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O esporte Peteca: da iniciação ao alto rendimento

El deporte Peteca: de la iniciación al alto rendimiento

 

*Centro de Pesquisa e avaliação Física em Performance Humana

da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC – Uberlândia – MG

**Professor responsável pelo FISIO2EX – Centro de Pesquisa e Avaliação Física

em Performance Humana da Universidade Presidente

Antônio Carlos – UNIPAC – Uberlândia – MG

Ricardo Luis Queiroz*

Fernando Nazário-de-Rezende**

nazario_rezende@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          O objetivo geral de nosso trabalho é analisar o jogo “Peteca” como esporte de iniciação e alto rendimento. Mais especificamente, tratou-se de mostrar que o treinamento de peteca pode ser aplicado a atletas iniciantes ou de competição por meio de subsídios teóricos para compreensão do jogo como aplicação em treinamentos a serem executados por alunos que queiram se tornar bons jogadores. Este estudo é do tipo Revisão bibliográfica. Para realizá-lo seguiram-se os seguintes passos: a) A escolha do tema; b) Busca de fontes a respeito do assunto em sites de busca científica e livros texto; c) Leitura do material pesquisado; d) Fichamento; e) Organização do assunto e; f) Redação. Pôde-se constatar que o desporto peteca apresenta todas as características favoráveis para se desenvolver o esporte da iniciação ao alto rendimento.

          Unitermos: Peteca. Iniciação. Alto rendimento.

 

Abstract

          The importance of shuttlecock as a sport of high performance is the central subject of this study. The main aim tried to analyze the shuttlecock game as a sport of high performance. Specifying, it dealt with the showing that: the shuttlecock training can be applied to beginning athlete or in competition. This study also looked for subsidizing theoretical researchers to understand the game as an application in training to be done by athletes that want to become good players. The present research is theoretical. In order to carry out this research, some steps were followed, they are: a) the choice of the subject; b) search of sources which deal with the subject; c) reading of the researched material, scientific sites and books text; d) index card making; e) subject organization; and e) writing. It could be established that the shuttlecock sport has all the in favor of features to develop the high performance sport.

          Keywords: Peteca sport. High performance. Training

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 139 - Diciembre de 2009

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Introdução

    O aperfeiçoamento físico do ser humano, cuja parte central corresponde às qualidades físicas ou motoras (força, flexibilidade, velocidade, coordenação, resistência) é um dos problemas mais estimulantes e vitais de toda sua existência. Ele é totalmente natural, pois, em geral, o aspecto externo do ser humano (estética) seu estado interno, suas possibilidades físicas (capacidade funcional) e seu interesse pela vida dependem, em um grau considerável, do nível de desenvolvimento de suas qualidades motoras. Em grande parte, isto decorre do enorme interesse atual que o desporto de alto rendimento tem despertado em diversos países do mundo, já que esta é base de demonstração das possibilidades físicas sem par do ser humano (BOMPA, 2002).

    As investigações científicas realizadas em diversos países têm demonstrado que não existe outro tipo de atividade profissional cujos representantes possam ser comparados com os desportistas de alto rendimento e as estrelas do esporte mundial, principalmente em função de suas capacidades físicas (PLATONOV & BULATOVA, 2003).

    Na busca de vários artigos científicos relacionados ao tema central, peteca da iniciação ao alto rendimento, podemos citar MAGREGOR (1977) que tem como objetivo de seu trabalho, a fundamentação e o conhecimento sobre o esporte “Voleibol”, que é um livro essencialmente técnico. O autor parte do princípio que todos os leitores já são conhecedores do esporte, que já jogaram em clubes, e/ou querem aprender melhor a execução dos movimentos inerentes e as táticas básicas.

