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Envelhecimento e a relação entre patologias e óbitos 

mais comuns em uma população idosa institucionalizada

El envejecimiento y la relación entre patologías y muertes más comunes en una población de personas mayores institucionalizadas

Aging and the relationship between death and most common medical conditions in a population institutionalized elderly

 

*Professor Mestre de Fisioterapia do Centro Universitário

do Cerrado – Patrocínio, Patrocínio, MG

**Graduado em Fisioterapia pelo Centro Universitário

do Cerrado – Patrocínio, Patrocínio, MG

(Brasil)

Renato Soares De Melo*

renatynn@hotmail.com

Thiago Resende Pereira**

thiago-kungfu@hotmail.com

Alessandro Henrique Teixeira**

sasakynhabass@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A terceira idade é sem dúvida um momento da vida valorosa e dignificante para o ser humano, mas, também um momento de fragilidade, pois seu corpo não é mais o mesmo. Diversas patologias acometem o idoso nessa fase e muitas vezes os familiares, não tendo o tempo necessário para o zelo com a pessoa idosa, optam por instituições de longa permanência onde os idosos vivem e convivem. Nesse olhar, foi realizado um estudo sobre algumas patologias freqüentes na pessoa idosa e o levantamento de óbitos ocorridos em idosos institucionalizados em Patrocínio (MG) no período de 1994 a 2004. Utilizando para isso a análise das certidões e declarações de óbitos obtidos de idosos que faleceram nesse período. Ao término do levantamento foram verificados a ocorrência de 138 óbitos no período, chegando-se a conclusão das três principais causas, em que 26% dos óbitos ocorreram por insuficiência respiratória, 11,6% por acidente vascular cerebral, 10,1% por falência múltipla de órgãos. Os demais 52,3% ocorrem por outras diversas causas que não chegaram a ultrapassar 07 óbitos por causa.

          Unitermos: Saúde do idoso institucionalizado. Atestado de óbito. Envelhecimento. Causa da morte.

 

Abstract

          The third age is certainly a moment worthy and dignified life for humans, but also a moment of weakness, because your body is no longer the same. Various diseases affecting the elderly at this stage and often the family, not having the time required for the zeal with the elderly, choose long-term institutions where the elderly live and live. In this look, a study was conducted on some common diseases in the elderly and the survey of deaths in the elderly institutionalized in Sponsorship (MG) in the period 1994 to 2004. Using this analysis for the certificates and death certificates obtained from elderly people who died during this period. At the end of the survey were checked the occurrence of 138 deaths in the period when he came to the conclusion of the three main causes, in which 26% of the deaths occurred from respiratory failure, 11.6% for stroke, 10.1% for bankruptcy multiple organs. The remaining 52.3% occurs for several other causes which never exceed 07 deaths by cause.

          Keywords: Health of institutionalized elderly. Death certificate. Aging. Cause of death.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 168 - Mayo de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O envelhecimento da população é um acontecimento mundial. Nos países desenvolvidos, esse processo se deu lentamente, em uma situação de evolução econômica, de crescimento do nível de bem-estar e redução das desigualdades sociais (MOREIRA, 1998).

    Aumentos de até 300% da população idosa são esperados, especialmente na América Latina (Truelsen, Bonita, Jamrozik, 2001). No Brasil a proporção de pessoas idosas com sessenta anos e mais aumentou de 6,1% (7.204.517 habitantes), em 1980, para 8,6% (14.536.029 habitantes) no ano 2000, correspondendo a um aumento absoluto de 7,3 milhões de indivíduos (FUNDAÇÃO IBGE, 1983, 2001).

    A agressão contínua das células somáticas durante dias, meses e anos, por diferentes fatores, pode determinar mutações ou alterações ao acaso de alguns genes e, como conseqüência, haveria acúmulo progressivo de alterações cromossômicas e, portanto, na síntese de várias moléculas protéicas (PAPALÉO NETTO, CARVALHO FILHO, 2000).

