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Estudo avaliativo da ocorrência de transtornos

alimentares em bailarinas adolescentes

Estudio evaluativo de la aparición de trastornos alimentarios en bailarinas adolescentes

Evaluative study of the occurrence of eating disorders in adolescent ballerinas

 

*Profissional de Educação Física e Professora de Dança.

**Profissional de Educação Física e pesquisador, membro da equipe da USP

do Núcleo de Estudos, Ensino e Pesquisa do Programa de Assistência Primária

de Saúde Escolar, PROASE

Ana Cláudia da Silva*

Prof. Dr. José Eduardo Costa de Oliveira**

prof.zedu@usp.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Os Transtornos Alimentares (TA) são definidos por Vilela et al (2004), como desvios do comportamento alimentar que podem levar ao emagrecimento extremo, entre outros problemas físicos e incapacidades. No que tange ao Ballet, o mesmo é uma modalidade que também implica em uma determinada estética física, imbricada na sua cultura, em face às exigências de leveza corpórea, flexibilidade, precisão, uso de sapatilhas de ponta, pegadas e os figurinos criados, especialmente, para corpos esguios. Assim, a presente pesquisa objetivou conhecer e analisar a ocorrência de TA em bailarinas adolescentes, de 13 a 19 anos de idade, e avaliar o nível de satisfação com a imagem corporal das mesmas. Para tanto, recorreu-se à pesquisa estratégica, onde foi eleita uma amostra composta de 43 sujeitos de pesquisa (ANDRÉ e LUDKE, 1995). Numa análise conclusiva, foi possível concluir que, na amostra avaliada, a prática do Ballet é bem orientada e direcionada, havendo o trabalho técnico da dança, sem danos à saúde, e não havendo incentivo aos comportamentos alimentares de risco. No entanto, assevera-se a necessidade de observar o comportamento das jovens e estar atento a fatores importantes, tais como exigências da modalidade, instabilidade emocional, pressões competitivas, imagem corporal distorcida etc., pois há o risco de desenvolvimento de transtornos alimentares, não apenas no grupo participante, mas em todos os praticantes de Ballet Clássico, devido à busca por determinada estética corporal.

          Unitermos: Transtornos alimentares. Bailarinas. Adolescentes.

 

Resumen

          Los Trastornos de la Alimentación (TA) se definen por Vilela et al (2004) como desviaciones en la conducta alimentaria que pueden conducir a la pérdida extrema de peso, entre otros problemas físicos e incapacidades. En cuanto al ballet, es una modalidad que implica también una cierta estética física, inmerso en su cultura, debido a las exigencias de liviandad corporal, flexibilidad, precisión, el uso de zapatos de punta, pasos de baile y el vestuario creado especialmente para cuerpos delgados. Por lo tanto, el presente estudio tuvo como objetivo identificar y analizar la ocurrencia de TA en bailarinas adolescentes de 13-19 años de edad, y para evaluar el nivel de satisfacción con la imagen corporal de las mismas. Por lo tanto, recurrimos a la investigación estratégica, donde fue elegida una muestra de 43 sujetos de la investigación (ANDRÉ y LÜDKE, 1995). En el análisis final, se concluyó que, en la muestra estudiada, la práctica del ballet está bien enfocada y dirigida, con la labor técnica de la danza, sin daño a la salud, y no hay incentivos para las conductas alimentarias de riesgo. Sin embargo, afirma la necesidad de observar el comportamiento de las jóvenes y ser conscientes de los factores importantes, como los requisitos de esta práctica, inestabilidad emocional, competencia, imagen distorsionada de su cuerpo, etc., porque se corre el riesgo de desarrollar trastornos de la alimentación, no sólo en el grupo participante, sino en todos que practican Ballet Clásico, debido a la búsqueda de una determinada estética corporal.

          Palabras clave: Trastornos alimentarios. Bailarines. Adolescentes.

