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Efeitos da atividade física na agilidade e equilíbrio de idosos

Efectos de La actividad física en la agilidad y el equilibrio de personas mayores

 

*Graduado do curso de Educação Física da Universidade Estadual da Paraíba.

** Acadêmica do curso de Educação Física da Universidade Federal de Santa Maria.

*** Graduada do curso de Educação Física da Universidade Federal de Santa Maria.

**** Professora do curso de Educação Física da Universidade Federal de Santa Maria.

***** Professor do curso de Educação Física da Universidade Estadual da Paraíba

(Brasil)

Temístocles Vicente Pereira Barros*

Shaiane Limberger Corrêa**

Letícia Daiani Neu***

Maria Amélia Roth****

Manoel Freire de Oliveira Neto*****

netobarros.ef@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A presente pesquisa teve como objetivo avaliar os efeitos da atividade física na agilidade e equilíbrio de idosos e trata-se de uma pesquisa descritiva de caráter quantitativo. O estudo foi realizado na Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande – PB. A amostra foi composta por 10 idosos participantes do programa Universidade Aberta a Maturidade, foram critérios de inclusão ter idade mínima de 60 anos, ser matriculado no projeto e aceitarem participar do estudo, não possuírem qualquer tipo de enfermidade ou histórico médico que possam afetar na realização da pesquisa. Para a obtenção dos dados foi utilizado o teste de “sentar-se, levantar-se e locomover-se pela casa”, validado e descrito por Andreotti e Okuma (1999). O teste foi aplicado individualmente antes e depois da intervenção com atividade física, que teve duração de 10 semanas, observando posteriormente possíveis alterações. Foi realizado um tratamento estatístico sendo utilizados recursos estatísticos descritivos a partir do programa SPSS. 15. Os valores foram considerados significativos quando p < 0,05. O teste sentar, levantar-se e locomover-se compreende a combinação de diversas tarefas motoras, as quais demandam força muscular, agilidade e equilíbrio. No presente estudo houve melhoras nas médias pré (44,9) e pós (42,3) intervenção, logo, concluímos que diante os resultados podemos afirmar que a atividade física se configura como um elemento determinante na melhoria e manutenção da agilidade e equilíbrio de idosos fica claro também que não houve declínios físicos das valências avaliadas, o que se configura como um importante resultado quando se trata da população nessa faixa etária.

          Unitermos: Atividade física. Idosos. Agilidade. Equilíbrio.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 181 - Junio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O número de pessoas acima de 60 anos de idade tem aumentado significativamente nas ultimas décadas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2010) a quantidade de idosos em todo o planeta tem aumentado, o número de pessoas idosas cresce em ritmo maior do que o número de pessoas que nascem acarretando um conjunto de situações que modificam a estrutura de gastos dos países em uma série de áreas importantes.

    Nahas (2006) afirma que o processo de envelhecimento pode ser determinado pela perda funcional progressiva que ocorre de forma gradual, universal e irreversível com o avançar da idade, e segundo Mazo et al (2004) com o processo natural de envelhecimento se verifica uma diminuição na capacidade funcional de cada sistema e com o aparecimento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), prevalecem as incapacidades.

    Rebelatto (2006) afirma também que a terceira idade caracteriza-se entre outros aspectos, por um decréscimo do sistema neuromuscular, verificando uma perda da massa muscular, debilidade do sistema muscular, diminuição da flexibilidade, da força, da resistência e da mobilidade articular, fatores que por decorrência, determinam limitação da capacidade de coordenação e de controle do equilíbrio corporal estático e dinâmico. Portanto, envelhecimento ocorre varias mudanças negativas como aumento da massa gorda, diminuição da mobilidade articular, atrofia das fibras musculares, débito de equilíbrio e várias outras mudanças em decorrência da falta de atividade física e hábitos saudáveis.

    Percebe-se que dentre outros aspectos a agilidade e o equilíbrio são também determinantes na realização de AVDs e conseqüentemente na autonomia funcional e qualidade de vida de pessoas idosas, a agilidade é a capacidade que o indivíduo tem de realizar movimentos rápidos com mudança de direção e sentido (ROCHA, 1995) e equilíbrio é a qualidade física que permite controlar qualquer posição do corpo sobre uma base de apoio (GOBBI, 2005).

    Matsudo (2009) diz que a atividade física regular na prevenção e controle das doenças crônicas não transmissíveis, melhor mobilidade, capacidade funcional e qualidade de vida durante o envelhecimento.

    Pesquisas apontam que indivíduos idosos podem se beneficiar dos exercícios aumentando não só a resistência e a força muscular, mas também a agilidade, o equilíbrio e a mobilidade. Isso pode reduzir os riscos de quedas e lesões, melhorando a autonomia funcional (ACSM, 2003; FLECK; FIGUEIRA JÚNIOR, 2003; FRONTERA; BIGARD, 2002; MATSUDO, 2002).

