lombalgia

    A lombalgia na gestação pode ser causada por vários fatores antecedentes á gravidez, como patologias musculoesqueléticas, má postura e traumas. Mas também pode ocorrer pelas alterações na fisiologia da gestante, onde há mudanças nas curvaturas da coluna, principalmente a lombar que pode ou não ser aumentada, nos músculos e ligamentos que se distendem mais facilmente, e na adaptação da ergonomia da vida diária (MORO; REIS; REIS, 2010; AMARAL; ANDRADE; AVELAR; MOREIRA; SOARES; VIEIRA, 2011).

    Segundo Ferreira e Nakano (2001), a lombalgia é conceituada como toda condição de dor, dolorimento ou rigidez, localizada na região inferior do dorso, em uma área situada entre o último arco costal e a prega glútea.

    O número de mulheres que relatam sentir dores na região da coluna lombar na gestação é alto, cerca de 80% nas mulheres até 29 anos, e 70% nas mulheres acima de 30 anos, a dor lombar no primeiro trimestre de gestação foram relatadas por 26,9% das gestantes entrevistadas em sua pesquisa, no segundo trimestre por 38,5%, e no terceiro trimestre por 34,6% das mulheres, e também se constatou que 73,3% das primíparas apresentaram dor lombar (MARTINS; SILVA, 2005; ASSIS; TIBÚRCIO, 2004; ANJOS; AQUINO; GUIMARÃES; LEITE; FREITAS, 2011).

Fisioterapia na gestação

    O papel do fisioterapeuta inclui da prevenção e tratamento de dores e correção da postura, como a aconselhamentos acerca dos cuidados com o próprio corpo e depois do parto, com o bebê. Apesar da atenção dada à mulher neste período, ainda se necessita de um trabalho de conscientização sobre vários aspectos que influenciam em seu estado de saúde durante e após a gravidez (BIM; PEREGO; PIRES, 2002).

    Segundo Fabrin, Croda e Oliveira (2010) foram concluídos em seu estudo que as técnicas como hidroterapia, alongamentos, acupuntura, exercícios aeróbicos e pilates também são benéficas no tratamento da lombalgia gestacional, pois promove relaxamento, fortalecimento, diminuição da dor, mobilidade e maior qualidade de vida para a gestante.

    Há de se avaliar os casos em que não se devem praticar exercícios ou qualquer técnica fisioterapêutica, geralmente as contra-indicações mais comuns são: aumento da pressão arterial, sangramento vaginal, problemas respiratórios, dor de cabeça, risco de trabalho de parto prematuro, gestação múltipla, diabetes não controlada, obesidade mórbida, tabagismo e extravasamento do liquido amniótico (AZEVEDO; DANTAS; MOTA; SILVA, 2011).

    O fisioterapeuta tem a importante função de esclarecer as dúvidas da gestante sobre o seu corpo neste período, orientar sobre as posturas que devem ser adotadas durante e depois da gestação na ergonomia da vida diária, informar que os sintomas de dores na gravidez podem ser prevenidos, minimizados ou totalmente eliminados através da fisioterapia (SILVA, 2003).

Materiais e métodos

    A pesquisa constou de um estudo descritivo transversal. Participaram da pesquisa 33 gestantes, entre o primeiro e o terceiro trimestre de gestação, assistidas pelo programa de pré-natal do Centro de Atendimento Integral à Saúde (CAIS), da cidade de Rio Verde, Estado de Goiás, que aceitaram participar da pesquisa.

    A coleta de dados foi realizada no mês de outubro, do ano de 2012. Utilizou-se como instrumento documentação em forma de questionário, onde a gestante respondia a questões abertas e fechadas. Foram incluídas questões referentes a dados pessoais da gestante, dados socioeconômicos e dados referentes à gestação e à presença ou não de lombalgia e suas características.

    O projeto foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética de pesquisa de Estudo Humanos, da Universidade de Rio Verde, Estado de Goiás. As gestantes foram esclarecidas sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos e procedimentos e consultadas quanto ao aceite em participar do estudo.

    Após esclarecimento, as gestantes que, voluntariamente, aceitaram participar do estudo, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e receberam uma via assinada.

Resultados e discussão

    O grupo de estudo foi composto por 33 (trinta e três) gestantes com média de idade de 24,17647 anos. Todas as gestantes residiam na zona urbana do município.

    Com relação à variável número de filhos, a média de filhos relatada foi de 1,25 filhos por mãe (DP=1,25), a mãe que relatou a maior quantidade de filhos apresentou cinco. Ainda com relação à mesma variável, 60,3% mães possuíam um único filho (25 mães) e 39,7% possuíam mais de um filho (38 mães).

    Com relação à escolaridade, 7 gestantes (21,2%) relataram possuírem primeiro grau completo, 3 gestantes (9,1%) relataram possuir segundo grau incompleto, 3 gestantes (9,1%) relataram possuir segundo grau completo, 11 gestantes (33,3) relataram possuir terceiro grau incompleto, 4 gestantes (12,1%) relataram possuírem terceiro grau completo e 5 gestantes (15,2%) relataram possuírem pós-graduação.

