efdeportes.com

Saúde Pública e corporeidade: uma abordagem sociocultural

Salud Pública y corporeidad: un abordaje cultural

 

*Acadêmico do 8º período do curso de Educação Física/Bacharelado da Universidade do Vale do Itajaí

**Professor Orientador da disciplina de Estágio Supervisionado

do curso de Educação Física/Bacharelado da Universidade do Vale do Itajaí.

***Pós Graduando em Gestão Esportiva e Educação Física Escolar Inclusiva, Educador Físico

Universidade do Contestado, UnC

(Brasil)

Wallace Bruno de Souza*

Gilberto Marcelo Zonta**

William Cordeiro de Souza***

Caroline da Costa Alves*

wallace.bsouza@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo pauta-se em uma pesquisa de campo e exploratória de abordagem qualitativa, que tem como objetivo proporcionar a corporeidade corpo sujeito em um grupo de praticas corporais de uma policlínica da cidade de Itajaí. Desse modo foi proposta uma nova abordagem de intervenção pratica a partir do brincar e dos jogos, sabendo que o grupo é mecanizado na pratica do alongamento e da caminhada. Foi possível perceber a visão dos participantes em relação “saúde publica”, correlação a saúde e doença, e as mudanças corporal e social que aconteceram com as pessoas, depois de participar do programa de praticas corporais.

          Unitermos: SUS. Saúde Pública. Corporeidade. Jogos e Brincadeiras.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 183, Agosto de 2013. http://www.efdeportes.com

1 / 1

Introdução

    Nunca se falou tanto em Saúde Pública como nos tempos atuais.

    Pois muitas indagações relacionadas a problemas sociais revertem na participação das políticas publicas em saúde, como violência, drogas, trabalho, lazer, educação, qualidade de vida, doença, prevenção e promoção de saúde.

    Sabendo que o sistema único de saúde ainda não é identificado como um sistema padronizado, em decorrência a sociedade e a cultura nela inserida. Falar de saúde publica faz necessário refletir as questões relacionadas ao corpo participante em uma cultura de poderes, que está diretamente ligada à conduta de vida das pessoas em uma determinada sociedade, que é influenciada por fatores econômicos, políticos, religiosos e educação.

    O homem é o principal alvo e objeto do poder, que tem como meta, a tarefa de incorporar nos corpos características de docilidade. É dócil “um corpo que pode ser submetido, que pode ser utilizado, que pode ser transformado e aperfeiçoado” (PINHO, 1998, p. 189). O mesmo autor saliente que suas formas de modelagens são dadas através do adestramento, sendo utilizado como uma poderosa ferramenta de controle, que age de forma disciplinadora, considerado como uma das “fórmulas gerais de dominação. Assim “a disciplina, segundo a genealogia foucaultiana, diz respeito tanto a uma modalidade de poder que se caracteriza por medir, corrigir, hierarquizar, quanto torna possível um saber sobre o indivíduo”. Sob o olhar da disciplina existem técnicas que norteiam todos os processos de modelagem. (PINHO, 1998, p. 189).

    Desse modo podemos estabelecer o corpo controle, um corpo que é submetido a valores sociais, conduzindo a uma conduta de estabelecer as maneiras de pensar e agir perante uma sociedade. Como por exemplo, a perspectiva e a visão da saúde pública das pessoas no modo de pensar sobre saúde/doença, qual a influencia das práticas corporais na saúde publica para a sociedade. As pessoas estão conduzidas a estabelecer o que é proposto como bom e ruim, e desse modo passam a criar um novo olhar que no que diz a respeito de corpo. Nesse sentido as praticas corporais, são capazes de desenvolver/resgatar a corporeidade das pessoas, que juntamente com cultura corporal do movimento estão diretamente ligada à educação física A educação física utiliza o corpo como ferramenta de trabalho. O corpo pode ser pensado de diversas maneiras, mas qual é o corpo encontrado em nossas sociedades, que poderes e valores estabelecem.

    O educador físico deve criar alternativas para as pessoas reconhecerem seus corpos, seus poderes e seus valores, tais poderes e valores que podem ser descobertos a partir das práticas corporais, como por exemplo, nas brincadeiras e nos jogos.

    A educação física está inserida como participante atuante nos programas de saúde publica, mas ainda profissionais dessa área não entendem sua participação no sistema e não obtêm conhecimentos de como intervir em um trabalho de promoção e prevenção de saúde.

    Dessa maneira antes do profissional de educação física se inserir em um trabalho de intervenção em uma unidade de saúde cabe realizar um reconhecimento/levantamento das realidades, sociais, econômicas, políticas e culturais.

    A partir desse contexto levantamos o seguinte problema de pesquisa: Como proporcionar a corporeidade, corpo sujeito em um grupo de praticas corporais em uma policlínica na cidade de Itajaí?

    Sendo assim realizamos essa pesquisa com o objetivo de “Proporcionar a corporeidade corpo sujeito em um grupo de praticas corporais em uma policlínica na cidade de Itajaí”. Desse modo foram estabelecidos objetivos específicos que se apresentam em: Identificar a corporeidade corpo sujeito a partir das praticas corporais, jogos e brincadeiras; Identificar a visão da saúde publica, de saúde e doença dos participantes de praticas corporais em uma policlínica na cidade de Itajaí; Proporcionar o jogo e o brincar como alternativas de exercícios físicos nos programas de praticas corporais, em uma policlínica na cidade de Itajaí.

Referencial teórico

Sistema Único de Saúde (SUS)

    De acordo com o (BRASIL, 2000) o sistema único de saúde o SUS, é formado pelo conjunto de todas as ações e serviços de saúde prestados por órgãos e instituições publicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo poder publico. A iniciativa privada é permitida participar desse sistema de maneira complementar.

