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Programa de desenvolvimento de habilidades sociais e 

psicológicas em atletas de bicicross na equipe Paulínia Racing Bicicross/Petrobrás: possibilidades de intervenção 

em Psicologia do Esporte e do Exercício

Programa de desarrollo de las habilidades sociales y psicologicas en atletas de bicicross del equipo Paulínia Racing Bicicross/Petrobrás: posibilidades de intervención en Psicología del Deporte y del Ejercicio

Program of development of social and psychological abilities in athlete of bicicross in the team Paulínia Racing Bicicross/Petrobrás: possibilities of intervention in Psychology of the Sport and Exercise

 

*Psicóloga graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP)

Cursando Aprimoramento Profissional em clínica na Pontifícia Universidade Católica de Campinas

Psicóloga da equipe Paulínia Racing Bicicross/Petrobrás

**Bacharel e Licenciado em Educação física pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Mestre e estudante de pós graduação (Doutorando) da

Faculdade de Educação Física da UNICAMP / FEF

Docente nas Faculdades Metropolitanas de Campinas (Veris-IBTA/METROCAMP),

UniANCHIETA (Jundiaí-SP) e Universidade Adventista de São Paulo (UNASP)

Estudante de Psicologia da UNASP-SP

Denise Pimentel Lima*

dede_lima@hotmail.com

Rubens Venditti Júnior**

rubensjrv@yahoo.com

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste trabalho é relatar uma experiência com atletas de bicicross, a equipe municipal de Paulínia (Paulinia Racing Bicicross/Petrobrás), no tocante ao desenvolvimento de habilidades psicológicas e sociais, necessárias ao âmbito competitivo do esporte em questão. Aspectos como a tolerância à frustração e ansiedade dos atletas, ajudando-os a superar derrotas em competições; motivação; convívio; coesão grupal; integração e equilíbrio emocional são exemplos de habilidades desenvolvidas neste programa. Como profissionais, consideramos de grande importância a superação à frustração, assim como o autoconhecimento e autoconfiança de cada indivíduo; proporcionando um potencial mais elevado durante as provas e a melhoria da saúde mental dos atletas, independentemente apenas dos resultados. Além disso, este programa pode contribuir para o desenvolvimento das habilidades e competências específicas na formação do atleta e nos aspectos de atuação e intervenção do psicólogo e profissional de Educação Física. No aspecto pessoal, pode-se destacar a experiência prática de se entrar em contato com os atletas, e assim ampliar o conhecimento teórico, favorecendo o diálogo entre as áreas oriundas da Psicologia do Esporte (Psicólogos de formação e professores de Educação Física).

          Unitermos: Habilidades sociais. Habilidades psicológicas. Psicologia do Esporte. Bicicross

 

Resumen

          El objetivo de este articulo es describir una experiencia con los atletas de bicicross, en el equipo municipal de Paulínia (Paulinia Racing Bicicross/Petrobrás), en lo relativo al desarrollo de habilidades psicológicas y sociales, necesarias para lograr el resultado competitivo en el deporte en cuestión. Los aspectos como la tolerancia a la frustración y la ansiedad de los atletas, ayudándoles a superar la derrota en competiciones; motivación; cohesión del grupo; la integración y el equilibrio emocional son ejemplos de las capacidades desarrolladas en este programa. Como profesional, consideramos de gran importancia la superación de la frustración, así como la confianza del conocimiento de sí mismo y la autoconfianza de cada uno; el desarrollo de potencialidades durante las pruebas y la mejora de la salud mental de los atletas, independientemente de los resultados. Por otra parte, este programa puede contribuir para el desarrollo de estas capacidades y capacidades específicas en la formación del atleta y los aspectos del funcionamiento y la intervención del psicólogo y del profesional de la Educación Física. Como aspecto personal, puede ser separada la experiencia práctica del contacto efectivo con los atletas, y ampliar así el conocimiento teórico, favoreciendo el diálogo entre las áreas de derivación de la Psicología del Deporte (Psicólogos de formación y profesores de Educación Física).

