efdeportes.com

Análise dos indicadores para o desenvolvimento 

da hipertensão arterial: um estudo com estudantes 

das escolas estaduais do município de Cruz Alta, RS

Análisis de los indicadores para el desarrollo de la hipertensión arterial: un estudio 

con los estudiantes de las escuelas estatales del municipio de Cruz Alta, RS

 

*Licenciado em Educação Física pela Universidade de Cruz Alta

**Acadêmica do Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade de Cruz Alta

***MSc. do Curso de Educação Física da Universidade de Cruz Alta

Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Física Escolar - GEPEFE/UNICRUZ

(Brasil)

Bruno Renan Santos Brum*

brum_bruno@hotmail.com

Aline de Oliveira Martins**

martinsaline@live.com

Marilia de Rosso Krug***

mkrug@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          As doenças cardiovasculares representam inúmeros casos de mortalidade no país, sendo a hipertensão arterial responsável por desencadear outras doenças cardiovasculares, sendo a obesidade, o sedentarismo, o uso de álcool, fumo e a ingestão excessiva de sal os principais fatores de risco que provocam reações no organismo elevando a pressão arterial, sendo assim a identificação precoce destes fatores pode auxiliar na elaboração de estratégias de prevenção. Desta forma justifica-se este estudo que teve como objetivo analisar quais são os fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão arterial estão prevalecendo entre os estudantes do ensino médio das escolas estaduais do município de Cruz Alta/RS. Participaram do mesmo 353, com idade entre 14 e 21 anos. Os instrumentos utilizados para obtenção das informações foram: um esfigmomanômetro de mercúrio e estetoscópio, o Índice de Massa Corporal – IMC, o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) e um questionário que identificou os casos de hipertensão na família, o consumo de bebida alcoólica e de tabaco. Os dados foram analisados através da estatística descritiva, frequência simples e percentual. Os fatores de risco associados à hipertensão arterial foram correlacionados entre si através do teste do qui quadrado (p ≤ 0,5). Após a analise dos dados foi possível perceber que a maioria dos escolares são Insuficientemente ativos, apresentam fator de risco hereditário para desenvolvimento da hipertensão arterial e a maioria dos jovens afirmou não consumir bebida alcoólica e tabaco. Então, Conclui-se que entre os alunos das escolas estaduais do município de Cruz Alta/RS prevalece o sedentarismo, a hereditariedade e o sobrepeso/obesidade.

          Unitermos: Hipertensão arterial. Adolescentes. Fatores de risco.

 

Abstract

          Cardiovascular diseases are numerous cases of death in the country, with arterial hypertension responsible for triggering other cardiovascular diseases, and obesity, physical inactivity, alcohol use, smoking and excessive intake of salt the main risk factors that cause reactions in the body raising blood pressure, so the early identification of these factors can help to develop prevention strategies. Thus it is appropriate that this study aimed to analyze what are the risk factors for the development of hypertension are prevalent among high school students from state schools in the municipality of Cruz Alta/RS. Attended the same 353, aged between 14 and 21 years. The instruments used to obtain the information were: a mercury sphygmomanometer and stethoscope, Body Mass Index - IMC, the International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) and a questionnaire that identified cases of hypertension in the family, alcohol consumption and tobacco. Data were analyzed using descriptive statistics, simple frequency and percentage. Risk factors associated with hypertension were correlated through the chi-square test (p ≤ 0.5). After the data analysis it was revealed that most of the students are Insufficiently active, have an inherited risk factor for development of hypertension and the majority of young people said not to consume alcoholic beverages and tobacco. So conclusion is that among students from state schools in the Cruz Alta/RS prevails inactivity, heredity and overweight / obesity.

          Keywords: Hypertension. Teens. Risk factors.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 183, Agosto de 2013. http://www.efdeportes.com

1 / 1

Introdução

    As doenças crônicas degenerativas atualmente assumiram o posto principal na causa de morte no país. Entre estas doenças estão incluídas as cardiovasculares. Uma das patologias cardiovasculares que vêm crescendo na humanidade e provocando vários óbitos é a hipertensão, que está presente nas sociedades industrializadas. A hipertensão é uma condição na qual há elevação da pressão arterial nas paredes das artérias.