    A criação do Sistema Único de Saúde foi o maior movimento de inclusão social já visto na História do Brasil e representou, em termos constitucionais, uma afirmação política de compromisso do estado brasileiro para com os direitos dos seus cidadãos (BRASIL, 2007).

    A partir da Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada em Alma-Ata (Cazaquistão, antiga URSS), no ano de 1978, ficou estabelecido num plano mundial, através do documento final deste evento, a declaração de alma-ata, a participação efetiva dos estados na saúde do seu povo através da promoção de políticas de saúde que visassem o bem-estar físico, mental e social como direitos fundamentais dos seus habitantes, enfatizando-se principalmente os cuidados primários. Evidenciou-se também que a saúde é amais importante meta social mundial e que, para a sua realização, faz-se necessária a integração com os diversos setores sociais e econômicos (VENTURA, 2003).

    Paralelamente a esse acontecimento histórico da saúde mundial, o Brasil passava por um momento de clamor coletivo por mudanças políticas voltadas para a redemocratização do país, que se intensificaram na década de 1980 por meio de manifestações populares pela eleição direta de um presidente civil, e, no campo da saúde, voltado para uma atenção abrangente, democrática e igualitária, tendo como principais atores sociais os intelectuais, as lideranças políticas, os profissionais da saúde, os movimentos estudantis universitários, os movimentos sindicais, entre outros, o que culminou com o esgotamento do modelo médico assistencial privatista vigente (MEDEIROS JÚNIOR E RONCALLI, 2004).

    De acordo com Souza e Costa (2010) nos anos seguintes, a população brasileira continuou imersa em diversos conflitos sociais, com profundas desigualdades, alto índice de desemprego, grande contingente de miseráveis, enfrentamento de filas infindáveis na busca da assistência à saúde, culminando com uma grande insatisfação popular.

    Nesse contexto, ocorreu em 1986 a 8ª Conferência Nacional de Saúde, que contou com uma intensa participação popular de mais de 4000 pessoas, dentre as quais 1000 eram delegados com direito a voz e a voto (BRASIL, 1986).

    Essa conferência se tornou um dos grandes marcos da saúde no Brasil, podendo ser considerada como o marco inicial da reforma sanitária brasileira.

    Trouxe à tona temas como: a necessidade de ampliação do conceito de saúde e de um novo sistema nacional de saúde, a separação de “Saúde” da “Previdência” e a orientação da política de financiamento para o setor saúde (BRASIL, 1986).

    De acordo com Souza e Costa (2010) ficou consolidado como um instrumento que veio influenciar as responsabilidades do estado em assegurar o direito à saúde para toda a população, garantindo condições de acesso e qualidade dos serviços, servindo de subsídio para a elaboração da nova Constituição de Saúde do Brasil (BRASIL, 1988), além de estabelecer como principal objetivo a ser alcançado um sistema de saúde com atribuições e competências para os níveis Federal, Estadual e Municipal, o que culminou na construção do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS) como uma necessidade imediata e de transformação progressiva para o Sistema Único de Saúde (SUS).

    De acordo com (SOUZA e COSTA, 2010, p.513):

    O Sistema Único de Saúde, como responsável por ações de promoção, prevenção e recuperação de saúde, apresenta propostas legislativas completas para um sistema de saúde nacional. Porém, num país com dimensões territoriais continentais como o Brasil, que enfrenta uma série de desafios sociais, econômicos, políticos, com inúmeras desigualdades, sua efetivação torna-se de difícil realização. São diversos os problemas a enfrentar, a começar pela situação de vida dos cidadãos.

    Conforme o conceito ampliado de saúde da Organização Mundial de Saúde, “saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de doença”, envolvendo questões como emprego, lazer, educação, moradia, saneamento, entre outras (WHO, 1946).

    Ainda saliente Souza e Costa (2010) muito embora esse conceito seja tomado como mera utopia, pois algum grau de doença é compatível com o estado de saúde, é imprescindível considerar a participação dos determinantes socioeconômicos no processo saúde-doença. Desse modo, a uma integração entre o setor saúde com diversos outros para se alcançar o estado de saúde de fato e de direito.

Princípios do SUS

    De acordo com a Constituição Federal do Brasil, no capítulo dos direitos sociais, todo cidadão tem o direito à saúde, educação, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância, assistência aos desamparados (art.6°). No artigo 196 encontra-se redigido: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos, ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação” (BRASIL, 2003).

    O Sistema Único de Saúde (SUS) teve seus princípios estabelecidos na Lei Orgânica de Saúde, em 1990, com base no artigo 198 da Constituição Federal de 1988. Portanto, do ponto de vista legal, todo cidadão tem o mesmo direito ao SUS (BRASIL, 2003).

    Os princípios da universalidade, integralidade e da eqüidade são chamados de princípios ideológicos ou doutrinários, e os princípios da descentralização, da regionalização e da hierarquização de princípios organizacionais; a estes se soma o princípio da participação popular (BRASIL, 2003).

  • Universalidade: "a saúde é um direito de todos", como afirma a Constituição Federal. Naturalmente, entende-se que o Estado tem a obrigação de prover atenção à saúde, ou seja, é impossível tornar todos sadios por força de lei. Todo cidadão tem o direito ao acesso aos serviços de saúde de todos os níveis de assistência (primário secundário e terciário) (BRASIL, 2003).

  • Integralidade: a atenção à saúde inclui tanto os meios curativos quanto os preventivos; tanto os individuais quanto os coletivos. Em outras palavras, as necessidades de saúde das pessoas (ou de grupos) devem ser levadas em consideração mesmo que não sejam iguais às da maioria (BRASIL, 2003).

