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Análise dos efeitos do treinamento com pesos para

jovens adultos por um periodo de 14 semanas

Análisis de los efectos del entrenamiento con pesas en jóvenes adultos por un período de 14 semanas

Analysis of the training effects with weights for male adult youngsters for a period of 14 weeks

 

Graduado em Educação Física-Unip*

Docentes Curso de Educação Física-Unip**

(Brasil)

Daniel Henrique dos Santos*

Carlos Aparecido Zamai**

Alan Rodrigues**

Marcelo Filocomo**

Luiz Ernani Braga Santos**

cazamai@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi analisar os efeitos do (TP) para jovens adultos do sexo masculino da Academia Movimento e Forma da cidade de Campinas, submetidos por um período de 14 semanas. Participaram deste estudo 20 sujeitos com idade média de 20,3 ± 5 anos recém matriculados na academia denominados grupo de treinamento (GT), o programa de treinamento (PT) foi composto por 14 exercícios sendo realizado regularmente 3 vezes na semana, 3 séries 8-15 RM e abdominais 4 séries 15-20 RM, a carga foi adaptada ao número de repetições. A composição corporal foi avaliada no período inicial e final do estudo. Foi utilizada uma balança antropométrica com estadiômetro sendo peso (Kg) e altura (m) para cálculo do índice de massa corporal (IMC), também foi utilizado um compasso de dobras cutâneas (mm) para aferir medidas da região tricipital, supra-iliaca e abdominal para cálculo do percentual de gordura e massa magra, os dados foram coletados manualmente e lançados no programa de computador SAPAF jovem versão 1.0, para calculo do (IMC), percentual de gordura (%) e massa magra (Kg), sendo os dados foram coletados em dois momentos distintos no inicio e no final do programa de treinamento, as informações obtidas na avaliação inicial e final foram comparadas. Verificou que não ocorreram alterações significativas na composição corporal para a média da amostra, porém 8 sujeitos apresentaram redução no peso corporal em média 7,37 Kg e 12 sujeitos aumento em média de 5,58 Kg. Em relação aos componentes da composição corporal, não foi observado grandes alterações no percentual de gordura (%) e gordura absoluta (Kg), mas foram observados aumentos importantes na massa corporal magra (Kg) em média 4,4 Kg para 10 sujeitos. Salienta-se que as 14 semanas de treinamento com pesos foram eficientes para gerar modificações na composição corporal, bem como no peso, massa magra e gordura corporal.

          Unitermos: Treinamento com peso. Jovens adultos. Composição corporal.

 

Abstract 

          The goal of this study was to analyze the effects of the (WT) on male adult youngsters of Movement e Forma Gym in the city of Campinas which happened during the period of 14 weeks in components of corporal composition. A sample of 20 candidates took part in this study aged 20-25 nearly enrolled in the gym who were named group of training. (GT), the program of training (PT) had 15 exercises which were performed regularly 3 times a week, 3 series 8-15 RM and push-ups 4 series 15-20 RM, the weight load was adapted to the number of repetitions. The corporal composition was evaluated in the beginning an in the end of the study. An anthropometric scale with stationmaster was used with weight (Kg – Kilograms) and height ( m – meters ) for the calculus of the corporal mass index (CMI), a pair of compass of coetaneous loads of fat (MM – millimeters ) was also used to check the measures of the triceps region, supra-iliac and abs for the calculus of the percentage of fat and thin corporal mass, the data were collected manually and put in a computer program SAPAF new version 1.0 for the calculus of the (CMI), fat percentage (%) and thin corporal mass (Kg). The table of these data was created through the program EXCEL professional 2002 and evaluated in a descriptive way. These data were picked in two different moments in the beginning and in the end of the program of training, the information acquired in the initial and final evaluation was compared. This study verified that no significant alterations were performed in the corporal composition for the average of the sample, however 8 candidates presented reduction of their weight an average of 7,37Kg and 12 candidates an increase of an average of 5,58Kg. For the results acquired for the components of the corporal composition, no big changes were observed with the fat percentage (%) and absolute fat (Kg), other than that, significant increases were observed in the thin corporal mass (Kg) an average of 4,4Kg in 10 candidates. The results of the study showed that 14 weeks of training with weights were efficient to generate changes in the corporal composition as well as in the weight, thin corporal mass and corporal fat.