    Fatores intrínsecos influenciam o envelhecimento, como a Ligação DNA-Histona, Ligações cruzadas e Radicais livres (Oliver, Levine, Stadtman, 1987), Imunidades celular e humoral (Carvalho Filho et al, 1987) e fatores Genéticos (PAPALÉO NETTO, CARVALHO FILHO, 2000).

    Alguns autores afirmam ainda a existência de fatores extrínsecos contribuintes para o envelhecimento como a poluição, temperatura e altitude (Morrow, Garner, 1979) e radiação, tensão emocional e alimentação (PAPALÉO NETTO, CARVALHO FILHO, 2000).

    A transição social que aumentou as taxas de institucionalização em outros países também tem ocorrido no Brasil. Fatores de risco para a institucionalização como morar só, suporte social precário e baixa renda (associada a viuvez, aposentadoria, redução na oportunidade de empregos formais e estáveis e aumento dos gastos com a própria saúde), são cada vez mais freqüentes no Brasil (PINTO et al, 2003).

    Segundo os mesmos autores a internação do idoso em uma instituição de longa permanência é uma alternativa em certas situações, como a necessidade de reabilitação intensiva no período entre a alta hospitalar e o retorno ao domicílio, ausência temporária do cuidador domiciliar, estágios terminais de doenças e níveis de dependência muito elevados. Tal subjetividade transforma a decisão de internar numa função da disponibilidade da assistência domiciliar provida pelo tripé família – Estado – sociedade.

    Diversas patologias podem levar a óbito, principalmente em idosos, como a insuficiência respiratória, que acorre quando a disfunção do sistema respiratório resulta em troca gasosa anormal, sendo potencialmente ameaçadora a vida (Goldman, Ausiello, 2009). A insuficiência respiratória aguda é importante causa de óbito em pacientes com uma variedade de doenças de base (SOEIRO et al, 2008).

    Aterosclerose é uma doença das arterias de tamanho médio e grande em que as lesões de gordura, chamadas de placas ateromatosas, se desenvolvem dentro das superficies das paredes arteriais (Guyton, Hall, 2006). Pode-se afirmar hoje que a doença aterosclerótica se constitui na principal causa de morbidade e mortalidade na maioria dos países industrializados, bem como nos grandes centros urbanos de países em desenvolvimento, particularmente em indivíduos com mais de 65 anos de idade (PAPALÉO NETTO, CARVALHO FILHO, 2000).

    Segundo Moreno et al (2005) dentre os fatores de risco associados a morte por coronariopatias, 42,7% tem sido atribuídos a arteriosclerose e 34,6% tem sido associados a inatividade física.

    O Acidente Vascular Cerebral representa a terceira causa de morte em países industrializados e a primeira causa de incapacidade entre adultos (KASTE, FOGELHOLM, RISSANEN, 1998; MENDEZ-OTERO et al, 2009).

    Objetivou-se com esse trabalho o levantamento epidemiológico das causas mortis dos idosos institucionalizados, residentes em um Asilo, no período de 1994 a 2004.

Material e métodos

    O presente estudo foi realizado através do levantamento de dados consultando o acervo dos documentos dos idosos do Asilo São Vicente de Paulo, na cidade de Patrocínio/MG, falecidos no período de 1994 a 2004.

    Para a análise e separação dos documentos, foi feita a organização e em seguida a retirada das certidões de óbito e declarações. Com as certidões e declarações organizadas por ano, foi possível realizar o levantamento das causas mortis que estavam citadas no contexto das mesmas. Algumas certidões e declarações além da causa mortis continham fatores que agravaram a morte e por isto foram contabilizadas como complicações secundárias.

Resultados e discussão

    Com os dados computados observou-se um total de 138 óbitos, entre os anos de 1994 e 2004, conforme as causas mortis descritas na tabela 1.

Tabela 1. Causa mortis por patologias

    No que se refere às complicações secundárias, foram constatadas as seguintes causas (tabela 2).

