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Jogos de oposição: nova metodologia 

de ensino dos esportes de combate

 

Doutores em Ciências do Esporte

Professores Adjuntos da Universidade Federal do Paraná – UFPR.

(Brasil)

Dr. Tácito Pessoa de Souza Junior*

tacitojr@terra.com.br

Dr. Sérgio Luiz Carlos dos Santos**

sergiodossantos@ufpr.br

 

 

 

Resumo

          Fazendo parte da cultura corporal, as lutas representam hoje um meio eficaz de educação e um conjunto de conteúdos altamente valiosos a ser trabalhada na Educação Física Escolar. O objetivo educacional deve ser coerente com a realidade do aluno, onde este é levado a vivenciar as mais diversas manifestações da cultura corporal de maneira crítica e consciente, estabelecendo relações com a sociedade em que vive. Deste modo o papel da Educação Física Escolar é levar o aluno a um conhecimento de si mesmo e do mundo através da prática de várias atividades. A nova proposta metodológica da abordagem do ensino das lutas na escola pretende substituir a terminologia marcial ou esporte de combate por Jogos de Oposição, cujo objetivo é proporcionar a vivência da corporeidade e o autoconhecimento dos educandos, desmistificando assim o ensino de artes marciais na escola.

          Unitermos: Lutas. Jogos de oposição. Educação Física

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 141 - Febrero de 2010

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Introdução

    Fazendo parte da cultura corporal, as lutas representam hoje um meio eficaz de educação e um conjunto de conteúdos altamente valiosos a ser trabalhada na Educação Física, tanto Escolar como Treinamento Desportivo.

    O objetivo educacional deve ser coerente com a realidade do aluno, onde este é levado a vivenciar as mais diversas manifestações da cultura corporal de maneira crítica e consciente, estabelecendo relações com a sociedade em que vive. Deste modo o papel do Educador é levar o aluno a um conhecimento de si mesmo e do mundo através da prática de várias atividades.

    Partindo deste pressuposto, as lutas devem ser inseridas no contexto escolar, pois propicia além do trabalho corporal, a aquisição de valores e princípios essenciais para a formação do ser humano em um aspecto mais ampliado

    Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998; 2001) tratam os conteúdos dança, jogos, ginástica, esporte e lutas como uma representação corporal das diversas culturas humanas que tenham como característica o lúdico. Partindo deste entendimento, as lutas devem ser trabalhadas como estratégias metodológicas que não visem apenas à técnica pela técnica, mas sim que a criança possa vivenciar os aspectos corporais das lutas de uma maneira que lhes proporcione prazer e respeite suas características de crescimento, pois o organismo humano é um laboratório biológico em constante transformação, transformações estas que são úteis a vida e as adaptações ao mundo externo.

    As lutas assim como os demais conteúdos da educação física, devem ser abordadas na escola de forma reflexiva, direcionada a propósitos mais abrangentes do que somente desenvolver capacidades e potencialidades físicas.

    Esquecemos muitas vezes é que as lutas não se resumem apenas a técnicas, elas também ensinam aos seus praticantes a disciplina, valores tais como respeito, cidadania e ainda buscam o autocontrole emocional, o entendimento da história da humanidade, a filosofia que geralmente acompanha sua prática e acima de tudo, o mais importante, que é respeito pelo seu próximo.

    Os Jogos de Oposição têm como identidade as mesmas características dos esportes de combate praticados desde o início das civilizações (OLIVEIRA e DOS SANTOS, 2006). Alguns desses Jogos continuaram ao longo do tempo sendo utilizados de forma simples e com características da cultura local, já outros adquiriram uma forma institucionalizada tornando-se esportes e Lutas das quais hoje conhecemos.

    Os Jogos de Oposição aqui abordados tem como característica o ato de confrontação que acontece entre duplas, trios ou até mesmo em grupos. Seus objetivos são vencer o adversário, impor-se fisicamente ao outro, respeito às regras e acima de tudo assegurar a segurança do colega durante as atividades.

    Durante a vivencia dos jogos a criança estará sendo estimulada a trabalhar os aspectos cognitivo, sócio-afetivo e motor. Desta forma a atividade visa contribuir para o desenvolvimento integral do aluno.

