Considerações acerca de como os professores de Educação Física sistematizam o conteúdo esporte em suas aulas


	Considerações acerca de como os professores de Educação Física sistematizam o conteúdo esporte em suas aulas Consideraciones acerca de cómo los profesores de Educación Física sistematizan el contenido deporte en sus clases
	Graduandos em Educação Física Universidade do Estado do Pará (Brasil)	Davi Alves de Almeida davi.a.a@hotmail.com Priscila Rocha de Paula priscillalina@hotmail.com
	Resumo A Educação Física como disciplina que trabalha a cultura corporal, esta envolta de vários conteúdos que aplicados com fim de contribuir para o desenvolvimento da expressão corporal, colaboram para a formação plena do aluno nos mais diversos aspectos (sociais, políticos, morais, motores, etc.). Partindo do seguinte questionamento: como é sistematizado o conteúdo esporte pelos professores de Educação Física? A partir de revisão bibliográfica o trabalho foi construído com base em livros e documentos online, onde utilizamos autores que discorriam sobre o tema proposto. Unitermos: Educação Física. Esporte. Conteúdo.
	EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 181 - Junio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Considerações introdutórias acerca da Sistematização dos conteúdos

    A Educação Física ainda percorre um caminho árduo em busca da sua valorização enquanto disciplina do currículo escolar e um dos instrumentos que pode modificar essa realidade é a sistematização dos conteúdos pelo professor. A disciplina tem uma relevância na vida do aluno no que diz respeito à cultura de movimento, por isso a necessidade de explorar ao máximo a diversidade de conteúdos. Segundo Santin (2003) ela exerce função primordial na formação do aluno, futuro cidadão, pois propicia o conhecimento do seu corpo, do movimento, da relação interpessoal e do bem-estar. Por contribuir em diversos aspectos importantes para a formação de qualquer ser humano merece ser respeitada e valorizada como tal.

    Atualmente a Educação Física é taxada como “jogar bola” e a não sistematização dos conteúdos contribui para a não legitimação da disciplina enquanto cultura corporal de movimento. E a utilização do conteúdo esporte demasiadamente apenas colabora para a não formação integral do aluno. De acordo com Soares (1996) o que observamos nos dias atuais é que ela não está se desenvolvendo de forma a explorar a diversidade de movimentos e expressões, sobre as quais o homem se desenvolveu. Ao contrário, a prática da Educação Física nas escolas vem se desenvolvendo de forma a incentivar a prática desportiva. Dessa forma, outros objetivos dessa disciplina não estão sendo explorados.

    A seleção dos conteúdos deve seguir uma didática pedagógica, levando em conta as necessidades e a diversidade, para que não tornem-se algo sem significado e que não contribua na formação do aluno enquanto cidadão. "O ensino só se reporta ao sujeito quando os conteúdos são concebidos no sentido de uma situação de aplicação subjetiva" [...], não se tratando apenas de uma seleção, mas de uma preparação didática. Hildebrandt e Laging (1986, p. 23 apud Chaves, 2001).

    De acordo com (SOARES; TAFFAREL e ESCOBAR, 2005, p. 211.):

    Podemos dizer que o conteúdo de um determinado componente curricular é aquilo que, da ciência, foi pedagogizado e adequado, [...] desse modo, um componente curricular com seu conteúdo específico justifica-se na medida em que contribui, enquanto parte, para a apropriação, pelos alunos, de uma totalidade de conhecimentos que lhes possibilita a leitura crítica do mundo que os cerca.

    Para o Coletivo de Autores (1992, p. 88):

    [...] a seleção e a organização dos conteúdos exige coerência com o objetivo de promover a leitura da realidade. Para tanto deve-se analisar a origem do conteúdo e conhecer o que determinou a necessidade do seu ensino.

    De acordo com o ibidem nos conteúdos da Educação Física não há uma ordem a ser seguida, o professor poderá organizá-los de acordo com o interesse da turma, necessidade ou também abordá-los ao mesmo tempo. Lembramos ainda que na organização dos conteúdos nas series iniciais deve-se ter cautela na sua aplicação tendo sempre um caráter lúdico e progressivo.

    O esporte como um conteúdo da Educação Física, atualmente assumiu um papel predominante durante as aulas da disciplina, se sobressaindo dos outros conteúdos. Como afirmam Soares; Taffarel e Escobar (2005, p. 217.): “Nesse sistema de Educação Física, o esporte tem lugar em todas as aulas, com supremacia perante qualquer outro componente da cultura corporal, ou seja, sobre a ginástica, o jogo, a dança, a mímica e as lutas”.

    Ainda existem muitos professores que utilizam metodologias que não favorecem a formação total do aluno como cidadão integrado na sociedade e pensante. Pois com a utilização do esporte como caráter de rendimento, ocorre a seleção por habilidades fazendo com que os alunos menos habilidosos não tenham confiança em si e nem autoestima. Para o Coletivo de Autores:

    [...] os pressupostos para o aprendizado do esporte, tais como o domínio dos elementos técnico-taticos e as precondições fisiológicas para sua prática, demonstram claramente que a finalidade a ele atribuída é somente a vitoria na competição, colocando-o como fim em si mesmo.[...] Na escola, é preciso resgatar os valores que privilegiam o coletivo sobre o individual, defendem o compromisso da solidariedade e respeito humano, a compreensão de que jogo se faz “a dois”, e de que é diferente jogar “com” o companheiro e jogar “contra”. (Coletivo de Autores, p.71,1992).