 

Abstract

          Eating Disorders (TA) are defined by Vilela et al (2004), as deviations in eating behavior that can lead to extreme weight loss, among other physical problems and disabilities. Regarding the Ballet, it is a modality that also implies a certain physical aesthetics, embedded in their culture, due to the demands of bodily lightness, flexibility, accuracy, use of pointe shoes, footprints and costumes created especially for slender bodies. Thus, the present study aimed to identify and analyze the occurrence of TAs in dancers adolescents 13-19 years old, and to assess the level of satisfaction with body image of the same. Therefore, we resorted to strategic research, where he was elected a sample of 43 research subjects (ANDRE and LUDKE, 1995). In final analysis, it was concluded that, in the sample studied, the practice of Ballet is well focused and directed, with the technical work of dance, without harm to health, and there is no incentive to risk eating behaviors. However, asserts the necessity of observing the behavior of young people and be aware of important factors, such as requirements of the sport, emotional instability, competitive pressures, distorted body image etc. Because there is the risk of developing eating disorders, not only participant in the group, but all practitioners of Classical Ballet, due to search for particular esthetics.

          Keywords: Eating disorders. Dancers. Adolescents.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 183, Agosto de 2013. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    Os Transtornos Alimentares (TA) são definidos por Vilela et al (2004), como desvios do comportamento alimentar que podem levar ao emagrecimento extremo, também denominado de caquexia, ou até mesmo à obesidade, entre outros problemas físicos e incapacidades. Os principais tipos de TA são a Anorexia e a Bulimia nervosa, que são patologias intimamente relacionadas, por apresentarem alguns sintomas em comum, a exemplo de uma ideia prevalente envolvendo a preocupação excessiva com o peso; uma representação alterada da forma corporal e um medo patológico de engordar. Em ambos os quadros, os portadores destes distúrbios estabelecem um julgamento de si mesmos indevidamente, baseado na forma física, a qual frequentemente percebem de forma distorcida.

    O impacto que os TA exercem sobre as mulheres é mais prevalente, ainda que a incidência masculina esteja aumentando exponencialmente, bem como cresce dentro do grupo de profissionais que trabalham no âmbito esportivo, no mundo da moda e da mídia.

    Os TA são todos aqueles que se caracterizam por apresentar alterações graves na conduta alimentar e os sintomas mais frequentes são: medo intenso de ganhar peso, mantendo-o abaixo do valor mínimo normal; pouca ingestão de alimentos ou dietas severas; imagem corporal distorcida; sensação de estar gorda(o) quando se está magra(o); grande perda de peso (frequentemente em um período breve de tempo); sentimento de culpa ou depreciação por ter comido; hiperatividade e exercício físico excessivo; perda da menstruação; excessiva sensibilidade ao frio; mudanças psicológica, como irritabilidade, tristeza, insônia, etc. (VILELA et al, 2004).

    Alguns subtipos podem ser usados para a especificação da presença, ou ausência, de compulsões periódicas ou purgações regulares durante o episódio atual de Anorexia Nervosa. Primeiro, o Tipo Restritivo, onde a perda de peso é conseguida através de dietas, jejuns ou exercícios excessivos. Segundo, o Tipo Compulsão Periódica/Purgativo, quando o portador se envolve regularmente em compulsões de comer, seguidas de purgações durante o episódio atual de anorexia.

    A maioria dos pacientes com Anorexia Nervosa que comem compulsivamente, também fazem purgações mediante vômitos auto induzidos ou o uso indevido de laxantes ou diuréticos. Alguns pacientes incluídos neste subtipo não comem de forma compulsiva, mas fazem purgações regularmente, mesmo após o consumo de pequenas quantidades de alimentos (VILELA et al, 2004).

    Assim sendo, além da Anorexia e da Bulimia, existem outros TA igualmente importantes, tais como a obesidade ou a falta de apetite, consequente a doenças físicas e transtornos emocionais, ou simplesmente desencadeados por uma série de fatores psicológicos, socioculturais e educativos. Corrêa (2010) cita como exemplos:

    A Síndrome do Gourmet, onde os acometidos vivem preocupadas com a preparação, compra, apresentação e ingestão de pratos especiais, diferentes e/ou exóticos, muito embora tenham perdido o interesse nas suas relações sociais, familiares e ocupacionais. Acredita-se que tal alteração possa ser consequência de lesões ou alterações funcionais no hemisfério cerebral direito, tais como tumores, traumatismos, hemiplegia, etc.

