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Avaliação do estado de hidratação de jogadores de 

futebol profissional do Município de Mogi Guaçu, SP

Evaluación del estado de hidratación de jugadores de fútbol profesional del Municipio de Mogi Guazu, SP

 

*Graduanda/o de Nutrição da Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, SP

**Doutora em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo, São Paulo, SP

Professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie

e do Centro Universitário São Camilo

(Brasil)

Marília Lilás Monique Nones Bombi*

Ana Caroline Salazar Lopes*

Karoline Graziela Murno Coelho*

Igor Hossamu Urushibata*

Rafaella Fernandes Bacelar*

Marcia Nacif**

moniquenbombi@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O futebol é um dos esportes que mais desperta inte­resse entre jovens, adultos e idosos e tem características próprias em relação à hidratação. Este estudo teve como objetivo avaliar o estado de hidratação de jogadores de futebol profissional de um clube do município de Mogi Guaçu. Foi aferido o peso corporal dos atletas antes e ao final do treinamento para o cálculo da taxa de sudorese e porcentagem de perda de peso corporal. Após 1h30 de treino, os atletas apresentaram média de perda de peso de 0,53kg, taxa de sudorese de 5,92 mL/min e porcentagem de perda de peso de 0,64%. Observou-se consumo de líquidos de 1194 mL. Notou-se grande variação no grau de desidratação dos atletas, permitindo-nos afirmar que a busca por níveis ótimos de hidratação deve ser realizada de forma individualizada e considerar as necessidades individuais de cada atleta.

          Unitermos: Futebol. Hidratação. Taxa de sudorese. Perda de peso.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 183, Agosto de 2013. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    O futebol é um dos esportes que mais desperta inte­resse entre jovens, adultos e idosos, tanto do sexo masculino quanto do feminino. Surgiu no continente europeu, na Inglaterra no ano de 1885, e chegou ao Brasil em 1894, inicialmente, sendo um esporte apenas para a elite (RODRIGUES, 2004).

    Porém, com o passar dos anos, tornou-se um dos esportes mais populares do mundo, principalmente no Brasil, único país pentacampeão mundial (REIS et al., 2009).

    O futebol é um esporte de equipe que é disputado entre dois times, ambos com 11 jogadores, sendo estes denominados em cinco posições: goleiro; zagueiro; lateral; meia e atacante. O tempo mínimo de partida é de 90 minutos, divididos em dois tempos de 45 minutos. Este esporte é praticado em um campo retangular coberto por grama, com duas traves, uma em cada lado do campo (FIFA, 2010).

    Esta modalidade esportiva tem características próprias em relação à hidratação. Por ter uma duração de 90 minu­tos por partida, não há intervalos obrigatórios para a reposição de líquidos. Assim, geralmente ocorrem problemas relacionados à termorregulação e ao balanço hídrico nos atletas (BARROS et al., 2003).

    Além disso, o esforço físico associado ao estres­se térmico aumenta a produção de suor e o fluxo sanguíneo cutâneo, aumentando a perda hídrica (KONDO et al., 1996).

    Os atletas de futebol podem perder até três litros ou mais de suor durante uma partida. A desidratação e o estresse térmico durante um jogo podem restringir o desempenho físico e ser prejudicial aos jogadores, tendo sido observadas temperaturas corporais acima de 39º C após partidas de futebol (SILVA et al., 2011).

    Para minimizar os riscos de lesões e outros problemas de saúde, maximizar o rendimento e desempenho, e aperfeiçoar a produção energética, o atleta deve manter uma nutrição e hidratação adequada nos jogos e treinamentos (HIRSCHBRUCH; CARVALHO, 2008).

    Assim, este estudo teve como objetivo avaliar o estado de hidratação de jogadores de futebol profissional de um clube do município de Mogi Guaçu - SP.

Metodologia

    Trata-se de um estudo de delineamento transversal, realizado com 11 atletas, com idade entre 18 e 26 anos, que treinavam diariamente em um clube de futebol de Mogi Guaçu- SP. O estudo seguiu todas recomendações éticas propostas pela resolução CNS 196/96, e todos os participantes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido.

    Para avaliar a taxa de sudorese (TS) e a porcentagem de perda de peso (% PP), os atletas foram pesados em balança digital com sensibilidade de 100g e capacidade de 180 kg, antes (Peso inicial – Pi) e após (Peso final – Pf) o treinamento físico/tático.

    O treino teve duração de 90 minutos e a avaliação de perda hídrica foi efetuada em um único dia. Para o cálculo da taxa de sudorese e porcentagem de perda de peso, foram utilizadas as seguintes fórmulas:

    A ingestão hídrica dos atletas foi avaliada para possibilitar o cálculo da perda de líquidos em mL. Os jogadores receberam uma garrafa de água identificada com os respectivos nomes e durante o treinamento realizado no dia da coleta de dados, os jogadores consumiram líquidos exclusivamente desta garrafa. Para avaliar a porcentagem de perda de peso foi utilizada a classificação proposta pela National Athetic Trainers’ Association (2000) (Quadro 1).