  • Equidade: todos devem ter igualdade de oportunidade em usar o sistema de saúde; como, no Brasil existem disparidades sociais e regionais, e as necessidades de saúde variam, deve-se priorizar a oferta de ações e serviços aos segmentos populacionais que enfrentam maiores riscos de adoecer e morrer em virtude destas desigualdades. Por isso, considera-se mais adequado o termo equidade do SUS (BRASIL, 2003).

  • Participação da comunidade: O controle social, como também é chamado esse princípio, foi melhor regulado pela Lei nº 8.142. Os usuários participam da gestão do SUS através das Conferências de Saúde e dos Conselhos de Saúde, que são órgãos colegiados em todos os níveis (Federal Estadual e Municipal) (BRASIL, 2003).

  • Descentralização político-administrativa: No SUS existem três esferas: nacional, estadual e municipal, cada uma com comando único e atribuições próprias. Os municípios têm assumido papel cada vez mais importante na prestação e no gerenciamento dos serviços de saúde, através da PPI (Programação Pactuada e Integrada) efetuadas entre os diversos Estados e Municípios (BRASIL, 2003).

  • Hierarquização e regionalização: os serviços de saúde são divididos em níveis de complexidade; o nível primário (de menor complexidade, onde é oferecida a atenção básica), secundário (de complexidade intermediária, referenciado da atenção básica para as especialidades) e terciário (de maior complexidade, referenciado das especialidades para os centros de referência especializados). Quanto mais bem estruturado for o fluxo de referência e contra-referência entre os serviços de saúde, melhor a eficiência e eficácia dos mesmos (BRASIL, 2003).

    “Assim sendo, do ponto de vista legal, todo cidadão tem o mesmo direito ao SUS, independentemente se ele é atendido no setor público (SUS dependente) ou no privado (saúde suplementar)”. (Grifo nosso) (BRASIL, 2003).

Corpo Sujeito – Cultural, Político e Social

    O corpo sujeito é corpo nas múltiplas dimensões do humano. Para além do corpo biológico, subdividido em cabeça, tronco e membros, didaticamente recortado em partes para efeito de estudo, a corporeidade é compreendida na ação intencional do sujeito que é político, social e afetivo. É preciso enfatizar o corpo sujeito (NÓBREGA 2005) na construção do conhecimento e de uma consciência crítica. Que esta diretamente ligada à corporeidade, as situações vivenciais constroem a corporeidade do sujeito (NÓBREGA 2005).

    O corpo pode ser definido de várias maneiras. De acordo com (DAOLIO, 1995, p.24):

    Na área da educação física fala-se muito, atualmente, sobre o corpo. Juntamente com esse substantivo, imprime-se uma série de adjetivos. Podemos aqui citar alguns: esbelto, saudável, bonito, sensual, livre, flácido, feio, reprimido, firme, mole, natural, holístico, moderno, consciente, inteiro, repugnante, prazeroso, gordo, magro, etc.

    O mesmo autor considera que os profissionais da educação física trabalham com o ser humano sobre e através do seu corpo e lidam, por extensão, com os adjetivos impressos no corpo. Considera que o homem chegou ao seu desenvolvimento devido a um processo cultural de apropriação de comportamentos e atitudes, que inclusive transformaram seu componente biológico, sendo assim todos as pessoas são capazes de produzirem culturas.

    O corpo é uma síntese da cultura, porque expressa elementos específicos da sociedade da qual faz parte. O homem, através do seu corpo, vai assimilando e se apropriando dos valores, normas e costumes sociais, num processo de “inCORPOração” (Grifo nosso) (a palavra é significativa). Mais do que um aprendizado intelectual, o indivíduo adquire um conteúdo cultural, que se instala no seu corpo, no conjunto de suas expressões (DAÓLIO, 1995).

    Quanto ao corpo social Foucault (2001) considera que o poder em todas as sociedades está fundamentalmente ligado ao corpo (Grifo nosso), uma vez que é sobre ele que se impõem às obrigações as limitações e as proibições. É dócil o corpo que pode ser submetido, utilizado, transformado, aperfeiçoado em função do Poder.

    Frente a isto (FOUCAULT, 2001, p.186), explicita que:

    Se o poder fosse somente repressivo, se não fizesse outra coisa a não ser dizer não, você acreditaria que seria obedecido? O que faz com que o poder se mantenha e que seja aceito simplesmente que ele não pesa só como uma força que diz não, mas que de fato ele permeia, produz coisas, induz o prazer, forma de saber, produz discurso. Deve-se considerá-lo como uma rede produtiva que atravessa todo corpo social muito mais do que uma instancia negativa que tem função de reprimir.

    Dessa maneira a partir dos valores e poderes faz necessário pensar no corpo político, um corpo caracteriza na busca de valores sociais.

    Conforme Arendt (1990) as características importantes para a efetivação da estrutura organizacional do corpo político foi à estruturação da articulação dos elementos do poder político nascido do próprio povo, os órgãos populares ou as organizações de base e as formas de deliberação e de coordenação.

    Reflete que as formas de organização social das pessoas possibilitam desenvolver seus corpos ativo-políticos, presente em uma sociedade cultura, em constante transformação e poderes “a organização dos deveres do grupo familiar, poder enfatizar um corpo político” (ARENDT, 1990).

Corporeidade

    A corporeidade esta diretamente relacionada ao corpo, à corporeidade se encontra exatamente no corpo. De acordo com (BONFIM, 2005, p.2):

    A questão da corporeidade parece apresenta-se assim, primordial para práxis da educação física, tendo em vista que seu entendimento e conseqüente ampliação das suas possibilidades poderiam contribuir para oferecimento, por parte dos profissionais de educação física, de uma educação corporal mais enriquecedora e significativa.

    Nesse contexto as práticas corporais enriquecem a corporeidade das pessoas, sendo que seus corpos são colocados em novas experiências. As situações vivenciais constroem a corporeidade do sujeito.