          Palabras clave: Habilidades sociales. Habilidades psicológicas. Psicología del Deporte. Bicicross

 

Abstract

          The objective of this paper is to describe an experience with athletes of bicicross: the municipal team of Paulínia (Paulinia Racing Bicicross/Petrobrás), in regards to the development of psychological and social skills, necessary abilities to the competitive scope of the sport in question. Aspects as the tolerance to frustration and anxiety of the athletes, helping them to surpass it defeats in competitions; motivation; conviviality; group cohesion; integration and emotional balance are examples of abilities developed in this program. As professional, we consider of great importance the overcoming to the frustration, as well as the self-knowledge and self confidence of each individual; providing a potential more raised during the tests and the improvement of the mental health of the athletes, independently only of the results. Moreover, this program can contribute for the development of this abilities and specific abilities in the formation of the athlete and the aspects of performance and intervention of the psychologist and professional of Physical Education. As a personal aspect, it can be detached the practical experience of if entering in contact with the athletes, and thus to extend the theoretical knowledge, favoring the dialogue between the deriving areas of the Psychology of the Sport (Psychologists of formation and professors of Physical Education and Sports).

          Keywords: Social abilities. Psychological abilities. Sport Psychology. Bicicross

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 138 - Noviembre de 2009

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Apresentação

    O objetivo do trabalho visa fazer com que os pilotos do Paulínia Racing Bicicross/Petrobrás aprendam a desenvolver habilidades psicológicas, assim como desenvolver as habilidades físicas para a modalidade do bicicross, para que possam buscar atitudes no esporte, em casa e na escola, que os levem a interações construtivas, justas e ambientalmente sustentáveis, a partir de um trabalho psicológico em grupo ou individual, caso seja necessário.

    Desse modo, os atletas tendem a desenvolver melhor a prática esportiva, adquirir autoconhecimento, motivação, concentração, controle de ansiedade, tolerância à frustração, resgatar valores e desenvolver habilidades para as relações interpessoais.

    Pretende-se que os pilotos construam uma imagem positiva de si e respeito próprio produzido pela confiança em sua capacidade de escolher e realizar suas atividades. Também conhecer e utilizar formas de intervenções para o bem da saúde mental. Podemos assim resgatar valores e desenvolver estas habilidades e competências sociais para as relações interpessoais, através de um programa integrado, regular e interdisciplinar, desenvolvido durante o período de 12 meses, em média, de acordo com as categorias que serão expostas.

Figura 01. Atletas de bicicross da equipe, realizando manobras e treinamento na pista de provas. Fonte: arquivo pessoal (Denise Pimentel Lima – agosto / 2008)

Desenvolvimento do programa e aspectos teóricos

    A maioria dos integrantes do grupo de treinamento que se deu inteiramente para este trabalho foram os pilotos de idade superior a 30 anos, ou seja, que já haviam passado pelo período da adolescência.

    Esta fase é um período de transformações e emoções intensas. Esta passagem é caracterizada por uma crise de identidade na qual se debatem entre questionamentos relativos ao seu corpo, aos seus valores, as necessidades de auto-afirmação e de conhecer o novo, às escolhas que devem fazer ao que é exigido deles, ao lugar que ocupam na sociedade (Serrão e Baleeiro, 1999).

    Erikson apud Coll, Marchesi e Palácios (2004) deu muita importância à adolescência e, ainda que seja um autor de orientação psicanalítica, em seu modelo de desenvolvimento, discorre que a sexualidade cede lugar a fatores sociais e culturais. Analisa também a adolescência como uma fase decisiva na formação da identidade do homem, sendo essencial para a verdadeira maturidade, atingida posteriormente pelo indivíduo. É somente no final da adolescência que emerge tal sentido de identidade, pois durante este período o homem desenvolve pré-requisitos de crescimento fisiológico, maturidade mental e responsabilidade social.

    Por isso, se faz importante a realização de trabalhos com jovens, que os ajudem nesse período de transição, marcado pelo momento em que estão buscando o seu papel e formando sua própria identidade. Num país de imensas desigualdades e contradições, a educação e o esporte se apresentam como fatores de esperança e transformação para a sociedade, não apenas permitindo o acesso ao conhecimento, à participação, mas propiciando condições para que o indivíduo construa cidadania, tenha autonomia e desenvolva suas potencialidades (Serrão e Baleeiro, 1999).

