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Características antropométricas e psicológicas competitiva de 

jovens praticantes de atletismo associadas ao desempenho motor

Características antropométricas y psicológicas competitivas de jóvenes 

practicantes de atletismo vinculadas con el rendimiento motor

Anthropometric and psychological competitive characteristics in
youngsters who practice athletics related to motor performance

 

*Programa de Pós-Graduação em Educação Física

Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina - SC

**Instituto Federal de Educação, Ciência, Tecnologia do Rio de Janeiro, Paracambi - RJ

***Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro - RJ

(Brasil)

Vladimir Schuindt da Silva*

Israel Souza**

Paulo Eduardo Carnaval Pereira da Rocha***

vladimirschuindt@hotmail.com

 

 

 

Resumo

          O presente estudo objetiva associar características antropométricas e psicológicas competitiva ao desempenho motor de praticantes de atletismo Pré-Mirins de ambos os sexos, participantes do projeto “Suderj em Forma”. Para tanto, coletou-se medidas antropométricas (massa corporal, estatura, envergadura, diâmetros ósseos, espessuras de dobras cutâneas, perimetrias e segmentos corporais), de perfil psicológico competitivo (Sport Competition Anxiety Test - Escala de Ansiedade-Traço Competitiva -SCAT e Lista de Sintomas de “Stress” Pré-Competitivo Infanto-Juvenil - LSSPCI) e de desempenho motor (arremesso de bola medicinal, impulsão horizontal, testes do quadrado, de sentar e alcançar, e de corridas de 20m e de 9’) de 13 jovens de 8 a 10 anos de idade (8,63). Para análise dos dados, utilizou-se o teste de correlação de Spearman (p<0,1) para verificar a associação entre as variáveis antropométricas e psicológicas competitiva ao desempenho motor. Foram observadas correlações significativas entre algumas das características antropométricas (perimetrias de tórax, cintura, quadril, coxa, braço relaxado e braço flexionado e contraído, segmento corporal de coxa, espessuras de dobras cutâneas de tríceps e supra-espinhal) ao desempenho motor (arremesso de bola medicinal, impulsão horizontal, teste do quadrado, corridas de 20m e de 9’). A variável psicológica competitiva LSSPCI apresentou correlação significativa com a impulsão horizontal e o teste de corrida de 9’.

          Unitermos: Antropometria. Desempenho motor. Aptidão física

 

Abstract

          This study aims to relate anthropometric and psychological competitive characteristics to motor performance in both male and female athletics Pré-mirim practioners, who participate in the project " Suderj em Forma". To do so, it was collected anthropometric measurements (body mass, height, stretch, bone diameters, skinfold thickness, circumferences and body segments), competitive psychological profile (SCAT – Sport Competition Anxiety Test – and LSSPCI – List of Symptoms of Infant-juvenile Pre-competitive Stress) and motor performance (medicinal ball throw, horizontal impulse, square tests, sitting and reaching, and 20 m and 9 min run tests) from 13 youngsters – 8 to 10 years old (8,63). To analyse those data, the Spearman's Rank Correlation Test (p<01) was used to verify the relation of anthropometric and psychological competitive variables with motor performance. Significant correlation between anthropometric characteristics (torax, waist, hip, thigh, relaxed arm, and inflected and contracted arm circumference, body segment of the thigh, skinfold thicknesses of the triceps and supraspinal) and motor performance (medicinal ball throw, horizontal impulse, square test, 20 m and 9 min run tests) were observed. The psychological competitive variable LSSPCI has shown significant correlation with horizontal impulse and 9 min run test.

          Keywords: Anthropometry. Motor performance. Physical fitness

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 138 - Noviembre de 2009

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Introdução

    O atletismo é uma atividade física integrada por movimentos naturais, como a corrida, o salto e o lançamento. As características das provas que compõem o atletismo possibilitam que diferentes padrões morfológicos tenham possibilidade de alcançar sucesso na sua prática, tornando-se desta forma uma das modalidades mais praticadas no Brasil e no mundo. Sendo o esporte no Brasil com maior número de medalhas conquistadas em Olimpíadas e Jogos Pan-Americanos. Os pioneiros do esporte organizados no Brasil foram os ingleses e alemães radicados no país1.