          Keywords: Weight training. Adult youngsters. Corporal composition

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 139 - Diciembre de 2009

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Introdução

    A mais ou menos uma década atrás o treinamento com pesos vinha sendo utilizado apenas para atletas de alto rendimento, a fim de maximizar seu desempenho. Cada vez mais o treinamento com pesos está sendo utilizado para outras finalidades, para melhoria estética corporal, tratamento de lesões e preparação física de modalidades esportivas.

    Cada vez mais o ser humano esta se tornando um sedentário, pois com o avanço tecnológico tem suas tarefas diárias facilitadas ocorrendo possivelmente um gasto energético menor que o consumo calórico diário, contribuindo para o acumulo da gordura corporal e diminuição da força muscular, favorecendo para a incidência de disfunções crônico-degenerativas além da influencia negativa nas funções músculo esqueléticas.

    Pensando nestes fatores o presente estudo teve o objetivo de analisar os efeitos do treinamento com pesos em 20 jovens adultos do sexo masculino recém matriculados na Academia Movimento e Forma localizada em Campinas submetidos por um período de 14 semanas.

    Um homem adulto em repouso ou executando exercício muscular, chega a ter um consumo de 60-75% do gasto de energia total, sendo assim se faz necessário uma boa ingestão de energia dos alimentos para que ocorra o balanço deste gasto e da manutenção do organismo. (POEHLMAN e MELBY 1988); (MAZZETTI et al, 2000); (HARBER, 2004); WILLOOUGHBY, 2004); (SANTOS, 2005).

    Com o passar dos anos o gasto calórico dos adultos tende a diminuir, parte por conta da diminuição da atividade física, esta diminuição do gasto calórico e falta de atividade física, é um dos principais causadores do acumulo de gordura corporal.

    Lemmer et al (2001), têm demonstrado que a associação de exercício físico e a alimentação podem acarretar em modificação na composição corporal, se considerando os riscos que o acumulo de gordura corporal podem trazer para uma boa qualidade de vida.

    Falk (1996); Fleck e Kraemer (1999) reportam a melhora nos níveis de força que o treinamento com pesos tem ocasionado nas crianças, além de como contribui para o desempenho atlético e finalidades relacionadas à saúde. O mesmo estudo é feito para adultos e idosos de ambos os sexos por Ramos (2000); Lemmer et al (2001); Hamber (2004) e Willoughby (2004); Santos (2005), e cada vez mais os estudos demonstram que os ganhos de força estão atrelados ao aumento considerável de massa muscular (hipertrofia muscular).

    Nos últimos anos tem aumentado a quantidade de estudos feitos para se detectar mais afundo os efeitos diversos que a prática de exercícios com pesos programados e de forma regular podem melhorar nos diferentes componentes da composição corporal (CAMPBEL et al, 1994); (CALMELS et al, 1995); (CYRINO et al, 1996); (SANTOS et al, 1999); (ROMANZINI et al, 2001); (SANTOS, 2002); (HARBER (2004) e WILLOUGHBY, 2004); (SILVA et al 2006). Contudo, ainda á muitas controvérsias sobre os efeitos deste tipo de treinamento sobre os depósitos de gordura, logo informações sobre tal estudo podem evidenciar a melhoria da qualidade de vida, em qualquer faixa etária e de ambos os sexos.

    O presente estudo teve a finalidade de demonstrar as modificações positivas na composição corporal, repercutindo em melhorias nos níveis de saúde, aparência estética e na auto-estima.

Objetivo geral

    O presente estudo teve por objetivo verificar e analisar os efeitos do treinamento com peso para jovens adultos do sexo masculino submetidos por um período de 14 semanas.

Metodologia

População estudada

    Participaram deste estudo 20 jovens adultos do sexo masculino com idade entre (18-25 anos), sujeitos recém matriculados na academia Movimento e Forma instalada na cidade de Campinas. Como pré-requisitos para inclusão no experimento foram considerados alguns fatores, tais como: não estar participando a pelo menos 6 meses de outro programa de treinamento, não fazer uso de esteróides anabólicos, nem de suplementos nutricionais, não estar participando de nenhum programa de dieta e não possuir histórico de doenças metabólicas.

    Durante a fase experimental os sujeitos foram orientados a manterem seus hábitos alimentares normais.

Procedimentos metodológicos

    A principio foi realizado um estudo bibliográfico a cerca do tema estudado, em seguida foi elaborado um estudo de campo, a fim de analisar as alterações corporais ocorridas em alunos da academia.