    Corporeidade é a história de vida, a experiência do corpo vivido expressa pela motricidade, conjunto de ações intencionais ou motríceas e que se faz no ser sendo, isto é, na medida em que se constrói história e cultura. A corporeidade é a história de vida, do corpo vivido como indicam Manuel Sérgio (1994) e Nóbrega (2005), corpo que consciente da própria realidade é capaz de propor, intervir e interagir com o outro e com o meio, corpo sujeito de suas ações.

    Destaca Morais (1993) ser corpo é estar no mundo sensível e inteligentemente através de um diálogo de aprendizagem, certa ′espiritualização do corpo’ no sentido de vivenciar atitudes e encontrar corpos mais enriquecidos de todos os seus aspectos vitais e emocionais. Compreender o corpo então, somente é possível a partir das experiências e vivências estabelecidas nas relações com os outros e com o mundo. E a esta capacidade de cada pessoa sentir e apossar-se do seu próprio corpo como meio de manifestação e interação com o mundo chamamos de corporeidade.

    De acordo com Santin (1993) ao reduzir a corporeidade a um funcionamento mecânico, não se pôde mais se ocupar com a espiritualidade, a afetividade e a sensibilidade.

    Afirma (TEVES, 1992, p.8):

    O corpo não é uma máquina, um instrumento que registra as informações do mundo exterior na forma de um decalque. [...] seu sentir não é um sentir de qualquer corpo animal. Sua especificidade está exatamente no processo relacional homem/mundo, procede da sua existência concreta de sentir, pensar, agir, sonhar, imaginar, desejar, seduzir. O homem aprende a sentir, sentindo o mundo através de seu corpo.

    De maneira geral cabe ao profissional de educação física propor praticas corporais que sujam das perspectivas mecanicistas e sistematizadas, conforme Bonfim (2005) entende que a educação física deve/deveria despertar no ser humano o entendimento do seu corpo e da sua corporeidade enquanto movimento espaço, tempo, elo, vínculo e tantas outras significações, ou seja, um aproximar do corpo como fonte de consciência, sensibilidade, afetividade e inteligibilidade.

Brincar e Jogar - Enquanto cultura corporal do movimento

    O brincar de acordo Cunha (1994), é uma característica primordial na vida das pessoas, porque brincando, aprende a participar das atividades, gratuitamente, pelo prazer de brincar, sem visar recompensa ou temer castigo, mas adquirindo o hábito de estar ocupada, fazendo alguma coisa inteligente e criativa.

    Segundo Chamboredon (1986) o brincar não tem valor em si, ele se opõe as atividades serias e apresenta-se como substituição de algo que lhe toca, seja sob forma de recreação, relaxamento necessário ao esforço intelectual, seja pelo faz de conta, forma de interpretação que faz as pessoas aprender.

    Os jogos são entendidos de acordo com Darido e Rosário (2005) como praticas corporais populares são atividades flexíveis e variáveis quanto às regras, apresentam improvisação de recursos materiais e informalidade, que podem ser caracterizado como recreativo, lúdico e praticas adaptadas, como pro exemplo adaptar os esportes, coletivos ou individuais.

    A partir do Brincar e do jogar estabelecemos à cultura corporal das pessoas. A cultura corporal de movimento refere às atividades reconhecidas num determinado contexto social e que envolvem o movimentar-se humano, traduz a dimensão histórico-social ou cultural do corpo e do movimento (DAÓLIO, 2005).

    O mesmo autor defende que o sentido de Cultura Corporal que utilizamos parte da definição ampla de Cultura e diz respeito ao conjunto de movimentos e hábitos corporais de um grupo específico.

    O que define corpo é com seu significado, o fato dele ser produto da cultura, ser construído diferentemente por cada sociedade, e não as suas semelhanças biológicas universais (DAÓLIO, 1995).

    De acordo com (BRACHT et al. 1992, p.39) “a materialidade corpórea foi historicamente construída e, portanto, existe uma cultura corporal, resultado de conhecimentos socialmente produzidos e historicamente acumulados pela humanidade”.

    Com ênfase nessa citação o profissional (educador físico), pode fazer isso de forma explícita, atento para as conseqüências do seu trabalho, ou de forma implícita e inconseqüente. Parece-nos evidente tentarmos estar atentos e conscientes em relação ao papel do corpo na cultura (BRACHT et al. 1992).

Descrição metodológica

    Esta pesquisa se constitui num estudo de campo e exploratória de abordagem qualitativa.

    A pesquisa de campo caracteriza-se pelas investigações que vão além da pesquisa bibliográfica e/ou documental, se realiza coleta de dados junto a pessoas, com o recurso de diferentes tipos de pesquisa (FONSECA, 2002).

    A pesquisa exploratória de acordo com Vergara (2000) é realizada em uma determinada área na qual a pouco conhecimento cientifico acumulado e sistematizado.

    Segundo (GIL, 2002) a pesquisa qualitativa é uma forma de compreender a natureza de um fenômeno social. O método qualitativo é utilizado quando uma pesquisa trabalha com a subjetividade, com a aplicação de valores e crenças que orientam as ações humanas, o que interessa é a natureza das respostas, dos sentimentos, das opiniões, das crenças; não o quanto, mas aquilo que as pessoas sentem, pensa, opinam, valorizam.

    Esse estudo foi realizado com cerca de 30 pessoas com idade média de 50 anos (< 20 anos >), participantes do programa Itajaí Ativo na policlínica do bairro Cordeiros da Cidade de Itajaí.

    O Programa Itajaí Ativo foi criado em 2006. O programa funciona em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e Fundação Municipal de Esportes, inserido nas unidades Básicas de Saúde, nos CMU – Centro de Múltiplo Uso, CEI – Centro de Educação do Idoso e GI – Grupos de Idosos, como também para comunidade que deseja participar somente nas academias ao ar livre. O programa Itajaí ativo tem como objetivo melhorar a saúde e a qualidade de vida dos itajaienses através da prática da atividade física nos grupos, nas academias ao ar livre e nos encontros de educação em saúde. 