    Alguns trabalhos foram feitos com atletas de atletismo, a fim de estabelecer o perfil desta modalidade, em algumas provas, níveis e categorias. Duas vertentes têm chamado mais a atenção dos pesquisadores. Uma está voltada para a área antropométrica evidenciando os aspectos somáticos, avaliando-se as dimensões e as proporções corporais exteriores. E a outra tem procurado olhar na direção do desempenho propriamente dito, analisando-se testes voltados à aptidão física, fatores físicos (condição física geral e específica) e o perfil psicológico competitivo (“stress”, ansiedade)2,3, que neste último, por exemplo, através do conhecimento dos aspectos relacionados à ansiedade competitiva e o “stress” pré-competitivo infanto-juvenil, se esclarecem determinados comportamentos dos envolvidos nas atividades relacionadas ao atletismo e suas implicações aos fatores intervenientes ao rendimento esportivo.

    Sendo assim, o presente estudo objetiva associar características antropométricas e psicológicas competitiva ao desempenho motor de jovens praticantes de atletismo Pré-Mirins de ambos os sexos. Tendo como relevância e justificativa a necessidade de expandir estudos no que diz respeito à iniciação e a prática do atletismo.

Procedimentos metodológicos

Sujeitos da pesquisa

    A pesquisa em questão tratou-se de um estudo piloto, realizado em abril de 2008, sendo a amostra selecionada por conveniência, composta por 13 praticantes de atletismo Pré-Mirins (até 12 anos), de acordo com as normas da Confederação Brasileira de Atletismo, sendo 7 meninos e 6 meninas, de 8 a 10 anos de idade (média de 8,63 anos) participantes do projeto “Suderj em Forma”, no Centro Nacional de Treinamento de Atletismo Caixa do Rio de Janeiro - Estádio Célio de Barros, Complexo Esportivo do Maracanã, na cidade do Rio de Janeiro/RJ - BR.

    Os participantes do projeto possuem um tempo de prática de seis meses e rotina de treino de duas vezes por semana. Como critérios de inclusão à participação no projeto têm-se: a apresentação de atestado médico de boas condições de saúde e autorização do responsável, e o de exclusão: exceder em 25% de faltas ao treinamento, em período compreendido de trinta dias.

    Os pais ou, ainda, os responsáveis pelos sujeitos, após serem esclarecidos sobre as finalidades do estudo e os procedimentos aos quais os participantes seriam submetidos, assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, em conformidade com as instruções contidas na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde para estudos com seres humanos, do Ministério da Saúde.

Antropometria

    As seguintes medidas foram coletadas: massa corporal (MC), obtida em uma balança digital, da marca Filizola®, com precisão de 0,1kg, estatura e envergadura determinadas, a primeira por meio de um estadiômetro compacto tipo trena da marca Sanny®, e a segunda por meio de fita métrica da marca Sanny®, ambas com precisão de 0,1cm. Os comprimentos de segmentos corporais de braço, antebraço, coxa e de perna, obtidos por meio de um segmômetro da marca Cescorf® com precisão de 0,1cm. As perimetrias de ombros, braço relaxado, braço flexionado e contraído, tórax, cintura, abdômen, quadril, coxa e perna, obtidas por meio de fita métrica da marca Sanny® com precisão de 0,1cm, conforme os procedimentos descritos por Gordon et al 4. Todos os indivíduos foram medidos e pesados descalços, com roupa de banho.