    Os sujeitos (n=20) foram denominados grupo de treinamento (GT) e participaram regularmente da prática sistematizada de um programa de treinamento com pesos.

    Os dados foram coletados manualmente sendo o peso corporal expresso em quilogramas (kg) e a estatura em metros (m), o mesmo foi feito com as medidas (mm) aferidas de dobras cutâneas (tricipital, supra-iliaca e abdominal). Após a coleta os dados foram lançados no programa de computador SAPAF Jovem versão 1.0 para analise dos componentes da composição corporal, a partir das medidas aferidas de peso e estatura foi calculado o índice de massa corpórea (IMC) por meio do quociente peso corporal/estatura2, para tanto o programa gerou o percentual de gordura relativa (%), gordura absoluta e massa magra. De acordo com o protocolo de Jackson e Pollock (1985) de 3 dobras e descritos por Tritschler (2003).

    Em seguida a composição corporal foi determinada pela técnica de espessura do tecido celular subcutâneo. Para aferir as dobras cutâneas foi utilizado um compasso de dobras cutâneas da marca CESCORF com pressão de (0-80 mm), para tanto 3 medidas foram tomadas em cada ponto, sem que se soltasse a dobra, em seqüência do membro superior para o tronco, do lado direito do corpo, sendo registrado o valor médio resultante de cada ponto aferido. Para tanto, foram aferidas as seguintes dobras cutâneas: tricipital, supra-iliaca e abdominal.

    O peso corporal foi obtido através de uma balança antropométrica com estadiômetro profissional da marca BALMAK com capacidade de (160 Kg.) e com precisão de (0,1g.), de acordo com os procedimentos descritos por Gordon et al, (1988). Todos os indivíduos foram medidos e pesados descalços, vestindo apenas uma sunga.

Protocolo de treinamento

    A periodização foi composta de um período de 14 semanas o que corresponde a um macrociclo, onde foi divido em duas fazes:

    Na primeira fase do período denominada preparatória ou de adaptação visando o desenvolvimento generalizado das qualidades físicas e teve duração de ±3 semanas, onde foi elaborado um programa de treinamento alternado por seguimento, ou seja, em cada sessão de treinamento foi executado um exercício por grupo muscular de cada vez, com ênfase nos principais grupos musculares, as sessões foram praticadas 3 X por semana e compostas por 10 exercícios musculares, em cada exercício foram executadas 3 séries de 12-15 RM variando para os abdominais 4 séries (15-20 RM), a carga foi adaptada de acordo ao número de repetições.

    Na segunda fase denominada de competição, almejou o objetivo principal do programa de treinamento “redução de gordura corporal e ganho de massa magra” e durou ±11 semanas, foi mantido o programa anterior e o número de sessões praticadas, ocorreram alterações na quantidade de exercícios de 10-14 e quanto ao tipo descritos no (Quadro 1), foram mantidas as 3 séries e diminuído o número de repetições (8-12 RM), para tanto foram adaptadas novas cargas de trabalho de acordo com o número de repetições.

    O tempo de descanso entre as séries na primeira fase variou de 30 a 60 seg. entre as séries e na segunda fase de 50 a 90 seg., e 60 a 90 seg. para 60a120 seg. entre os exercícios musculares, também foi respeitado o período de repouso de ±48 horas entre as sessões, o que permite ao organismo se recuperar e estar apto a um novo estímulo, e em ambas as fases as cargas foram sendo adaptadas progressivamente de acordo com a evolução de cada sujeito, desta forma obedecendo aos princípios de treinamento.

Quadro 1. Exercícios utilizados no programa de treinamento

Exercícios

Músculos trabalhos

Supino horizontal

Supino inclinado

Peitorais, tríceps braquial e deltóide.

Puxada polia alta atrás

Puxada polia baixa

Rombóide/maior, latíssimo do dorso, redondo maior, bíceps braquial, braquial, braquiorradial, deltóide, trapézio e eretor da espinha.

Elevação frontal

Elevação lateral halteres

Deltóide e trapézio.

Rosca direta

Rosca martelo halteres

Bíceps braquial, braquial e braquiorradial.

Tríceps francês halteres

Tríceps polia alta pronação

Tríceps braquial e ancôneo.

Leg press inclinado

Quadríceps femoral e glúteo máximo.

Flexão plantar

Gastrocnêmico e sóleo.

Abdominal banco inclinado

Flexão lateral tronco halteres

Reto abdominal, oblíquo externo/interno, tensor fáscia lata e quadríceps femoral.

