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Correlação das variáveis: índice de massa corporal (IMC) 

e percentual de gordura corporal em uma população 

praticante regular de atividade física

Correlación de variables: índice de masa corporal (IMC) y porcentaje de 

grasa corporal en una población que realiza regularmente actividad física

 Variables correlation of corporal mass index (CMI) and percentile 

corporal fat in a regular practicing population of physical activity

 

*Graduando do Curso de Educação Física – UNICAMP

**Docente do Curso de Educação Física – UNIP

***Docente do Curso de Educação Física – UNICAMP

(Brasil)

Frederico Lochaidy de Lima*

Carlos Aparecido Zamai**

Antonia Dalla Pria Bankoff***

lochaidy@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo apresenta uma correlação entre as variáveis IMC e Gordura Corporal de uma população praticante regular de atividade física. Tem como objetivo apresentar as possíveis inconsistências de resultados em adotar apenas uma ou outra para determinar a saúde de um individuo ou de uma população. O grupo em estudo era constituído por mulheres praticantes de atividade física regular, funcionárias e/ou alunas  da UNICAMP, com idade variando entre 18 e 80 anos; o estudo foi realizado junto ao programa de promoção de atividade física MEXA-SE da própria  Universidade. O estudo apresentou resultados interessantes, pois se considerado apenas a primeira variável (IMC) 57,7% da população estaria acima do peso, no entanto, o percentual de gordura (%G) avaliado através do protocolo Faulkner, mostrou valores adequados quando normatizados por faixa etária.

          Unitermos: Qualidade de vida. Índice de massa corporal. Gordura corporal

 

Abstract

          This study presents a variables correlation among CMI and Corporal Fat of regular physical activity practicing population. He has as objective presents the inconsistencies possible of results in just adopting an or other to determine an individual's health population. The group in study was constituted by regular practicing women of physical activity, employees and/or UNICAMP students, with age varying between 18 and 80 years old; the study was accomplished of the physical activity promotion program close to the “MEXA-SE” of the own University. The study presented interesting results, because if just considered the first variable (CMI) 57,7% of the population would be above the weight, however, the percentile of fat (%G) appraised through the Faulkner protocol, showed values appropriate when established for age group.

          Keywords: Life quality. Corporal Index Mass. Corporal fat

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 144 - Mayo de 2010

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Introdução

    O índice de massa corporal (IMC) é utilizado como fator preditor de estado nutricional, para classificar se uma pessoa esta dentro de uma faixa considerada ideal, no entanto, sabe-se que este fator isolado pode levar a uma interpretação equivocada, pois não se levam em consideração fatores como massa magra, massa óssea, idade, biótipo e sexo do indivíduo. Apresentam-se apenas valores generalizados para qualquer individuo.

    Este índice é obtido dividindo-se a massa corporal (Kg) pela altura em metros ao quadrado. Apesar de permitir uma avaliação rápida não se pode generalizar este índice para avaliar composição corporal. (ZAMAI et al, 2005; BANKOFF et al, 2002).


    A fim de amenizar possíveis equívocos na maioria das vezes utiliza-se de dobras cutâneas para medir o percentual de gordura corporal; existem diversos pontos anatômicos no corpo humano onde se pode coletar e dezenas de protocolos para uso destas dobras, cada um apresentando suas individualidades e particularidades. Neste estudo adotamos o protocolo Faulkner por já ter sido utilizado por pesquisadores como De Rose (1973) no Brasil na década de 70 e 80, surgindo assim um referencial teórico para validar estudos posteriores na população brasileira.

    Existem algumas criticas quanto a este método, pois a maioria das dobras se concentra na região abdominal e cintura escapular, e caso o individuo apresente um quadro ginóide (concentração de gordura nas regiões: abdominal, coxa e nádegas), poderá resultar em valores incompatíveis com a realidade.

