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Dança versus masculinidade: o ‘homem’ do século 

XXI e as nuances sociais relacionadas à discriminação

Danza versus masculinidad: el ‘hombre’ del siglo XXI y los matices relacionados con la discriminación social

 

Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo

(Brasil)

Prof. Leonardo Barros Santos

Prof. Ms. Raul Alves Ferreira Filho

raulfilho@mackenzie.br

 

 

 

 

Resumo

          Desde o século passado, tinha-se a consciência de que a dança como atividade formava o cidadão por completo sua pratica ofertaria proporções corretas ao corpo, tornando-se fonte de boa saúde, equilíbrio, e conhecimento ao individuo que a praticasse. Atualmente esses benefícios são reconhecidos e até mesmo indicados por profissionais da saúde, entretanto, em torno dessa prática instaurou-se um paradigma. Homens não dançam! Por esse motivo este trabalho teve como objetivo, analisar como os homens encaram a dança no mundo moderno, e perceber as nuances relacionadas á discriminação, uma vez que em sua grande maioria, sua manifestação não é explícita.

          Unitermos: Dança. Discriminação. Nuances.

 

Abstract
          Since the last century, it had been the consciousness that dance as an activity that formed the citizen to complete his practice would offer the correct proportions to the body, becoming a source of good health, balance, and knowledge to the individual who practiced it. Currently these benefits are recognized and even given by health professionals, however, from this practice is an established paradigm. Men do not dance! Therefore this study aimed to examine how men perceive the world in modern dance, and learning the nuances related to discrimination, since for the most part, its manifestation is not explicit.

          Keywords: Dance. Discrimination. Nuances.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 168 - Mayo de 2012. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    A história apresenta que antes mesmo de se exprimir através da linguagem oral, o homem dançou para estabelecer códigos de comunicação, sinais e gestos de entendimento comum (DINIZ e SANTOS, 2010).

    Sem uma datação exata de quando o homem dançou pela primeira vez, essa forma de expressão foi no passado apreciado por reis, filósofos, aristocratas e estudiosos, que a considerava um importante pilar artístico e cultural da antiguidade (MUDIM, 2005). Entretanto, Ellmerich (1964) esclarece que a trajetória da dança não foi tão gloriosa quanto parece, o autor conta que com a ascensão do império romano e o crescimento colossal de seus soldados, essa expressão artística que em sua estrutura envolvia gestos delicados e sensíveis, passou a ser encarado como uma técnica de exclusividade feminina, sendo ridicularizados ou inferiorizados os homens que ousassem tal pratica, considerado também pela igreja cristã, um ato profano e promiscuo, sendo muitas vezes punido sob as leis religiosas o individuo que ousasse desafiar os preceitos da igreja (ELMERICH, 1964).

    Faro (1964) explica que no renascimento a dança ressurge de maneira forte e avassaladora, conquistando novamente seu devido reconhecimento e espaço em todas as classes sociais, estabelecendo-se a partir daquele momento como profissão. Passado o tempo essa atividade/profissão se desmembrou, transformou-se, evoluiu e desencadeou nas mais diferentes expressões artísticas imagináveis e conhecidas, enfim, a dança passou a coroar a cultura de inúmeras sociedades, tornando-se objeto de protesto, rito de passagem, e sobretudo de demonstração de arte viva (WISSMANN, 2010).

    Para Stinson (1995), devido ao histórico da dança, durante muito tempo essa expressão artística foi erroneamente aplicada e afirmada como atividade feminina, sobretudo, nas escolas tradicionais.

    Rosa (2006) afirma que durante muito tempo, ainda na sociedade moderna, dançar se tornou uma pratica essencialmente feminina e todo o homem que ousasse praticar a dança teria a sua masculinidade questionada (STINSON, 1995 e ROSA, 2006).

    Kimmel (1998) explica que os homens evitavam a todo o custo praticar essa modalidade, pois era sabido que para “ELES” cabiam apenas atividades de força, destreza e virilidade, técnicas que centralizasse o homem como superior e hegemônico sendo destinadas ações discriminatórias aos homens que optassem pela dança como atividade física.

    Lima e Maffia (2010) explicam que não há um estudo que apresente a real diferença numérica entre os sexos dos adeptos a prática da dança. Sabe-se apenas que “ELAS” são sempre a maioria, chegando muitas vezes a dominar 75% dos espaços destinados a dança.

    Atualmente, foram descobertos os inúmeros benefícios relacionados à dança, como por exemplo: equilíbrio, ritmo, agilidade, coordenação e noção espacial.

    Os profissionais de saúde sabem o quanto é positivo a prática da dança para o desenvolvimento físico, psicológico e social dos indivíduos praticantes, indicando tal atividade para todos seus pacientes, independente do gênero (DOMICINIANO e MARCELLI, 2010).

    Visto todos os desafios apresentados nesse trabalho e percebidos na fala de vários autores que praticar dança, especialmente pelo homem, pode “ainda” levá-lo a ter sua masculinidade questionada.

    A proposta deste estudo foi analisar como o homem encara a prática da dança no mundo moderno, tentando por conseqüência apresentar os reais benefícios da dança para o desenvolvimento do individuo.

    Ao entendermos que a prática da dança oferece inúmeros benefícios, como àqueles citados anteriormente, além de promover respeito mútuo e sociabilização, já que no contexto da dança os indivíduos tocam os corpos uns dos outros ou seguem um determinado padrão de coreografia, pois deve seguir um delineamento harmonioso, entenderemos quão importante é discutir essa problemática nas academias de dança em geral.

    Assim, trabalhar de maneira pontual e esclarecedora e, para quem sabe, quebrar o paradigma em torno da dança versus masculinidade, abolindo eventualmente todo e qualquer tipo de preconceito, fenômeno esse que viola a integridade moral do individuo, ferindo e marcando para sempre sua memória (AZEVEDO, 1999).

Objetivo do estudo

    Este trabalho teve como objetivo, analisar como os homens encaram a dança no mundo moderno, e perceber as nuances relacionadas á discriminação, uma vez que em sua grande maioria, sua manifestação não é explícita.