    THOMAS (1999) em seu trabalho sobre natação avançada aborda um segundo nível de aprendizado no esporte natação. O livro é dirigido a técnicos, tem como objetivo principal a evolução dos nados, assim como o domínio do corpo dentro da água. O autor descreve várias etapas para atender a natação para deficientes, mergulho, salva vidas, natação com velocidade, nado sincronizado além é claro, da natação para competições. Como conclusão, Thomas, aponta alguns movimentos e técnicas elementares para profissionalizar o desempenho dos diversos nados competitivos.

    Durante anos da criação do esporte “Peteca”, não identificamos pesquisas e atletas que a praticasse como esporte de alto rendimento. Por essa razão, formulamos a pergunta: Por que o Jogo de Peteca não pode ser direcionado para o alto rendimento?

    Para respondermos a esta questão elaboramos um trabalho cujo objetivo geral é introduzir o jogo de Peteca como esporte de alto rendimento. Mais especificamente tratou de:

  • Mostrar que o treinamento de peteca para alto rendimento pode ser aplicado a atletas iniciantes ou de competição;

  • Buscar subsídios teóricos para compreensão do jogo de peteca como aplicação em treinamentos a serem executados por atletas que queiram se tornar jogadores profissionais de alto rendimento.

    Por ser um esporte novo e com características próprias, a peteca não é uma modalidade desportiva de aquisição e aprendizados imediatos. Em termos competitivos, necessita de ser ensinado e de esforço integrado para que seu aproveitamento seja considerado ideal. Pode ser ensinada em ginásios, quadras de clubes, escolas, assim como em locais onde se possa construir uma quadra, como na praia, ruas, ginásios, dentre outros.

    Em relação à prática da peteca, pode-se dizer que no momento atual é uma novidade, e por esse motivo, não há o necessário financiamento, nem o preparo dos profissionais e nem a motivação necessária para os praticantes.

    A política desportiva atual pretende incentivar a prática de esportes em todos os segmentos. Os planos de desenvolvimento, cuja responsabilidade compete ao governo, foram oferecidos às Federações desportivas para que estas os assumissem. A Confederação Brasileira de Peteca pretende entrar nesse “rol” de federações, sendo fundada em 12 de agosto de 2000, e quem sabe, num futuro próximo, conseguir tornar este esporte um esporte olímpico. (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE PETECA, CBP, 2006).

    Este estudo tem como temática central o treinamento da peteca de alto rendimento, por entendermos que, durante anos de atuação nesta na área, não constatamos nenhum estudo que tratasse desse tema. Nesse sentido buscamos nesse trabalho introduzir a Peteca como esporte de desde a iniciação ao alto rendimento. Diante disto, nosso trabalho torna-se relevante no sentido de aumentar as produções científicas na área do esporte, além de possibilitar a criação de mais um esporte de rendimento enquanto uma prática social.

Materiais e métodos

Tipo de pesquisa e procedimento metodológico

    Este estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica. A pesquisa bibliográfica “é aquela realizada sites de busca científicos em livros texto, revistas, jornais, etc. Ela é básica para qualquer tipo de pesquisa, mas, também, pode esgotar-se em si mesma” (Costa, Costa, 2001).

    Gil (2007) descreve uma pesquisa bibliográfica como um processo que envolve as seguintes etapas:

  1. Escolha do tema

  2. Levantamento bibliográfico preliminar

  3. Formulação do problema

  4. Elaboração do plano provisório de assunto

  5. Busca de fontes

  6. Leitura do material

  7. Fichamento

  8. Organização lógica do assunto; e,

  9. Redação do texto.

    Para desenvolver nosso trabalho seguimos os procedimentos:

  1. Selecionamos os trabalhos: MACGREGOR (1977), THOMAS (1999), BORSARI (2001), SUVOROV E GRISHIN (2004), OLIVEIRA E PAES (2004) E CAMPOS (2006).

  2. Lemos os trabalhos na íntegra, interpretamos e elaboramos uma ficha resumo com as idéias principais.

  3. A partir das idéias principais dos textos redigimos o referencial teórico visando responder aos objetivos propostos do estudo.