Composição corporal

    A composição corporal foi determinada pela avaliação da espessura das dobras cutâneas (EDC) tricipital e perna. Para tanto, três medidas foram obtidas, em cada ponto anatômico, por um único avaliador, de forma rotacional, por meio de um adipômetro da marca Cescorf®, com precisão de 0,1mm, seguindo as padronizações descritas por Harrison et al 5. Todas as medidas foram coletadas no hemicorpo direito, sendo registrado o valor mediano, com o coeficiente teste-reteste excedendo 0,95 para cada um dos pontos anatômicos, com erro de medida de no máximo 5%. Para efeito de estimativa do percentual de gordura utilizou-se a equação de Slaughter et al 6.

Somatotipo

    Os indicadores somatotípicos necessários para o cálculo dos três componentes do somatotipo incluíram a estatura, a massa corporal, os diâmetros ósseos bi-epicondiliano de úmero e bi-condiliano de fêmur, sendo esses dois últimos aferidos por meio de um paquímetro da marca Cescorf® com precisão de 0,1mm, além dos perímetros de braço flexionado e contraído e de perna e as espessuras de dobras cutâneas tricipital, subescapular, supra-espinhal e de perna4-7, segundo procedimento de Heath e Carter8.

Desempenho Motor

    Para análise do desempenho motor foi utilizada uma bateria composta por seis testes: Arremesso de bola medicinal (ABM), Impulsão horizontal (IH), Teste do quadrado (TQ), Teste de sentar e alcançar (TSA), Corrida de 9 minutos (C9’) e Corrida de 20m (C20), de acordo com o manual de aplicação de medidas e testes, normas e critérios de avaliação/Projeto Esporte Brasil© - PROESP-BR - Julho 20079.

Perfil Psicológico Competitivo

    O perfil psicológico competitivo dos indivíduos foi avaliado por dois questionários: Escala de Ansiedade-Traço Competitiva (SCAT) e a Lista de Sintomas de “Stress” Pré-Competitivo Infanto-Juvenil (LSSPCI).

Sport Competition Anxiety Test

    O questionário Escala de Ansiedade-Traço Competitiva (SCAT) desenvolvido por Martens10, traduzido e adaptado para amostras brasileiras, constitui-se de 15 afirmativas, de caráter recordatório, relacionando sintomas e possíveis sensações apresentados antes de uma competição. A análise das respostas é realizada mediante a avaliação de somente 10 afirmativas. Ao final, somam-se os pontos marcados por cada atleta, e obtém-se uma escala que varia de 10 a 30 pontos.

Lista de Sintomas de “Stress” Pré-Competitivo Infanto-Juvenil

    O instrumento proposto para a identificação dos sintomas de “stress” pré-competitivo infanto-juvenil (instrumento recordatório referente ao período de 24 horas antes de uma competição ao qual o indivíduo tenha participado) é denominado Lista de Sintomas de “Stress” Pré-Competitivo Infanto-Juvenil - LSSPCI, que apresenta 31 sintomas. O computo da escala pode ser feito utilizando a soma dos itens ou média. Tal instrumento foi desenvolvido para amostras brasileiras e pode ser considerado válido e fidedigno. Quanto maior a pontuação maior a percepção dos sintomas de stress11.

Comentários sobre as escalas

    Embora a literatura informe que a utilização do LSSPCI com atletas mais jovens carece de estudos mais aprofundados11, ressalta-se que no presente estudo todos os atletas eram alfabetizados, e dispunham de leitor caso não compreendessem algum item. Ademais, os cálculos de fidedignidade, com a utilização do alfa de Cronbach (consistência interna), do instrumento revelou um alfa de 0,903 considerado como excelente. Apenas os itens 7, 8 e 9, caso fossem eliminados acarretariam um aumento discreto da fidedignidade (para 0,904; 0,904 e 0,907 respectivamente). Com relação a validade, as correlações item-total se mostraram significativa para 27 dos 31 itens (variando de 0,348 a 0,745), os itens cuja correlação não foi significativa foram os itens 7, 8, 18 e 27. Sugere-se estudos de validação com a técnica de Análise Fatorial, que não pode ser aplicada nesta amostra devido ao tamanho reduzido.