    Desde os anos 50, os índices de óbito causado por doenças cardiovasculares têm sido crescentes e são responsáveis por 1/3 de todas as mortes (MONTEIRO et al., 2005). De acordo com Mion Jr et al. (2004), no década passada foram registrados 930 mil óbitos no Brasil, desse total as doenças cardiovasculares foram responsáveis por 27% dos casos. A hipertensão é um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares. Monteiro et al. (2005) afirmaram que há estimativas de que em 2025, 7% de toda a população brasileira será composta de idosos hipertensos, o que significa 16 milhões de pessoas com mais de 60 anos apresentando pressão alta.

    De acordo com Mano (2009) quanto maior a idade, maior a probabilidade de existência de hipertensão arterial, no entanto, concentra-se um cuidado em especial na adolescência, pois nessa faixa etária a ingestão de álcool, o uso de drogas ilícitas, como o tabagismo, aumenta e estes devem ser considerados como possíveis causadores da hipertensão arterial em alguns casos.

    Para Neves et al. (2007) é de extrema importância a detecção precoce da pressão arterial anormal na infância e adolescência, para amenizar o desenvolvimento desta patologia na idade adulta e, portanto, para reduzir a morbimortalidade renal e cardiovascular destes pacientes.

    Ainda em estudos de Neves et al. (2007) afirmaram que crianças que vivem em grandes cidades, 20% delas têm pressão arterial acima da média 110 mmHg por 70 mmHg, sendo que 90% delas devem ser tratadas com uma dieta ideal e exercício físico e em 80% a probabilidade de desenvolver hipertensão na vida adulta é muito grande, de forma que o aumento de 5% acima do limite ideal da pressão arterial já mostram um grande risco de desenvolver pressão arterial no futuro.

    Dentre os fatores de risco para o desenvolvimento de hipertensão arterial em adolescentes destacam-se: o índice de Massa Corporal (IMC), níveis iniciais elevados de pressão arterial, a história familiar, o sedentarismo, obesidade, medida de relação cintura quadril e estresse, sendo que esses fatores tanto de forma combinada, quanto independente, podem de várias formas estarem correlacionados com o aumento da pressão arterial (SILVA; SOUZA, 2004).

    Carneiro et al. (2003) constataram indicações que a obesidade é um importante e independente fator de risco para hipertensão e demonstraram que uma dieta balanceada tem uma grande importância desde cedo na vida de qualquer pessoa, ainda mais se a mesma tiver alguma pré-disposição a ter hipertensão arterial, já que a quantidade de gordura na barriga mais precisamente no tecido gorduroso intraviseral é um fator que está relacionado com doenças cardiovasculares o que também no caso inclui a hipertensão.

    Segundo Araújo et al. (2008) crianças com pressão arterial elevada têm maior probabilidade no desenvolvimento de hipertensão arterial, o estudo acima confirma que crianças com pressão arterial elevada, mais tarde desenvolveram hipertensão arterial, chamando a atenção para a verificação da pressão arterial na infância. Ideal é que a partir dos três anos a pressão da criança seja aferida a cada visita ao médico. Se ele não o faz, os pais têm o direito de pedir.

    O sedentarismo também aparece como um dos fatores causadores da hipertensão arterial, mesmo que o incentivo a realização de exercício em beneficio da saúde, nos dias de hoje esteja presente nos veículos de comunicação de forma abundante, no entanto muitos adolescentes ainda são sedentários, ou insuficientemente ativos. Oehlschlaeger et al. (2004) contataram um maior número de adolescentes sedentários entre as idades de 17 e 18 anos (38,9% e 44,8%). Esta também foi maior entre os adolescentes que freqüentaram a escola até quatro anos (58,02%), em relação aos de cinco a oito anos (36,5%) e aos que freqüentaram nove ou mais anos.

    Constata-se então que a escola tem um papel importante contra o sedentarismo, segundo os estudos acima entre jovens que tiveram um grau mais baixo de escolaridade apresentaram nível maior de sedentarismo e a faixa de idade onde se apresentou um maior número de jovens sedentário foi entre 17 e 18 anos. Isso aponta de certa forma o desinteresse dos adolescentes dos anos finais do ensino fundamental e ensino médio em praticar a aula de Educação Física ou até mesmo o reflexo da diminuição das aulas de Educação Física nessa faixa etária, contribui pra este fato a entrada dos mesmos no mercado de trabalho, deixando assim de lado o exercício fisco na escola.

