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Obesidade e asma: possíveis mecanismos e o papel da atividade física

Obesidad y asma: posibles mecanismos y el papel de la actividad física

 

Professor Doutor da Central de Cursos da Universidade Gama Filho (UGF)

e das Faculdades Metropolitanas Unidas (UniFMU)

(Brasil)

Clóvis Arlindo de Sousa

clovissousa@usp.br

 

 

 

 

Resumo

          Estudos sugerem que indivíduos obesos possuem risco aumentado para o desenvolvimento de asma e este fato estaria relacionado principalmente a genética, a mecânica respiratória, e a mediadores inflamatórios. O objetivo deste estudo foi rever os possíveis mecanismos que relacionam a obesidade para o risco de asma. Foram utilizados artigos originais, revisões e sites governamentais da internet, publicados no período de 1959 a 2012. Os artigos utilizados são indexados pelo MEDLINE, PubMed, LILACS, SciELO e ISI, tendo sido utilizadas as palavras-chave: asthma, obesity, airway inflammation, lung inflammation, cytokines, leptin, epidemiology, randomised controlled studies, prospective studies, case-control studies, cross-sectional studies. Neste artigo foram apresentados conceitos sobre asma e obesidade, uma revisão sobre os estudos epidemiológicos que relacionam obesidade com asma, e os possíveis mecanismos de relação entre essas duas doenças. Foram apresentadas também algumas recomendações da divisão de pulmão da National Heart Lung and Blood Institute (NHLBI) para futuras pesquisas sobre asma e obesidade. Considera-se a relação entre obesidade e asma um fator importante, complexo, e as alterações se devem principalmente aos fatores genéticos, mecânicos e inflamatórios. Os dois últimos podem ser diminuídos e até evitados com adequados programas de prevenção e tratamento coadjuvante com dieta e atividade física. A obesidade como risco para asma ainda não está livre de controvérsias, pois ainda são pouco conhecidos quais mecanismos fisiológicos, imunológicos, mecânicos, genéticos, ambientais e dietéticos participam desta relação.

          Unitermos: Asma. Obesidade. Inflamação pulmonar. Leptina. Atividade física. Epidemiologia.

 

Abstract

          Obese people present increased risk for asthma, which is attributed to genetic factors, respiratory mechanical, and inflammatory mediators. The aim of this study was literature review of obesity as a risk factor to asthma in children and adolescents. Original articles and literature reviews were screened in the academic databases MEDLINE, PubMed, LILACS, SciELO, and ISI through the following keywords: asthma, obesity, airway inflammation, lung inflammation, cytokines, leptin, epidemiology, randomised controlled studies, prospective studies, case-control studies, cross-sectional studies. Epidemiological evidences of the relationship between asthma and obesity are collated and its pathophysiological mechanisms are discussed. The National Heart Lung and Blood Institute (NHLBI) recommendations for research work is presented. Obesity is an important risk factor to asthma due to genetic factors, mechanical overload, and inflammatory stimuli. The latter two may be minimized and even overcome if adequate prevention programs including diet surveillance and physical activity are adopted. In conclusion, obesity as a risk for asthma has not been without controversy. Little is known about which physiological mechanisms, immunological, mechanical, genetic, environmental and dietary factors involved in this relationship.

          Keywords: Asthma. Obesity. Lung inflammation. Leptin. Physical activity. Epidemiology.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 181 - Junio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas inferiores, caracterizada por hiperresponsividade brônquica e por obstrução variável ao fluxo aéreo, reversível espontaneamente ou com tratamento. Células inflamatórias como linfócitos do tipo T, eosinófilos e mastócitos exercem um importante papel neste processo. Manifesta-se clinicamente por episódios recorrentes de sibilância, dispnéia, aperto no peito e tosse, particularmente à noite e pela manhã ao acordar. A resultante da interação entre genética, exposição ambiental a alérgenos e irritantes, e outros fatores específicos podem levar ao aparecimento da doença e ao desenvolvimento e manutenção dos sintomas (COOKSON, 1999; BUSSE et al., 2001; GINA, 2009).