    Para Del Prette e Del Prette (1999, citados em Marturano e Silva, 2002), as habilidades sociais têm sido consideradas como um fator que contribui para prevenção dos comportamentos problemáticos, que vai variar em função do repertório dessas habilidades. Embora não haja consenso quanto à definição de habilidades sociais, o termo geralmente é usado para designar um conjunto de capacidades comportamentais aprendidas que envolvem interações sociais. As habilidades sociais abrangem relações interpessoais, incluindo assertividade (expressão apropriada de sentimentos negativos e defesa dos próprios direitos) e as habilidades de comunicação, de resolução de problemas interpessoais, de cooperação e de desempenhos interpessoais nas atividades profissionais (MARTURANO e SILVA, 2002).

    Dentro das habilidades sociais aprendidas por um grupo, foi desenvolvido o treinamento de habilidades psicológicas- THP (WEINBERG e GOULD, 2001), que se refere à prática periódica de habilidades mentais, ou seja, tal como as habilidades físicas precisam ser desenvolvidas e treinadas, no esporte, serão necessárias também algumas habilidades psicológicas como, por exemplo, manter e focalizar a concentração, regular os níveis de ativação, desenvolver a confiança e auto-crenças e manutenção da motivação.

    Na maioria das competições, os jogadores ganham ou perdem, dependendo do modo em que se encontram no dia (ou seus adversários). Se a capacidade física dos dois for razoavelmente igual, vence geralmente aquele que estiver mais bem preparado psicologicamente. Hoje, a Psicologia do Esporte já é realidade em diversas equipes e o controle emocional pode em muitas vezes caracterizar o campeão que se diferencia dos adversários por centésimos de segundo, por milímetros de distância. Associada ao programa de treinamento, técnica e tática, a Psicologia do Esporte pode agregar ao atleta e à equipe alguns diferenciais que permitam a excelência esportiva (BALBINO e WINTERSTEIN, 2008).

    Os atletas não nascem equipados com tais habilidades mentais. É um equivoco achar que campeões são natos e não fabricados. Este treinamento exige tanta dedicação quanto as habilidades físicas, podendo ser aprendidas e devem ser praticadas regularmente, não tornando o competidor médio em uma “super estrela”, mas sim, fazendo com que os atletas atinjam seu potencial e aumentem suas capacidades.

    O treinamento de habilidades psicológicas deve ser programado e dependerá dos atletas em particular; de suas orientações, experiências de vida, valores, entre outros fatores, onde aprenderão a encontrar o seu nível de ativação, para transformar esta tensão e ansiedade em energia positiva. É necessário que os atletas passem por três fases distintas: educação, aquisição e prática.

    A primeira fase tem a necessidade dos atletas reconhecerem rapidamente o quanto é importante adquirir as habilidades mentais e como elas afetam o desempenho. Não existirá um trabalho psicológico efetivo se o atleta não tiver a consciência deste trabalho e se não colaborar. Além disso, devemos pensar a Psicologia do Esporte como uma das ciências do Esporte que sirva como facilitadora do trabalho de preparação e treinamento do atleta. Por isso, esta deve estar integrada ao programa geral de treinamento e deve ser regular e a longo prazo, para que os resultados e transformações sejam acompanhados, percebidos e reflitam nos resultados esportivos visados no treinamento de equipes competitivas.

    Já a aquisição consiste em estratégias e técnicas para a aprendizagem, encontros formais e informais, na qual adaptam-se estratégias a um problema ou situação que o atleta está vivendo. A última etapa, a intervenção prática propriamente dita, tem os objetivos de automatizar as habilidades por meio da superaprendizagem, ensinar as pessoas a integrarem sistematicamente habilidades psicológicas em situações de desempenho e simular as habilidades que se deseja aplicar na competição real e em situações de jogo ou competição.