Problema e sua importância

    A dança é uma atividade com inúmeros benefícios, assim, dar suporte a toda e quaisquer instituições que desenvolva a dança (clubes, escolas, academias e ONGs’) com materiais abordando o tema é de fundamental relevância.

    O intuito desta pesquisa é reconhecer esse desafio, para aprofundar a discussão e estimular /encorajar a todos os garotos e homens que queiram aprender a dançar, que o façam sem qualquer temor de ações discriminatórias.

    Avila (2010) explica que os benefícios da dança devem ser estendidos a todos sem distinção de raça, credo, sobretudo de gênero.

Delimitação

    Esta pesquisa foi direcionada exclusivamente ao público composto por homens na faixa etária entre 22 e 45 anos de idade, praticantes de atividade física regular, exceto dança.

Hipótese ou questão

  • H.1 – O homem conhece os benefícios da dança?

  • H.2 – O homem considera a dança uma atividade não-masculina?

  • H.3 – O homem que pratica dança é discriminado?

Discriminação

    A discriminação se baseia em primeiro lugar, evidentemente, nas capacidades discriminativas do sujeito ou nas modalidades sensoriais em questão, empregando a associação dos estímulos com conseqüências negativas, ao qual depende a aprendizagem e dos mecanismos cognitivos, o termo designa as atitudes e condutas particulares que unem um individuo ou grupo, geralmente com base em caracteres atribuídos mais por preconceito que por algo objetivamente verificado. Ação de discriminar; separação; distinção; discernimento. Discriminação racial, tratamento diverso dado a pessoas de raças diferentes; segregação. (RICHELLE, 1991; AURELIO, 1999)

2.     Revisão de literatura

Breve histórico da dança

    Existem indícios de que o homem dança desde os tempos mais remotos (FARO, 1986). Todos os povos, em todas as épocas e lugares dançaram para expressar revolta ou amor, reverenciar algo, mostrar força ou arrependimento, rezar, conquistar, distrair, enfim, viver! (TAVARES, 2005).

    Em pleno século XXI, ainda não se tem clareza nem de quando e nem por quais razões o homem dançou pela primeira vez, no entanto, é sabido que toda dança indica uma cerimônia, rito ou mesmo a retratação da cultura local, em que se exprime a necessidade de demonstrar diferentes formas de sentimentos que quando atrelados a diferentes emoções adquirirem coreografias especificas e personalizadas, de modo que os gestos e passos são peculiares a cada forma de dançar, com um significado próprio devendo ser respeitados no contexto de cada cerimônia (GUEIROS, 2008).

    Por envolver aspectos culturais, artísticos e físicos, Mudim (2005) explica que a dança durante muito tempo foi valorizada por todas as camadas sociais da antiguidade, sendo condecorada como uma das três principais artes cênicas da antiguidade, ao lado do teatro e da música.

    Para Diniz e Santos (2008) tanto é verdade que através de Sócrates, Platão um dos grandes filósofos gregos, considerou a dança como a atividade que formava o cidadão por completo, essa atividade daria proporções corretas ao corpo, seria fonte de boa saúde e ofertaria equilíbrio, conhecimento e sabedoria ao individuo que a praticasse.

    Ellmerich (1964) complementa ainda que Influenciados pelos gregos, os romanos, tinham em sua cultura a tradição de dançar, mas entre eles a dança parecia ter um sentido mais claro e específico: tudo girava entorno de Reis, República, Império ou mesmo por motivos religiosos e sagrados.

    Entretanto, com o passar dos tempos os combatente Romanos, que representavam seu país fora de sua pátria passaram a desprezar a dança, considerando-a incompatível com o espírito masculino, reprodutor e guerreiro do soldado Romano. Tomados por esses motivos os soldados degradaram brutalmente essa manifestação artística entre os homens, por considerá-las feminina e grotesca, a eles, cabiam apenas atividades que ressaltasse a virilidade, a força e a brutalidade do povo guerreiro responsável pelo maior império que mundo chegou a ter conhecimento.

    Avila (2010) explica que naquele momento surgem às enormes arenas destinadas aos gladiadores; isso sim era arte! Além de ser uma modalidade considerada totalmente masculina, tinha o incrível poder de entreter a camada mais pobre daquela sociedade.

    Para Santos (2009) naquele momento instalam-se as primeiras formas de discriminação, em que se estabelece a prática de uma determinada arte ao gênero.

    Ellmerich (1964) ressalta ainda que, além dessa ligação de gênero-arte, naquele momento a dança perde força, principalmente por causa das leis cristãs, ditadas através da igreja Católica, que condena a prática da dança por considerá-la uma loucura lasciva, uma prática satânica, macabra e profana.

    Apenas no renascimento que a dança voltou a florescer, quando os valores mundanos da vida e do corpo foram novamente exaltados. No mundo renascentista as artes que estavam até então a serviço da igreja, tornaram-se símbolos de riqueza e poder. Finalmente a dança renasce para divertimento da aristocracia, ficando evidente que o cristianismo conseguiu atenuar, mas não apagar completamente a expressão artística da dança (VELLOSO, 2007).

    González e Fensterseifer (2005) explicam que a dança não passou apenas a ser aceita, sobretudo passou a ser entendida em dois sentidos, a “dança como movimento” e a “dança como arte”. A “dança como movimento” tinha como objetivo ressaltar os aspectos “anatômicos, fisiológicos, psicológicos, sociais e cinesiologicos” do movimento, expressos no comportamento observáveis do individuo que dança. Em contrapartida, a “dança como arte” apresentar-se-ia como uma contestação da dança como experiência empírica presente na “dança como movimento”. Se a “dança como movimento” abandona as discussões dos aspectos fisiológicos, a “dança como arte” se estabelece a partir desta.

    A dança passa ser apreciada por todo um contexto e não é apenas como um conjunto de passos coreografados sem objetivos artísticos, estéticos sem caráter racional. (GONZÁLEZ & FENSTERSEIFER, 2005).