    As gestantes que procuram o sistema público de saúde formam um grupo heterogêneo no que diz respeito à escolaridade, apesar da prevalência das mulheres a terem apenas o segundo grau completo e renda per capita de um a dois salários mínimos, o que pode incidir com a média e pequena renda salarial declarada, pois, com o menor nível de escolaridade, as mulheres tendem a não estar empregadas, a serem donas de casa e até, no caso das mais jovens, a depender dos pais (COELHO, 2006).

    A maioria dos estudos encontrados corrobora com os resultados identificados como o de Assis e Tibúrcio (2004), onde 50,7% das gestantes tinham apenas o primeiro grau completo, 46, 3% tinham o segundo grau e apenas 3% tinham curso universitário.

    A grande maioria das gestantes (90,9%) relatou possuir rendimento mensal de até 2 (dois) salários mínimos e apenas 3 (três) gestantes relataram possuir rendimento mensal de até 4 (quatro) salários mínimos (9,1%). Com relação ao principal meio de rendimento 14 gestantes (42,4%) relataram (5), 11 gestantes (33,3%) relataram (4) e 8 gestantes (24,2%) relataram (3). Com relação à renda familiar, 24 gestantes (72,7%) até 2 (dois) salários mínimos e 9 (nove) gestantes (27,3%) relataram possuir rendimento mensal de até 4 (quatro) salários mínimos.

    Östgaard e Andersson (apud Coelho (2006) mostraram em seus estudos que a tendência de haver lombalgia na gravidez é maior em mulheres com menor nível socioeconômico.

    Chalem et al.(2007), em estudo realizado na periferia da cidade de São Paulo, relatam que, em relação á classe social das adolescentes gestantes entrevistadas, 88,2% estavam na classe C ou D, e 68% referiram ganhar até 4 salários mínimos.

    A média de renda per capita encontrada no estudo demonstra o perfil das mulheres que procuram a rede pública de saúde, onde a média das gestantes apresenta baixa escolaridade e baixos salários, o que conclui que, quanto menor o nível de escolaridade, menor é a renda per capita (ALMEIDA; BARROS, 2005).

Tabela 1. Perfil das gestantes quanto ao número de gestações

    Como podemos observar na tabela acima, a maioria das gestantes participantes da pesquisa (54,5%) relatou estar grávida pela primeira vez. Por outro lado, 45,5% das gestantes (15 gestantes) relataram já terem tido filho ou filhos, destas, 9 (nove) gestantes relataram que na outras gestações foi submetida a parto cirúrgico e 6 (seis) gestantes relataram que foram submetidas a parto normal.

    Pesquisas relacionadas a gestantes mostram que 44,3% estavam na primeira gestação, 28,6% tinha um filho e (27,1%) tinha mais de um filho. Em outra pesquisa, também tiveram mais primíparas 39,9%, seguidas das multíparas 11,8%. Estes dados podem sugerir que o percentual do segundo filho já é menor que antigamente, já que não se encontram mais mulheres dispostas a ter mais de um ou dois filhos, seja pelos dados econômicos ou até mesmo pelos desconfortos da gestação. (COELHO, 2006; ARAÚJO, CARVALHO, 2007).

    Em média, as gestantes apresentavam-se com 23,03 (DP=8,96) semanas de gestação. A gestante, com menor semana gestacional, encontrava-se na quinta semana e a gestante, com maior semana gestacional, encontrava-se na quadragésima semana. O ganho de peso durante a gestação foi em média de 6,96 quilos (DP=3,92).

    As gestantes, de modo geral ganham peso na gestação, alguns dados constataram que as mulheres ganharam em média 12,90 kg e, geralmente, a maior parte dos índices encontrados são que 55% das gestantes se mantiveram no peso ideal e 45% ultrapassaram os 12 kg. (ASSAD; CENTOFANI; COSTA; MOREIRA, 2003; MARTINELLI)

    Pela literatura, verificamos que o aumento de peso durante a gestação é considerado natural se o ganho for de 9 a 12 kg, o que, nesta pesquisa, mostrou-se abaixo da média que pode ser fator indicativo de boa orientação nutricional ou de falta de informação sobre a alimentação – se a mulher não se alimentar certo e bem-, pode ficar abaixo do peso estipulado. (O’CONNOR; STEPHENSON, 2004, p. 163).

    Analisando o grupo como um todo, 32 (trinta e duas) gestantes (96,96%) relataram possuírem queixa de dor em algum local do corpo, destas, 21 gestantes (63,6%) relataram que as dores tiveram início com a gestação.

    Considerando apenas as 21 gestantes que relataram a relação das queixas de dor com o estado gestacional, 10 gestantes (47,6%) relataram que a queixa de dor prejudicam o sono, e destas, 6 gestantes relataram que acordam com dor. Considerando o relato das gestantes quanto ao período do dia de maior incidência da dor, 12 gestantes (57,14%) relataram o período da tarde.

