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Prevalência de lesões nos joelhos e tornozelos 

de atletas jovens de voleibol: estudo de caso

Predominio de lesiones de rodilla y tobillo en jugadores juveniles de voleibol. Un estudio de caso

 

Graduados em Educação Física pela

Universidade Católica de Brasília – UCB

(Brasil)

Michele Bastos Antoniazzi

Marcos Paulo de Oliveira Santos

marcospauloeducador@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo desse pequeno estudo foi analisar a prevalência de lesões em joelhos e tornozelos de atletas jovens de voleibol de Taguatinga-DF. Aplicou-se um questionário para uma amostra randômica com o intuito de se identificar as referidas lesões. Após a discussão dos dados, concluiu-se que há um número expressivo de lesões em jovens voleibolistas e que se faz necessária uma intervenção segura dos professores de educação física, mormente com os jovens em iniciação.

          Unitermos: Voleibol. Lesões. Joelho. Tornozelo

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 144 - Mayo de 2010

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1.     Introdução

    William George Morgan,1 o insigne educador físico e diretor da Associação Cristã de Moços, idealizou no dia 9 de fevereiro de 1895 o mintonette, hoje conhecido como voleibol na cidade de Holyoke, em Massachusetts, nos Estados Unidos.

    O educador, quando da criação do jogo, objetivava um desporto menos cansativo e com um menor contato físico, tendo em vista a larga difusão do basquetebol naquele tempo. Destarte, ele decidiu colocar uma rede semelhante à de tênis a 1,98m. E o objetivo era rebater uma câmara de bola de basquete por sobre a rede. Houve muitas adaptações desse esporte com o passar do tempo. O senhor Morgan solicitou, por exemplo, que se modificasse o peso da bola, tendo em vista que a priori o esporte fora idealizado para pessoas com mais idade e que o risco de lesão ao praticá-lo fosse menor.


    O mintonette estava ainda muito restrito a cidade de Holyoke e após uma reunião de educadores físicos nos Estados Unidos da América, houve a modificação do termo para voleibol. Por fim, após uma apresentação de duas equipes locais, o esporte começou a se expandir paulatinamente. O voleibol cresceu sobremaneira e, conseqüentemente, houve um aumento na incidência de lesões devido ao esforço repetitivo dos atletas (Simpícia apud Junior, 2004). Há também uma elevada incidência de lesões nos membros inferiores, em casos sui generis correspondem a 50% das lesões (Vívolo et. al apud Junior, 2004). Fato grave e que tem muitas vezes sua gênese na alta exigência dos saltos, no estresse dos membros na aterrissagem e/ou na má postura ao executá-la, seja em um bloqueio, ataque ou levantamento em suspensão.

    Diante desse panorama, busca-se por meio desse pequeno estudo analisar a incidência de lesões nos joelhos e tornozelos de jovens voleibolistas de Taguatinga (DF).

2.     Materiais e Métodos

    Foi aplicado um questionário2 para uma amostra randômica de N= 25. O local da análise ocorreu no Serejinho.3 Houve uma explicação dos pesquisadores de cada item do questionário aos jovens no momento da abordagem.

3.     Resultados e discussões

    Solicitamos aos jovens que marcassem na questão 4 do questionário, qualquer4 lesão que eles já tiveram enquanto jogadores de voleibol. E obtivemos o seguinte resultado:

    De vinte e cinco jovens da amostra, 6 (seis) afirmaram ter sofrido qualquer tipo de lesão como voleibolista, um número expressivo e que denota 24% do total.

    Considerando os jovens que afirmaram ter sofrido qualquer tipo de lesão, solicitamos que eles marcassem na questão 5 do questionário os membros em análise e obtivemos como resultado:

    4 (quatro) jovens afirmaram ter sofrido a lesão no joelho, dois afirmaram ter sofrido a lesão em outra área que não correspondia ao estudo e, por fim, no tornozelo não houve nenhuma ocorrência.

    Portanto, dos seis jovens que disseram ter sofrido qualquer lesão como jogadores, quatro deles afirmaram que a região afetada foi o joelho, representando um valor de 66% desse grupo lesado.

    O joelho é uma região complexa, repleto de ligamentos e vulnerável aos vários tipos de lesões, devido a sua função de suporte e movimentação do corpo humano. É envolto por uma cápsula articular e os principais ligamentos são os colaterais fibular e medial, o ligamento patelar, os meniscos medial e lateral e os cruzados anterior e posterior. O tornozelo por sua vez é composto pelos ligamentos medial, talofibular anterior, talofibular posterior, calcaneofibular e está envolto por uma cápsula articular (Spence, 1991). Assim como o joelho, o tornozelo tem importância fulcral para o bom desempenho nesse desporto e, sendo assim, qualquer instabilidade, grandes impactos, entre outros, podem comprometê-lo sobremaneira e prejudicar o desempenho atlético e até funcional para a vida diária.