    Obesidade é definida como um acúmulo excessivo de gordura corporal, e a partir de 1985 foi considerada pelo National Institute of Health (NIH) como uma doença multifatorial (BOUCHARD, 2003). O excesso de gordura corporal é resultado de uma complexa interação entre fatores genéticos, fisiológicos, psicológicos, culturais e ambientais (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 2006). Acredita-se que os fatores ambientais, como o estilo de vida, são responsáveis por cerca de 95% dos casos de excesso de peso (DÂMASO et al., 2003). Diferentemente do que se imaginava na década de 90, onde o tecido adiposo (branco) era considerado apenas um tecido inerte com função de depósito do excesso de energia ingerida, sabe-se atualmente, que ela produz diversas substâncias como adiponectina, glicocorticóides, hormônios sexuais, Fator de Necrose Tumoral (TNF-a), Interleucina-6 (IL-6) e leptina. Nesse sentido o tecido adiposo branco é considerado um órgão endócrino complexo (PÉNICAUD et al., 2000; DÂMASO et al., 2003).

    A obesidade pode levar as crianças e adolescentes a doenças cardiovasculares e metabólicas e podendo ainda levar à asma (BEUTHER et al., 2006). A associação entre obesidade e asma está sendo muito discutida na literatura científica mundial, tendo sido reportada pela primeira vez na década de 80 (SEIDELL et al., 1986; NEGRI et al., 1988).

    Estudos transversais apresentam maior ocorrência de asma em adultos com excesso de peso quando comparados aos não obesos (SEIDELL et al., 1986; NEGRI et al., 1988; BAILEY et al., 1990; CHEN et al., 1999; GILMORE, 1999; SHAHEEN et al., 1999; HEDBERG e ROSSNER, 2000; PEREZ-PERDOMO et al., 2000; CELEDON et al., 2001; SCHACHTER et al., 2001; YOUNG et al., 2001; XU et al., 2002; ARIF et al., 2003; DEL-RIO-NAVARRO et al., 2003; KIM e CAMARGO, 2003; SANTILLAN e CAMARGO, 2003; LUDER, 2004; MISHRA, 2004). Embora em crianças e adolescentes os resultados dos estudos transversais sejam menos consistentes sobre a relação de excesso de peso e asma, vários estudos apontaram esta associação (SOMERVILLE et al., 1984; KAPLAN et al., 1987; SHOHAT et al., 1987; SCHWARTZ et al., 1990; UNGER et al., 1990; KAPLAN e MONTANA, 1993; LUSKY et al., 1996; GREGORY et al., 1999; HUANG et al., 1999; SHAHEEN et al., 1999; EPSTEIN et al., 2000; FIGUEROA-MUNOZ, 2001; VON KRIES et al., 2001; VON MUTIUS et al., 2001; SCHACHTER et al., 2003; HONG et al., 2006; VAN GENT et al., 2007; KUSCHNIR e DA CUNHA, 2009).

    A relação entre obesidade e asma em estudos transversais é avaliada simultaneamente, mesmo assim, sugere-se a possibilidade da obesidade aumentar o risco de asma. Em estudos prospectivos, houve risco aumentado de asma em adultos obesos. Observou-se ainda um efeito dose-resposta à medida que aumenta a gordura corporal (CAMARGO et al., 1999; BECKETT et al., 2001; CHEN et al., 2002; GUERRA et al., 2002; XU et al., 2002; HUOVINEN et al., 2003; FORD et al., 2004; ODDY et al., 2004). Identificou-se risco aumentado de asma em crianças e adolescentes obesos, mais especificamente em meninas (CHINN e RONA, 2001; GILLILAND et al., 2003; GOLD et al., 2003; JANI et al., 2005).