    Os exercícios descritos acima foram estabelecidos de acordo com Delavier (2002), sendo que o mesmo foi adaptado para este estudo.

Tratamento estatístico

    Os dados coletados no período inicial e final do estudo, referentes a peso (Kg), estatura (m), medidas de dobra cutâneas (mm), lançados e calculados pelo programa SAPAF Jovem 1.0 utilizando o protocolo de Jackson e Pollock (1985) fornecendo valores acerca do índice de massa corporal (IMC), gordura absoluta (Kg), gordura relativa (%) e massa magra (Kg). A tabulação, confecção e tratamento estatístico da média e desvio padrão dos dados foi feita através do programa Excel 2003 profissional para posteriormente serem analisados de forma descritiva.

Resultados

    A tabela 1 mostra valores de média e desvio padrão das características gerais da amostra nos momento inicial do estudo em comparação com o final. Não foram encontradas diferenças estatísticas entre os dois períodos.

Tabela 1. Valores de média e desvio padrão das características gerais da amostra nos dois momentos do estudo

Características gerais

Avaliação inicial (GT)

Avaliação final (GT)

Idade

20,3 – 2,8

20,3 – 2,8

Peso (Kg)

82,7 – 26,9

82,9 – 21,9

Estatura (m)

1,8 – 0,1

1,8 – 0,1

IMC (Kg/m2)

26,4 – 7,7

26,6 – 6,1

    De acordo com pesquisadores e organizações existem valores classificatórios para pré-dizer o índice de massa corporal e através deste dizer se o sujeito está acima ou abaixo do peso. Foi possível observar neste estudo que a média da amostra não apresentou mudanças relevantes se comparando a avaliação inicial com a final do programa de treinamento.

    Em cada um dos dois momentos deste estudo os 20 sujeitos que fizeram parte do programa de treinamento com pesos foram comparados com dados da OMS apud Domingues Filho (2002, p.67). Apresentaram índice de massa corporal acima do nível aceitável (18,5 a 24,9) e foram classificados como excesso de peso nível 1 ou risco moderado (25,0 a 29,9).

    Após uma análise mais profunda de informações cruzadas nos anexos A e B, foi possível notar que dos 20 sujeitos 8 apresentaram redução no peso corporal em média de (7,37 Kg) e 12 aumento em média (5,58 Kg) quando analisados individualmente comparando dados da avaliação inicial com a final.

    A tabela 2 mostra valores de média e desvio padrão da composição corporal da média da amostra coletada no momento inicial em comparação com o final do estudo. Em relação ao tratamento estatístico não foram observados valores significativos acerca dos componentes da composição corporal.

Tabela 2. Valores de média e desvio padrão da composição corporal em jovens adultos do sexo masculino nos dois momentos do estudo.

Variáveis

Avaliação inicial (GT)

Avaliação final (GT)

Peso (Kg)

82,7 – 26,9

82,9 – 21,9

Gordura relativa (%)

22,4 – 7,9

21,5 – 7,2

Gordura absoluta (Kg)

20,2 – 12,9

19,0 – 11,0

Massa magra (Kg)

63,1 – 14,6

64,2 – 11,2

    Muitos pesquisadores estão adotando a técnica de dobras cutâneas para pré-dizer e analisar o percentual de gordura e massa corporal magra a fim de verificar ganhos e ou perda nos componentes da composição corporal. Neste estudo foi possível observar que a média da amostra não apresentou mudanças significativas no percentual de gordura corporal (%), gordura absoluta (Kg) e massa corporal magra (Kg).

    Tanto na primeira avaliação quanto na avaliação final deste estudo os 20 sujeitos apresentaram percentual de gordura acima dos níveis recomendados (22,4 – 21,5) respectivamente. De acordo com Tritschler (2003, p. 256) os limites inferior e superior do percentual de gordura estão classificados entre 5 % a 15% e o valor médio 10% para jovens adultos do sexo masculino.

    Através de uma análise mais profunda de informações cruzadas nos anexos A e B, foi possível notar que ocorreram reduções nas dobras cutâneas tricipital, supra-íliaca e abdominal em média de 2,41mm para 17 sujeitos, 3,2mm para 15 sujeitos, 4,07mm para 13 sujeitos respectivamente, sendo assim a variável que mais apresentou redução foi a abdominal. Em relação ao percentual de gordura (%) e gordura absoluta (Kg) ocorreram uma média de redução 1,35% - 2,66 Kg para 17 sujeitos , não sendo muito relevante esta alteração, em compensação pode-se notar um aumento significativo de massa corporal magra (Kg) para 10 sujeitos em média de 4,4Kg.