    O Transtorno Alimentar Noturno, onde é grande a incidência na população mundial, com cerca de 1 a 3% do total, onde os acometidos se levantam a comer pela noite, ainda que continuem dormindo, permanecendo inconscientes, em relação ao que fazem e não se lembram ao despertar. Quando tomam conhecimento dos feitos, negam contundentemente. A despeito desses "assaltos" noturnos à cozinha, a maioria desses pacientes faz regime durante o dia.

    A Síndrome de Pica, onde os acometidos por esse transtorno se sentem impulsionadas a ingerir sustâncias não comestíveis, tais como sabonete, argila, gesso, casquinhas de pintura, alumínio, cera, tijolo, etc. Isso pode acontecer em mulheres com tendência histérica, grávidas e como consequência de déficits alimentares sérios.

    A Síndrome de Prader-Willy, onde os acometidos podem ser, inclusive, crianças independentemente do gênero, raça ou condição social, de natureza genética e que inclui baixa estatura, retardo mental ou transtornos de aprendizagem, desenvolvimento sexual incompleto, problemas de comportamento característicos, baixo tono muscular e uma necessidade involuntária de comer constantemente, a qual, unida a uma necessidade de calorias reduzida, leva invariavelmente à obesidade.

    E, por fim, a síndrome dos Comedores Compulsivos, ou o denominado Binge-Eating Disorder, na qual os pacientes apresentam episódios de voracidade fágica, mas, sem se utilizarem de métodos purgativos. Neste transtorno, não há preocupação mórbida e irracional com o peso e a forma do corpo, onde os acometidos são, na maioria das vezes, obesos e parecem se distinguir de obesos que não apresentam esses episódios de comer compulsivo por apresentarem mais co-morbidade psiquiátrica e pelo fato da obesidade ser de maior gravidade. O transtorno do comer compulsivo acomete três mulheres para cada dois homens e tem uma prevalência de 2% na população geral e de 30% entre as pessoas obesas que procuram tratamento para emagrecer.

    Não obstante disto tudo; a dança, por sua vez, é considerada uma forma de comunicação que existe desde o princípio da humanidade, sendo à expressão gestual do homem, que precedeu a própria linguagem oral. Com sua evolução, hoje, o universo da dança é cercado por encanto, beleza, graça e estética, e, por isso, as pessoas a ela ligadas tem uma preocupação especial com o físico, particularmente as bailarinas clássicas. Dai a sua correlação direta para com os TA (CORRÊA, 2010).

    No que tange ao Ballet, especificamente, o mesmo é uma modalidade de dança que também implica em uma determinada estética física, imbricada na sua cultura, em face às exigências de leveza corpórea, flexibilidade, precisão, uso de equipamentos (sapatilhas de ponta e os figurinos criados, especialmente, para corpos esguios) pegadas e etc.

    Etimologicamente, a palavra da Língua Portuguesa - balé - vem do inglês ballet que deriva do francês, que tem sua origem na palavra italiana balleto, diminutivo de ballo (dança), que vem do latim ballare, que significa: dançar (ANDERSON, 1992). Neste texto, utilizaremos o termo inglês - Ballet - por ser o mais usual no mundo da dança.

    Historicamente, o Ballet teve sua origem no século XV, durante a Renascença, nas cortes italianas, embora o seu desenvolvimento tenha sido maior nas cortes francesas, no século XVII, durante o reinado de Luís XIV, fato que refletiu diretamente no seu vocabulário.

    No século XX, o Ballet continuou a se desenvolver e teve uma forte influência sobre a dança de concerto, onde nos Estados Unidos da América, George Balanchine desenvolveu o que hoje é conhecido como Ballet Neoclássico (ANDERSON, 1992).

    Os desenvolvimentos posteriores mais conhecidos incluem o Ballet Contemporâneo e o Ballet Pós-estrutural, visto no trabalho de William Forsythe, na Alemanha, onde o Ballet clássico é o mais metódico, dentre todos os estilos, bem como aquele que mais adere às técnicas tradicionais, apresentando-se com algumas variações, em relação à área de origem deste gênero, entre elas, o Ballet russo, o francês, o italiano e o dinamarquês, ainda segundo o mesmo autor supracitado.