  • Recursos motores: assegurar um bom desenvolvimento da postura e base, controle do equilíbrio, coordenação dos movimentos, tirar, empurrar, apreender, levar, tocar, arrastar, evitar, levantar, imobilizar, voltar.

  • Cognitivos: elaborar estratégias, construir e apropriar-se das regras de funcionamento, avaliar, decidir, observar, reconhecer, comparar.

  • Sócio-afetivo: dominar as suas emoções, canalizar a sua agressividade, respeitar as regras, aceitar a derrota, respeitar o outro.

    Dentre a classificação dos Jogos de Oposição podemos classificá-los em três grandes grupos:

1. Jogos que aproximam os combatentes: Estes jogos são procedentes dos esportes de combate que mantém contato direto (corpo a corpo), os quais consistem em tirar, empurrar, desequilibrar, projetar e imobilizar. Entre estes Jogos de Oposição podemos citar o Judô, Luta olímpica, Jiu-Jitsu, sumô etc.

2. Jogos que mantêm o adversário á distancia: estes jogos têm como característica não manter contato direto com seu adversário, este contato só se da no momento da aplicação de uma técnica. Os exemplos que podemos destacar são o Karatê, Boxe, Muay Thay, taekwondo.

3. Jogos que utilizam um instrumento mediador: Esgrima e Kendo.

    Dentre as várias possibilidades pedagógicas e metodológicas, uma delas consistiria em manter um dos alunos em quadrupedia (posição de base) e seu oponente (posição de controle) tentaria desestabilizá-lo. O vencedor seria o que dentro de um tempo estipulado tirasse o equilíbrio de seu oponente ou o que conseguisse manter em equilíbrio até o final do tempo estipulado.

    Essa metodologia é uma ótima estratégia para firmar valores éticos, como o respeito às regras da competição, treinar e aprimorar capacidades físicas e refinar habilidades motoras. Com isso, o professor de Educação Física Escolar que não tivesse em seu passado um histórico em lutas poderia perfeitamente desenvolver um conteúdo com amplos objetivos pedagógicos, o que sem dúvida poderia estimular os alunos a prática de uma luta especializada.

    Durante a aplicação dos Jogos de Oposição precisamos levar em consideração alguns critérios de segurança para que não ocorram acidentes. Sendo assim devemos propor espaços delimitados que ofereçam segurança para a criança; tempos de jogo limitados e curtos (30 sec, 1min, 1min30) com sinal de início e fim de jogo; durante o jogo não utilizar jóias ou qualquer objeto que possa ferir; retirar os sapatos (quando necessário); estabelecer com os alunos as regras de segurança que conduzem a atividade; fazer um aquecimento específico que recorra à ações elementares da oposição: tirar, levar, cair, rolar etc.

    No quadro abaixo segue alguns exemplos de Jogos de Oposição.

Quadro 1. Jogos de Oposição

Fonte: (OLIVEIRA e DOS SANTOS, 2006).

Considerações finais

    A nova proposta metodológica da abordagem do ensino das lutas na escola pretende substituir a terminologia marcial ou esporte de combate por Jogos de Oposição, cujo objetivo é proporcionar a vivência da corporeidade e o autoconhecimento dos educandos, desmistificando assim o ensino de artes marciais na escola. O marcial está atemporal, pois a guerra a que se referia o deus grego Marte, passou de dimensões técnicas corporais para armas tecnológicas, biológicas e outras. A escola deve ensinar e desenvolver em seus educandos valores, conhecimento aplicaveis para a construção de uma sociedade mais equalitária para os iguais, e proporcionar um equílibrio motor e experiências que possibilitem o desenvolvimento de habilidades motoras no aprendiz. É importante que o aluno tenha o livre arbítrio, caso escolha como esporte às lutas, estará apto nos aspectos cognitivos e motores, cujos valores são inerentes a prática da atividade de combater.

Referencias bibliográficas

  • BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física /Secretaria de Educação Fundamental M. /SEF Ed.: Brasília 1998.

  • ______. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's). Ed.: Brasília, v.7, 2001.

  • OLIVEIRA, S. R. L.; DOS SANTOS, S. L. C. Lutas aplicadas a Educação Física Escolar. P. M. D. C. S. M. D. EDUCAÇÃO Ed.: Departamento de Ensino Fundamental, 2006.

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