    Faro (1986) explica que é interessante notar que durante todos esses processos de ascensão e queda da dança na cultura ocidental, essa expressão artística foi durante séculos um apanágio do sexo masculino que tinham no seu processo de educação a dança como meio de transmitir boas maneira e postura apropriada, somente mais tarde, quando a dança se popularizou a todas as camadas sociais, que as mulheres passaram a participar ativamente dessa expressão artística. Wissmann (2008) explica ainda que aos poucos que a dança foi ganhando seu espaço entre as mulheres, sobretudo em todas as camadas sociais.

    Silvia e Goellner (2008) complementam ainda que nessa época foi criado um sistema de escrita coreográfica, um código de dança, formado por um conjunto de movimentos essenciais que mais tarde viraria a base para ensinar e aprender qualquer outra dança. Nesse código estabelecia-se que ao homem caberia a condução da dança, a direção e a seqüência de passos.

A dança no Brasil

    Ellmerich (1964) explica que no Brasil a dança foi vista pela primeira vez em 1550 em um ambiente que devia representar a terra selvagem, há pouco descoberta, 50 índios brasileiros, em companhia de mais de 200 indivíduos, todos nus, pintados e enfeitados à moda dos primitivos habitantes do Brasil, simularam uma luta entre tupinambás e tabajaras, mais tarde, foram os africanos, aqui escravizados que trouxeram sua arte através da dança-afro.

    Fonseca Jr. & Devide (2010) explicam que, o país que acabara de ser descoberto precisava de uma identidade européia para ser apreciado, pensando nisso, a princesa Isabel e seu marido, realizaram inúmeros saraus e bailes no seu palácio, ambos ajudaram a manter as Danças da Europa e a disseminar as brasileiras (FONSECA JR. & DEVIDE, 2010).

    Atualmente o Brasil possui uma gama de danças que fortalece sua identidade e reforça a cultura em cada região do país, cada região brasileira possui uma característica da dança só dela. Na Região Sul, temos as danças típicas conhecidas como congada, chula, Chimarrita, fandango (DANTAS, 1976). Na Região Sudeste podemos destacar as danças típicas: o batuque e a folia de reis (FERRETTI, 1977). Na região Centro-Oeste podemos destacar a congada (FRADE, 1979). Na Região Nordeste destacam-se as danças típicas como: o frevo, o bumba-meu-boi, o maracatu, as cirandas, o baião (LACERDA, 1977). Na Região Norte: temos o carimbó, Obaluaiê, a ciranda e o festival Folclórico de Parintins (MARTINS, 1982). No quesito dança nacional, podemos destacar o carnaval, um grandioso espetáculo de massa, considerada a maior festa popular do mundo e também as festas juninas, trazidas pelos portugueses, uma dança que adquiriu grande força e tradição em todo o Brasil.

    Dentro do nosso cenário artístico, deve-se frisar que o Brasil é um país que respeita diferentes formas de expressão artística e por isso dentro do nosso contexto e realidade, realizamos todos os tipos de dança, entre elas destacam-se as danças clássicas européias, as danças contemporâneas, a dança de salão, sapateado, dança de rua, entre outras modalidades de dança.

    Lima e Maffia (2010) esclarecem que mesmo com esse histórico de conquistas e toda essa diversidade na dança aqui no Brasil, essa é uma modalidade ainda procurada em sua maioria por mulheres. Para Rosa (2006), isso ocorre porque os homens generalizam a dança como uma atividade exclusivamente feminina, sendo incompatível com sua viril identidade masculina.

    Veloso (2007), afirma em seu estudo que é quase impossível falar que homens dançam. Isso porque um homem que dança pode ser encarado como um sujeito efeminado, delicado, diferente, em suma um homossexual. Santos (2007) complementa ainda que, é exatamente por esse motivo, que os homens evitam praticar atividades socialmente taxadas como femininas, e dançar é uma delas. Para Silva et. al. (2008) essa conduta ocorre porque alguns homens são compelidos por uma masculinidade hegemônica, cujo foco é apresentar comportamentos, padrões corporais e movimentos que corroborem a demonstração da viril masculinidade e qualquer coisa que desvie esse padrão hegemônico de masculinidade, deve ser evitado. Por isso “ELES” evitam dançar.

Dança versus masculinidade

    Para Andreoli (2010) é fundamental saber como os homens chegam a dançar em uma cultura na qual a dança é hegemonicamente significada como uma prática não-masculina. Santos (2009) reforça essa afirmação, explicando que esse universo além de considerado feminino é margeado por práticas sensíveis, delicadas e reforçada no contexto sociais como uma prática corporal feminina.

    Goellner (2001) salienta que no Brasil a afinidade da dança e o feminino surge inicialmente, no final do século XX nas aulas de educação física do Rio de Janeiro, nestas instituições essa expressão artística é permitida apenas às moças, essa era uma maneira de evitar que qualquer outra forma de exercício físico causasse problemas à futura mãe ou transformasse sua aparência corporal. Para Fonseca Jr e Devide (2010) essa fase é determinante para a disseminação da dança no contexto social, os autores evidenciam que de alguma forma, a sociedade passou a rotular determinadas atividades como feminino e masculino, reprimindo vivencias motoras do nosso corpo, e assim estabeleceram-se que atividades rítmico-expressiva entre as quais aparece a dança, seriam atividades exclusivas para mulheres, já as modalidades esportivas, sobretudo as coletivas seriam atividades de exclusividade dos homens.

    Para Giusepp e Romedo (2004), o temor de muitos homens em praticar atividades como a dança, consiste exatamente no fato de que essa modalidade poderia colocar em xeque seu status de macho, e isso pode ser devastador, pois, desta forma, só lhes restariam duas possibilidades: serem vistos como mulheres ou como homossexuais. Por isso, muitos se mantém afastados de atividades consideradas femininas. Essa é uma conduta muitas vezes inconsciente utilizada para reforçar o machismo, afinal, em nosso país, atividade de macho é jogar futebol e não praticar dança (GIUSEPP E ROMEDO, 2004).

    Por esse motivo Velloso (2007) afirma que é quase impossível falar que homens dançam, que homens choram ou mesmo que homens sintam dores, para eles, entregar-se a essas situações poder ser crucial para ter sua masculinidade questionada.