    Foram estabelecidas nove intervenções, sendo que todas as intervenções contaram com aulas previamente estabelecidas, a partir de um plano de ação geral, e um plano de aula pra cada intervenção. As intervenções foram realizadas todas as sextas-feiras no período da manha das 7:30 as 8:45, entre o período de abril a junho.

    Quanto à coleta de dados, constituiu a partir da formulação do projeto de pesquisa, das propostas praticas dos relatórios das intervenções, das observações sistemáticas e a partir da aplicação de um questionário. De acordo com (GIL 1999, p.128), o questionário pode ser definido “como a técnica de investigação composta por questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc.”. Nesse contexto as pessoas levaram o questionário para ser respondido em casa.

    O método utilizado para analise dos dados foi a analise de conteúdo que para (TRIVIÑOS, 1999, p.161) “o processo de análise de conteúdo pode ser feito da seguinte forma: pré-analise (organização do material), descrição analítica dos dados (codificação, classificação, categorização), interpretação referencial (tratamento e reflexão)”. Assim, a apresentação dos dados é a evidência das conclusões e a interpretação consiste no contrabalanço dos dados com a teoria (TRIVIÑOS, 1999).

    A partir da analise de conteúdos direcionou a pesquisa na categorização dos conteúdos como colocam Olabuenaga e Ispizúa (1989 apud MORAES, 1999), o processo de categorização deve ser entendido em sua essência como um processo de redução dos dados. As categorias representam o resultado de um esforço de síntese de uma comunicação, destacando neste processo seus aspectos mais salientados.

    O presente estudo estabelece os procedimentos éticos e atendeu todas as normas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Saúde (Res. 196/96) envolvendo pesquisas com seres humanos.

    Os materiais utilizados nas intervenções foram estabelecidos de acordo com os planos de aulas para cada intervenção, tais como balões, bolas, arcos, cordas, barbantes, cabos.

Discussão dos dados

Corporeidade e praticas corporais: frente à mecanização corporal

    Tudo que se coloca de novo no corpo como estimulo corporal transmite a corporeidade mesmo que a pessoa já tenha vivencia certa pratica corporal (BONFIM, 2005).

    A partir do momento em que a pessoa, começa a praticar alguma pratica corporal passa a construir uma identidade corpórea, sendo direcionada a se tornar mecanizada, proporcionando um olhar único e convicto que a pratica que realiza é a melhor e mais eficaz (BONFIM, 2005).

    Como salienta Cardoso (1992) que as pessoas passam a realizar algum tipo de pratica corporal a partir do momento, que o poder social estabelece que a pratica de exercícios físicos, melhora a qualidade de vida, e ajuda a prevenir doenças, em muitos contextos após apresentar manifestações clinicas, sendo orientados por médicos “poder” a estar realizando o exercício físico.

    A partir disso percebemos como as pessoas são mecanizadas, a aceitar o que é imposto pela sociedade.

    Fazendo um recorte aos participantes do Itajaí ativo observamos que o grupo da policlínica, são mecanizados em realizar o alongamento e a caminha. Nesse contexto percebemos que essas praticas criam um vinculo diretamente relacionado à melhora da saúde e na cura da doença, como relata de maneira expressiva os praticantes.

    Nesse sentido nos faz pensar na relação da corporeidade desses praticantes, pois o corpo não é uma maquina como relata Morais (1993), ser corpo é vivenciar varias experiências no mundo, é sentir que faz parte de uma sociedade, é estabelecer emoções, afetividade, espiritualidade e sensibilidade.

    Então pensamos em quebrar essa mecanização corporal1, e idealização que o corpo é uma maquina que apenas o que é imposto pelo poder, é capaz de gerar benefícios. Desse modo partimos de um principio de propor praticas corporais, que resgatassem a corporeidade “corpo sujeito” das pessoas, que fizessem se sentir como corpos presentes na sociedade e no mundo.

    A partir disso desenvolvemos a corporeidade “corpo sujeito”, sabendo que o corpo não é somente uma estrutura biológica, que novas experiências constroem a corporeidade no sujeito, estabelecendo novas maneiras de estabelecer o corpo.

    Dessa maneira utilizamos o Brincar e os Jogos, como estratégias de intervenção pratica, para estar desestruturando essa mecanização.

    O Brincar e o Jogo de acordo com Wajskop (1995) numa perspectiva sociocultural faz com que as pessoas interpretem e assimilem a sociedade, os valores e condutas, o afeto com as demais pessoas, e que compreendam que fazem parte de um convívio social e cultural, e que ainda são úteis perante a sociedade.

    Como salientamos anteriormente, nossa proposta foi estabelecer a corporeidade “corpo sujeito”, a fim de aflorar a corporeidade além da visão biológica, do corpo que produz sentimentos e emoções.

    Conforme relata Cunha (1994) o brincar o jogar, é prazeroso, partilha fraternidade, respeito, torna as pessoas mais pré-dispostas, torna um ambiente agradável e harmonioso.

    A partir dessa afirmação compreendemos que o brincar e o jogar, podem estabelecer às pessoas a qualidade de vida, a vida mais ativa, o condicionamento físico entre outros, saindo da mecanização de sempre estarem realizando a mesma pratica, não que essas praticas não sejam importante, mais desde que sejam recreativas, realizadas de diversas formas e com materiais alternativos.

    No entanto o brincar e o jogar proporciona a pessoa benefícios, sem ela notar, pelas questões relacionadas ao prazer e do lúdico, que transmitem as pessoas sensações agradáveis (CHAMBOREDON, 1986).