    Com este procedimento, poderemos responder com maior precisão e clareza a questão da possibilidade da Peteca se tornar um esporte tanto praticado por iniciantes como visando o alto rendimento esportivo.

Fundamentação teórica

Histórico da Peteca

    Registro da Confederação Brasileira de Peteca (CBP), conta que os nativos já jogavam peteca. Feita de palha. A peteca, antes do descobrimento do Brasil já era praticada pelos nossos antepassados e através de sucessivas gerações, nos passaram essa salutar atividade esportiva. (CBP, 2006).

    A Peteca é um objeto de origem indígena, amplamente difundida na cultura popular nacional. Construída de diversas maneiras, guarda desde sua origem, uma estrutura comum: uma base com penas dispostas verticalmente sobre ela (FEDERAÇÃO MINEIRA DE PETECA, 2008; FEMPE, 2008).

    O jogo de Peteca foi oficializado no Brasil como esporte competitivo em 27 de agosto de 1985, conforme Deliberação nº 15/85 do Conselho Nacional de Desportos, nos termos da Lei Federal nº 6.251, de 8 de outubro de 1975 (CBP, 2006).

    A peteca é, atualmente, jogada entre duas equipes de dois atletas cada, sendo um de cada equipe, onde o capitão fica dentro da quadra e fora dela, um técnico e um jogador reserva no caso das categorias acima de 51 anos. A dupla é disposta na quadra de jogo, em sua maioria, com um jogador ao lado do outro (CBP, 2006 – Tabela 1).

    A quadra de jogo é retangular, plana, horizontal, medindo 15 metros de comprimento por 7,5 metros de largura, estando livre a partir de 4 metros de altura. Cada equipe é separada por uma rede suspensa que varia de altura conforme a categoria: masculino acima de 14 anos, (2, 43 metros) e feminino em todas as categorias e masculino abaixo de 14 anos (2, 24 metros).

As categorias são divididas da seguinte forma (demonstrada na tabela 1):

Masculino

Feminino

Até 12 anos de idade.

Até 12 anos de idade.

De 13 a 16 anos de idade.

De 13 a 16 anos de idade.

De 17 a 30 anos de idade.

De 17 a 30 anos de idade.

De 31 a 40 anos de idade.

De 31 a 40 anos de idade.

De 41 a 50 anos de idade.

De 41 a 50 anos de idade.

De 51 a 60 anos de idade.

De 51 anos acima.

De 61 anos acima.

Tabela 1. Categorias masculina e feminina por faixa etária de acordo com CBP – 2006

O Jogo

    O jogo é iniciado quando o atleta da equipe que venceu o sorteio de quadra ou posse da peteca decide pela posse da mesma e executa o saque com a autorização do árbitro. O saque é executado com uma das mãos e consiste em enviar a peteca por cima da rede em direção ao campo adversário. A peteca deverá ser sempre batida com uma das mãos e cada equipe tocará na mesma somente uma vez, devolvendo-a para o campo adversário (CBP, 2006).

    A equipe fará o ponto quando de posse do saque, conseguir, sem cometer falta, dentro de 30 segundos (tempo de ataque), fazer com que a Peteca toque dentro do campo adversário, ou então, o adversário não conseguir devolver a peteca, ou cometer alguma falta. Importante: essa regra vale para os dois primeiros sets disputados. A equipe atacante perderá a vantagem, passando o ataque para o adversário quando: não conseguir, em 30 segundos, fazer o ponto ou cometer falta durante o rally ou não, que são as faltas disciplinares (CBP, 2006).

    As partidas de peteca são disputadas em melhor de dois sets vencedores sendo: dois sets de 12 pontos com vantagem, e um set no sistema tié-brek (sem vantagem) caso haja o empate em um set para cada equipe (CBP,2006).