    Semelhantemente, no SCAT obteve-se valores de alfa de 0,772, caso os itens 6 e 11 fossem eliminados a consistência aumentaria para 0,794 e 0,781 respectivamente. Dos 10 itens 8 apresentaram correlação significativa com o total (variando de 0,414 a 0,790) apenas os itens 6 e 11 não foram significativos. Assim como no LSSPCI, sugere-se estudos de validação com a técnica de Análise Fatorial, que não pode ser aplicada nesta amostra devido ao tamanho reduzido.

    No entanto, estes resultados parciais sugerem a adequação de ambos os instrumentos a indivíduos menores de 10 anos e alfabetizados.

Tratamento estatístico

    Após a realização do teste de normalidade de Shapiro-Wilk, utilizou-se estatística descritiva, com valores de média, desvio-padrão (DP), mínimo e máximo, para a caracterização da amostra. Em seguida, verificou-se a associação das variáveis antropométricas e psicológicas competitivas com as de desempenho motor com a utilização do teste de correlação de Spearman, com nível de significância adotado de 0,10.

Resultados

    Os resultados descritivos das características antropométricas de praticantes de atletismo Pré-Mirins são apresentados a seguir na tabela 1, em valores de média, desvio-padrão (DP), mínino e máximo.

Tabela 1. Características antropométricas de praticantes de atletismo Pré-Mirins (n= 13).

Variáveis

Média

DP

Mínimo

Máximo

MC (kg)

033,22

011,07

022,30

062,00

Estatura (m)

001,37

000,07

001,27

001,50

Envergadura (m)

001,36

000,09

001,21

001,53

Percentual de Gordura

024,00

010,53

015,24

053,98

Endomorfia

004,48

002,08

002,19

008,53

Mesomorfia

003,92

001,29

002,34

006,69

Ectomorfia

003,17

001,57

000,10

005,51

Perimetrias (cm)

Ombros

076,94

008,06

064,50

096,00

Tórax

066,80

009,41

054,80

089,00

Cintura

059,37

009,75

050,50

084,50

Abdômen

062,68

011,24

051,50

090,00

Quadril

071,35

013,07

057,00

097,00

Coxa

036,24

005,67

030,00

050,00

Perna

027,03

003,35

022,70

035,30

Braço relaxado

019,05

003,24

015,00

027,00

Braço flexionado e contraído

020,75

003,52

016,60

028,80

Antebraço

018,84

002,57

015,20

025,00

Comprimentos de Segmentos Corporais (cm)

Braço

022,82

001,29

021,00

025,70

Antebraço

019,82

001,55

017,70

022,70

Coxa

031,86

003,28

027,50

037,60

Perna

032,37

002,79

028,60

036,00

Diâmetros Ósseos (cm)

Bi-epicondiliano

005,41

000,61

004,50

007,00

Bi-condiliano

008,20

000,87

007,20

009,80

Espessura de Dobra Cutânea (mm)

Tríceps

013,11

007,18

003,10

030,00

Subescapular

012,77

009,29

005,80

033,40

Supra-espinhal

012,50

007,69

004,50

028,90

Perna

012,61

007,94

005,80

036,50

    Na tabela 2, são apresentados os escores obtidos pelos praticantes de atletismo Pré-Mirins nos testes de desempenho motor. As informações são representadas em valores de média, desvio-padrão (DP), mínimo e máximo.

Tabela 2. Desempenho de praticantes de atletismo Pré-Mirins nos testes de desempenho motor (n= 13)

Variáveis

Média

DP

Mínino

Máximo

Arremesso de bola medicinal (cm)

00190,50

027,25

00160,00

00225,00

Impulsão horizontal (cm)

00162,50

034,67

00112,00

00215,00

Teste do quadrado (s)

00007,38

000,92

00006,00

00009,00

Teste de sentar e alcançar (cm)

00031,43

005,25

00025,00

00041,00

Teste de corrida de 20m (s)

00004,92

000,58

00004,00

00006,00

Teste de corrida de 9’ (m)

01353,13

089,72

01210,00

01480,00

    A tabela 3 apresenta as informações dos escores obtidos nas escalas SCAT e na LSSPCI, representadas em valores de média, desvio-padrão (DP), mínimo e máximo.