    Nas intervenções percebeu uma retração das pessoas, quando foi estipulado o brincar e os jogos, sabendo que as pessoas são adaptados podemos dizer assim, em realizar primeiramente o alongamento em seguida o caminha, tivemos como principio inicial estabelecer nossas intervenções a partir da mudança dos estímulos do alongamento e da caminhada.

    A partir disso passamos a desenvolver o alongamento de forma recreativa, com a utilização de materiais alternativos, e a partir desses materiais criávamos brincadeiras e jogos, que no inicio gerou muita reclamação, pois começamos a quebrar a mecanização: “(...) a gente não é criancinha pra ficar brincando”, “queremos ir pra caminhada”, “tem pouco tempo pra caminhar”, “se as aulas forem assim eu não venho mais”.

    Dessa maneira passamos a construir as brincadeiras e os jogos com os participantes, utilizando as praticas que já são adaptados direcionando a praticas diferentes, como estafetas, e brincadeiras lúdicas. Onde possibilitou com que as pessoas até mudassem seus pensamentos referentes às novas praticas. “(...) essa atividade é boa, a gente precisa se movimentar”, “hoje não tem brincadeira?, “vamos brincar de quê hoje?”.

    Tínhamos que ter um grande cuidado com o tempo das atividades, pois as pessoas, não queriam ficar sem realizar a caminhada, a partir disso pensamos em desenvolver atividades mais ativas, onde as pessoas tivessem sempre se movimentando, foi outro fator determinante na aplicação de novas propostas praticas, “(...) essa brincadeira sim é interessante”, “essa brincadeira foi muito boa”.

    Outro fator muito importante foi à competição, que encontramos nas brincadeiras e nos jogos, onde tornou as atividades mais relevantes a pesquisa, onde notou a expressão corporal, foi nesse ponto que notamos como podemos desenvolver a corporeidade das pessoas, que são mecanizadas e sistematizadas pelo poder.

Visão da Saúde Publica: saúde e doença

    Muitos dos participantes ainda não conhecem a participação dos SUS, nos programas de praticas corporais.

    Como percebemos muitos dos participantes, começaram a participar do grupo de praticas corporal, a partir do momento que passaram a apresentar algum problema com a saúde. De acordo com Cardoso (1992), muitas pessoas passam a realizar a pratica de exercícios físicos a partir do momento em que apresentam manifestações clinicas.

    Nesse sentido o SUS passou a investir em programas de praticas corporais, percebendo a importância do exercício físico, evidenciando a redução nos gastos com medicamentos e intervenções cirúrgicas, e possibilita aos praticantes ganhos, que extrapolam a esfera do corpo físico (SOUZA, BERNIERI e SOUZA, 2013).

    Desse modo ressaltamos a importância de observar a visão da Saúde Publica dos participantes em correlação a saúde e a doença. Percebemos a partir das intervenções, que os indivíduos não estabelecem um vinculo ativo com a unidade básica de saúde que fica localizada a poucos metros do local onde são realizadas as atividades.

    Percebemos que relacionam, a unidade básica de saúde apenas quando necessitam de consultas médicas, e quando estão doentes podemos dizer assim. De acordo com os participantes doença esta relacionada: (...) descuido, quando o corpo não esta bem, tudo que não presta, debilidade, desagradável, moléstia, enfermidade, tristeza, agressão ao corpo, mau humor”.

    Observamos então que o senso-comum estabelece vários conceitos sobre doença, que faz nós refletir, que as pessoas ainda não estabelecem vínculos informativos, científicos relacionados à doença que no nosso ponto de vista deveria ser transmitidas aos indivíduos que fazem parte e utilizam do SUS.

    Sabendo que a esfera da Promoção da Saúde tende a embasar e articular, conhecimentos referentes à Saúde/Doença.

    De acordo com (BUSS, 2000, p.165):

    A promoção da saúde, como vem sendo entendida nos últimos 20-25 anos, representa uma estratégia promissora para enfrentar os múltiplos problemas de saúde que afetam as populações humanas e seus entornos neste final de século. Partindo de uma concepção ampla do processo saúde-doença e de seus determinantes, propõe à articulação de saberes técnicos e populares, e a mobilização de recursos institucionais e comunitários, públicos e privados, para seu enfrentamento e resolução.

    Investigamos então a relação da saúde. O que os participantes entendem sobre saúde, observou-se as que as respostas são descritas a partir do senso-comum, percebemos que falta do conhecimento especifico e a articulação das políticas em Saúde Publica, não criam certo elo, onde estabelece que as pessoas não entendam e conheçam o Sistema Único de Saúde.

    Mas sabemos também que as respostas relacionadas à doença e a saúde também transparecem de uma forma subjetiva, como as pessoas entendem diferentes conceitos, mas acreditamos que as pessoas precisam conhecer e ser cientes de sua participação no SUS.

    Para os participantes Saúde esta relacionado: (...) “vida ativa, sem doença, disposição, estar de bem com a vida, alegria, liberdade, felicidade, harmonia, equilíbrio, ser saudável”.

    A partir dessa análise relacionamos a Saúde/Doença, com as mudanças que aconteceram nos corpos dos participantes e com o que mudou socialmente após iniciar no programa de praticas corporais.

    Quanto à mudança no aspecto corporal os participantes estabelecem que: (...) ficaram mais ativos, emagrecimento, disposição, maior mobilidade, aumentou a força, melhorou as atividades da vida diária, alivio de dores musculares e ósseas, vontade de viver, estabilizou certas patologias”.

    Como argumentamos anteriormente, percebemos as respostas subjetivas dos praticantes, se levar em consideração aos benefícios dos exercícios físicos, percebemos que as praticas corporais, passaram a determinar aos participantes benefícios fisiológicos e subjetivos.