    No entanto, podemos considera valido a utilização destas técnicas acompanhadas de outros métodos, nos casos onde os índices se apresentam bastante alterados, pois a obesidade tornou-se uma problemática não só na população brasileira, mas também em países desenvolvidos. (BLUMENKRANTZ, 2006); (ZAMAI et al, 2008). Segundo a OPAS (2003) existem no mundo mais de 1 bilhão de adultos com sobrepeso, sendo que pelo menos 300 milhões são obesos. No Brasil 32% da população apresenta algum grau de excesso de peso segundo (LANCHA JUNIOR, 2006).

    Nos estudos de Monteiro e Conde (1999), apontam que em 2025 haverá uma prevalência de aproximadamente de 20% da população brasileira com obesidade. Segundo Pitanga e Lessa (2005) a obesidade pode ser caracterizada pelo excesso de gordura corporal e causar prejuízos no estado geral de saúde, como dificuldades respiratórias, distúrbios do aparelho locomotor e aumentar o risco de adquirir doenças dislipidêmicas, cardiovasculares, diabetes, câncer entre outras.

    No presente estudo foram coletados dados de 52 indivíduos no mês de novembro de 2007, todos praticantes de atividade física regular do Programa de Convivência e Atividade Física na Unicamp (Mexa-se), sendo todos do sexo feminino e idade variando entre 18 e 70 anos.

Materiais e métodos

    Na coleta de dados foram utilizados: balança com capacidade de 150 ± 0,1Kg e estadiômetro de 2m certificada pelo IPEM / INMETRO; Plicômetro (Adipômetro) Científico modelo Classic Digimess, com Precisão de ± 0,1mm

    O índice de massa corporal atualmente e uma das variáveis mais utilizadas para determinar se uma pessoa esta dentro de uma faixa de peso considerada saudável ou não. O Índice de Massa Corpórea é um cálculo que leva em consideração tanto o peso corporal como a altura da pessoa para determinar se ela está abaixo, acima ou no peso ideal, e pode ser calculado em polegadas e libras ou em metros e quilogramas (no caso do Brasil e outros países que usam o sistema métrico internacional).

IMC = peso (Kg)/ altura(m)²

    A Organização Mundial de Saúde (OMS, 1998) considera pessoas com IMC menores do que 18,5Kg/m² como abaixo do peso, entre 18,5 e 24,9Kg/m² com peso ideal, entre 25 e 29,9Kg/m² com sobrepeso e acima de 30Kg/m² obeso.

    O Calculo da composição corporal até meados da década de 40 era determinado apenas pela relação de peso e altura (IMC), mas atualmente faz-se necessário conhecer a quantidade de gordura corporal, a massa óssea e muscular antes de qualquer conclusão definitiva (MARINS, 2003).

    O conhecimento da composição corporal de um individuo, segundo Heyward e Stolarczyk (2000) pode auxiliar na identificação dos riscos a saúde associados aos níveis elevados de gordura corporal, ao acumulo de gordura intra-abdominal, a mudanças da composição corporal associadas a doenças, na avaliação da eficiência de intervenções nutricionais e de exercícios físicos, na estimativa do peso ideal, na formulação e prescrição de dietas ou até mesmo no monitoramento das mudanças corporais associadas ao crescimento, ao desenvolvimento e a maturação por exemplo.

    O percentual de gordura corporal de um individuo, pode se determinado indiretamente pelas dobras cutâneas, existem diversos protocolos que validam esta técnica, neste estudo iremos utilizar o protocolo Faulkner (1973).

    O protocolo utiliza as dobras (tricipital, subescapular, supra-iliaca e abdominal) (De Rose, 1973). Com o resultado das somas destas dobras, aplica-se na equação que segue, com seus fatores de correção.