Tabela 3. Perfil Psicológico Competitivo de praticantes de atletismo Pré-Mirins (n= 13)

Variáveis

Média

DP

Mínino

Máximo

SCAT

20,08

3,23

15,00

26,00

LSSPCI

03,21

0,95

01,58

04,84

    Quando correlacionados os resultados dos testes de desempenho motor com os valores das características antropométricas e do perfil psicológico competitivo dos praticantes de atletismo Pré-Mirins, observou-se que foram significativas, em parte, conforme observado na tabela 4.

Tabela 4. Correlação dos resultados dos testes de desempenho motor entre as medidas 

antropométricas e do perfil psicológico competitivo de praticantes de atletismo Pré-Mirins (n= 13)

Variáveis

ABM

IH

TQ

TSA

C20

C9’

MC (kg)

-0,657

-0,333

-0,064

-0,107

-0,082

-0,429

Estatura (m)

-0,371

-0,119

-0,255

-0,143

-0,218

-0,286

Envergadura (m)

-0,371

-0,119

-0,255

-0,143

-0,218

-0,286

% Gordura

-0,086

-0,571

--0,639*

-0,286

-0,491

-0,024

Endomorfia

-0,600

-0,500

-0,370

-0,357

-0,300

-0,024

Mesomorfia

-0,886**

-0,333

-0,038

-0,107

-0,136

-0,333

Ectomorfia

-0,657

-0,333

-0,409

-0,214

-0,327

-0,024

Perimetrias (cm)

Ombros

-0,600

-0,119

-0,192

-0,071

-0,136

-0,262

Tórax

-0,886**

-0,143

-0,204

-0,036

-0,164

-0,262

Cintura

-0,829**

-0,238

-0,051

-0,071

-0,000

-0,262

Abdômen

-0,543

-0,143

-0,166

-0,357

-0,300

-0,048

Quadril

-0,754*

-0,252

-0,090

-0,000

-0,000

-0,299

Coxa

-0,886**

-0,357

-0,166

-0,143

-0,191

-0,333

Perna

-0,486

-0,357

-0,179

-0,107

-0,109

-0,286

Braço relaxado

-0,886**

-0,143

-0,204

-0,036

-0,164

-0,262

Braço flex. e contr.

-0,943**

-0,252

-0,315

-0,018

-0,316

-0,359

Antebraço

-0,696

-0,192

-0,071

-0,144

-0,041

-0,323

Comprimentos de Segmentos Corporais (cm)

Braço

-0,257

-0,024

-0,006

-0,577

-0,206

-0,287

Antebraço

-0,029

-0,452

-0,013

-0,536

-0,136

-0,143

Coxa

-0,943**

-0,143

--0,626*

-0,000

-0,518

-0,500

Perna

-0,486

-0,347

-0,128

-0,216

-0,137

-0,455

Diâmetros Ósseos (cm)

Bi-epicondiliano

-0,667

-0,157

-0,123

-0,164

-0,152

-0,337

Bi-condiliano

-0,406

-0,216

-0,019

-0,216

-0,096

-0,132

Espessura de Dobra Cutânea (mm)

Tríceps

-0,143

-0,310

---0,562**

-0,571

--0,709*

-0,429

Subescapular

-0,657

-0,228

-0,302

-0,288

-0,343

-0,012

Supra-espinhal

-0,771*

-0,476

-0,255

-0,143

-0,109

-0,119

Perna

-0,086

-0,619

---0,830**

-0,321

-0,573

-0,024

Medidas Psicológicas Competitiva

SCAT

-0,152

-0,586

-0,576

-0,185

-0,056

-0,098

LSSPCI

-0,314

---0,714**

-0,294

-0,393

-0,355

---0,738**

* Significativo ao nível de 0,10; **Significativo ao nível de 0,05.