    Outro fator de risco de hipertensão é o histórico familiar, pois, segundo Chaves, Lopes e Araújo (2006) quando há elevação da pressão arterial na juventude parece persistir na vida adulta, especialmente quando há história familiar de hipertensão arterial, ou seja, quando os pais de um jovem apresentam um quadro de hipertensão arterial este jovem pode apresentar este mesmo quadro devido ao seu histórico familiar, por herança genética.

    A hipertensão arterial também está relacionada ao estresse segundo estudos de Vieira e Lima (2007) a fundamentação desses testes baseia-se na hipótese da hiper-reatividade pressórica, ou seja: os indivíduos que apresentam resposta cardiovascular exagerada em situação de estresse laboratorial ou na vida real tendem a desencadear alterações estruturais no sistema cardiovascular que favorecem o desenvolvimento da hipertensão arterial, da doença coronariana e de outras doenças cardiovasculares.

    Salgado e Carvalhães (2003) afirmaram que o estresse eleva a pressão arterial, para jovens que já tem histórico familiar de hipertensão isso se torna um perigo já que são dois fatores de risco que juntos e sem um controle adequado, podem trazer conseqüências graves, já que a cada vez que o individuo estiver exposto a um estresse alto sua pressão sobe de forma rápida e descontrolada.

    Durante a adolescência, muitos hábitos relacionados à alimentação, prática de atividade física, consumo de bebidas alcoólicas e cigarros possibilitam o aparecimento da hipertensão arterial, por isso existe a necessidade da identificação destes fatores de risco, para iniciar uma intervenção educativa com o intuito da prevenção desta patologia. De acordo Correia; Cavalcante e Santos (2010), quanto maior o número de fatores de risco presente, maior será a probabilidade de apresentar um evento cardiovascular. Da mesma forma, quanto melhor o controle dos hábitos de vida, com redução do número de fatores modificáveis associados, maior é a redução deste risco.

    Desta forma fica evidente a importância da realização deste estudo, que tem como objetivo geral analisar a presença de fatores de risco associados à doença hipertensiva nos estudantes do Ensino Médio das escolas estaduais da cidade de Cruz Alta-RS.

Metodologia

    Participaram deste estudo quantitativo, 353 alunos o que correspondeu a 15% do total (2335) de alunos regularmente matriculados no ano de 2009 no ensino médio, das escolas estaduais da cidade de Cruz Alta RS, com idade entre 14 e 21 anos, sendo 163 (46,2%) homens e 190 (53,8%) mulheres.

    Foram analisados os seguintes fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão arterial: a obesidade, o sedentarismo, a hereditariedade, o consumo de bebida alcoólica e o habito de fumar.

    Para verificação da pressão arterial foi utilizado um esfigmomanômetro de mercúrio e estetoscópio, sendo realizado três medidas espaçadas por intervalos de tempo de 5 e 2 minutos, conforme recomendações da força-tarefa publicado em 1987.

    Para identificação do estado nutricional (obesidade/sobrepeso) foi utilizado o Índice de Massa Corporal – IMC. Para esta medida foi verificado o peso corporal utilizando uma balança mecânica, com capacidade de até 130 kg e a estatura que foi verificada com uma fita métrica, colocada em uma superfície plana. Foi considerada a tabela proposta por American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance (1988), sendo o nível desejável os valores entre 17 a 24 para moças de 14 a 17 anos e rapazes de 14 a 16 anos e, para moças de 18 anos e rapazes de 17 e 18 anos, valores de IMC entre 18 e 25, os valores acima ou abaixo destes foram considerados indesejáveis.