    Em recente meta-análise com estudos prospectivos (BEUTHER e SUTHERLAND, 2007), em mais de 330 mil indivíduos analisados, o risco relativo (RR) de asma em adultos obesos comparado aos de peso normal foi de 1,92 [1,43-2,59], não sendo diferente entre homens (1,46 [1,05-2,02]) e mulheres (1,68 [1,45-1,94]). No trabalho de meta-análise com 4 estudos prospectivos nas crianças em idade escolar, o percentil 85 e mais de índice de massa corporal para idade e sexo foi associado com um aumento de 50% no risco futuro de asma (RR=1,5 [1,2-1,8]) (FLAHERMAN e RUTHERFORD, 2006).

    Sobre estudos de intervenção, encontraram-se três sobre a possibilidade da relação entre perda de gordura e seu efeito na asma (HAKALA et al., 2000; STENIUS-AARNIALA et al., 2000; AARON et al., 2004). Tais estudos foram realizados com intervenção de dieta em adultos e os autores encontraram uma relação entre diminuição da gordura e melhora nos sintomas da asma e funções pulmonares, como Capacidade Vital Forcada e Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo.

Epidemiologia

    Nos Estados Unidos, mais de 11 milhões de pessoas (43/1000 habitantes) reportaram ter sofrido ataque de asma no ano 2001, sendo a prevalência maior em crianças (58/1000) do que em adultos (37/1000) (NATIONAL ASTHMA EDUCATION PREVENTION PROGRAM, 2003). Em 2002, segundo dados do CDC/NCHS, nos Estados Unidos, havia 20 milhões de indivíduos diagnosticados com asma (72/1000 habitantes) (NATIONAL CENTER FOR HEALTH STATISTICS E-STATS, 2007). Atualmente, estima-se que 300 milhões de pessoas no mundo tenham asma e sua prevalência varie entre 1 e 18% em diferentes cidades (GINA, 2009). A prevalência da asma em crianças é dependente da localização geográfica da população, sendo considerada elevada na maioria das regiões brasileiras. No Brasil, existem alguns estudos epidemiológicos que avaliaram a prevalência de asma em crianças e adolescentes. O estudo ISAAC (International Study of Asthma and Allergies in Childhood) realizado em várias cidades brasileiras verificou a prevalência de asma em crianças de 6-7 anos entre 4,7% e 28,2%. Na população de 13 a 14 anos a prevalência foi entre 4,8% e 27%, apresentando importante variação (MALLOL et al., 2000; SOLÉ et al., 2001; SOLÉ et al., 2004). Segundo estatísticas do Ministério da Saúde sobre mortalidade no Brasil, a asma causou uma média anual de aproximadamente 2.600 mortes nos últimos 10 anos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). A asma não é considerada uma doença com alta letalidade, no entanto, em torno de 80% das vezes a morte poderia ter sido impedida se tivessem sido tomados os cuidados adequados a tempo (CAMPOS, 2008).

    A prevalência de obesidade em crianças e adolescentes entre 2 e 19 anos de idade foi de 16,9% nos Estados Unidos em 2009-2010 (CYNTHIA et al., 2012). No Brasil, a prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças brasileiras também é elevada e está em ascensão. Wang et al., (2002) ao compararem os dados do Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF), realizado em 1974/75, com os dados da Pesquisa sobre Padrões de Vida (PPV), realizada em 1996/97 nas regiões Sudeste e Nordeste, verificou-se incremento na prevalência de excesso de peso de 4,1 para 13,9% em crianças e adolescentes. Outros estudos nacionais conduzidos com crianças e adolescentes de diferentes cidades apresentaram prevalência de sobrepeso de 8,4 a 26,2% e de obesidade entre 1,8 e 18% (BALABAN e SILVA, 2001; ABRANTES, 2003; GIUGLIANO e CARNEIRO, 2004; SOAR et al., 2004; RONQUE et al., 2005; COSTA et al., 2006; GUIMARÃES et al, 2006). Para os 49.395 indivíduos com 18 anos ou mais de idade entrevistados pelo sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), realizado nas capitais brasileiras e Distrito Federal em 2006, a prevalência de excesso de peso foi de 47% nos homens e 39% nas mulheres, e de obesidade, 11% para ambos os sexos (GIGANTE et al., 2009).