    Nos dois primeiros sets, vence a equipe que em 16 minutos cronometrado, conseguir fazer 12 pontos e/ou uma vantagem de dois pontos, (Ex. 12 a 10; 8 a 6). Caso o empate aconteça em 11, a partida se definirá no ponto extra e quem consegui-lo, vencerá o set. (Exemplo 12 x 11).

    No tie brek, as equipes perdem ponto pelo erro, ou seja, errando o ataque, além de perder a vantagem, perde-se também o ponto. A partida não terá tempo total cronometrado, somente pontos, e se encerra, quando uma equipe conseguir 12 pontos com uma vantagem de dois sobre a equipe adversária ou, no caso de empate em pontuação de 11, conseguir dois pontos de diferença até o 16º ponto. A partida se encerra caso não haja vencedor até o 16º ponto, no 17º ponto (CBP, 2006). Para os atletas, este critério do 3º set em forma de tie brek foge das características do jogo de Peteca. Temos dois sets disputados com vantagem e um set em que todo erro é considerado ponto.

    No tie brek os pontos são anotados pelo erro de qualquer equipe, mudando a essência do jogo. Outro fator importante é, o jogo após o empate em 11 pontos, terá seu término em dois pontos de diferença até os 16 pontos, caso aconteça o empate em 16 pontos, quem conseguir o primeiro ponto será considerado vencedor do jogo independente da vantagem ou não. Analisando esta regra, consideramos que a equipe que vencer o sorteio no 3º set e escolher a recepção do saque (defesa), será a vencedora se conseguir defender todos os rallys do adversário, independentemente da sua capacidade de fazer ponto no seu ataque. Trata-se de um erro nas novas regras do esporte, não considerado pelos organizadores e diretores das Federações. Nesse sentido, propomos futuramente que o 3º set seja definido com no mínimo dois pontos a partir do 11º ponto, ou o 3º set no sistema de vantagem, como nos dois primeiros sets, mas com a evolução constante do esporte peteca, possíveis adaptações serão realizadas no futuro.

Iniciação esportiva para a Peteca

    A criança inicia sua prática esportiva na escola ou clube. Nesse sentido, o objetivo principal é a iniciação aos jogos desportivos coletivos, nos quais acontecem os primeiros contatos das crianças e adolescentes com as atividades desportivas. O potencial genético, a idade biológica do praticante e do ambiente no qual ele está inserido, das particularidades de seu crescimento, maturação, desenvolvimento, da qualidade dos técnicos, dentre outros, são analisados e subdivididos em fases que percorrem desde a iniciação até o profissionalismo. Sendo assim, optamos por dividir a etapa da iniciação esportiva na Peteca em três fases de desenvolvimento: 

  1. Iniciação esportiva I; 

  2. Iniciação esportiva II; e 

  3. Iniciação esportiva III. 

    Cada fase possui objetivos específicos de acordo com as categorias disputadas nos campeonatos oficiais descritos na tabela 2.

Idade Biológica

Idade escolar

Fases

Idade cronológica

Categorias Disputadas na Peteca

Pubescência

7ª e 8ª séries

Iniciação III

13- 16 anos

13 a 16 anos

1ª Idade Puberal

5ª e 6ª séries

Iniciação II

11 - 12 anos

Até 12 anos

1ª e 2ª Infância

de 1ª a 4ª séries

Iniciação I

7- 10 anos

Até 12 anos

Tabela 2. Periodização do processo de ensino da Peteca na etapa de iniciação esportiva (modificado de OLIVEIRA & PAES, 2004).

    A preparação física na Peteca, compõe-se na preparação geral e específica. A preparação física geral é delineada na iniciação em escolas, clubes e aulas independentes em residências, condomínios, sendo adquirida principalmente em aulas de educação física e recreação (Iniciação I e II, de 1ª a 6ª séries). A preparação física específica se orienta no desenvolvimento das qualidades necessárias ao domínio da técnica como fortalecimento dos membros inferiores e superiores, velocidade de reação e habilidades motoras, dentre outros. (Iniciação III, 7ª e 8ª séries).