Métodos

Tipo de pesquisa

    O presente estudo trata-se de uma pesquisa descritiva de caráter quantitativo. Thomas & Nelson (2002) diz que o valor da pesquisa descritiva segue a premissa de que os problemas podem ser resolvidos e as práticas melhoradas por meio da observação, análise e descrição objetivas e completas, e conceitua pesquisa de caráter quantitativo, quando o pesquisador utiliza medidas de laboratório e/ou outros instrumentos objetivos e por realizar a coleta de dados no ambiente natural do grupo pesquisado, chegando a resultados através de análises dos dados por meio de fórmulas estatísticas.

Local da pesquisa

    O estudo foi realizado no Departamento de Educação Física (DEF) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), localizada no bairro de Bodocongó, Campina Grande – PB.

População e amostra

    O Grupo Universidade Aberta à Maturidade (UAMA) caracteriza-se por ser um projeto que beneficia seus idosos através do direito de acesso a educação, cultura, saúde, lazer e prática de atividades físicas de modo a proporcionar uma melhor qualidade de vida. Atualmente a UAMA conta com aproximadamente 50 alunos matriculados no projeto. A população pesquisada foi composta pelos alunos/usuários do referido grupo. A amostra foi constituída por 10 alunos/usuários com idade mínima de 60 anos, de ambos os sexos.

Critérios de inclusão

    A amostra teve como critérios de inclusão: ter idade mínima de 60 anos, de ambos os sexos, ser matriculado no projeto e aceitarem participar do estudo. Não possuírem qualquer tipo de enfermidade ou histórico médico que possam afetar na realização da pesquisa e conseqüentemente nos resultados dos testes. Terem participado efetivamente em pelo menos 90% do total de sessões realizadas.

Instrumentos

    Para a obtenção dos dados na pesquisa foram utilizados, um questionário sócio-demográfico e o teste adaptado relacionado a atividade da vida diária (AVD) validada e descrito por Andreotti e Okuma (1999): sentar e levantar-se da cadeira e locomove-se pela casa, que consistem em posicionar a cadeira no solo e, 10 cm a sua frente demarcar um “X” com fita adesiva (a cadeira tende a se mover durante o teste). A partir de tal demarcação, colocar dois cones diagonalmente a cadeira: a uma distância de 4 metros para trás e 3 metros para os lados direito e esquerdo da mesma. O indivíduo inicia o teste sentado na cadeira, com os pés fora do chão. Ao sinal “Atenção! Já!”, o sujeito se levanta, move-se para a direita, circula o cone, retorna para a cadeira, senta-se e retira ambos os pés do chão. Sem hesitar, levanta-se novamente, move-se para a esquerda, circula o cone e sentar-se novamente, tirando ambos os pés do chão. Imediatamente, realiza um novo circuito (exatamente igual ao primeiro). Assim, o percurso consiste em contornar cada cone duas vezes, alternadamente para a direita, para a esquerda, para a direita e para a esquerda. Nos momentos em que o avaliado se levantar da cadeira, poderá utilizar-se de seus apoios. Iniciar o cronômetro no momento em que o indivíduo colocar os pés no chão, e pará-lo quando sentar-se pela quarta vez (sem o apoio dos pés). O avaliado deve ser instruído a realizar o percurso o mais rápido possível, e o tempo de realização do teste deve ser anotado em segundos. Devem ser realizadas duas tentativas, com 60 segundos ou mais de intervalo entre cada uma, sendo considerada a melhor delas.

    Os materiais necessários para realização dos testes foram: cronômetro, fita métrica ou trena, dois cones, quadra ou sala ampla, cadeira (com braços) com acento possuindo 40 cm de altura em relação ao chão e fita adesiva.

Procedimentos de coleta de dados

    Inicialmente, foi feito o convite para cada idoso participar do estudo, explicando-lhes como se realizará a pesquisa, apresentando-lhes o termo de consentimento livre e esclarecido.

    No primeiro momento após o aceite por parte dos idosos, foi aplicado o questionário sócio-demográfico, após este procedimento, foram feitos os pré-testes para verificar as valências de agilidade e equilíbrio dos idosos antes de se dar inicio a intervenção com atividade física (AF), depois de 10 semanas de intervenção com atividades físicas sistematizadas, sendo 2 (duas) sessões semanais com duração de 1h30min, foram feitos os pós- testes para identificar possíveis alterações.

    O programa de atividades físicas foi composto predominantemente de exercícios de alongamento dos principais grupos musculares dos membros inferiores e superiores, treinamento de força, treinamento funcional, caminhada orientada e sessões de relaxamento, contemplando sempre as necessidades e objetivos da nossa pesquisa.

Análise dos dados

    Para processamento e análise dos dados obtidos, foi utilizado o programa SPSS. 15 e o software Microsoft Excel 2007. Os valores foram considerados significativos quando p < 0,05.