    Korin (2001) explica essa masculinidade é representada pelo modelo hegemônico, presente inconscientemente em todos os homens, e muitas vezes esse modelo hegemônico de masculinidade é tão predominante que muitos crêem que as características e condutas associadas ao mesmo sejam normais.

    Borrillo (2010) esclarece que essa crença errônea de que a masculinidade é uma manifestação biológica, estimula muita gente, em especial aos que têm mais interesse em conservar este paradigma a reafirmar sempre o seu padrão e comportamento de macho. Por conseqüência, completa Korin (2001) leva-se a tachar os homens cuja aparência física, inclinação sexual ou conduta não cumpram os requisitos estabelecidos a sofrerem discriminação ao serem considerados "biologicamente desencaminhados".

    Para Fialho (2006), o perfil estereotipado do modelo de Macho Hegemônico apresenta os homens como ativos, fortes, capazes do trabalho físico árduo, produtivos, competitivos e orientados ao mundo externo; capazes de combater em guerras e penetrar o corpo de uma mulher com firmeza e segurança.

    Stinson (1995) explica que aqueles homens que não respondem a estas premissas são tachados como afeminados ou homossexuais.

    Borrillo (2001) destaca ainda que são poucos os homens que podem estar à altura do modelo tradicional de masculinidade hegemônica ao longo de suas vidas. E as conseqüências de não corresponderem ao modelo ideal são tão aterrorizantes, afirma Fialho (2006), que há homens que pagam com má saúde e inclusive com a morte para demonstrar sua "macheza".

    Kimmel (1996) salienta que poucos repudiam o modelo hegemônico porque este lhes permite gozar de poder, tanto sobre as mulheres como sobre aqueles homens que são considerados "inferiores" por sua origem étnica, circunstâncias financeiras e/ou inclinação sexual.

    É muito provável que todo homem que não consiga identificar-se no modelo estabelecido por essa masculinidade predominante veja a si próprio como incompleto, inferior, indigno de ser "homem" (BORRILLO, 2001; KIMMEL, 1996; FIALHO, 2006). Baseado nessas circunstâncias e temendo sempre ter sua masculinidade questionada, possivelmente, um homem que se considera “macho” não vá se interessar pela arte da dança (GIUSEPP e ROMERO, 2004)

Um paradigma a ser quebrado

    Mas afinal, questiona-se por qual motivo a dança firma-se “ainda” como uma pratica exclusivamente feminina, sendo essa uma atividade que exige demasiada energia e destreza, solicitando do praticante elevada capacidades de força e resistência muscular? (ASSUMPÇÃO, 2003). Pacheco (1999) acredita que, o fato não é a força, nem a destreza, mas sim o preconceito em torno dessa prática. Para Andreoli (2010) essa é uma atitude descabida, já que atualmente a dança alcançou status e tem indicação de inúmeros profissionais da saúde, sendo muitas vezes considerada uma atividade física sem idade.

    Silva (2007) explica em seu estudo que os benefícios para o homem praticante da dança são inúmeros, entre elas melhoria na relação interpessoal, desenvolvimento do ritmo, a melhora do equilíbrio, alem de ser considerada uma ótima prática de exercícios físicos e por causar bem-estar, sendo prescrita por muitos médicos como forma de obter recuperações físicas ou musculares.

    Faro (1986) complementa ainda, afirmando que a dança é uma ferramenta de fácil acesso que trabalha coordenação motora, estimulação sensorial e força atém dos aspectos sociais e culturais em torno dessa arte.

    Para Melo e Lacerda (2009) deve-se compreender que a dança é destinada a todos que querem aprender sem distinção de sexo. Entretanto, Giusepp e Romero (2004) esclarecem que o paradigma presente nessa questão dificilmente será quebrado se não for trabalhado de maneira efetiva em todas as esferas sociais, somente dessa forma a dança não será mais vista como atividade exclusivamente feminina, mas sim uma atividade normal destinada a quem desejar praticá-la, independente do gênero ou de qualquer outro parâmetro. Mas para que isso aconteça, afirma Rosa (2006) é preciso discutir, debater, sobretudo, conscientizar.

3.     Metodologia

    Baseado na metodologia sugerida por Giusepp e Romero (2004) este estudo está inserido na Analise de Discurso (AD). Esse tipo de método é marcado pela ideologia dos entrevistados. A AD parte do principio de que não irá descobrir nada novo, apenas fará uma nova interpretação ou uma releitura do tema que margeia essa pesquisa – no caso, masculinidade versus a dança. Outro aspecto a ressaltar é que a AD mostra como o discurso funciona não tendo a pretensão de dizer o que é certo, porque isso não está em julgamento.

    A interpretação do discurso é um ato simbólico, feito pelo leitor influenciado pelas suas próprias ideias, seu afeto, sua posição, suas crenças, suas experiências e vivências; portanto, a interpretação nunca será absoluta e única.

Descrição do método

    Essa entrevista contou com a exibição de três fotos (Figuras 1; 2; e 3); a primeira apresenta um homem dançando balé saltando num perfeito espacate frontal no ar. A segunda foto mostra um casal de bailarino em movimentos suaves pertinentes ao balé. E a terceira foto exibe um casal em posição de dança de salão. Essa tática serviu como forte aliada na estratégia de impacto com os entrevistados desta pesquisa, a partir daí pudemos identificar e analisar a percepção que os participantes apresentavam das fotos e do tema propostos nessa pesquisa.

População e amostra

    A amostra dessa pesquisa constituiu-se de oito homens praticantes assíduos de atividade física – exceto a dança - com idade entre 22 e 45 anos. Todos moram na grande São Paulo e têm em comum a prática regular de atividades física em sua vida diária.

Instrumentação

    O instrumento empregado nesta pesquisa foi uma entrevista desestruturada na modalidade focalizada. Marconi e Lakatos (2009) explicam que esse tipo de entrevista oferece liberdade ao entrevistador para explorar mais amplamente a questão, podendo utilizar um roteiro relativo aos problemas, razões e motivos do assunto que vai estudar.