    De acordo com SUVOROV & GRISHIN (2004, p.61) “o peso específico da preparação física, assim como sua correlação com os exercícios para o desenvolvimento geral e os preparatórios durante as diferentes etapas do ensino, aparecem na aula dedicada ao planejamento conforme a idade dos atletas”.

    O planejamento do processo de treinamento e ensino será ideal à criança a partir dos 7 anos de idade, chegando até aos 16 anos. A “base técnica” sendo introduzida até os 13 anos, Iniciação I e II e “preparação específica” ou Iniciação III ,chegando aos 16 anos. A partir dessa idade, o atleta de Peteca estará em condições físicas e táticas, pronto para competições, cabendo ao profissional de Educação Física a continuidade dos treinamentos durante os anos posteriores.

    Como pode ser observado, todo processo de preparação de um atleta de alto rendimento, seja ele de qualquer faixa etária, passa obrigatoriamente por estas etapas. É necessário que o acompanhamento de um técnico seja prioritário, evitando assim, possíveis lesões e problemas físicos durante os treinamentos.

Peteca de alto rendimento

    Para a peteca de alto rendimento, analisaremos criticamente comparando os diversos pontos de vista de autores sobre a preparação e o desenvolvimento de atletas.

    Um atleta de alto rendimento deverá ter muita coordenação, possibilitando deslocamentos, defesa e ataques rápidos. Quanto à força, agilidade, raciocínio e reações rápidas, deverão ter também, grande resistência, pois os jogos podem durar horas.

    O espírito de equipe, a personalidade e o equilíbrio emocional são fatores psicológicos importantes no jogo de Peteca, assim como os fatores técnicos, onde não se permite ser um mau jogador, pois as regras são rigorosas e os movimentos e fundamentos deverão ser realizados com perfeição e precisão.

    Segundo BORSARI (2001) “a evolução do nível das equipes de Voleibol no plano mundial tem privilegiado os atletas altos e ecléticos, em detrimento dos especialistas de estatura e/ou de baixa estatura”. A peteca, por ser um esporte relativamente novo, também segue essa linha, não descartando excelentes atletas de estatura mediana e/ou de baixa estatura. Essa é uma tendência mundial em todos os esportes de quadra.

    Para o alto rendimento, as habilidades motoras, físicas e a técnica de cada atleta, assim como o conjunto da equipe poderá definir o sucesso ou não de um jogo. A iniciação à Peteca bem orientada com o apoio de um técnico conhecedor do esporte contribui de forma importante para o desenvolvimento de um atleta ou equipe.

    SUVOROV & GRISHIN (2004) citam diferentes posicionamentos iniciais (estático ou em movimento), movimentos circulares com os braços estendidos e flexionados, movimentos de impulso e de empurre com deslocamento dos braços para frente e para trás, que podem ser aplicados à peteca, por serem semelhantes ao voleibol, assim como os movimentos dos membros inferiores do tipo impulsão e deslocamentos rápidos para frente, para trás, e laterais.

    Uma boa “base” (posição básica e de expectativa) possibilita a movimentação rápida, de forma mais natural e eficiente possível ao ataque ou defesa para qualquer lado, inclusive corridas, saltos e deslocamentos. O jogador deverá estar com o corpo um pouco inclinado à frente, olhar firme no objetivo, pernas afastadas uma à frente da outra, na largura dos ombros e, conforme a posição no campo; posição esquerda, com o pé esquerdo à frente ou, posição direita, com o pé direito à frente. Os braços deverão estar na altura do abdome, soltos à frente possibilitando movimentos mais rápidos e de curta distância nos toques por baixo (defesa e ataque) e nos toques por cima (ataque e defesa).