    Embora seja um processo contínuo, aprender, praticar e integrar novas habilidades mentais exige todo um tempo. O esporte específico, o tempo disponível, as habilidades mentais e o comprometimento dos participantes são fatores que determinam quanto tempo deve ser destinado ao programa de treinamento.

    A tabela abaixo ilustra o que um programa de treinamento de habilidades Psicológicas bem feitas pode desenvolver (WEINBERG e GOULD, 2001, p. 263):

Tabela 01. Tabela de habilidades psicológicas que podem ser desenvolvidas em programas de THP, encontrada em WEINBERG e GOULD (2001, p. 263)

    Vealey (Citado em Weinberg e Gould, 2001) cita que essas habilidades refletem áreas de crescimento pessoal e melhora do desempenho. As habilidades fundamentais são as habilidades pessoais básicas, como auto-estima; elas preparam o terreno para habilidades relacionadas ao desempenho. Por último, as habilidades facilitadoras concentram-se em crescimento e mudança para auxiliar as pessoas a obterem controle de suas vidas, tanto dentro como fora do esporte.

    Os objetivos do trabalho psicológico devem ser facilmente entendidos e definidos em termos claros. Essas definições esclarecem o objetivo e os resultados esperados, e proporcionam uma base clara para se planejar como alcançar os objetivos e avaliar o quanto as estratégias foram efetivas nas metas de realização. Segue a tabela abaixo que mostra um exemplo de habilidades psicológicas, objetivos e resultados (WEINBERG e GOULD, 2001, p. 264):

Tabela 02. Tabela com exemplos de trabalhos com desenvolvimento de habilidades psicológicas, com seus 

objetivos e alguns possíveis resultados, encontrada em WEINBERG e GOULD (2001, p. 264).

    Por fim, para realizar o treinamento de habilidades psicológicas em competidores, é necessário estar ciente de um planejamento, possuir uma boa preparação interventiva e firmar compromissos com os envolvidos. Afinal o objetivo principal é ajudar indivíduos a atingirem seus potenciais dentro e fora do mundo dos esportes. Outro aspecto importante é o da constante avaliação, flexibilidade e adaptação no planejamento para que os objetivos e metas estejam sempre revisados e permitam que o atleta observe seus rendimentos, suas potencialidades e saiba desenvolver outras habilidades para suprir suas limitações ou demandas na carreira esportiva. A seguir, apresentamos as características do grupo e os procedimentos desenvolvidos com a equipe mencionada neste paper.

Método

Procedimentos metodológicos

Sujeitos

Grupo de Treinamento

    O encontro com o grupo de treinamento se dividiu em dois dias, um grupo de 11 a 13 anos (grupo 01) e outro de 14 anos em diante (grupo 02). As atividades ocorreram uma vez por semana, antes do início do treino dos pilotos, tendo a duração de uma hora aproximadamente. Em muitas vezes, as dinâmicas eram iguais para ambos os grupos; em outras, adaptadas devido às diferenças de idade e temas a serem desenvolvidos. As dinâmicas com o grupo de treinamento se deram somente no primeiro semestre de 2008, devido à indisponibilidade dos atletas. Em muitos momentos, estes não puderam comparecer pelo fato de terem competições fora da cidade onde treinam ou atividades extras na escola.

Grupo Escolinha (iniciação esportiva)

    O encontro com o grupo escolinha se dividiu em dois dias, um grupo de quartas-feiras e outro de quintas-feiras. As atividades ocorreram uma vez por semana, depois do término do treino dos pilotos, tendo a duração de uma hora aproximadamente. Na maioria das muitas vezes as dinâmicas eram iguais para ambos os grupos, pois tinham idades equivalentes, porém, houve modificações quando necessário. Com este grupo, as intervenções ocorreram a partir do segundo semestre de 2008.

Propostas de atividades de intervenção – alguns exemplos

    Atividade 01: Jogo da Auto-estima

  • Objetivo: Refletir sobre auto-estima e os fatores que a afetam

  • Material: Uma folha e uma caneta por participante

  • Procedimento: Foi dito ao grupo que a folha representa nossa auto-estima – Refere-se ao valor que cada pessoa atribui a si mesmo, o quanto gosta de si própria, o quanto julga merecer da vida – A estagiária leu para o grupo uma serie de frases, pedindo aos participantes que rasgassem um pedaço da sua folha na proporção em que a situação afetasse sua auto-estima. Pediu-se que fosse marcado com o lápis cada pedaço que fosse sendo resgatado, com o numero correspondente a frase lida.