Tabela 2. Complicações secundárias por patologias

    Podemos observar com este trabalho que a maior freqüência de óbitos dos idosos institucionalizados no Asilo São Vicente de Paulo no período de 1994 a 2004, foi principalmente por insuficiência respiratória, registrando 36 óbitos, o que equivale a 26% dos óbitos ocorridos. Nota-se também que esta freqüência variou no período registrando maior incidência nos anos de 1994, 1995, 1997 e 2003 e menor incidência nos anos de 2001 e 2002.

    A segunda maior freqüência de óbitos observada foi por acidente vascular cerebral (AVC), verificando 16 óbitos, correspondendo a 11,6% dos óbitos ocorridos, que também variaram no período, com maior incidência nos anos 1997 e 2003 e menor incidência nos anos de 1994 e 1995.

    Falência múltipla de órgãos foi a terceira maior causa de óbitos registrada, verificando 14 óbitos, o que corresponde a 10,1% dos óbitos ocorridos, com maior incidência nos anos de 2001, 2002 e 2003 e menor incidência nos anos de 1995, 1996, 1997, 1998 e 1999.

    Percebe-se também um índice elevado de óbitos por insuficiência circulatória, 6,5%, e por causa indeterminada, também com 6,5% dos óbitos registrados. Em contrapartida em grande parte registrou-se um índice pequeno, apenas 0,7% dos óbitos, no que se refere a algumas causas mortis, como verifica-se nas ocorrências de assistolia, aterosclerose, embolia pulmonar dentre outras.

    No ano de 2003 foram verificados 2,2% dos óbitos por câncer, apresentando-se um índice maior em relação aos demais anos, levando ainda em consideração que apenas no ano anterior (2002) foi constatado óbitos por câncer (tumor).

    Nas complicações secundárias, citadas em 60 óbitos, o maior índice foi verificado por broncopneumonia (13,3%) e o segundo maior índice por aterosclerose (8,3%) e caquexia (8,3%).

    Unindo as causas de óbitos causadas por alterações cardiovasculares, que, de acordo com o avanço da idade são inevitáveis, temos então 32,6% dos óbitos. Nas complicações secundárias encontramos 36,7% do total de óbitos. Esses resultados confirmam a afirmação de Buch Filho, Bagnara (2011) em que as doenças crônicas e degenerativas do sistema cardiovascular constituem a principal causa de doenças graves e mortes.

    Lessa et al (2004) nos apontam que as projeções referentes as doenças cardiovasculares indicam sua permanência como primeira causa de morte no mundo ainda por décadas, estimando-se que, em 2025, entre 80 e 90% dos casos ocorrerão nos países de baixa e média renda

    As estatísticas de mortalidade apontam que, a cada ano, as doenças cardiovasculares são responsáveis por 45% das mortes na Argentina, 35% no Brasil, 29% no Chile e 20% no México, além de outros países da América Latina e Central. No Brasil, entre pessoas com mais de 45 anos esse número sobe para 40% (STAMLER, 1993).

    Os resultados do presente estudo aproximam-se dos trabalhos de Bassanesi, Azambuja, Achutti (2008), onde nos mostram que entre 2000 e 2004, a mortalidade por doenças cardiovasculares na faixa dos 45-64 anos correspondeu a 28,5% dos óbitos totais no intervalo de idade, e a 22,8% de todos os óbitos por doenças cardiovasculares.

Conclusão

    O simples fato de se interessar por saber o que levou os idosos institucionalizados a morte permitiu traçar as principais causas que geraram os óbitos, destacando a maior freqüência por insuficiência respiratória (26%), sendo muito comum na pessoa idosa. Unindo as causas de óbitos causadas por alterações cardiovasculares temos 32,6% de todos os óbitos. Percebe-se através da observação dos idosos residentes no Asilo um grande consumo de tabaco, fator agravante e que sugere uma predisposição maior para problemas no sistema respiratório.

    Essa futuramente deve ser investigada de forma separada, para que se possa ter uma intervenção focada nas necessidades. Sendo assim, trabalhos mais aprofundados em relação ao tema, baseados nos achados do presente estudo, podem levar a uma melhoria na qualidade de vida dos idosos institucionalizados.

Referências

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