Discussão

    Os resultados deste estudo indicaram que para a média da amostra de 20 sujeitos as modificações ocorridas na composição corporal não foram relevantes quando analisados estatisticamente, porém quando analisados individualmente foi possível observar modificações significativas nos componentes peso corporal (Kg), percentual de gordura (%), gordura absoluta (Kg) e massa corporal magra (Kg) respectivamente após o período de 14 semanas de treinamento com pesos. Tais informações vão de encontro com outros estudos de análise dos efeitos do treinamento com pesos sobre componentes da composição corporal.

    No recente estudo de Silva et al (2006) não encontraram modificações significativas estatisticamente (p>0,05) nas variáveis da composição corporal, exceto pequena mudança no IMC, porém foi eficaz para o aumento da força muscular, após um período 12 semanas de treinamento com pesos prescritos por zona, freqüência semanal de 3 vezes em cada sessão eram realizados 2 séries de 10 a 12 RM, com 30 mulheres com idade média de 61,1 anos. Apesar de ter usado o método de bioimpedância elétrica para análise da composição corporal, os autores verificaram que a prescrição por zona de RM não foi eficaz para mulheres idosas.

    Comparado o estudo atual com o estudo de Silva citado anteriormente, apesar dos períodos serem próximos, em se tratando de mulheres idosas pode ser indicado períodos mais longos a fim de obter resultados mais satisfatórios, bem como uma escolha melhor da prescrição de exercícios. Apesar de muitos autores relatarem que os fatores idade e sexo não afetarem as respostas do treinamento com pesos sobre a composição corporal, vale a pena ressaltar que após a fase adulta ocorrem perdas consideráveis de massa magra e densidade óssea e um respectivo aumento da massa gorda.

    Em um estudo realizado por Santos (2005) após analisar indicadores da composição corporal em 14 sujeitos do sexo masculino com média de idade de 23,21 anos por um período de 24 semanas de treinamento com pesos que foram divididas em 3 fases compostas de 8 semanas cada, um programa único foi adotado nas duas primeiras fases alternado por seguimento e a ultima fase foi dividida em dois programas (A e B) sendo o programa localizado por articulação, as 3 fases foram compostas de 12 exercícios, com séries de 3 a 4 e repetições máximas de 8 a 12, com exceção da panturrilha e abdômen (15 a 20 e 30 a 50 RM) respectivamente, com intervalos de descansos entre as séries e exercícios de (60 a 90 seg. e 2 a 3 min.). Os componentes da composição corporal foram determinados através da absortometria radiológica de dupla energia (DEXA). Estatisticamente o estudo não revelou mudanças no percentual de gordura corporal, porém verificou aumentos significativos na massa corporal e massa isenta de gordura (+6,5% e 6,7% respectivamente). O período adotado e o implemento de pesos de forma progressiva foram eficazes para acarretar mudanças significativas na composição corporal.

    O estudo citado anteriormente demonstrou ser eficiente para causar modificações na composição corporal. Se comparado com o estudo atual, apesar das semelhanças no protocolo de treinamento com pesos, foi possível notar que um período intermediário aos dois estudos seria suficiente para causar modificações significativas na composição corporal.

    Willoughby (2004) não encontrou alterações significativas no tecido adiposo, porem aumentos relevantes foram encontrados na massa corporal magra, ao estudar o efeito do treinamento com pesos em sujeitos jovens com idade média de 20,8 anos, ao longo de um período de 12 semanas com freqüência semanal de 3 vezes semana, sendo o programa composto de 3 séries de 8 RM com a carga ajustada a 85-90% de uma ação voluntária máxima (1AVM). Este estudo demonstrou que seu programa de treinamento com pesos, prescrito com intensidade alta, ou seja, com aplicação de cargas elevadas foi eficiente no aumento de massa corporal magra.

    Comparando os estudos citados anteriormente com o estudo atual, implementos de cargas com menor intensidade foram eficientes para causar aumentos de massa corporal magra. Desta forma a aplicação de cargas mais leves se demonstrou eficiente para causar modificações na composição corporal, porém cargas muito leves não causaram alterações significativas, como verificadas no estudo a seguir.