    No jogo de Peteca, dois momentos são bem definidos: o momento de atacar e o momento de defender.

O Ataque

    Uma equipe está disposta a atacar sempre que vence o sorteio e escolhe o ataque (posse da Peteca no saque); durante o jogo, a equipe adversária erra seu ataque ou comete falta, conseguindo o ponto, ganhando assim, um novo ataque (CBP, 2006).

    Diante disso, os atletas durante 30 segundos de vantagem, terão que tocar a peteca de modo tal que os adversários não consigam rebater e/ou a mesma, atingir a quadra adversária. Para tal, a equipe atacante usará de cortadas (estilo vôlei), pingadas (peteca rente à rede) e passadas (alta no fundo, rasantes, no meio e laterais da quadra).

A Defesa

    Uma equipe está disposta a defender quando perde a posse da Peteca no sorteio inicial da partida ou terceiro set, erra por cometer alguma falta, comete erro e/ou esgota-se o tempo de 30 segundos no seu ataque (CBP, 2006).

    Nesse sentido, os atletas que realizam a defesa terão que dificultar ao máximo o ataque da equipe adversária, seja levantando a Peteca mais alta possível, gastando o tempo de ataque do adversário; jogando no fundo da quadra; deslocando o adversário; quebrando uma seqüência de ataque com devoluções curtas, constituindo estratégias que induzem ao erro por parte do oponente.

    Nessa linha de raciocínio e diferente do voleibol em que toda jogada é computada o ponto, na peteca o ponto só é conseguido a partir do momento que a equipe detentora do saque, consegue derrubar a peteca na quadra adversário e/ou induz o mesmo ao erro. Caso não consiga, a vantagem passará para a equipe que não sacou; exceção feita no 3º set, onde toda jogada é computada como ponto (CBP, 2006). O fator psicológico neste caso é fundamental para o sucesso no jogo. A personalidade, o equilíbrio e o autocontrole são determinantes numa partida.

A preparação física e tática

    A preparação tática engloba os jogos treinos, ações individuais e coletivas específicas de ataque e defesa. Nos jogos treinos, a equipe confronta outra com o objetivo de preparação, ambientação a situações de competição. Nas ações individuais de ataque, envolve o treinamento de ataque em uma posição e/ou posições específicas (somente na paralela, somente na diagonal, ou mista). Nas ações individuais de defesa, envolve treinamento de defesa em uma posição e/ou posições específicas (somente na paralela, somente na diagonal, ou mista).

    As ações coletivas de ataque envolvem a equipe. Os atletas deverão atacar somente em um adversário determinado ou misto (nos dois adversários aleatoriamente). Nas ações coletivas de defesa os atletas defenderão somente em um adversário ou aleatoriamente (defesa nos dois atacantes adversários aleatoriamente).

    Os sistemas específicos de ataque e defesa englobam sistematicamente o modo em que cada equipe atua, de acordo com o adversário explorando suas deficiências, seja ela física técnica ou psicológica. No ataque, a equipe visa o adversário com qualidade defensiva inferior, assim como na defesa, onde a equipe colocará a peteca no atacante adversário considerado tecnicamente inferior.

    Para SUVOROV E GRISHIN (2004),

    ...à medida que os participantes dominam o princípio do hábito motor do fundamento técnico, as condições de execução se modificam gradativamente, de tal forma que no processo de estudo da técnica se formem nos atletas os conhecimentos táticos relacionados com a aplicação do fundamento técnico durante o jogo.

    Nessa linha de raciocínio, uma equipe de Peteca que queira chegar a um nível satisfatório de competitividade, conhecerá: os tipos de ataque e de defesa a serem executadas, as metas a serem atingidas, o tempo de preparação dentro de um cronograma pré-selecionado, as tarefas a serem executadas e o trabalho educativo e psicológico dos diferentes participantes. Esses diversos fatores influem decisivamente na fixação e avaliação do que foi aprendido, cabendo ao profissional de educação física a responsabilidade das explicações e demonstrações dos fundamentos específicos do esporte e seus desdobramentos durante uma partida de peteca.