    Tanto asma quanto obesidade possuem sozinhas impacto importante na saúde pública. No Brasil entre 2010 e 2011, a asma foi responsável por 367.714 internações hospitalares, sendo a faixa de até 19 anos de idade responsável por 60% dessas internações. Os gastos com internação por asma (serviços hospitalares e profissionais) no mesmo período foram de aproximadamente R$ 190 milhões, estando entre as doenças com maior valor gasto. Para o tratamento da obesidade entre 2010 e 2011 foram gastos R$ 61 milhões. Nos últimos dez anos foram gastos aproximadamente R$ 150 milhões com serviços hospitalares para obesidade e esses custos apresentaram crescimento geométrico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).

    Os custos diretos envolvem: gastos com pacientes internados, atendimentos em serviços de emergência, honorários de profissionais, medicamentos para tratamentos, equipamentos e exames laboratoriais e tudo que envolva a medicina curativa. Mas o custo indireto talvez envolva o componente mais importante, mais difícil de avaliar e ligado intrinsecamente ao paciente: absenteísmo escolar e profissional, diminuição da produtividade, redução da qualidade de vida, rejeições sociais, problemas psicológicos e sofrimento (BOUSQUET et al., 2001; PASSALACQUA et al., 2001; SICHIERI et al., 2007).

    A obesidade na infância e adolescência é inquietante devido ao risco aumentado de sua persistência para a fase adulta e ainda aos riscos a diversas doenças a ela relacionadas. Além de diversas doenças que a obesidade está associada, indivíduos com depósito elevado de gordura apresentam diminuição da capacidade vital e do volume expiratório forçado no primeiro segundo, sendo mais recentemente, associada à presença de asma (SCHACHTER et al., 2001; BEUTHER et al., 2006; BEUTHER e SUTHERLAND, 2007).

    Principalmente três mecanismos são envolvidos na relação obesidade e asma:

Efeitos na mecânica respiratória

    Alguns autores atribuem aos fatores mecânicos a presença de distúrbios respiratórios em indivíduos obesos. O efeito mecânico da obesidade sobre o aparelho respiratório parece ser o mais fácil entender. Sabe-se que obesos precisam de maior esforço para expansão da caixa torácica acarretando alteração do volume pulmonar e do calibre das vias aéreas. A figura 1 ilustra de forma geral o possível mecanismo pelo qual o tecido adiposo poderia interferir na mecânica respiratória, restringindo a expansão dos pulmões em todos os lados e restringindo o abaixamento do diafragma. A redução do volume pulmonar observada em indivíduos obesos está associada com a redução do diâmetro das vias aéreas periféricas, provocada pela alteração na função normal e estrutura da musculatura lisa brônquica (TEIXEIRA et al., 2009).

Figura 1. Esquema da localização do tecido adiposo e sua 

possível influência na expansão dos pulmões em indivíduos obesos

    A obesidade pode alterar o volume pulmonar, particularmente o volume expiratório reverso e a capacidade funcional residual (figura 2). Estudos fisiológicos sugerem que a obesidade seja um importante mecanismo para efeito nas mudanças estruturais das vias aéreas. Este fenômeno, ao longo do tempo, perturba a função normal do músculo liso brônquico, devido à alteração de sua estrutura (KAUFMAN et al., 1959; FREDBERG et al., 1999; BEUTHER et al., 2006).