    Harber (2004) ao tentarem estabelecer efeitos por um período de 10 semanas de treinamento com pesos em 8 sujeitos do sexo masculino com idade média de 23 anos sobre componentes da composição corporal, com programa de circuito com freqüência semanal de 3 vezes, composto por 10 exercícios em cada sessão com cargas relativamente leves (40 a 60% de 1AVM) e curtos intervalos de descanso entre as séries (10 a 30 seg.). Não foram verificadas modificações significativas para nenhuma das variáveis devido a baixa intensidade e pelo curto prazo acompanhado.

    No estudo de Santos (2002) o grupo de treinamento apresentou reduções significativas na gordura corporal relativa (-10,18%) e absoluta (-13,36%), com ganho de massa magra (2,92%). Ao estudar efeitos após 16 semanas de treinamento com pesos em 26 sujeitos do sexo masculino com idades de 18 a 30 anos sobre indicadores da composição corporal. Os sujeitos foram divididos em dois grupos treinamento e controle (n=13). O treinamento com pesos teve uma única programação com freqüência semanal de 3 vezes em dias alternados, 3 séries de 8 a 12 repetições máximas executadas para cada um dos 12 exercícios que compuseram o programa de treinamento. A composição corporal foi avaliada por absortometria radiológica de dupla energia (DEXA) no inicio e no final do programa.

    Mazzetti et al (2000) procuraram investigar a influência de um personal training supervisionando o programa de treinamento com pesos após um período de 12 semanas. Foram verificados aumentos na massa corporal 4,0 Kg (4,7%), massa magra 1,4 Kg (2%) e na gordura corporal relativa 20,1 Kg (10,7%). Apesar do aumento da adiposidade corporal os ganhos de massa magra foram relativamente maiores do que os do grupo não-supervisionado. Apesar do treinamento com pesos ter sido supervisionado por um personal training os resultados obtidos não foram tão mais relevantes do que o presente estudo. Porem vale ressaltar que o treinamento com pesos acompanhado por um personal se torne mais motivador e efetivo, é possível também estar atentos a todas as evoluções de cada individuo e suas características sendo assim mais eficaz.

    Roth et al, (1999) não evidenciaram alterações significativas em nenhum dos grupos, no peso corporal e percentual de gordura. Sendo que o grupo de homens jovens apresentou uma leve tendência a aumentar o seu percentual de gordura após acompanharem 7 homens jovens e 8 homens idosos por um período de 9 semanas de treinamento, sendo o sistema treinamento unilateral somente da extensão do joelho com freqüência de 3 vezes na semana. Provavelmente o período curto empregado e o sistema utilizado de treinamento não foram suficientes para elevar o gasto energético, não sendo suficiente para ocasionar modificações na composição corporal dos sujeitos.

    Dolezal e Potteiger (1998) após submeterem sujeitos a um período de 10 semanas de treinamento, onde compararam três grupos de treinamento com pesos, treinamento aeróbico e treinamento com peso e aeróbico. Tais modificações foram encontradas na massa magra (3,5%, -0,9% e 4,7%), gordura relativa (-10%, -24,2% e -40,2%) e massa gorda (-6,7%, -29,4% e 40%) respectivamente. Também foram observados aumentos significativos na taxa metabólica de repouso nos dois grupos compostos de treinamento com pesos e uma diminuição significativa no grupo de treinamento aeróbico. De acordo com os autores o aumento e a diminuição da taxa metabólica de repouso podem refletir nos ganhos e perda de massa isenta de gordura.

    Comparando o atual estudo com a citação acima, é possível notar que o treinamento com pesos complementado com treinamento aeróbico (TPA) se demonstrou mais efetivo, pois demonstrou grande influência sobre a composição corporal na manutenção da gordura corporal, devido ao aumento da taxa metabólica de repouso. O que sugere que ao montar programas de treinamento com pesos pode se intercalar treinamento aeróbico a fim de se maximizar os efeitos sobre os componentes da composição corporal.

    Van Etten et al, (1997) ao analisarem as modificações ocorridas após um período de 18 semanas de treinamento com pesos, encontraram aumentos significativos na massa isenta de gordura de 2,1 Kg e reduções na gordura relativa 2,6% (2,1 Kg). Ainda observaram um aumento significativo ao observarem o gasto energético diário. Apesar disto modificações mais expressivas foram notadas no atual estudo e em outros citados anteriormente que não tiveram a preocupação em observar o gasto energético diário.