    Os métodos de aprendizagem devem ser combinados com inteligência. No inicio, a preparação técnica dos atletas deverá ser intensificada para a assimilação dos fundamentos da peteca. Após esse passo a preparação física tornar-se-á fator de extrema importância e finalmente, a combinação de ambos, incluindo-se ainda a preparação psicológica para competições.

    Dizer que após todos esses passos, uma equipe ou atleta estará preparado para a competição, seria errôneo. Não mencionamos fatores também relevantes: Aspectos fisiológicos, biótipo do atleta, tempo de preparação, idade do participante, condições ambientais e sociais em que ele está inserido, assim como as qualidades essenciais em um bom jogador de peteca, dentre outros.

    Atraindo um público cada vez maior e mais diversificado, a peteca demonstra que possui todos os predicados e requisitos para a iniciação desportiva e tornar-se um esporte de alto rendimento. Possui regulamentos bem definidos, federações estaduais e a Confederação Brasileira de Peteca, o que auxilia no bom futuro deste esporte.

Considerações finais

    A formação de um bom jogador de peteca depende inicialmente da vontade e a crença de se buscar um resultado ótimo em uma competição. Na iniciação, a criança precisa aprender e conviver com o esporte, vivenciar suas diferentes fases de treinamento, construir novas idéias e valores, e, principalmente descobrir sentimentos e incorporar transformações sociais e afetivas para a formação do caráter para seu futuro esportivo. A partir da especialização, a incorporação natural dos gestos técnicos inerentes à peteca deverá ser acompanhada por profissionais especializados e moldada de acordo com as capacidades de cada jogador e estilo de cada equipe.

    Em relação aos aspectos físicos, as atividades multilaterais de pouca duração e muita intensidade, exercícios de coordenação geral são importantes em qualquer fase do treinamento para competições. Assim, o alto rendimento deve objetivar a aprendizagem de movimentos e gestos técnicos específicos da peteca como ataques eficientes, defesas coordenadas, e toque refinado. Portanto, podemos dizer que o jogo de Peteca tem todos os atributos necessários para se tornar um esporte Olímpico. O processo que oficializar o esporte como olímpico requer uma série de exigências e condições, cabendo esta responsabilidade aos homens que estão à frente deste esporte e apoio de todos que o praticam.

Referências

  • BORSARI, J. R. Voleibol. 3. ed. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 2001.

  • BOMPA, T. O. Treinamento total para jovens campeões. São Paulo: Manole, 2002.

  • CAMPOS, L.A.S. Voleibol na Escola. Jundiaí: Fontoura, 2006.

  • CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE PETECA. Regras Oficiais do Desporto da Peteca. Disponível em: http://cbp.com.br/regras. Acesso em: 9 abr. 2008.

  • COSTA,M.A.F.; COSTA,M.F.B. Metodologia da Pesquisa. Rio de Janeiro: Interciência, 2001.

  • FEDERAÇÃO MINEIRA DE PETECA Disponível em: http://www.fempe.com.br. Acesso em: 9 abr.2008.

  • GIL, A.C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

  • MACGREGOR, B. O Voleibol. Publicações Europa-América, 1977.

  • OLIVEIRA,V.; PAES. R.R., A pedagogia da iniciação esportiva: um estudo sobre o ensino dos jogos desportivos coletivos. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v.10, n.71, 2004. http://www.efdeportes.com/efd71/jogos.htm

  • PLATONOV V.N., BULATOVA M.M. A preparação física. Rio de Janeiro: Sprint, 2003.

  • SUVOROV,Y.P. GRISHIN, O.N. Voleibol Iniciação. 5. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2004.

  • THOMAS, D.G. Natação Avançada. São Paulo: Manole, 1999.

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