Frases

  1. Você foi cortado de uma competição por mau comportamento.

  2. Seus amigos foram ao cinema e esqueceram de convidá-la (lo).

  3. O professor criticou seu comportamento perante o grupo.

  4. Seus pais disseram que você os envergonha.

  5. Você tirou notas muito baixas na escola.

  6. Um(a) menino(a) que você gosta o esnobou.

  7. Um grupo de colegas zombou de você por causa de sua roupa ou penteado.

  8. Surgiu um boato que sua reputação não e boa.

  9. Sua equipe perdeu um campeonato importante.

  10. Seus tios proibiram seu primo de sair com você por considerá-lo ma companhia.

    Logo em seguida foi pedido ao grupo para reconstruir a folha de papel a partir da nova série de dez alternativas que reforçam a auto-estima, anotando com o lápis o número correspondente às frases lidas (listadas abaixo).

  1. A(o) menina(o) que você gosta, mandou –lhe uma carta de amor. 

  2. Você tirou notas boas na escola. 

  3. Seus pais disseram que você é motivo de orgulho. 

  4. Um colega pediu seu conselho sobre um assunto delicado. 

  5. Você foi escolhido como representante de classe. 

  6. O professor elogiou seu trabalho. 

  7. Sua equipe ganhou uma competição importante. 

  8. Seus amigos elogiaram sua roupa e seu penteado. 

  9. Você foi elogiado pelo técnico em uma competição. 

  10. Seus tios incentivaram seu primo a sair com você por considerá-lo boa companhia.

    Atividade 02: Zoológico

  • Objetivos: Perceber os papéis desempenhados no grupo pelos participantes, avaliar características, possibilidades e dificuldades pessoais.

  • Material: Cartazes com nome de animais e no verso características destes.

  • Procedimento: Foram espalhados os cartazes com o nome dos animais no centro da roda, pedindo que os participantes observassem com atenção, a relação, de modo a identificar-se com um deles a partir das características que julga possuir este animal. Logo em seguida foi conversado sobre o motivo da escolha de cada um, partilhando as características do animal com as quais julgue que se identifica. Caso alguém julgue estar inadequado deve procurar, entre outros animais, onde se encaixa.

Discussão

  • O que descobriu sobre você mesmo?

  • O que chamou a sua atenção no grupo?

  • A escolha de alguém foi surpresa para você?

    Atividade 03: Vídeo - Debate

  • Objetivos: Exercitar a leitura critica dos meios de comunicação, estimular a troca de experiências.

  • Material: Dvd (Quem mexeu no meu queijo), cartelas de papel e canetinhas coloridas

  • Procedimento: Apresentou-se o vídeo, solicitando que o grupo assistisse com bastante atenção. Após a exibição, foi distribuída uma cartela para cada participante e foi solicitado que os mesmos relembrassem um pouquinho do filme. Logo em seguida, pediu-se que sentassem em roda e escrevessem na cartela uma idéia que expresse a compreensão das mensagens transmitidas pelo vídeo.

    Quando terminado, as cartelas foram recolhidas e espalhadas ao centro da roda para que todos possam ver as idéias de todo o grupo. Após visto, as idéias o grupo discutiu sobre o que colocaram na cartela.

Discussões sobre o vídeo:

  • Como enfrentar o medo?

  • Como correr atrás do que queremos?

  • Como não se acomodar com determinadas situações?

  • Como não ter medo de errar e buscar os objetivos?

  • Como inovar e ser crítico?

    Atividade 04: “Dinâmica da vida”

  • Objetivos: Proporcionar de forma descontraída e motivadora autoconhecimento e conhecimento mútuo do grupo, melhorando o auto-relacionamento intergrupal, aproximar as pessoas através da identificação e semelhanças, exercitar o ouvir e falar.