Figura 2. Obesidade com alteração do volume pulmonar devido alteração na estrutura do músculo liso. TLC-Total Lung 

Capacity; FRC-Funcional Residual Capacity; ERV-Expiratory Reverse Volume; RV-Reverse Volume (Fonte: BEUTHER et al., 2006)

    O refluxo gastroesofágico é comumente associado aos sintomas respiratórios da asma em adultos e em crianças (FIELD et al., 1996; SONTAG, 2000), e está também associado à presença de sobrepeso e obesidade (FISHER et al., 1999; LOCKE et al., 1999; RUHL e EVERHART, 1999), embora existam controvérsias (LAGERGREN et al., 2000). Os mecanismos dessa associação envolvem a microaspiração do conteúdo gástrico induzido pelo refluxo com irritação das vias aéreas e a broncoconstrição reflexa induzida pelo refluxo ácido (PATTERSON e HARDING, 1999). Mecanicamente, esses efeitos podem ser mediados via pressão abdominal com aumento do gradiente de pressão gastroesofágica (MERCER et al., 1987; ZACCHI et al., 1991). Intervenções para redução de peso têm sido associadas com a melhora dos sintomas de refluxo gastroesofágico (DIXON e O’BRIEN, 1999; FRASER-MOODIE et al., 1999).

Ativação de genes comuns

    No que se refere a genética, obesidade e asma podem apresentar genes localizados em regiões cromossômicas comuns. Isto poderia aumentar o potencial hereditário de um mesmo indivíduo e levar traços simultâneos das duas doenças, atuando na patogênese de ambas, como modificador. Muitos dos possíveis genes da obesidade podem secretar proteínas que vão produzir substâncias (citocinas inflamatórias) que interferem na fisiopatogenia da asma (TANTISIRA e WEISS, 2001; TATTERSFIELD et al., 2002).

    Sabe-se dos polimorfismos genéticos que os genes, embora não resultem em ganho ou perda de função do produto gênico por aquisição de uma nova função ou perda de uma existente, têm efeitos quantitativos de maior ou menor expressão do gene. Os efeitos quantitativos dos polimorfismos podem explicar o provável impacto de determinados Polimorfismos de Nucleotídeo Simples (SNPs) de citocinas, como o Fator de Necrose Tumoral-α (TNFα), sobre doenças com um componente inflamatório. Algumas regiões específicas do genoma humano estão relacionadas tanto com a asma como com a obesidade, por exemplo, os cromossomos 5q, 6p, e 12q. No entanto, cada uma destas regiões cromossomiais contém um grande número de genes, muitos dos quais afetam funções fisiológicas altamente complexas, sem nenhuma relação obrigatória com obesidade ou asma. Essas regiões por sua vez codificam genes candidatos comuns, como o Receptor β2 Adrenérgico (tem a função de relaxamento da musculatura lisa brônquica) e o TNFα (um dos principais mediadores da inflamação das mucosas) (TANTISIRA e WEISS, 2001).

    O cromossomo 5q contém os genes ADRB2 e NR3C1. O gene ADRB2, que codifica o receptor β2 adrenérgico, tem influência sobre a atividade do sistema nervoso simpático e atua no controle da musculatura lisa brônquica e também no metabolismo basal. O gene NR3C1, que codifica o receptor glicocorticóide, além de contribuir para etiologia de outras doenças, pode contribuir também para a fisiopatologia da asma e da obesidade, participando na modulação inflamatória. O cromossomo 6q contém os genes de histocompatibilidade e de TNF-α, que por sua vez estão envolvidos com diversos aspectos da biologia humana, também influenciam na resposta imune e inflamatória na asma e na obesidade (TANTISIRA e WEISS, 2001).

Resposta inflamatória

    A recente descoberta sobre a obesidade também ser uma doença caracterizada por inflamação crônica, deve-se ao fato de o nível circulante de muitas citocinas e proteínas de fase aguda associadas à inflamação apresentarem-se elevadas em indivíduos obesos. Os adipócitos produzem citocinas e proteínas de fase aguda que elevam a produção e circulação de fatores relacionados à inflamação (DAS, 2001; TRAYHURN, 2007).