    Nessa mesma relevância investigamos, quais foram às mudanças sociais que aconteceram com os participantes após iniciar no programa de praticas corporais, observamos que: “(...) união entre as pessoas, amizade, descontração, alegria, tiveram mais acesso na unidade básica de saúde, realização de atividades “festas, confraternização”, uma vida mais saudável”.

    Observamos então que as pessoas estabelecem as mudanças sociais em relação à afetividade, percebemos que muitas pessoas participam dos programas de praticas corporais, apenas para conversar com outras pessoas, ser reconhecida com uma pessoa que ainda transmite valores sociais, que estabelecem poderes, que são membros participantes de uma esfera social.

Brincar e Jogar como alternativa nos programas de práticas corporais

    O brincar e o jogar sem duvidas é uma das características primordiais na vida das pessoas, pois são atividades prazerosas, que estimulam o desenvolvimento social, intelectual, corporal (CUNHA, 1986).

    As pessoas ainda estabelecem o brincar e o jogar, como praticas corporais voltadas as crianças. A grande mazela é introduzir essas praticas em um grupo que já estabelece certa mecanização em certas praticas corporais.

    Nesse contexto se cria um grande desafio de estabelecer o brincar e o jogar, como praticas corporais que podem estabelecer benefícios iguais ou superiores, em relação a praticas que representam as pessoas como únicas e prováveis na obtenção de objetivos pretendidos, como por exemplo, o senso-comum considera que a caminhada emagrece, então passam a tornar essa pratica como única e melhor para perder peso.

    Sabendo que o brincar e o jogar, se foram direcionados na mesma intensidade da caminhada também pode contribuir na perda de peso (WEINECK, 1941).

    O brincar e o jogar estabelecem benéficos além dos aspectos fisiológicos (CUNHA, 1986).

    Podemos perceber que o brincar e o jogar afloram a corporeidade, apresenta a identidade corpórea, a expressão corporal das pessoas. Resgatam e estabelecem a cultura corporal do movimento, enriquecem os gestos corporais, mesmo que as pessoas mostrem certas dificuldades no entendimento das atividades e nos gestos motores.

    O brincar e o jogar são praticas corporais que extrapolam o prazer, o divertimento e a alegria, se apresentam como praticas que estabelecem os objetivos “fisiológicos”, em uma forma de descontração, sem focar nos movimentos padronizados, mecanicistas (CHAMBOREDON 1986).

    Consideramos que as praticas padronizadas como o alongamento dos membros, e caminha, são praticas que influenciam também nos objetivos e benefícios das pessoas, mas salientamos que as praticas corporais devem ser transmitidas aos participante de diversas formas, fazendo com que as pessoas reconheçam suas possibilidades e habilidades, que ainda produzem valores corporal, “o corpo é enriquecido com o brincar e com o jogar”.

    Desse modo o profissional deve estabelecer as praticas de acordo com a realidade do grupo que se encontra, deve construir e inserir aos poucos o brincar e o jogar nos programas de praticas corporais, pois as pessoas estabelecem o pensamento do senso-comum, e estabelecem o poder social, como a razão padrão.

    Sendo assim cadê ao educador físico, estabelecer critérios metodológicos e pedagógicos, que gerem objetivos “fisiológicos”, “sociais” e que proporcione a “corporeidade”.

Considerações finais

    As pessoas são mecanizadas e sistematizadas a aceitar o que o poder social determina como padrão convicto de proporcionar os objetivos e benefícios esperados.

    Nos dias atuais a procura pela pratica de exercícios físicos vem ganhando cada vez mais proporção, pois estudos já mostram os benefícios da pratica de exercícios físicos na área da saúde publica como, a redução nos diagnósticos de patologias, intervenções cirúrgicas, e na redução da utilização de medicamentos. Sendo assim as políticas publicas em saúde passaram, a investir em programas de praticas corporais com o intuito de estabelecer a saúde das pessoas e na redução nos gasto clínicos em geral.

    Atualmente as praticas corporais estão direcionadas a partir das afirmações da OMS, sendo assim hegemonicamente as praticas mais comuns oferecidas pelos os programas de praticas corporais, são o alongamento e a caminhada. Que criam certo pensamento nas pessoas como praticas únicas na obtenção dos objetivos “fisiológicos”.

    Mesmo sabendo da importância da saúde, e contra posição a não aquisição de doença, os programas de praticas corporais, devem ir além da esfera fisiológica, pois o corpo não é uma maquina, devem reconhecer o corpo como um todo, um corpo que transmite sentimentos, valores, que vivem em uma determinada sociedade, devem estabelecer o Corpo Sujeito e a Corporeidade, das pessoas.

Nota

  1. De acordo com Turtelli (2003) o Corpo Mecanizado torna o vocabulário de movimentos do individuo limitado, a apenas alguns movimentos padronizados, sem sair de sua essência, que esta diretamente ligada à relevância exacerbada dada à anatomia, a fisiologia e a biomecânica que dificultam as tentativas de se considerar o corpo e o movimento no âmbito social e cultural.

Referências

  • ARENDT, H. Revista: Atica e UNB: Da Revolução. São Paulo, 1990.

  • BALBINO, H. F; GALATTI, L. R.; PAES, R. R. Pedagogia do esporte: considerações pedagógicas e metodológicas no processo de ensino e aprendizagem do basquetebol. In: PAES, R. R.; BALBINO, H. F; Pedagogia do Esporte: contextos e perspectivas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

  • BRACHT, V. et al. Metodologia do ensino de educação física. São Paulo, Cortez, 1992.

  • BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Legislação estruturante do SUS. Brasília, DF, 2007a. (Coleção Progestores - Para entender a Gestão do SUS, 12).

  • BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Para entender a gestão do SUS / Conselho Nacional de Secretários de Saúde. - Brasília : CONASS, 2003.

  • BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. Seção II, p. 33-34.

  • BRASIL. Ministério da Saúde. Relatório final da 8ª Conferência Nacional de Saúde. Brasília, DF, 1986.