    Assim, a relação estreita entre o Ballet e os Transtornos Alimentares, se dá em função das exigências relacionadas ao biótipo das bailarinas, caracterizado por um corpo disciplinado, devidos aos princípios técnicos e a metodologia rígida do próprio Ballet, onde a técnica desta dança, regida pelo ensinamento de códigos e regras e sua linguagem a qual representa inúmeras formas estéticas, executadas através da repetição dos movimentos, esta em constante busca da perfeição, onde para tanto, o corpo dos bailarinos clássicos vislumbra os ideais de beleza românticos, de linhas longilíneas e clássicas, levando seus praticantes a uma busca intensa por um corpo e um peso tidos como os ideais para a modalidade (CORREA, 2010. p. 21).

    Portanto, para um bailarino, o aumento de peso corporal pode interferir negativamente, tanto na performance, quanto na aparência visual, onde a vida dos praticantes, frequentemente, combina um treinamento físico intenso e uma considerável busca por metas irreais de peso corporal e dietas rigorosas (SILVA et al, 2009).

    Nesse cenário, na busca pela imagem corporal considerada - ideal - para o Ballet, as bailarinas clássicas submetem-se a práticas inadequadas que visam perda rápida de peso corporal, tornando-se um grupo de alto risco para o desenvolvimento dos TAs (CESTARI e ANDRADE, 2010).

    De acordo com Saikali et al. (2004), a Anorexia e a Bulimia Nervosa são transtornos definidos por um comportamento alimentar gravemente perturbado, controle excessivo do peso corporal e por distorção da percepção da auto-imagem corporal, onde, devido à excessiva preocupação estética da dança clássica, acomete muitas bailarinas a utilizarem-se de práticas inadequadas, vislumbrando a perda e o controle do seu peso.

    Nos estudos e Simas e Guimarães (2002), os autores deixam claro que a dança influencia de forma negativa na imagem corporal, e a prática do Ballet parece encorajar a magreza excessiva, podendo gerar e/ou potencializar esses transtornos alimentares, pois é esperado que bailarinas apresentem um peso corporal extremamente baixo. No entanto, ao atingir este corpo considerado ideal, estas meninas apresentam, comumente, irregularidades menstruais, ou mesmo amenorreia, além de danos às estruturas esqueléticas.

    Quando se correlaciona o Ballet, os Transtornos Alimentares e o período da adolescência, a incidência dessas patologias torna-se bastante comum, devida à instabilidade emocional, imaturidade, pressão por parte de professores, das competições, festivais e familiares, que levam as jovens bailarinas a recorrem a meios não saudáveis para manter a forma.

    Perante essa problemática, profissionais de Educação Física e do Esporte, que lidam com a busca pelo corpo adequado, devem estar atentos e críticos em relação aos sintomas de jovens, bailarinos ou não, na busca indiscriminada pela magreza, sendo esperado que esses profissionais saibam identificar alterações comportamentais, e que estabeleçam limites entre prática de exercício saudável e exercícios obsessivos, dentro do comportamento dos alunos sob sua intervenção e orientação profissional (SILVA, 2008).

    Desta forma, e, diante do exposto, verifica-se a necessidade de se ampliar os estudos dentro da temática aqui apresentada, o que justifica direcionarmos nosso olhar a problemática dos Transtornos Alimentares e da distorção da imagem corporal em bailarinas adolescentes, aqui tratado como um importante problema de saúde pública, que acomete jovens, atletas e demais sujeitos em situação de vulnerabilidade emocional, em relação a sua estética corporal.

Objetivos

    Face ao exposto, fica evidenciada a necessidade de uma melhor compreensão de alguns aspectos, no momento de conhecer e analisar os determinantes da ocorrência de Transtornos Alimentares em bailarinas adolescentes, e, portanto, formulou-se os seguintes objetivos:

    Identificar e analisar a ocorrência de Transtornos Alimentares em bailarinas adolescentes (de 13 a 19 anos) e, avaliar o nível de satisfação com a imagem corporal das mesmas.