  • Material: Bexigas contendo papeis com frases incompletas no interior, colchonetes e aparelho de som.

  • Duração: Aproximadamente 40 minutos

  • Procedimento: Os integrantes sentaram em circulo, em colchonetes.

    Cada um recebeu 1 bexiga, a qual deveriam encher sem se preocupar com o conteúdo que havia nela. Depois de cheias, os participantes foram convidados a jogar a bexiga do jeito que quiseram ao som de uma musica relaxante. Ao termino da musica estouraram a bexiga e resgataram o papel que havia no seu interior. O participante refletiram pôr alguns minutos sobre as 3 frases incompletas, sendo que duas delas(adoro.... e detesto....) serão comuns para todos.

    Logo depois foi solicitado que um participante do grupo iniciasse o relato das frases escritas e sua reflexão sobre elas, seguindo em seqüência ate o ultimo participante.

    Para finalizar foi feita uma discussão sobre a experiência vivida.

    Atividade 5: “Dinâmica do Feijão”

  • Objetivos: Integração e descontração

  • Material: Um copo cheio de grãos de feijão

  • Tempo de Duração: Aproximadamente 20 minutos

  • Procedimentos: Fez-se uma leitura de uma lista de frases prontas (Vide anexo) para os participantes. Cada frase que eles concordassem, teriam que pegar um grão de feijão e guardar consigo. No fim quem tivesse mais grãos deveria executar uma tarefa proposta pelo grupo.

Lista de Frases

  1. Tenho vergonha de falar em público.

  2. Tenho dificuldade para pedir desculpa.

  3. Tenho dificuldade em olhar no olho das pessoas.

  4. Tenho dificuldade para estudar.

  5. Gosto de tomar banho.

  6. Eu sei ouvir quando os outros estão falando.

  7. Eu sou um(a) bom(boa) filho(a).

  8. Eu ajudo as pessoas.

  9. Eu acredito nas pessoas.

  10. Sou um(a) bom(boa) amigo(a).

  11. Eu jogo lixo no lixo.

  12. Eu entendo que as pessoas são diferentes.

  13. Eu valorizo a escola.

  14. Eu picho a carteira da escola.

  15. Eu colo na prova.

  16. Eu sempre faço lição de casa.

  17. Eu valorizo a escola.

  18. Eu tenho paciência com os outros.

  19. Eu converso durante o treino.

  20. Eu tenho dificuldade em enxergar o que esta escrito na lousa.

  21. Eu gosto de ler.

  22. Eu sou preguiçoso.

  23. Eu gosto de assistir TV.

  24. Eu já soltei um pum fedido na multidão.

  25. Eu gosto de faltar no treino.

  26. Eu já empurrei alguém na hora da competição.

  27. Já tive dificuldade para dormir um dia antes da competição.

  28. Já tive inveja de quem ficou em primeiro lugar.

  29. Já me interessei pela(o) namorada(o) de um(a) amigo(a).

  30. Já assumi que estava errado.

    Atividade 06: Acertando na mosca

  • Objetivos: Integração social, espírito de equipe, concentração e equilíbrio.

  • Material: Caneta, barbante e garrafa plástica.

  • Procedimento: Pede-se que o grupo fique em circulo em pé, coloca-se uma garrafa ao centro(mosca). Cada participante recebe a ponta de um barbante que vai ate o centro da roda, onde e cortado. As pontas centrais são amarradas entre si(teia) e nesse no central pendura-se uma caneta(aranha). O desafio e em um trabalho coletivo de equilíbrio de forças, introduzir a caneta do gargalo da garrafa.

    Atividade 07: Cegos e mudos

  • Objetivos: Fazer com que os pilotos desenvolvam os espíritos de cooperação, e percebam o quanto uns precisam dos outros.

  • Material: Vendas para olhos, fita crepe, cones, 1 caixa de bis

  • Procedimentos: Foi explicado para os participantes que fizessem duplas. Escolhidas as duplas, Um teve que vendar os olhos e o outro tapar a boca. Os atletas tiveram que realizar um percurso desviando de cones onde teriam que recolher chocolates. Mas somente o que estava “cego” poderia pegar e o “mudo” teria que guiar se comunicando sem usar a fala.