  • BRASIL. Ministério da saúde. Sistema Único de Saúde (SUS): princípios e conquistas / Ministério da saúde, Secretaria Executiva – Brasília: Ministério Saúde, 2000.

  • BONFIM, Tânia Regina. Corporeidade e educação física. Revist@ Fafibe On-line, Ano I, n. 1, Jul., 2005.

  • CARDOSO, J.R. Atividades físicas para a terceira idade. A terceira idade. 1992; 5 (4) : 9-21.

  • CHAMBOREDON, J.C. O ofício de criança: definição social da primeira infância e funções diferenciadas da escola maternal.Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 59, p. 32-59, nov. 1986.

  • CUNHA, Nylse H. S. Brinquedoteca: um mergulho no brincar. São Paulo. Maltese, 1994.

  • DAÓLIO, Jocimar. Cultura. In GONZÁLEZ, F. & FENSTERSEIFER, P. (org.). Dicionário crítico de Educação Física. Ijuí: Unijuí, 2005.

  • DAÓLIO, Jocimar. Os significados do corpo na cultura e as implicações para educação física. Revista: Movimento. Ano 2 – N.2, Junho de 1995.

  • DARIDO, S.C; ROSÁRIO, L.F.R. Motriz, Rio Claro, v.11 n.3 p.167-178, set./dez. 2005.

  • FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila.

  • FOUCAULT, Michel. Poder - corpo. In:. Microfísica do Poder. Organização e tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2001.

  • GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

  • GIL, Antônio Carlos.Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed., São Paulo:Atlas, 2002

  • HOLLMANN, W.; HETTINGER, T. Medicina do esporte: fundamentos anatómico-fisiológicos para a pratica esportiva. 4.ed. São Paulo: Manole,2005.

  • MANUEL SÉRGIO. Motricidade Humana. Contribuições para um paradigma emergente. Lisboa, PT: Instituto Piaget, 1994 (coleção epistemologia e sociedade).

  • MEDEIROS JÚNIOR, A.; RONCALLI, A. G. Políticas de saúde no Brasil. In: FERREIRA, M. A. F.; RONCALLI, A. G.; LIMA, K. C. Saúde bucal coletiva: conhecer para atuar. Natal: EDUFRN, 2004. p. 249-259.

  • MORAES, Roque. Analise de Conteúdo. Revista Educação. Porto Alegre. N°37. Março, 1999.

  • MORAIS, J. F. R. de. Consciência corporal e dimensionamento do futuro. In: MOREIRA, W. W. (Org.). Educação física & esportes: perspectivas para o século XXI. Campinas: Papirus, 1993. p.71-88.

  • NÓBREGA, Terezinha. P. Corporeidade e Educação Física: do corpo-objeto ao corpo-sujeito. Natal: EDUFRN, 2000.

  • PÉREZ GALLARDO, Jorge Sergio. (coord.). Educação Física: contribuições à formação profissional. 3a Edição. Ijuí: Editora UNIJUÌ, 2000. (Coleção educação).

  • PINHO, L. C. “As tramas do discurso”. In: Castelo Branco, G.; Baêta Neves, L. F.. (Org.). Michel Foucault: da arqueologia do saber à estética da existência. Londrina/Rio de Janeiro: Nau, 1998, v., p. 183-192.

  • POWERS, S. K., HOWLEY, E. T. Fisiologia do Exercício –Teoria e Aplicação ao Condicionamento e ao Desempenho. 3ª ed. Manole. São Paulo. 2000.

  • SANTIN, S. Educação física: uma abordagem filosófica de corporeidade. Ijuí: Livraria Unijuí, 1987.

  • SOUZA, Georgia Costa de Araújo; COSTA, Iris do Céu Clara. O SUS nos seus 20 anos: reflexões num contexto de mudanças. Saude soc., São Paulo, v. 19, n. 3, set. 2010 .

  • SOUZA, W.B; BERNIERI, M.A; SOUZA, W.C. Dança e marcha: benefícios subjetivos e alterações da freqüência cardíaca. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Ano 18 - Nº 181 - Julho de 2013. http://www.efdeportes.com/efd181/danca-e-marcha-beneficios-subjetivos.htm

  • SHAGOLD M, Mirkin G. Physiology and sports medicine. 2 nd. Philadelphia: F. A. Davis Company, 1994.

  • TEVES, N. (Org.). O imaginário social e educação. Rio de Janeiro: Gryphus; Faculdade de Educação da UFRJ, 1992.

  • TRIGO, Eugenia. et al. Creatividad y motricidad. Barcelona: INDE, 1999.

  • TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais: A Pesquisa Qualitativa em Educação.4.ed., São Paulo: Atlas, 1999.

  • TURTELLI, Larissa Sato. Relações entre imagem corporal e qualidades de movimento: uma reflexão a partir de uma pesquisa. 2003. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas.

  • VENTURA, D. F. L. Direito institucional sanitário.In: ARANHA, M. I. (Org.). Direito sanitário e saúde pública: coletânea de textos. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2003. p. 261-299. v. 1.

  • VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração . 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

  • WAJSKOP, Gisela. Brincar na pré-escola. São Paulo: Cortez, 1995.

  • WEINECK, J. Biologia do esporte. Weineck. Traduzido por Anita Viviani: SP: Manole, 1941.

  • WINTER DA. The biomechanical and motor control of human gait: normal, elderly and pathological. 2nd. Waterloo: University of Waterloo Press, 1991.

  • WHO. Constitution of the World Health Organization. Geneva, 1946. Disponível em: http://whqlibdoc.who.int/hist/official_records/constitution.pdf. Acesso em: 29 mar. 2013.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 18 · N° 183 | Buenos Aires, Agosto de 2013  
© 1997-2013 Derechos reservados