    Esse instrumento foi composto por seis questões principais a respeito da visão do homem sobre á pratica da dança, assumindo, portanto que o presente estudo ostenta caráter qualitativo-argumentativo, a entrevista contou com a utilização de três fotos impressas em folhas de sulfite tamanho A4, também apresentadas no notebook Dell Led 12 polegadas. Para a gravação das entrevistas utilizou-se um MP3 Digital da marca Sony.

Coletas de dados

    O pesquisador apresentou-se como estudante de Educação Física, informando a todos os participantes do estudo, tratar-se de um trabalho científico de investigação, garantindo o anonimato de acordo com o termo de esclarecimento ao sujeito adotado pela Instituição de Ensino, que foi entregue previamente para conhecimento e anuência de todos.

    Foi disponibilizada uma folha com instruções definidas de como proceder ao preenchimento dos formulários, contendo notas explicativas, para que o sujeito da pesquisa obtivesse conhecimento do conteúdo relacionado à entrevista.

    O aspecto do material e a estética também teve sua devida importância, bem como a apresentação das perguntas e a manipulação das fotos, todos esses itens foram estrategicamente direcionados a fim de facilitar ao pesquisado sua participação neste estudo cientifico.

Tratamentos dos dados estatísticos

    Para constituir o corpus para análise de discurso, adotou-se a orientação de Caregnato e Mutti (2006), foram ouvidos todos os participantes da pesquisa nas entrevistas e efetuado inicialmente a transcrição da gravação com imparcialidade, sem contaminação de quaisquer idéias e ausência total de juízo de valores.

    Após inúmeras leituras, tornou-se possível identificar vários eixos temáticos, que foram interpretados na forma de elementos chaves, cujo objetivo central foi apresentar a idéia de todos os participantes num único texto, através do chamado recorte discursivo (ROCHA e DEUSDARÁ, 2005). Cabe informar que esse enfoque é dado somente quando se encontram diferentes discursos, o chamado “marcas lingüísticas” ou “marca de discurso” que são depoimentos que representam todo o discurso (CAREGNATO e MUTTI, 2006). De acordo com Rocha e Deusdará (2005), na Análise Discursiva (AD), não é necessário considerar tudo que aparece na entrevista, pois se trata de uma análise vertical e não horizontal. O importante é captar a marca linguística e relacioná-la ao contexto da pesquisa. A interpretação deverá ser feita sempre entre o interdiscurso - constituídos no ato da entrevista presente na construção coletiva - e o intradiscurso - formulação do texto e a linearização do discurso. - chegando às posições representadas pelos sujeitos através das marcas linguísticas.

    Nunca esquecer que a interpretação sempre é passível de equívoco, pois embora a interpretação pareça ser clara, na realidade existem diferentes definições para cada situação (CAREGNATO e MUTTI, 2006).

    Para enriquecer o material colhido nas entrevistas, recolheu-se a síntese dos resultados e foram trabalhadas com as informações e seu significado para a pesquisa, isto é, todo o resultado foi relacionado com as bases teóricas que estruturou a revisão de literatura.

    Para que não houvesse dúvidas quanto à eficiência e a imparcialidade da entrevista, aplicou-se um pré-teste para uma pequena população escolhida e composta por cinco estudantes de Educação Física de uma Universidade privada. O objetivo dessa ação foi verificar possíveis falhas, inconsistência ou ambiguidade no roteiro de perguntas, em suma, com o pré-teste, seria possível verificar se a intervenção apresentaria três elementos importantes e fundamentais para o sucesso da pesquisa: coerência, clareza e operatividade.

Limitações do método

    De acordo com Marconi e Lakatos (2009) a entrevista despadronizada na modalidade focada, apresenta uma série de:

[...] Vantagens:

  • Pode ser utilizados com todos os segmentos da população: analfabetos ou alfabetizados;

  • Há maior flexibilidade, podendo o entrevistador repetir ou esclarecer perguntas, formular de maneira diferente; especificar algum significado, como garantia de estar sendo compreendido;

  • Há possibilidade de conseguir informações mais precisas, podendo ser comprovadas, de imediato, as discordâncias.

[...] Desvantagens:

  • Dificuldade de expressão e comunicação de ambas as partes;

  • Possibilidade de o entrevistado ser influenciado, consciente ou inconscientemente, pelo entrevistador, pelo seu aspecto físico, suas atitudes, idéias, opiniões etc.;

  • Retenção de alguns dados importantes, receando que sua identidade seja revelada;

  • Ocupa muito tempo e é difícil ser realizada.

4.     Resultados e discussão

    No mapeamento estratégico inicial constata-se que a população desta pesquisa é formada por homens que tem a média de idade de 29,75 anos, todos são tipicamente ativos e praticam modalidades esportivas regularmente, 22% têm nível superior completo, 33% cursam a graduação superior e 45% tem o ensino médio completo. Os resultados deste estudo serão apresentados em dois momentos, no primeiro momento os resultados aparecem de acordo com o objetivo inerente a cada questão da entrevista, com o objetivo de disponibilizar as expressões de cada homem entrevistado (S.1, S.2, S.3, S.4, S.5, S.6, S.7 e S.8). No Segundo momento, após apreciação dos discursos, será ressaltada a presença das idéias centrais, criando “elementos-chaves” que são de fundamental importância para o entendimento deste estudo. No anexo IV, estão na íntegra, as resposta dos oito sujeitos participantes desta pesquisa.

Pergunta 1. Qual impressão você tem do homem da figura 1? Por quê?

    Para os (S.1 e S.2) um homem dançando balé é muito estranho ou esquisito. Juntos com (S.6), ambos consideram o movimento suave e delicado demais para um homem. O (S.3) considera o homem da foto ridículo e o (S.5) afirma que “[...] para fazer uma coisa dessa só pode ser gay, se não é gay é essa a impressão que se tem”. O (S.2) acredita ser anormal um homem dançando balé, para ele um homem de verdade não dança desse jeito, seguindo essa linha de raciocínio o (S.8) acredita que o homem da foto está em desacordo com as características e afazeres de um homem de verdade. De maneira geral os elementos chaves que aparecem na fala dos entrevistados sobre a impressão que se tem da figura 1 é que o homem dessa foto é: Gay, afeminado, boiola e homossexual.