    Atividade 08: Cooperação X Competição

  • Objetivos: Desenvolver o espírito de competição de modo que consigam trabalhar a cooperação em grupo e desenvolver empatia pelo outro.

  • Material: Cartolina, canetinhas e barbante.

  • Procedimento: Os participantes foram divididos em dois grupos. Logo depois cada grupo foi orientado a se amarrarem todos por um pedaço grande de barbante. Cada grupo recebeu também, uma cartolina, duas cores de canetinhas diferentes, e giz de cera diferente. Após receberem o material, os grupos foram instruídos a construir um desenho, onde todos deveriam participar porem tinham que usar as cores do Brasil, sendo que cada grupo possuía duas delas. Tiveram dez minutos para terminar a atividade e depois discutir o que cada um sentiu.

Resultados e considerações finais

Figura 02. Atletas de bicicross em evento realizado em 2008.

Fonte: Arquivo pessoal (Denise Pimentel Lima – dezembro/ 2008)

Grupo de Treinamento

    O trabalho realizado com o grupo de treinamento teve um grande desenvolvimento durante o ano, pois mostrou a dificuldade dos atletas de superar seus medos e suas angústias em relação aos meios que vivem. Este passo já é um grande começo para o crescimento no esporte a na vida, pois quando identificados podem refletir sobre como superar desafios que virão ao longo do tempo, porém, pode ser aprofundado para que melhorem a qualidade da saúde mental.

    Os pontos positivos do grupo citado pelos participantes foram: desenvolvimento na cooperação de grupo, melhor convivência como pessoa e como atleta, melhora do lado psicológico do individuo, auto estima e segurança. Alguns também citaram o modo de aprender coisas novas através de brincadeiras.

    Os pontos a desenvolver, seria um maior interesse do grupo de treinamento de bicicross, os quais dentre deles poucos vieram conhecer o grupo, mas os que estiveram presentes foi verificado o pequeno numero de faltas; também o pouco número de vezes das atividades realizadas, pois prefeririam que fosse mais de uma vez por semana; a limpeza da sala utilizada; e a duração do evento, considerada pouca por alguns atletas.

Grupo Escolinha

    A partir do trabalho feito para desenvolver habilidades sociais em pilotos que estão iniciando a modalidade de bicicross, pode-se perceber que os objetivos foram atingidos, dentre todos os fatores.

    Pode-se observar que o convívio em grupo ajudou e favoreceu para que esses de atletas se sentissem mais seguros ao realizar algumas atividades, tanto nos treinos e competições, quanto em algumas situações vividas fora desse contexto.

    Quando se comparar às peculiaridades de um grupo como o observado neste trabalho pode se ressaltar que no inicio, todos chegam trazendo o que e seu, desconfiados, apreensivos, alegres, interessados, observadores, tímidos, distraídos, esperançosos, temerosos, resistentes, etc. Logo foram se aproximando em busca de algo, cada um com seu jeito, sua historia de vida, seu temperamento. Um grupo se forma quando todos encontram nele o seu lugar, garantindo a cada um sua importância, seu significado. (Serrão e Baleeiro, 1999).

    Porém ao final do trabalho pode-se observar a diferença nas atitudes de, por exemplo, respeitar os limites do outro durante o grupo e também no treino, aumento da auto-estima e maior segurança para se expor na frente dos colegas.

    Assis e Avanci (2004), afirmam que pessoas significativas para a criança e o adolescente tomam lugar de destaque na formação da auto-estima, em especial pais, professores e amigos.

    Nota-se que ouve uma melhora do grupo, assim percebeu-se que desde o inicio do trabalho que pertencer a um grupo e sentir-se valorizado por seus pares, facilita o relacionamento consigo mesmo, fortalece a auto-estima e prepara o individuo para a convivência em diferentes contextos (Serrão e Baleeiro, 1999).