    Para obtenção das informações referentes aos níveis de atividade física dos adolescentes foi utilizado o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ – versão curta). O IPAQ foi proposto pelo Grupo Internacional para Consenso em Medidas da Atividade Física. Os adolescentes foram classificados em quatro níveis: SEDENTÁRIO, os que não realizavam nenhuma atividade física por pelo menos 10 minutos contínuos durante a semana; INSUFICIENTEMENTE ATIVOS, os que realizaram atividade física por pelo menos 10 minutos por semana; ATIVO, os que cumpriram as recomendações (a) vigorosa ³ 3 dias/sem e ³ 20 minutos por sessão (b) moderada ou caminhada ³ 5 dias/sem e ³ 30 minutos por sessão e (c) qualquer atividade somada ³ 5 dias/sem e ³ 150 minutos/sem (caminhada + moderada + vigorosa) e MUITO ATIVO os adolescentes que cumpriram as seguintes recomendações: (a) vigorosa ³ 5 dias/sem e ³ 30 minutos por sessão ou (b) vigorosa ³ 3 dias/sem e ³ 20 minutos por sessão + moderada e/ou caminhada ³ 5 dias/sem e ³ 30 minutos por sessão.

    Para casos de hipertensão na família, foram consideradas a história familiar de pais e irmãos hipertensos, sendo considerados indesejáveis aqueles que afirmaram possuir pais e irmãos hipertensos e desejáveis aqueles que não possuíam casos na família.

    O consumo de bebida alcoólica foi analisado através do consumo freqüente e nos finais de semana e o fumo foi observado os fumantes e aqueles que não fumavam. Para o consumo de álcool, foram considerados desejáveis aqueles que não consumiam bebida alcoólica e indesejável os estudantes que relataram beber frequentemente ou nos finais de semana. Relacionado ao fumo foi considerado desejável os não fumantes e indesejáveis os que relataram fumar. Todas estas informações foram anotadas em um formulário individual.

    Para a análise estatística dos dados foi utilizada a estatística descritiva, freqüência simples e percentual. Os fatores de risco associados à hipertensão arterial forma correlacionados entre si através do teste do qui quadrado. Foi adotado um nível de significância de p ≤ 0,5.

    A pesquisa foi conduzida segundo a resolução específica do Conselho Nacional de Saúde (196/96) e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unicruz com o CAAE 0006.0.417.000-09. Todos os adolescentes foram informados detalhadamente sobre os procedimentos utilizados e participaram, somente, os que voluntariamente assinaram o termo de consentimento.

Resultados e discussões

    Para responder ao objetivo geral deste estudo que foi analisar quais fatores de risco, para o desenvolvimento da hipertensão arterial, estão prevalecendo nos estudantes do Ensino Médio das escolas estaduais da cidade de Cruz Alta-RS, inicialmente determinou-se a prevalência dos fatores de risco, obesidade, sedentarismo, valores pressóricos, hereditariedade consumo de tabaco e álcool entre os estudantes, na seqüência correlacionou-se o nível de atividade física com o estado nutricional e os valores pressóricos.

Tabela 1. Fatores de risco associados à hipertensão arterial

    Observando a tabela acima nota-se que embora não sendo a maioria, um percentual bem elevado (42,8%) consomem bebidas alcoólicas nos finais de semana, pelo menos parecem mais conscientes em relação ao uso do tabaco, pois são poucos os estudantes que relataram fazer uso desta substância. A maioria apresentou um IMC desejável, entretanto, um percentual de 20,1% dos adolescentes apresentaram sobrepeso/obesidade.

    Analisando o nível de atividade física a maioria da amostra apresentou-se insuficientemente ativos, o que leva a questionar cada vez mais a importância da escola no incentivo para a atividade física na infância e adolescência, tanto dentro, como fora das aulas de Educação Física.

    Um estudo semelhante realizado por Ceschine (2007) com 775 adolescentes do ensino médio de uma escola da rede estadual de ensino localizada no distrito da Vila Nova Cachoeirinha em São Paulo, também evidenciou um alto percentual (64,3%) de adolescentes sedentários. Estudos de Zirbes e Gonçalves (2009) ao avaliarem nível de atividade física de 212 alunos do Ensino Médio de Escolas Particulares de Montenegro-RS, usando o mesmo instrumento proposto neste estudo, também observou-se um alto percentual de alunos ativos.