    Acredita-se que seres humanos obesos possuam citocinas pró-inflamatórias aumentadas e essas substâncias estariam relacionadas à resposta inflamatória das vias aéreas agravando os sintomas da asma. O tecido adiposo em excesso propaga inflamação localmente e sistemicamente, recrutando macrófagos e liberando citocinas (Leptina, IL-6, TNF-α, Fator de Crescimento (TNG-β1), Eotaxina e Proteína C Reativa (PCR)), e essas substâncias parecem ser responsáveis pelo aumento da asma em indivíduos obesos (figura 3). Dentre as adipocinas relacionadas aos processos inflamatórios entre essas doenças, quatro delas vem recebendo especial atenção da literatura especializada: IL-6, TNFα, adiponectina e leptina (FREDBERG et al., 1999; MAI et al., 2004; BEUTHER et al., 2006). Para esses autores as pessoas com excesso de gordura corporal apresentam maiores riscos de asma em virtude da relação entre obesidade e níveis circulantes dessas proteínas.

Figura 3. Via de ação da adiposidade visceral nos níveis circulantes de citocinas pró-inflamatórias e finalmente modificações nas 

vias aéreas em obesos. Sugerindo que o impacto da obesidade nos pulmões segue múltiplos caminhos (Fonte: BEUTHER et al., 2006)

    Tem-se demonstrado que a IL-6 e o TNF-α se expressam nos adipócitos e se relacionam diretamente com a gordura corporal total. Por outro lado, o TNF-α também está aumentado na asma e está relacionado com a produção de IL-4 e IL-5, IL do tipo T helper (TH) 2 pelo epitélio bronquial e de IL-6 e IL-1b. Essas citocinas amplificam a resposta inflamatória e estão ligadas à severidade da asma (VISSER et al., 2001; BEUTHER et al., 2006; TEIXEIRA et al., 2009). Pelo exposto, pode-se inferir que a via inflamatória TNF-α seria uma via comum tanto para obesidade como para asma, entretanto, a precisa relação entre obesidade e inflamação sistêmica, inflamação pulmonar e asma, ainda não está bem conhecida e descreve múltiplos caminhos, como ilustra a figura 3.

    Grande parte literatura enfoca a relação entre obesidade e inflamação nas vias aéreas inferiores e asma na leptina (SIN e MAN, 2003; MAI et al., 2004; BEUTHER et al., 2006). A leptina é uma substância secretada pelos adipócitos, sobretudo no tecido adiposo branco e, inicialmente, pensava-se que estava envolvida somente no controle da ingestão alimentar e no dispêndio de energia, atuando em células neuronais do hipotálamo (FRIEDMAN e HALAAS, 1998). Além de seu papel no metabolismo, a leptina controla o sistema hematopoiético, sistema vascular, o sistema reprodutor e o sistema imune. No sistema imune, ela tem papel de agente pró-inflamatório através da ativação de linfócitos e monócitos, e de intensificar a produção de citocinas, tipo TNF-α, IL-1b e IL-6 (MAI et al., 2004; BEUTHER et al., 2006). Em humanos, elevadas concentrações de leptina se associam com déficit da função pulmonar (VISSER et al., 2001). Em crianças com sobrepeso e com diagnóstico de asma, a concentração de leptina foi 2 vezes maior quando comparada com eutróficos (MAI et al., 2004).