Resultados

    Abaixo nas tabelas I e II estão representados os dados do questionário sóciodemográfico, descrevendo a prevalência de gênero, idade mínima, idade máxima e média de idade dos idosos.

Tabela I. Prevalência de gênero

Fonte: Dados de pesquisa

 

Tabela II. Idade mínima, idade máxima e média de idade

Fonte: Dados da pesquisa

    Observa-se o numero muito superior de indivíduos do gênero feminino do que do gênero masculino, o que corroboram com outros estudos que comprovam a prevalência do gênero feminino em grupos de convivência ou grupos da terceira idade verificando que a participação masculina raramente ultrapassa 20% (GONÇALVES et al 1999) e Santos et al (2002a), a predominância do gênero feminino foi de 79.7% enquanto o gênero masculino foi de 20.3%.

    Abaixo a tabela que demonstra os resultados obtidos pelos idosos (teste de sentar-se, Levantar-se e locomover-se pela casa) antes e depois da intervenção.

Tabela III. Média significância e desvio padrão do teste, pré e pós-intervenção

Fonte: Dados da pesquisa.

    Podemos observar nos resultados supracitados que houve uma melhora na média do teste realizado com os idosos, comprovando que o programa de AF aplicado foi suficiente para promover uma melhora na agilidade e equilíbrio dos idosos.

Discussão e conclusão

    Ao término da coleta de dados pudemos identificar uma melhora no tempo do teste aplicado nos idosos em questão, a média passou de 44,9” antes da intervenção e diminui para 42,3” após a intervenção, embora não tenhamos observado significância estatística devemos levar em conta que não houve perdas nas valências avaliadas e que houve uma melhora, o que se caracteriza como bons resultados tendo em vista a faixa etária em questão. O teste de sentar, levantar-se e locomover-se pela casa compreende a combinação de diversas tarefas motoras, as quais demandam força muscular, agilidade e habilidade de locomoção. De acordo com Ades et al. (2003 apud FARINATTI, 2008), o desenvolvimento da força promovido pela pratica de exercícios físicos auxilia na melhora da capacidade funcional e mobilidade, sendo que as AVDs são muito sensíveis às variações da força. Ou seja, qualquer melhora no nível de força irá melhorar o desempenho das atividades cotidianas.

    Podemos constatar que em relação aos resultados da pré-intervenção, houve uma melhora na média ao término do treinamento, Hernandes (2004), Vasconcelos et al (2010) corroboram com o nosso estudo, onde observou-se que quanto mais ativo melhor o desempenho dos idosos quanto a esse teste. Os estudos de Passos et al (2008) e Souza e Souza (2008) observaram que houve melhoras entre as médias de pré e pós-intervenção, que corrobora com nossos resultados.

    Concluímos que a AF feita de forma regular e sistematizada se configura como um elemento determinante na melhoria e manutenção da agilidade e equilíbrio em pessoas idosas, elementos esses que são fundamentais para uma melhor eficiência na realização das AVDs e conseqüentemente na melhoria da autonomia e independência desses idosos.

Referências

  • AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Diretrizes do ACSM para os testes de esforço e sua prescrição. 6.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

  • ANDREOTTI, R.A.. OKUMA, S.S. Validação De Uma Bateria De Testes De Atividades Da Vida Diária Para Idosos Fisicamente Independentes. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, 13(1): 46-66, jan./jun. 1999.

  • FARINATTI, P.T.V.. Envelhecimento, promoção da saúde e exercício: bases teóricas e metodológicas. Barueri: Manole, 2008.

  • FLECK, S. J.; FIGUEIRA JÚNIOR, A. Treinamento de força para fitness e saúde. São Paulo: Phorte Editora, 2003.

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  • HERNANDES, E. S. C., BARROS, J. F. Efeitos de um programa de atividades físicas e educacionais para idosos sobre o desempenho em testes de atividades da vida diária. R. bras. Ci e Mov. 12(2): 43-50, 2004.

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  • SOUZA, Fernanda Rodrigues de; SOUZA, Luiz Humberto Rodrigues de. Contribuições do treinamento de força para as atividades da vida diária em pessoas acima de 50 anos. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 126, 2008. http://www.efdeportes.com/efd126/treinamento-de-forca-para-pessoas-acima-de-50-anos.htm

  • THOMAS, J. R.; NELSON, J. K. Métodos de pesquisa em atividade física. 3ª ed., Porto Alegre: Artmed, 2002.

  • VASCONCELOS, F.F; GRANADO,I.E.; MARTINS JÚNIOR, J. Análise comparativa da capacidade funcional de indivíduos acima de 60 anos praticantes de atividades físicas nas ATI’s de Maringá-PR. In: Mostra Interna de Trabalho de Iniciação Científica, 5, 2010, Maringá. Anais Eletrônico. Maringá, 2010.

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