    Além do sedentarismo outro fator de risco bastante evidente entre os adolescentes foi à hereditariedade, sendo assim os mesmos devem estar atentos aos demais fatores de risco modificáveis, já que existem evidências da relação entre hereditariedade e o desenvolvimento da hipertensão arterial como mostraram estudos de Neves et al. (2009).

    Sendo assim o importante é que as pessoas que apresentam fator de risco genético devem estar sempre atentas a sua pressão arterial, sempre aferindo a mesma, e observando se esta não se apresenta fora do normal, quanto mais cedo for detectado alterações nesta variável melhor pode ser o tratamento ou a prevenção da hipertensão arterial.

    Fato bastante preocupante foi o alto percentual de adolescentes que consomem bebidas alcoólicas nos finais de semana, os demais relataram não consumir esta substância, o que mostra que os jovens estão tendo uma melhor consciência dos males trazidos pela bebida alcoólica. De acordo com Pessuto e Carvalho (1998) o álcool contribui para o agravamento da hipertensão arterial, porque o aumento das taxas de álcool no sangue eleva a mesma progressivamente, na proporção de 2 mmHg para cada 30 ml de álcool etílico ingeridos diariamente. Outro dado interessante é que quando há redução no consumo de álcool, ocorre também redução no abandono do tratamento farmacológico. Portanto, o álcool está relacionado tanto com o aumento da pressão arterial quanto com o abandono do tratamento farmacológico de combate a hipertensão.

    Em relação ao uso do tabaco, a grande maioria dos estudantes relatou não fazer uso desta substância. O que mostra que as campanhas que alertam sobre os males do fumo surtiram efeito nos jovens fazendo com que os mesmos apresentaram consciência que o fumo e muito prejudicial à saúde e não apresenta risco somente quando relacionado à hipertensão. Segundo estudos de Castro, Rolim e Mauricio (2005) o tabagismo, é responsável por 45% das mortes nos homens com menos de 65 anos e por mais de 20% de todos os óbitos por doença coronariana nos homens com idade superior a essa faixa etária, e ainda a nicotina do cigarro, aumenta a pressão arterial e leva a uma maior deposição de colesterol nos vasos sangüíneos.

    Estudos de Viera e Lima. (2007) realizados em adolescentes estagiários da Universidade Estadual de Maringá, também apresentaram na amostra uma pequena porcentagem de adolescentes que fazem o uso do tabaco, já em relação ao álcool a mais da metade dos adolescentes (59,9%), afirmou consumir bebidas alcoólicas.

    Portanto observando as citações acima o tabaco não mostrou-se popular entre os adolescentes pesquisados, já a bebida alcoólica parece estar presente na vida de grande parte desses adolescentes.

    A maioria da amostra apresentou um IMC desejável, entretanto um percentual de 20,1% dos adolescentes apresentaram sobrepeso/obesidade. Estudos mostram a relação evidente entre a obesidade e a hipertensão arterial, sendo que pessoas obesas ou com sobrepeso tem maior chance de apresentarem hipertensão arterial, pois a chance de um indivíduo com obesidade ser também portador de hipertensão arterial é 7,53 vezes maior que a chance de um indivíduo com sobrepeso. Comparando indivíduos com sobrepeso e indivíduos com peso normal, o risco de desenvolver hipertensão aumenta em 180% (ARAUJO et al., 2008).

    Diante disso, o incentivo para a redução do peso deve ser considerado prioritário, pois até mesmo pequenas perdas podem resultar em significativa queda da pressão arterial. O percentual de alunos com sobrepeso ou obesos pode estar relacionado ao nível de atividade física, já que grande parte dos jovens apresentou-se insuficientemente ativo, o que mais uma vez leva a pensar em como as escolas pesquisadas abordam a educação física e com que freqüência e qualidade a escola disponibiliza a mesma aos seus alunos no ensino médio, já que a grande maioria apresentou-se insuficientemente ativa.

    Estudos de Garcia, Gambardella e Frutuoso (2003) realizados em um centro de juventude da cidade de São Paulo, apontaram consumo elevado em de proteína e lipídios (colesterol) e insuficiente em cálcio e ferro em relação à amostra realizada.

    Mostra-se no estudo acima que a alimentação dos adolescentes, não é adequada e balanceada, e baseada em alimentos de alto colesterol, o que leva a pensar também qual a proposta das escolas para incentivar os alunos a consumirem alimentos mais saudáveis, e se a incentivo dentro da escola a uma alimentação mais saudável.