Metodologia

Procedimentos de pesquisa

    Este estudo configurou-se como pesquisa estratégica, possibilitando entender à realidade e adequá-la aos objetivos propostos, pois, esta modalidade baseia-se em teorias oriundas das ciências sociais, tendo como finalidade principal lançar luz sobre determinados aspectos de uma realidade, utilizando-se de instrumentos básicos de qualquer pesquisa, tanto no que diz respeito aos aspectos teóricos, como os metodológicos, porém, almejando a ação como finalidade primária, e, portanto, adequada segundo ponto de vista do autor do presente trabalho (ANDRÉ e LUDKE, 1995).

    Assim, visando potencializar as chances de alcançar os resultados esperados, alguns procedimentos foram utilizados, a exemplo da documentação indireta ou pesquisa bibliográfica, que fora realizada acerca do tema, em livros, textos, periódicos especializados em educação e saúde pública, artigos científicos, monografias, dissertações de mestrado, teses de doutorado, anais de congressos, simpósios, conferências e de materiais (eletrônicos) coletados pela Internet, de onde serão extraídos os conteúdos, sintetizados, prevalecendo às opiniões dos autores. Segundo Minayo (2006), é neste tipo de abordagem, desenvolvida com base em material já elaborado, que permite ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia se pesquisar diretamente, particularmente quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo universo de pesquisa.

    Após esta fase teórica, partiu-se para a fase da pesquisa de campo, onde foi eleita uma amostra composta de 43 adolescentes, do gênero feminino, praticantes de Ballet clássico, com idades entre 13 e 19 anos, pertencentes às escolas de dança Espaço Ophélia Camassutti e o Studium Carla Petroni; ambas, no município de Ribeirão Preto/São Paulo/Brasil.

    As voluntárias responderam a questionários autoaplicáveis, a fim de identificar a incidência de Transtornos Alimentares e avaliar o nível de satisfação com a imagem corporal das mesmas. Os questionários utilizados foram Eating Attitudes Test (EAT) para atitude alimentares, Bulimic Investigatory Test Edinburgh (BITE) para investigação bulímica e Body Shape Questionnaire (BSQ) para imagem corporal, todos nas versões em Língua Portuguesa, todos, disponíveis em Saikali et al. (2004).

    Os participantes foram contatados pessoalmente, nas próprias escolas participantes da pesquisa, onde foram fornecidas todas as informações e esclarecimentos dos riscos de participação na pesquisa, através da utilização de um TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido). Os questionários foram preenchidos pelas voluntárias de modo privativo.

    Também foi feito o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), com base no peso e estatura das voluntárias, para complementar a avaliação.

    De acordo com Cordas e Neves (1999), os questionários supramencionados são alguns dos instrumentos de auto aplicação mais utilizadas nos estudos sobre os Transtornos Alimentares, e, segundo Oliveira e Fagundes (2001) o cálculo do IMC (Índice de Massa Corporal) faz parte da avaliação nutricional.

Resultados

    Respostas obtidas na amostra avaliada:

    O Gráfico I, sobre a imagem corporal, mostra que 48,8% (21) estavam dentro da normalidade e 51,1% (22) apresentaram algum grau de distúrbio de imagem.

Gráfico I. Respostas ao questionário sobre Imagem Corporal

    Acerca da investigação Bulímica, e, segundo o Gráfico II, 62,7% (27) das voluntárias não apresentaram presença de critérios para Bulimia e 32,5% (14) sugerem padrão alimentar não usual e 4,6% (2) apresentaram a presença de comportamento alimentar compulsivo.

Gráfico II. Sintomas segundo o questionário de Investigação Bulímica

    De acordo com Gráfico III, dentro da escala de gravidade dos sintomas, 90,6% (39) das voluntárias estavam normais, 9,3% (4) apresentaram sintomas significativos e 2,3% (1) grande intensidade.

Gráfico III. Escala de gravidade dos sintomas, segundo o questionário de Investigação Bulímica

    Segundo o Gráfico IV sobre as atitude alimentares das participantes, 67,4% (29) estavam dentro da normalidade, e 32,05% (14) apresentaram riscos de desenvolvimento de transtornos alimentares.