%G = ∑DC x 0,153 + 5,783

Onde:

% G = percentual de gordura

∑DC = somatória das quatro dobras cutâneas

    Na tabela abaixo apresentamos valores normativos da gordura corporal para mulheres, distribuídos por faixa etária segundo Jackson & Pollock,

Tabela 1. Jackson & Pollock (1978); Jackson et al (1980)

Idade

20-29

30-39

40-49

50-59

+60

Excelente

< 16

< 17

< 18

< 19

< 20

Bom

16 - 19

17 - 20

18 - 21

19 - 22

20 - 23

Média

20 - 28

21 - 29

22 - 30

23 - 31

24 - 32

Regular

29 - 31

30 - 32

31 - 33

32 - 34

33 - 35

Insuficiente

> 31

> 32

> 33

> 34

> 35

Resultados e discussões

Tabela 2. Distribuição percentual do IMC de acordo com a Organização Mundial da Saúde (1998)

IMC

Distribuição Percentual

≤ 18,5 (Abaixo do peso)

3,8 %

18,5 – 24,9 (Normal)

38,5 %

25 – 29,9 (Sobrepeso)

40,4 %

≥ 30 (Obeso)

17,3 %

    Ao obedecer aos índices preconizados pela OMS (1998) temos que 40,4 % da população esta com sobrepeso e 17,3% pode ser classificada como obesa em seus diversos níveis. E apenas 38,5% da população estariam com o peso ideal.

    Na tabela abaixo foi feito uma distribuição percentual por faixa etária dos indivíduos segundo o percentual de gordura obtido a partir do protocolo Faulkner:

Idade

20-29

30-39

40-49

50-59

+ 60

Excelente

20 %

33,4 %

20 %

26,6 %

100 %

Bom

46,7 %

50 %

30 %

20 %

-

Média

33,3 %

16,6 %

50%

53, 4 %

-

Regular

-

-

-

-

-

Insuficiente

-

-

-

-

-

    Ao adotarmos uma classificação normatizada do percentual de gordura corporal (%G), notamos uma configuração diferenciada. Se levarmos em consideração apenas o índice de massa corporal 57, 7% da população esta acima do peso, no entanto se fizermos avaliações do tipo dobras cutâneas, notamos que neste público haverá uma predominância em níveis considerados excelentes ou bons para suas respectivas faixas etárias. Ou seja, ao generalizar pelo IMC, poderíamos afirmar que a maioria esta acima do peso ideal ou com acumulo de gordura, no entanto, se levarmos em consideração a composição corporal em suas respectivas faixas etárias percebe-se certa discrepância de valores.

Conclusões

    Como apresentado anteriormente estudos recentes demonstram que a população brasileira esta ficando obesa, com perspectiva de que em 2025 teremos cerca de 20% da população nesta situação. Deve-se ficar atento para que estatísticas como estas não sejam referenciadas apenas com base em valores de IMC, pois como mostrado neste estudo uma população que se apresentava em sua maioria (57,7%) obesa ou com sobrepeso, apresentou um comportamento diferente quando submetido a um teste de dobras cutâneas, onde em sua maioria apresentaram valores considerados bons.

    Conclui-se que não se pode associar este sobrepeso populacional a gordura subcutânea, poderia ser uma gordura visceral ou outros fatores diversos.

    O teste utilizado também pode não ser considerado fidedigno como preditor definitivo, no entanto, sua principal critica é quando aplicado em um público com biótipo ginóide, ou seja, o público estudado, mesmo assim os resultados mostraram-se satisfatórios, o que merece ainda mais estudos em outras populações com N maiores.

Referencias

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  • LANCHA JR, A.H. Obesidade: uma abordagem multidisciplinar. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

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  • ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Doenças crônico-degenerativas e obesidade: Estratégia mundial para a alimentação saudável, atividade física e saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da saúde, 2003.

  • SICHIERI, R. Epidemiologia da obesidade. Rio de Janeiro: EDUERJ. 1998.

  • WHO (World Health Organization). Obesity: Preventing and Managing the Global Epidemic. Report of a WHO Consultation on Obesity. Geneva: WHO. 1998.

  • WHO (World Health Organization). Diet, Nutrition and Prevention of Chronic Diseases. Report of a Joint WHO/FAO Expert Consulation. Technical Report Series. n. 916. Geneva. 2003. Disponível em: www.who.int.hpr, Acessado em: 12 jan 2008.

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