Pergunta 2. Qual impressão você tem do homem da figura 2? Por quê?

    Para os (S.1, S.2, S.7 e S.8) os gestos do bailarino são demasiados, suave, delicados e sensíveis, para (S.2) a postura do dançarino na foto é diferente da postura de um homem, os (S.1, S.4 e S.7) explicam que apesar dele está ao lado de uma garota, a impressão que se tem é que ele não quer segurá-la. Observamos que nos discurso dos (S.1, S.2, S.5, S.6, S.7 e S.8) que a vestimenta do dançarino foi à principal vertente para as respostas, esse tipo de traje não condiz com o sexo masculino, e por isso é repudiado entre os homens. Para (S.2) “a roupa é feia para um homem usar”. Os (S.5 e S.8) explicam que os gestos somados a roupa faz todos imaginarem que o dançarino é afeminado. Os elementos chaves que aparecem na fala dos entrevistados sobre o homem da figura dois são: mulherzinha, gay, viado, boiola e afeminado.

Pergunta 3. Qual impressão você tem do homem da figura 3? Por quê?

    Para o (S.8), “entre as três figuras essa é a melhor”, o (S.5) explica que o dançarino da figura 3 é diferente por parecer mais homem. Os (S.1, S.2 e S.4) relatam que o homem está afim da mulher, pega e olha para ela com vontade. (S.8) afirma “[...] ele gosta de mulher!”. Para os (S.2 e S.4) essa figura demonstra o dançarino seduzindo a mulher, querendo tê-la nos braços. Nos discursos a vestimenta é citada como adequada a um homem, afirma-se que o dançarino da figura está vestido melhor, com roupas normais de um homem normal. Para o (S.2) “[...] a figura 3 representa os homens de verdade, pois o homem está em cima da mulher, dominando ela [...]”. Os elementos chaves que aparecem na fala dos entrevistados reforça que o homem desta figura é mais homem, possui masculinidade, é um homem com H maiúsculo e também é machão.

Pergunta 4. De modo geral, você acredita que a dança como atividade, esteja de acordo com o sexo masculino?

    De maneira sutil os (S.3, S.6, S.7 e S.8) explicam que vai depender muito do tipo da dança, e citam a dança de salão, danças em academias para queimar gordura, break, hip-hop, street dance e forró podem até servir como uma possibilidade de danças para homens, entretanto, no geral, todos os homens participantes da nossa entrevista vão afirmar que a dança, sobretudo, o balé, o sapateado e o axé não estão de acordo como sexo masculino, sugerindo atividades como, lutas, futebol, ciclismo, enfim “atividades agressivas, atividades de força, que envolva músculo” (S.6). Para o (S.8) “Um homem dançando balé, além de feio é desarmoniozo”.

Pergunta 5. Se você fosse convidado a praticar dança como atividade física, você aceitaria?

    Os (S.3, S.6 e S.8) afirmaram que se fosse dança de salão, dança de academia ou forró, poderiam até pensar em aceitar. Entretanto, quando perguntado sobre todos os tipos de dança, a resposta veio de maneira direta e incisiva, não! Essa foi à questão que os entrevistados responderam de maneira mais espontânea. Todos afirmaram que não dançaria, entretanto, o que surpreende nas respostas, foram às tratativas os (S.1, S.5 e S.6) exacerbaram que nunca! Jamais praticaria esses tipos de atividade. Já o (S.7) indignado com a pergunta afirmou que era inimaginável se ver nessa situação e não queria mais falar sobre o assunto. Os motivos, em sua maioria resumiam-se ao fato de não gostar da dança, mas destaca-se a afirmação do (S.1) “além de odiar dançar, eu não levo jeito nenhum, sou muito duro, não consigo me ver dançando, seria ridículo!”

Pergunta 6. Se você tivesse um familiar próximo do sexo masculino (pai, irmão, filho entre outros da família...) praticando dança, você apoiaria?

    Os (S.1, S.6 e S.7) afirmam veementemente que não apoiariam. Os (S.1 e S.6) acreditam que dançar é coisa de mulheres. O (S.1) considera a dança coisa de garotos gays ou afeminados “nunca conheci um bailarino homem que não fosse gay ou afeminado, no final das contas, todos são essa é que é a verdade”. Para o (S.7) “O cara não sendo gay está ótimo, pode fazer o que ele quiser, eu não apoio, mas também não vou atrapalhar”. Os (S.2 e S.3) apoiaria sim – se fosse o filho – mas ficariam chateados, pois entendem que dançar é coisa de mulher, sobre essa mesma situação os (S.4 e S.8) explicam que apesar de apoiar iriam insistir para que os meninos optassem por fazer outras modalidades.

Pergunta 7. Você conhece os benefícios da dança? Se sim, mencione quais

    Os (S.2 e S.4) desconhecem quaisquer tipo de benefícios da dança, sendo que o (S.2) nunca se interessou em saber. Os (S.3 e S.7) foram os únicos que responderam com segurança a essa pergunta, e destacaram que a dança oferece ritmo, força e flexibilidade. Já os (S.1, S.5, S.6 e S.8) apresentaram alguns benefícios, entretanto utilizaram palavras como, não sei... Eu acho que... Alguém me disse... Imagino que... Demonstrando que os benéficos da dança não estão bem definidos em sua cabeça.

    Apreciado os discursos dos sujeitos, percebe-se a presença constante de seis ideias centrais. Os destaques dessas idéias tornam-se interessantes, pois aparecem de maneira marcante em todos os discursos, tornando-se “elementos-chaves” significativo para o entendimento do objetivo principal deste estudo.

Elemento-chave 1

Esportes ditos masculinos

    Há nos discurso, uma unanimidade quando se fala de atividades direcionadas ao homem. O (S.1, S.2, S.5 e S.8) explicam que esporte de homem é futebol, lutas, natação, basquete. Para o (S.2 e S.7) qualquer tipo de esporte é normal para homens. Menos Dança! “Homens nasceram para jogar bola, para brigar, correr, trabalhar muito!” afirma (S.8) Para o (S.5) as coisas são assim desde que o mundo é mundo. Até porque na opinião do (S.6, S.7 e S.8) o treino de esporte de combate, corridas, treino funcional é mais legal, pois homens gostam mais de atividades agressivas, atividades de força, que envolva músculo.