    Está preocupação se justifica pelo fato de que o treinamento com pesos caracterizado por ser de alta intensidade, pode prolongar o período de recuperação contribuindo consideravelmente com o gasto energético pós-treino. Poehlman e Melby (1998) observaram que quando o exercício é realizado de maneira continua e árduo, pode aumentar a taxa metabólica de repouso, resultando parcialmente em perturbações metabólicas prolongadas aos períodos de exercícios prévios.

    Nakao et al, (1995) analisaram o efeito prolongado do treinamento com pesos com alta intensidade com 19 sujeitos por um período de 3 anos consecutivos. O estudo constatou ao final do terceiro ano diminuição na gordura corporal relativa de (16,3%) e aumentos de (2,6%) na massa corporal e (7,4%) 4 Kg na massa magra. Os sujeitos ainda apresentaram progressivamente significativas alterações anuais, por ano os sujeitos ficavam 2 meses sem a sistematização do treinamento. Ainda é possível ressaltar a dificuldade encontrada em se manter a freqüência dos sujeitos por um período tão longo, além do controle nutricional. No entanto o estudo citado sugere que a pratica do treinamento com pesos realizados por períodos mais longos pode ser um excelente recurso para a manutenção e controle da composição corporal.

    Hunter et al, (1987) analisaram os efeitos do treinamento com pesos combinado com treinamento aeróbico (TPA) e outro submetido a treinamento aeróbico (TP) com 10 homens e 8 mulheres por um período de 12 semanas. O grupo de (TP) foi composto de 5 homens e 5 mulheres e (TPA) 5 homens e 3 mulheres. De acordo com o resultado do estudo reduções de 1,6% e 2,6% na gordura corporal relativa foram encontradas nos dois grupos (TPA e TP), porém não houve diferenças significativas entre os tratamentos após o período experimental tanto na massa corporal quanto no percentual de gordura. Um fato relevante neste estudo foi que os pesquisadores não se preocuparam em discriminar os sujeitos por sexo, o que pode ter influenciado nos resultados uma vez observada as diferentes respostas entre os sexos durante o treinamento com pesos.

    Apesar das semelhanças com o estudo de Dolezal e Potteiger (1998), o estudo citado anteriormente por Hunter et al, (1987), não demonstrou alterações significativas na manutenção da gordura corporal. Se comparando com o atual estudo os resultados também não se demonstraram tão relevantes, desta forma especula-se a efetividade do (TPA) em apresentar modificações significativas na composição corporal. Gettman et al, (1978) ao submeterem sujeitos por um período de 20 semanas a um circuito de treinamento com pesos encontraram um aumento na massa isenta de gordura de 2,8% (1,8 Kg). Apesar de o período experimental ter sido maior em relação ao presente estudo o aumento da massa magra se apresentou significativamente menor, os autores ainda verificaram reduções semelhantes na gordura corporal. Para tanto o fator tempo não pode ser desprezado na comparação entre estes dois estudos, outro fator como a falta de orientação nutricional podem ter influenciado negativamente no comportamento da massa gorda.

Considerações finais

    De acordo com os estudos apresentados e a atual pesquisa nota-se que as modificações na composição corporal dependem de muitos fatores direta ou indiretamente relacionados ao treinamento físico. Desta forma, muitas das diferenças observadas na comparação entre os estudos disponíveis na literatura que têm investigado a prática de exercícios com pesos podem estar atreladas ao:

  • Período de duração do estudo;

  • Diferentes protocolos de treinamento empregados;

  • Intensidade e ao volume aplicado;

  • Grupo amostra utilizado;

  • Sexo e à faixa etária estudada;

  • Existência ou não de controle nutricional;

  • Acompanhamento de um personal training;

  • Treinamento aeróbico e outros.

    Diante dos resultados analisados individualmente fica difícil saber se realmente os indivíduos deste estudo não fizeram acompanhamento nutricional, ingestão de suplementos alimentares e uso de produtos farmacológicos, desta forma comprometendo a fidedignidade dos resultados e indo contra as exigências prévias do autor deste estudo.

    Contudo, apesar das limitações do estudo, os resultados mostraram que o período de 14 semanas de treinamento com pesos foi eficiente para aumentar a massa magra e auxiliar na redução dos acúmulos de gordura corporal.

Referencias bibliograficas

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revista digital · Año 14 · N° 139 | Buenos Aires, Diciembre de 2009  
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