    Hoje os conteúdos da Educação Física reduzem-se as modalidades esportivas, deixando em segundo plano os outros conteúdos da disciplina.

    Como afirma Gonzalez; Pedroso (2012):

    [...] os conteúdos estão se resumindo à prática desportiva, principalmente aos esportes coletivos como voleibol, basquetebol, handebol e futebol, deixando de levar em consideração o conhecimento prévio do aluno (conhecimentos motores e culturais). A concepção de Esporte deve ser modificada na escola passando a considerar o aluno como sujeito da prática pedagógica, ou seja, o aluno pode dizer por que ele quer jogar de um jeito e não de outro, transformando a prática esportiva em termos afetivos, culturais, sociais e motores.

    Com isso torna-se a Educação Física Escolar reprodutora conforme um estudo realizado na década de 80 em escolas de 1º grau, onde evidenciam a predominância da tendência reprodutivista, conforme quadro abaixo. (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

Quadro 1. Perspectiva reprodutivista

Foco do Ensino

É o sistema esportivo voltado para promover o treinamento do esporte.

As fontes de informação

para a seleção de conteúdos

São as técnicas e habilidades esportivas e o conhecimento dos mecanismos psicofisiológicos do treinamento.

Normas e sanções

Advém da performance e das vitórias esportivas, das competições e classificação por desempenho.

O professor

É o controlador, treinador técnico, e a idéia que se tem do aluno é a de um atleta em potencial.

Metodologia

Modelos referenciados em desempenhos ideais, predominando os procedimentos diretivos, ou seja, iniciativas centradas no professor.

Avaliação

É o modelo de desempenho predeterminado, sucesso em competições.

    Diante do estudo percebemos que o mesmo ainda retrata a realidade das aulas de Educação Física nos dias atuais, e que a visão esportiva reprodutora ainda predomina mesmo com o passar dos anos.

Considerações finais

    Portanto, ficou claro que a utilização do esporte nas aulas de Educação Física atua com supremacia diante dos outros conteúdos tornando a disciplina esportivizada, não atingindo os objetivos importantes para a formação do aluno. E o professor tem a grande relevância nessa formação, porém muitos aplicam o esporte unicamente, pois sentem confiança em ministrar um conteúdo que foi vivenciado intensamente por ele. Além de outros fatores que interferem na seleção e organização dos conteúdos como: Estrutura física, matérias didáticos, o número de alunos e por ultimo e não menos importante o PPP (Projeto Político Pedagógico) da escola.

Referências

ANGELI, Evânia Nunes. A Sistematização dos Conteúdos nas Aulas de Educação Física Escolar: a Teoria na Prática - VII EnFEFE - Encontro Fluminense de Educação Física Escolar. 11-10-2003. Niterói –RJ.

ASSIS DE OLIVEIRA, Sávio. Reinventando o esporte: possibilidades da prática pedagógica. Campinas: Autores Associados, Chancela Editorial CBCE, 2001.

BRACHT, Valter. Esporte na escola e esporte de rendimento. Movimento. Ano VI - Nº 12 - 2000/1.

CHAVES, Walmer Monteiro Chaves. Reflexões acerca da seleção de conteúdos na Educação Física escolar. V EnFEFE - Encontro Fluminense de Educação Física Escolar. 22-06-2001. Niterói, RJ.

COLETIVOS DE AUTORES. Metodologia do ensino de educação física. Cortez, São Paulo – SP, 1992.

GONZALEZ, Natália Muniz; PEDROSO Carlos Augusto. Esporte como conteúdo da Educação Física: a ação pedagógica do professor. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 15, Nº 166, Março de 2012. http://www.efdeportes.com/efd166/esporte-como-conteudo-da-educacao-fisica.htm

KUNZ, Elenor. Educação física: ensino & mudança. 2ª ed. Unijuí – Ijuí, RS. 2001.

SANTIN, S. Educação física: uma abordagem filosófica da corporeidade. 2ªed. Ijuí: Unijuí, 2003.

SOARES , C. L. Educação física escolar: conhecimento e especificidade. Rev. Paul. Educ. Fís., São Paulo, supl.2, p.6-12, 1996.

SOARES; TAFFAREL e ESCOBAR GEBARA. “A Educação Física escolar na perspectiva do século XXI”. In: MOREIRA, Wagner Wey. Educação Física e esportes: perspectivas para o século XXI. 12ª ed. Corpo e Motricidade Campinas, SP, 2005.

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Foco do Ensino	É o sistema esportivo voltado para promover o treinamento do esporte.
As fontes de informação para a seleção de conteúdos	São as técnicas e habilidades esportivas e o conhecimento dos mecanismos psicofisiológicos do treinamento.
Normas e sanções	Advém da performance e das vitórias esportivas, das competições e classificação por desempenho.
O professor	É o controlador, treinador técnico, e a idéia que se tem do aluno é a de um atleta em potencial.
Metodologia	Modelos referenciados em desempenhos ideais, predominando os procedimentos diretivos, ou seja, iniciativas centradas no professor.
Avaliação	É o modelo de desempenho predeterminado, sucesso em competições.