    Rosa (2006) explica que historicamente a da dança é tida como uma pratica corporal feminina. Essa afinidade salienta Goellner (2001), surge nas aulas de educação física, pois no passado acreditava-se que essa expressão artística evitasse problemas à futura mãe ou transformasse sua aparência corporal. Fonseca Jr e Devide (2010) evidenciam que nessa fase há uma disseminação erronia de que as atividades rítmico-expressivas seriam atividades exclusivas para mulheres. Silva ET AL. (2008) explicam então que os homens passaram a ser detentores das atividades de combate ou mesmo esportes coletivos, pois era sabido que essas atividades fortaleceriam o corpo do homem para futuras práticas militares. Cunha Jr. e Melo (1996) denunciam que esse tipo de pensamento sexista poder ser culpa do professor de Educação Física. Pacheco (1999) justifica essa possibilidade explicando que se isso aconteceu foi devido à ausência de capacitação para o ensino da dança nesse ambiente. Baseado nisso Sousa e Altmann (1999) esclarecem que é natural, meninos se sentirem atraídos por atividades coletivas e discriminar irrefutavelmente atividades que envolvam ritmo, como a dança.

Elemento-chave 2

Vestimenta inadequada ao sexo masculino

    Para os sujeitos da pesquisa, um fator determinante ao expor sua opinião refere-se à vestimenta, um símbolo de destaque em nos discursos. Para o (S.7) usar roupas bem justinhas e fazer esse tipo de abertura não dá certo, é gay. A vestimenta do bailarino da figura 2 incomoda o (S.3), pois ele julga ser muito apertado, considerando feio para um homem usar. Para o (S.5) esse tipo de roupa é demasiado diferente para um homem de verdade. Esse símbolo é tão importante que ao observar a figura 3, o (S.1 e S.5) elegem o homem como o melhor entre as três figuras, atribuindo a ele os títulos que enaltecem os atributos masculinos. Para o (S.3) tudo parece fazer sentido nessa foto, e o (S.7) considera a vestimenta mais adequada.

    Para Giusepp e Romero (2004) a vestimenta é um símbolo fundamental de definição de gênero, tornando-se uma marca registrada que tem o poder de distinguir o individuo do grupo, ou mesmo no grupo que ele pertence. Por esse motivo ela é percebida e apontada. Silveira Et. al. (2008), explicam que usar essas vestimentas coladas no corpo não é uma opção ao dançarino, é uma condição. Isso porque na encenação deve-se aparecer o máximo de sua silhueta corporal, exacerbando propositalmente demasiada sensualidade e volúpia demonstração de saúde e bem estar.

Elemento-chave 3

Não tenho nada contra – nuances da Discriminação

    Algo percebido nos discursos foi o fato de ninguém se e assumir preconceituoso, de alguma forma, os sujeitos da pesquisa, acreditavam ser natural a indignação presente em seu discurso. “Não tenho nada contra quem dança balé, mas que é ridículo um homem desse tamanho dançar balé é!” (S.1). Quando questionado sobre a indignação ao ver o bailarino da figura 1 e 2 o (S.5) explica que não está incomodado, “mas acho que ele poderia dançar diferente”. Em certo momento o (S.7) dispara: “não sei se o cara é gay, mas leva jeito” Em dado momento o (S.1) assume “Pode soar preconceituosos, mas balé é coisa para meninas ou meninos afeminados [...] Nunca conheci um bailarino homem que não fosse gay ou afeminado, no final das contas, todos são essa é que é a verdade”.

    Assumir-se preconceituosos é uma prática incomum entre as pessoas, Eluf (2000). JESUS (2002) explica que a sociedade como um todo tende a se considerar não preconceituosos por terem dificuldade de identificar o significado dessa palavra e também por acreditarem que o preconceito está atrelado às vias de fato, com ações agressivas ou com palavras de baixo calão. Para Aquino (1998) e Crochik (2006) vale lembrar que o preconceito é um fenômeno interiorizado, imperceptível, mas efetivamente presente nas ações humanas.

Elemento-chave 4

Homem tem que ter jeito de homem, se não é homossexual

    O jeito de ser percebido pela sociedade diz muito sobre ele, quem afirma isso é Korin (2001). Percebemos no discurso dos sujeitos que o jeito pode ser determinante para o julgamento do individuo. Para o (S.2) o jeito do dançarino da figura 2 é diferente da postura de um homem. O (S.3, S.4 e S.6) explica que o jeito que o dançarino pega em sua parceira, faz dele um homem afeminado. Chegando ao ponto do (S.5) afirmar que onde quer que vá, essa figura será interpretada como sendo “[...] Um boiola dançando”. Quando o assunto é a figura 3, o discurso muda. O (S.4) afirma que o jeito que o homem ao lado da mulher faz dele um homem de verdade. Concordando com essa afirmação o (S.8) garante que a postura adequada, somado a vestimenta, faz o dançarino ter jeito de homem.

    Para Silveira ET. AL. (2008) o movimento da dança tem como objetivo primordial apresentar uma situação, encenar, criar e iludir. Entretanto, falta ainda compreensão deste tipo de arte no Brasil. Por esse motivo manifestações de repúdio e preconceito são frequentemente lançadas a esses artistas. Cunha Jr. E Melo (1996) explica que infelizmente, têm sido comuns manifestações discriminatórias nos clubes e academias destinadas a esses homens considerados “cheios de frescura” (p.21), desde agressões a ofensas verbais observados através de apelidos ligados a forma de ser e agir. Silva ET AL. (2008) salienta que quando entramos no campo da atividade física a gestualidade carrega significados que na nossa sociedade estão associados ao masculino e feminino. Logo, explica Stinson (1995) quando os movimentos são delicados, sensíveis e harmoniosos atrelamos ao modelo feminino. Já Korin (2001) explica que quando há força, vigor e masculinidade, associamos ao formato masculino de ser.

Elemento-chave 5

Homem dançando é esquisito, é estranho! Dançar é mesmo coisa de mulher!