    Com relação ao último item do questionário e levando em consideração os jovens que sofreram lesão nas áreas em estudo, observamos que a fase de maior lesão nesse grupo foi a aterrissagem (realizada após o bloqueio, ataque, levantamento em suspensão) e que está representada pelo gráfico abaixo:

    Assim, dos 4 (quatro) jovens que sofreram alguma lesão no joelho esse fato se deu na fase de aterrissagem, representando 100% do grupo lesado.

4.     Conclusões

    O número de lesões é expressivo e requer uma atenção especial por parte dos educadores físicos na preparação global dos jovens. Devem-se evitar sobrecargas nos treinamentos, uma vez que a maioria das lesões acontece em virtude de uma má elaboração do programa de treinamento (Peterson & Rentron apud Junior, 2004). Prudêncio e Tumelero (2006) afirmam que “as formas específicas de trabalho, com cargas contínuas ou intervaladas, devem ser dosadas e o (sic) posturamento programado dentro do nível e intensidade compatíveis com as condições físicas e a etapa do treinamento em que se encontram os atletas”. (Prudêncio & Tumelero, 2006)

    A despeito das dificuldades financeiras, os materiais utilizados pelos jovens poderiam ser de melhor qualidade. Para tal faz-se mister a busca por parcerias, convênios etc. Não foi objetivo do estudo analisar o tipo de lesão, mas apenas a prevalência delas. Entretanto, há, certamente, aquelas lesões provenientes de uma queda ou aterrissagem errada e a falta de materiais como joelheiras, tornozeleiras e tênis apropriados potencializam tais fatos.

    A preparação dos jovens (alongamento, aquecimento) antes da prática esportiva também é necessária e importante, para se minimizar as lesões. Considerando o objetivo e as limitações do estudo, é possível inferir que a prevalência das lesões ainda é alta nas categorias de base e que estudos pormenorizados sobre a magnitude dos impactos, a quantidade das sessões de treino, entre outros, são necessários para uma melhor preparação dos jovens voleibolistas. Destarte, novos estudos devem e podem ser realizados primordialmente com categorias de base do voleibol com o escopo de melhor orientar dos professores na sua faina pedagógica.

Apêndice

Educação Física

  • Esse estudo tem por objetivo analisar o índice de lesões nos joelhos e tornozelos de atletas jovens de voleibol do DF;

  • Todas as informações serão utilizadas para fins acadêmicos;

Não há necessidade de identificação.

Por favor, preencha o questionário abaixo:

1.     Idade: ____ anos.

2.     Sexo: M ( ) F ( ).

3.     LEIA COM ATENÇÃO o conceito abaixo:

    “Lesão: ato ou efeito de lesar; dano; prejuízo; (...) designação geral que se dá a todas as alterações patológicas dos órgãos e dos tecidos, pancada; contusão.” (LIMA, 2002)

4.     Com base na definição acima, você já sofreu alguma lesão como jogador de voleibol?

SIM ( ) NÃO ( )

5.     Em caso afirmativo e considerando os membros inferiores analisados, essa lesão ocorreu em que lugar?

1- ( ) Joelho;

2- ( ) Tornozelo.

6.     Essa lesão ocorreu em que fase:

1- ( ) Na fase de impulsão (bloqueio, ataque, levantamento em suspensão);

2- ( ) Na fase de aterrissagem (bloqueio, ataque, levantamento em suspensão);

3- ( ) Em outra fase (defesa e outros).

Notas

  1. Dados obtidos no site da Confederação Brasileira de Vôlei. Endereço: www.cbv.com.br, acesso em: 13/03/2009.

  2. Vide apêndice I.

  3. Ginásio coberto localizado em Taguatinga e que possui também várias quadras externas. As aulas de voleibol são ministradas nessas quadras. Na ocasião havia um projeto com crianças e jovens voleibolistas intitulado “Amigos do Vôlei” em 2006.

  4. Essa metodologia foi utilizada com o intuito de se ter um índice GLOBAL, e, não somente dos membros inferiores.

Bibliografia

  • JUNIOR, Nelson Kautzner Marques. Principais lesões no atleta de voleibol. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires. Ano 10. Nº 68. http://www.efdeportes.com/efd68/volei.htm

  • PRUDÊNCIO, Vivian. TUMELERO, Sérgio. Capacidades físicas e de treinamento para diferentes posições das praticantes da modalidade de voleibol. EFDeportes.com, Revista Digital Buenos Aires. Ano 10. Nº 94. Março de 2006. http://www.efdeportes.com/efd94/volei.htm

  • SPENCE, Alexander P. Anatomia Humana Básica. 2ª ed. Tradução: Edson Aparecido Liberti. São Paulo: Manole, 1991.

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