    Dentre os estudos que pesquisam sobre dores musculares em gestantes, a maioria aponta a lombalgia como principal desconforto, que pode ser gerado ou aumentado no período gestacional. Em uma pesquisa, onde se avaliou apenas as dores nas costas, a região lombar foi a mais citada pelas gestantes de todas as idades, semanas gestacionais e em diferentes trimestre da gestação, com 80, 8%, seguida da região sacrilíaca, com 49,1%, torácica 36,7% e cervical com 5,6%. (MARTINS; SILVA, 2005, ALVES; FREIRE; SANT’ANNA; SILVA, 2006; GRUBER; SALGADO; VALLE, 2012).

    De todas as gestantes que relataram dores e que tiveram início com a gestação (21 gestantes), 8 (oito) gestantes (38,09%) relataram que fazem o uso de medicamentos para alívio da dor, destas, 3 (três) gestantes relataram que o medicamento não foi prescrito por um médico. Ainda, neste grupo, 16 (dezesseis) gestantes (76,19%) relataram que as dores pioram com o avançar da gestação.

    Quando se relaciona a dor com a gestação, de 54% á 59,6% das gestantes relatam sentir aumento da dor com o avanço da gestação, o que pode ser influenciado pelo aumento de peso da mulher e do útero que aumenta de tamanho, forçando o sistema musculoesquelético (ASSIS; TIBÚRCIO, 2002; GALLO; SANTOS, 2010; MADEIRA, 2012).

    Considerando apenas as 11 gestantes que relataram a ausência de relação das queixas de dor com o estado gestacional, 8 gestantes (72,72%) relataram que a queixa de dor prejudicam o sono, e destas, 4 gestantes relataram que acordam com dor. Considerando o relato das gestantes, quanto ao período do dia de maior incidência da dor, 6 gestantes (54,54%) relataram dois períodos juntos, o da manhã e o da noite.

    A maioria das gestantes relata dores no período vespertino, 40,4%, seguido do período noturno, 30,8% e matutino 26,9% (ASSIS; TIBÚRCIO, 2002). Mas dados revelam que a noite também pode ser um período de maior dor, causada pelo cansaço do dia a dia (COELHO, 2006; MADEIRA, 2012).

    Ainda em relação ao grupo de gestantes que relataram ausência da relação das queixas de dor com o estado gestacional, 6 (seis) gestantes (54,54%) relataram que fazem o uso de medicamentos para alívio da dor, todas as gestantes relataram que o medicamento foi prescrito por um médico.

    A maioria das gestantes ingere fármacos que, geralmente, vêm com a orientação dos médicos 88,8%, e há também aquelas que ingerem a medicação por indicação leiga ou automedicação 11,2%, ou seja, 94,6% das grávidas tomam remédios durante a gestação. Os analgésicos, que aliviam as dores, são os mais utilizados (BERGSTEN-MENDES; FONSECA; FONSECA, 2002).

    As tabelas 2 e 3 abaixo apresentam os locais de incidência relatada de dor, é importante salientar que algumas gestantes relataram mais de um local de dor.

Tabela 2. Locais de incidência de dores relatadas pelas gestantes (grupo de gestantes que relataram relação das queixas de dor com o estado gestacional)

Tabela 3. Locais de Incidência de dores relatadas pelas gestantes (grupo de gestantes que relataram ausência de relação das queixas de dor com o estado gestacional)

    Cararo (2006) verificou os maiores pontos de desconfortos na gestação, onde os locais e a média foram: sendo a média para o tronco de: 5,5 para costas-inferior, 3, 291 costa-média, 3,0 para quadril, 2,53 para região cervical, 1,65 para o pescoço, 1,33 para costas-superior. A maior incidência de dor foi na coluna lombar, torácica e cervical, respectivamente. Mas também foram encontrados dores em punhos, joelhos, pernas e pés. Em adolescentes gestantes, que também foi a coluna lombar o local de maior dor com 63,2%, seguido da pelve anterior 52,6% e pelve posterior 42,1% (SPIER, 2009).

Conclusão

    Após realizadas todas as etapas da pesquisa pode-se concluir que as dores musculares acometem as quase todas as gestantes de qualquer idade, peso, se tem um ou mais filhos, que têm um bom nível de escolaridade, têm alta ou baixa renda per capita, enfim, todas as mulheres que se encontram nesse período gestacional.

    Pelas alterações fisiológicas desta fase, principalmente pelo aumento do tamanho do útero, o aumento de peso, a retenção de líquido, de ação dos hormônios, o sistema musculoesquelético também sofre compensações e é mais exigido, fazendo com que a mulher sofra mais dores musculares na coluna, que é a parte que mais se adapta neste período.

    Podemos concluir que as grávidas sentem dores em todas as partes do corpo e que nem sempre associam essas dores à gestação, já que vários fatores incidem para o aparecimento desses desconfortos tanto antes quanto durante a gestação, e que na maioria das vezes a medicação é o tratamento mais utilizado, já que outros métodos são poucos divulgados e informados a esse grupo de pacientes.

    É necessário que haja mais informações acerca desse período tão particular na vida da mulher e também para que a gestação ocorra de forma menos dolorosa e desconfortável, oferecendo à gestante, técnicas capazes de proporcionar melhor qualidade de vida, prevenindo futuros acometimentos a mãe e ao bebê.

Referências

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