    Um dos termos que marcaram o repudio a dança por parte dos homens foram às palavras, esquisito e estranho. O único que foge desses termos é o (S.3), para ele: homem dançando é feio. Com essa linha de raciocínio os (S.1 e S.2) assumem que os dançarinos da figura 1 e 2 foram classificados como estranho e os (S.5 e S.8) utilizam o termo esquisito para expressar sua opinião. Apesar das diferentes nomenclaturas, os motivos são os mesmos. A suavidade dos dançarinos, somados aos gestos e vestimentas. Todos os sujeitos de maneira incisiva, explicam que dançar é coisa de menina, pois a dança envolve elementos suaves, delicados. Para o (S.4) “a própria mídia vincula a dança a mulher, você só vê bailarinas, dançarinas e coreografas [...]. Quando questionado porque considerava a dança um atributo feminino o (S.5) não soube explicar, limitou-se a dizer que “[...] As coisas são assim desde que o mundo é mundo”

    Para Andreoli (2010) todos os homens que dançam de alguma forma passam por situações constrangedoras dentro e fora de casa, Silva Jr. (2010) explica que dançarinos homens são admirados, enaltecidos e invejados apenas por pessoas de seu grupo, fora dele estão sujeitos a acusações de todo o tipo. Andreoli (2010) considera esse período como superação de representações culturais, em suma, os dançarinos tentam superar as barreiras sociais em torno dele. Uma das barreiras, explica Rosa (2006) é a crença descabida de que a dança é uma atividade de exclusividade feminina. Portanto, esclarece Giusepp e Romero (2004), todo homem que dança é interpretado como diferente, esquisito, feio e desarmonioso.

Elemento-chave 6

Desconhecendo os benefícios da dança

    Os (S.2 e S.4) desconhecem quaisquer tipo de benefícios da dança, sendo que o (S.2) nunca se interessou em saber. Os (S.3 e S.7) foram os únicos que responderam com segurança a essa pergunta, e destacaram que a dança oferece ritmo, força e flexibilidade. Já os (S.1, S.5, S.6 e S.8) apresentaram alguns benefícios, entretanto utilizaram palavras como, não sei... Eu acho que... Alguém me disse... Imagino que... Demonstrando que os benéficos da dança não estão bem definidos em sua cabeça.

    Para Silveira ET. AL. (2008) a dança vai muito além dos benefícios acima citados, além de ser uma atividade de fácil acesso ela oferece ao individuo consciência corporal, de modo que ele perceba o próprio corpo e o corpo do outro. Para Peto (2000) A dança dá sustentação, força e sentido junto com o ritmo e posições no espaço que o homem executa ao se relacionar com ele mesmo ou o grupo. Toneli (2007) afirma veementemente que os benefícios de quem se entrega a pratica da dança são inúmeros, entre eles a autora destaca que essa pratica corporal pode desenvolve o individuo no aspectos físico, cognitivo, social e afetivo; estimulando o trabalho de suas funções psicomotoras, tais como: esquema e imagem corporal, tônus, equilíbrio, lateralidade, dissociação do movimento, estruturação espaço-temporal. Além de desenvolver as possibilidades musicais e rítmicas; auxilia no contato com os fatores do movimento (espaço, tempo e intensidade); desenvolve a expressividade corporal e previne deficiências físicas e posturais; auxilia na percepção visual e auditiva; socializa, possibilitando conviver harmoniosamente em grupo; amplia a linguagem corporal do aluno e a capacidade motora; desenvolve a criatividade como elemento de auto expressão; conduz o aluno a aguçar o gosto pela arte; proporciona a aquisição de um corpo ágil, alongado e sadio; desenvolve a disciplina; e possibilita uma opção de profissão.

5.     Considerações finais

    Os dados obtidos neste trabalho demonstraram que os homens pesquisados ainda encaram a prática da dança como atividade com exclusividade feminina, sobretudo o balé, considerado feio, esquisito e estranho para homens. Grande parte dos entrevistados considera as atividades como o futebol, lutas ou mesmo atividades que envolva forças como de propriedade masculinas.

    Os homens das figuras 1 e 2 foram considerados gays/homossexuais, aos quais foram atribuídos os nomes de “mulherzinha”, “boiola” e “viado”. A vestimenta aparece no discurso como o símbolo principal para o pré-julgamento da condição sexual dos indivíduos. O jeito de ser percebido e de agir também foi determinante para as considerações dos entrevistados. Força, pegada, agressividade atrelou-se a postura do macho, do Homem com “H” maiúsculo. Sensibilidade, suavidade e delicadeza tornaram-se sinônimo de homossexualidade. Evidencia-se no discurso dos entrevistados certa dificuldade de se assumir preconceituosos, sendo considerado, natural a repudia aos dançarinos trajados de acordo com a modalidade de dança. Ficou perceptível nesta pesquisa o desconhecimento dos reais propósitos da dança, pois ainda que alguns benefícios tenham sido citados pelos entrevistados, não havia definição segura ou mesmo clareza sobre o que se falava.

    Visto que o profissional de Educação Física está apto a ministrar aulas de dança, e reconhecendo que essa profissão é devidamente credenciada, cabe aos profissionais dessa área, fundamentar suas intervenções nos princípios constituídos pelo CREF-CONFEF (1998), no qual se estabelece a reflexão, o respeito e a igualdade, através de uma intervenção sadia, com ausência de discriminação e com foco na saúde do individuo.

    Saber como a dança é percebida no universo masculino foi o objetivo dessa pesquisa, sobretudo, por entendermos que essa prática corporal pode ser usada como uma importante aliada à promoção da qualidade de vida das pessoas que a praticam.

    Buscou-se na fala dos vários autores e nos relatos dos sujeitos identificar e apresentar o desafio em torno desse paradigma, para visualizar o real problema, e quem sabe um dia, termos o vislumbre de acabar com ações discriminatória.

    O equilíbrio, o movimento, a saúde e tantas outras possibilidades positivas podem ser proporcionadas numa aula de dança através de diferentes formas. Cabe ao profissional oferecer – ou pelo menos tentar criar - um ambiente equitativo e desprovido de ações discriminatórias.

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