    Para correlacionar o nível de atividade física com o estado nutricional dicotomizou-se a variável nível de atividade física em sedentários, os que foram classificados como sedentários e insuficientemente ativos do IPAQ e ativos os classificados em ativos e muito ativos. Após analisar os dados notou-se que a maioria (58,4%) dos escolares são sedentários. Na tabela 2 encontram-se os resultados da correlação entre o nível de atividade física e o IMC.

Tabela 2. Correlação entre nível de atividade física (NAF) e classificação do IMC

    Observando a tabela acima nota-se que tanto os escolares sedentários quanto os ativos, em sua maioria, apresentaram um IMC normal. Não foi observada associação significativa (p £ 0.05) entre as referidas variáveis.

    Apesar de nesse estudo não haver associação significativa na correlação entre níveis de atividade física e IMC. Pereira et al. (2003) afirmaram que dados recentes, encontrados em laboratório, demonstraram a alta incidência de sedentarismo na população obesa a falta de cuidado na ingestão de calorias e de exercícios físico podem levar a um aumento no peso corporal e a obesidade.

    A Educação Física deve estar presente na escola, disponível de forma adequada aos alunos e incentivada pelos professores mostrando no ambiente escolar, os benefícios do exercício físico e a importância do mesmo no combate principalmente do sedentarismo e da obesidade, mas também das doenças que podem estar associadas ao mesmo.

    Segundo Alves (2003) salienta que estudos afirmam que os benefícios da atividade física regular e contínua são irrefutáveis. Infelizmente, os profissionais de saúde, ainda não têm dado a atenção necessária ao tema. A promoção da saúde deve fazer parte dos cuidados na rotina para o bem estar da criança e do adulto. Ser fisicamente ativo desde a infância apresenta muitos benefícios, não só na área física, mas também nas esferas social e emocional, e pode levar a um melhor controle das doenças crônicas.

    Na tabela e encontra-se a correlação entre o nível de atividade física e a pressão arterial

Tabela 3. Correlação entre valores pressóricos e níveis de atividade física

    Observando a tabela acima nota-se que tanto os escolares sedentários quanto os ativos, em sua maioria, apresentaram uma pressão arterial considerada normal. Não foi observada associação significativa (p £ 0.05) entre as referidas variáveis.

    Estudos de Monteiro e Sobral Filho (2004) afirmaram que a hipertensão arterial tem alta prevalência e elevada mortalidade na população, o exercício físico tem importante papel como elemento não medicamentoso para o seu controle. Mesmo sem haver correlação neste estudo, a citação acima destaca a importância do exercício fisco no tratamento e prevenção da Hipertensão Arterial.

    Estudos realizados na década passada mostraram que quase não existem dúvidas quanto ao efeito benéfico do exercício físico na hipertensão arterial. Entretanto, essas experiências mostram que o efeito do exercício na pressão arterial depende exclusivamente do tipo de exercício físico, da intensidade e da duração do mesmo (NEGRÃO; RONDON, 2001). Portanto o exercício físico só será benéfico se aplicado de forma correta e regular, respeitando a intensidade correta de cada individuo.

Considerações finais

    Analisando os dados do presente estudo foi possível concluir que os principais fatores de risco presentes nos escolares do ensino médio das escolas estaduais da cidade de Cruz Alta são a hereditariedade, o sedentarismo e o sobrepeso/obesidade. Com relação ao consumo de bebidas alcoólicas esta ocorre principalmente nos finais de semana, o que, com a freqüência e regularidade pode vir a se tornar um hábito de saúde indesejável.

    Desta forma é de fundamental importância que as escolas estaduais revejam os objetivos da Educação Física, já que a mesma não está contribuindo para manter os escolares suficientemente ativos, já que de acordo com a literatura o mesmo pode evitar vários problemas de saúde, sendo assim, os profissionais da área da Educação Física precisam desenvolver estratégias para incentivar a prática regular da mesma.

Referências

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 18 · N° 183 | Buenos Aires, Agosto de 2013  
© 1997-2013 Derechos reservados