Gráfico IV. Baseado nas respostas para o questionário sobre Atitudes Alimentares

    O Gráfico V, baseado no cálculo do IMC, evidenciou que dentro da amostra, 23% (10) estavam com baixo peso, 68% (29) saudáveis, 5% (2) com sobre peso, 2% (1) com obesidade I e 2% (1) obesidade III.

Gráfico V. Cálculo do IMC

Análise dos dados

    De acordo com os resultados encontrados, verificou-se que, apesar de os números não serem alarmantes, há a preocupação e certa insatisfação com a imagem corporal nos sujeitos de pesquisa, como pode ser observado em 22 deles.

    Acerca da investigação Bulímica, 62,7% (27) das voluntarias não apresentaram presença de critérios para bulimia e 32,5% (14) sugeriram um padrão alimentar não usual, mas não havendo a presença de critérios para bulimia e 4,6% (2) que apresentaram a presença de comportamento alimentar compulsivo e grande possibilidade de desenvolvimento de bulimia, evidenciando a presença preocupante de sintomas para desenvolvimento da patologia.

    Sobre a gravidade dos sintomas, 90,6% (39) das voluntárias estavam normais, sem graves sintomas e 9,3% (4) apresentaram sintomas significativos e 2,3% (1), grande intensidade. Números relativamente baixos, considerando a amostra, mas que devem ser considerados, ratificando esta afirmação pelas atitudes alimentares das participantes, onde 67,4% (29) estavam dentro da normalidade, ou seja, não apresentaram comportamentos alimentares de risco e 32,05% (14) apresentaram riscos de desenvolvimento de transtornos alimentares. Número considerável de acordo com a amostra.

    Já em relação ao cálculo do IMC, o referido índice evidenciou que dentro da amostra, 23% (10) estavam com baixo peso, 68% (29) saudáveis, 5% (2) com sobre peso, 2% (1) com obesidade I e 2% (1) obesidade III. Apesar de mais de 50% das voluntárias apresentarem IMC saudável, é importante atentar-se às outras variáveis apontadas pela coleta de dados.

Conclusões

    Na perspectiva de uma análise conclusiva, foi possível ultimar que, na amostra avaliada, a prática do Ballet Clássico é bem orientada e direcionada, havendo o trabalho técnico da dança, sem danos a saúde e não havendo incentivo aos comportamentos alimentares de risco.

    No entanto, a presente investigação assevera que há a necessidade de observar o comportamento das jovens e estar atento a fatores importantes, tais como exigências da modalidade, instabilidade emocional, pressões competitivas, imagem corporal distorcida etc., pois, há o risco de desenvolvimento de transtornos alimentares, não apenas no grupo participante, mas em todos os praticantes de Ballet Clássico, devido à busca por determinada estética corporal.

    Portanto, sendo os Transtornos Alimentares, patologias que trazem sérios riscos a saúde e participantes de Ballet; um grupo de risco para o seu desenvolvimento, sendo de grande importância que os profissionais trabalhem no sentido da prevenção, evitando danos físicos e psicológicos, incentivando hábitos saudáveis que trarão consequências positivas às suas vidas, e, consequentemente, às suas carreiras dentro do Ballet.

    Para tanto, faz-se de fundamental importância o empoderamento, a capacitação e a conscientização de bailarinos, familiares e profissionais capacitados e bem orientados a fim de diminuir a ocorrência de transtornos alimentares, conscientes da necessidade da construção de um corpo capaz de movimentar-se, não só de forma adequada ao Ballet, mas também, corpos saudáveis e prontos para os desafios da sociedade contemporânea, capazes de movimentarem-se, sobretudo, de maneira crítica. Tudo isso, função e dever basilares dos profissionais da área de Educação Física e do Esporte, atuantes ou não nas diferentes áreas da dança, operando enquanto agentes da saúde e formadores de sujeitos críticos, podem contribuir para a prevenção e/ou a identificação e direcionamento, para tratamento desta importante patologia, que aqui foi objeto de discussão.

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