Quadro 1. Classificação da porcentagem de perda de peso, segundo National Athetic Trainers’ Association, 2000.

    Para avaliar o estado nutricional dos jogadores, foi aferida a altura e a massa corporal de todos os indivíduos e posteriormente calculado o IMC (Índice de massa corporal). O índice de massa corporal (IMC) foi obtido dividindo-se o peso (kg) pela altura (m) ao quadrado, utilizando-se a classificação preconizada pela Organização Mundial da Saúde (1998).

Resultados e discussão

    Foram avaliados 11 jogadores profissionais de futebol com idade entre 18 a 26 anos, com idade média de 22 anos. O treinamento físico/tático realizado foi de caráter leve com duração total de 90 minutos, sendo desconsiderada a pausa de 5 minutos para hidratação. A temperatura média permaneceu em torno de 28°±1,2°C e a umidade relativa do ar de 43%.

    Os atletas apresentaram média de peso e estatura de 79,24 kg e 1,80 cm, respectivamente. De acordo com o IMC (Índice de Massa Corporal) (peso/altura2) foi possível verificar que 81,8% dos atletas apresentavam eutrofia, segundo a OMS (1998).

    Pôde-se notar que os zagueiros apresentaram média de estatura e peso maior que a dos demais atletas. Tais características corroboram com a literatura, e podem ser explicadas pelas funções exigidas de cada atleta em uma partida de futebol. Segundo Prado et al. (2006), é essencial para o sucesso do time que seus zagueiros possuam uma estatura privilegiada, já que estes, além dos goleiros, têm como características a execução de um maior número de saltos verticais. Além disso, o fato dos zagueiros apresentarem maior índice de massa corporal pode ser explicado pelo fato de que, estes esportistas, percorrem durante uma partida de futebol aproximadamente, 8 km por jogo, valores menores do que os demais atletas que normalmente percorrem de 9 a 12 km por jogo.

    A Tabela 1 mostra os dados antropométricos de cada um dos jogadores avaliados.

Tabela 1. Características antropométricas dos jogadores de futebol. São Paulo (2012)

    Em relação à hidratação dos esportistas, observou-se perda de peso média de 0,53kg com variação entre 0 kg e 1,4kg durante o treinamento físico/tático. Estes resultados são menores que os encontrados por Salum et al. (2006) que observou redução de peso corporal em atletas profissionais de futebol, após um treinamento físico/ tático de 1,02kg, com variação de 0,5 a 1,5kg.

    Na Tabela 2, é possível observar o consumo de líquidos dos jogadores durante o treinamento. Verificou-se média de 1194 mL, com variação de 600mL a 1800mL. De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (2009), a hidratação durante o exercício deve ser realizada a cada 15-20 minutos. O volume de líquido a ser ingerido varia conforme a taxa de sudorese de cada atleta, geralmente entre 500 e 2.000ml/hora. Nestas condições a hidratação é de suma importância para que o atleta mantenha sua capacidade de termorregulação e não prejudique seu desempenho físico durante o exercício.

Tabela 2. Distribuição da amostra segundo peso inicial, peso final, consumo de líquidos e perda hídrica dos jogadores. São Paulo, 2012

    Calculou-se a taxa de sudorese (ml/min) e observou-se média de 5,92 mL/min, sendo 1,1mL/min o valor mínimo e 15,6mL/min o máximo. Tal dado é superior ao encontrado por Campos et. al. (2012) ao avaliar jogadores juvenis de futebol com idade entre 14 e 17 anos da cidade de Mococa-Sp e observar taxa de sudorese média de 3,7±2,8 mL/min em um treinamento técnico/tático. Maughan e Burke (2004) afirmam que a taxa de sudorese em atletas adultos do sexo masculino varia de 16,7 a 20,0 ml/min durante uma partida de futebol profissional.

    Após 1h30 de treino, a média da porcentagem de perda de peso foi de 0,64%, o que já corresponde ao desencadeamento de sintomatologia da sede segundo a National Athetic Trainers' Association (2000). Vale destacar que 3 atletas (jogadores 1, 3 e 11) apresentaram perda de peso superior a 1%, indicando estarem levemente desidratados após o jogo. Salum e Fiamoncini (2006) ao estudar jogadores de futebol, também observaram sinais de desidratação ao constatar 0,76% de perda de peso, porém 1,78mL/min de taxa de sudorese.

Conclusão

    A maior parte dos atletas avaliados no presente estudo se mostrou hidratado após o treino técnico/tático, porém foi observada uma grande variação no grau de desidratação dos atletas, permitindo-nos afirmar que a busca por níveis ótimos de hidratação deve ser realizada de forma individualizada e considerar as necessidades individuais de cada atleta.

Referências bibliográficas

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