Outros fatores relacionados

    A figura 4 apresenta de forma geral os possíveis mecanismos da relação obesidade asma com inclusão de alguns mecanismos não discutidos no presente artigo. Destaque considerado importante seria a via interações ambientais, ou seja, o papel da dieta e da atividade física na obesidade e na asma. Dois dos mecanismos citados (mecânico e inflamatório) que relacionam a obesidade à asma poderiam de certa forma ser diminuídos ou evitados com programas adequados de dieta e atividade física para as crianças e adolescentes. Esses programas teriam como alvo a gordura corporal e seu efeito na asma. Em se tratando do exercício físico independentemente, as respostas imunológicas podem ser aumentadas ou reduzidas dependendo da intensidade, duração e freqüência do exercício (NIEMAN, 1994; MATTHEWS et al., 2002). Existem alguns trabalhos que verificaram o efeito do exercício físico na resposta imune, conferindo um efeito antiinflamatório (NEMET et al., 2003; PRESTES et al., 2008).

Figura 4. Resumo geral dos principais mecanismos que relacionam obesidade e asma (Fonte: adaptado de Tantisira e Weiss, 2001)

    Brisbon et al (2005) propõem um organograma para compreensão da influência do ambiente na prática de atividade física, na obesidade e na asma (Figura 5). É importante esclarecer que a obesidade sozinha não pode ser responsável pelo desenvolvimento e aumento da prevalência da asma. Outros fatores também devem ser levados em consideração. O aumento da exposição a ambientes poluídos e a emissão de gases poluentes ao ar, por exemplo, também podem contribuir para elevação da prevalência de asma (DA CUNHA et al., 2007).

Figura 5. Associação entre asma e obesidade e os fatores relacionados. Influência do ambiente 

sobre a atividade física, a obesidade e a asma (Fonte: adaptado de Brisbon et al.; 2005)

    Nos últimos anos, percebeu-se um aumento de trabalhos publicados para comprovar os aumentos das prevalências de asma e obesidade, sua associação e seus fatores de risco. Estudos com rigor metodológico deverão buscar futuras respostas para compreender melhor quais mecanismos envolvem a associação entre asma e obesidade, e se há associação ou se deve a uma coincidência.

Considerações finais

    Observa-se a importância de um melhor entendimento em relação aos mediadores inflamatórios comuns na obesidade e na asma. Algumas recomendações da divisão de pulmão da National Heart Lung and Blood Institute (WEISS e SHORE, 2004) para futuras pesquisas em obesidade e asma envolvem:

  • estudos de coorte sobre risco de desenvolver asma em obesos;

  • estudos de intervenção sobre a redução de peso e seu impacto na asma;

  • diferenças étnicas na obesidade e asma;

  • entender melhor o papel do estrogênio na asma, em virtude do impacto da obesidade na asma ser mais pronunciado em mulheres do que em homens;

  • a relação dos fatores genéticos e das características gestacionais na obesidade e na asma;

  • a influência de fatores ambientais, como exercício físico e dieta para ambas as doenças;

  • as similaridades de respostas inflamatórias entre obesidade e asma;

  • as doenças têm etiologias em comum?;

  • quais são os mecanismos básicos para relação entre elas?;

  • o papel dos hormônios produzidos pelo tecido adiposo, como leptina, TNFa, adiponectina, e outros considerados importantes, na resposta imune/inflamatória para asma;

  • alterações no volume pulmonar em obesos e seu impacto na asma;

  • o impacto da obesidade na estrutura e função do músculo liso das vias aéreas;

  • e a formação de linhas de pesquisa com interesse em obesidade e em asma, enfatizando equipe multidisciplinar com objetivo de acelerar o progresso nesta área.

    Um grande número de estudos epidemiológicos utilizando diferentes delineamentos sugere risco aumentado para asma em obesos quando comparado aos não obesos. Considera-se a relação entre obesidade e asma um fator importante, complexo, e as alterações se devem principalmente aos efeitos genéticos, mecânicos e inflamatórios. Os dois últimos poderiam ser evitados com adequados programas de dieta e de atividade física. Esses programas são indicados não somente tendo como alvo a redução de gordura corporal e seu efeito na asma, mas também o efeito do exercício físico na resposta imune, conferindo um possível efeito antiinflamatório em obesos e em asmáticos.

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