    Desta forma foi de extrema importância valorizar os poucos momentos de reflexão e discussão feitos pelos participantes e procurar planejar atividades mais lúdicas onde pudessem minimamente sentir-se mais motivados e aptos a obedecerem a regras básicas de funcionamento grupal. Nesse sentido é que se mostrou tão importante o trabalho com estes atletas. Porém pode-se dizer que o trabalho com estes alunos foi concluído com sucesso, pois ao longo do tempo estes pilotos conseguiram perceber, com o auxilio da estagiária, que este movimento apenas os afastava da possibilidade de viver relações inteiras e sadias e assim puderam finalmente estabelecer vínculo e confiança com a mesma.

    Visto que conseguiram desenvolver tal vinculo com a estagiaria é possível pensar que estes atletas, num raciocínio transferencial, também seriam capazes de viver estas relações em outros âmbitos de suas vidas e, portanto, conquistando a possibilidade de construir relações mais estáveis.

    Pode-se dizer que a avaliação feita pelos participantes no último encontro mostrou que estes pilotos reconheceram o trabalho desenvolvido, como sendo um aprendizado de extrema importância, em que puderam agradecer pelos bons e difíceis momentos, ressaltando a dedicação, o esforço, a sinceridade e a paciência da estagiária. Enfatizaram também que tal aprendizado será lembrado por eles por toda a vida.

    Desse modo os atletas do Paulínia Racing Bicicross, juntamente com o programa de habilidades sociais e psicológicas, na figura do psicólogo, desenvolveram um ambiente onde foi permitida a expressão das questões pessoais sob as mais variadas formas. Este seria o maior trunfo para o crescimento do grupo, além de firmar o compromisso com a confiança e empatia, sentido de pertença e espírito de equipe, fortalecendo as relações interpessoais.

    Alguns aspectos podem também ser destacados para o prosseguimento do trabalho, tais como desenvolver mais estas relações e fazer com que os pilotos do Paulínia Racing Bicicross possam criar vínculos com os profissionais da equipe multidisciplinar, presente no ambiente do treinamento (psicóloga, fisioterapeuta, comissão técnica, funcionários, colegas de equipe e familiares), de modo que estes possam desenvolver um trabalho integrado e em equipe, além de proporcionar mais educação e qualidade de vida.

Figura 03. Equipe em momento de concentração antes das competições.

Fonte: Arquivo pessoal (Denise Pimentel Lima – setembro/ 2008)

    Outro aspecto importante que convém destacarmos é a construção de um espaço apropriado, para a promoção dos atendimentos mais individualizados e reuniões com os grupos. Este espaço encontra-se em construção e poderá permitir que os pilotos possam participar mais dos grupos de psicologia, tendo a privacidade respeitada e confiada ao profissional de psicologia. Este aspecto é de fundamental importância para o bom andamento deste programa. Finalizamos, destacando os aspectos positivos e excelentes prognósticos a respeito de quão importantes são os trabalhos como estes, uma vez que podem ser integrados às rotinas de treinamentos e ao ambiente técnico-esportivo.

Referenciais bibliográficos

  • Assis, S. G.; Avanci, J. Q. (2004). Labirinto de espelhos: formação da auto-estima na infância e na adolescência. Rio de Janeiro: Fiocruz.

  • Balbino, H.F.; Winterstein, P.J. (2008). A atuação de técnicos de seleções nacionais de modalidades coletivas: elementos indicadores para um estudo sobre excelência do esporte. Revista Conexões, Campinas, v.06, n. especial.

  • Del Prette, A.; Del Prette, Z. A. P. (2003). Habilidades sociais, desenvolvimento e aprendizagem: Questões conceituais, avaliação e intervenção. Campinas, SP: Alínea.

  • Marturano, E. M.; Silva, A T. (2002). Práticas Educativas e problemas de comportamento: uma análise a luz das habilidades sociais. Estudos de Psicologia 2002, 7(2), 227-235.

  • Serrão, M. e Baleeiro M. C. (1999). Aprendendo a ser e a conviver. Cap. 2 e 3 Editora: FTD, São Paulo.

  • Weinberg, R. S.; Gould, D. (2001). Fundamentos da Psicologia do Esporte e do Exercício- 2 ed. - Porto Alegre: Artmed.

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