Discussão

    O presente estudo procurou investigar características antropométricas e de perfil psicológico competitivo associado ao desempenho motor de praticantes de atletismo Pré-Mirins. Os níveis de ansiedade-traço competitiva foram considerados moderados, (Média 20,08) apesar de encontrado nível de ansiedade média alta, quando analisados globalmente de acordo com a escala estabelecida pelo autor do SCAT. Segundo a teoria do U invertido, níveis altos ou baixos de ansiedade podem se traduzir em baixa performance. Pelo computo da escala do LSSPCI, os níveis de stress foram considerados baixos.

    O Stress” competitivo é um assunto controvertido e importante, que merece estudos mais aprofundados, especialmente quando a ele relaciona-se o esporte praticado por crianças e jovens. Neste estudo, houve similaridade, em relação aos resultados às características psicológicas competitiva em pesquisas desenvolvidas por outros autores nacionais e internacionais12-16.

    Diversos autores têm enumerado uma série de atribuições e variáveis que caracterizam o estado psicológico ótimo de um atleta17,18. Além disto, Williams19 refere investigações pioneiras, que através de testes e objetos padronizados, analisaram as características psicológicas que distinguem os atletas que triunfam daqueles que não o conseguem. Segundo Spielberger citado por De Rose Junior20 a ansiedade pode ser caracterizada como um sentimento subjetivo de apreensão e tensão, que provoca um medo geral no indivíduo, além de reações somáticas, psicológicas, psicomotoras e sociais.

    Em relação aos testes de desempenho motor, o arremesso de bola medicinal apresentou correlação positiva e significativa com a mesomorfia e a dobra cutânea supra-espinhal, indicando que indivíduos com a predominância deste componente somatotípico tendem a possuir um melhor resultado neste teste, muito embora a espessura de dobra cutânea supra-espinhal, que denota uma tendência de concentração de gordura corporal aumentada, também se encontrou correlacionada positivamente e de forma significativa.

    Foram encontradas ainda correlações positivas e significativas entre o arremesso de bola medicinal e as variáveis antropométricas de perimetria de tórax, cintura, quadril, coxa, braço relaxado, braço flexionado e contraído e o comprimento de segmento corporal de coxa, apesar do fato de que as medidas antropométricas mais prováveis à uma associação direta a este teste seriam as relacionadas ao tórax e membros superiores. Isso parece estar relacionado ao processo maturacional de crescimento. O crescimento e desenvolvimento são aspectos que podem ser utilizados para descrever as alterações que ocorrem no corpo, que tem início na concepção e continuam até a idade adulta21. Durante esses processos são geradas mudanças orgânicas, principalmente no período da adolescência, sendo caracterizado pelas alterações no aspecto corporal, fisiológico e maturacional.

    O teste do quadrado apresentou correlação positiva e significativa com o percentual de gordura e as EDC de tríceps e perna, indicando, assim, que quanto maior forem as medidas destas variáveis maior será o tempo para realização do teste do quadrado. Ainda, no teste do quadrado, o mesmo apresentou uma correlação negativa e significativa com a medida de comprimento de segmento corporal de coxa, indicando que indivíduos com maior segmento corporal de coxa apresentam melhor desempenho no teste do quadrado (menor tempo de execução do teste), provavelmente devido a uma maior amplitude de passada alcançada durante a execução do referido teste.

    A corrida de 20m apresentou correlação positiva e significativa com a medida de dobra cutânea de tríceps onde o melhor desempenho no teste de velocidade pôde ser explicado através de um valor da EDC, sendo esta uma medida indicadora de adiposidade corporal, que entendendo a velocidade como valência física a qual se põem como um dos fatores determinantes na prestação, tanto nos desportos cíclicos como acíclicos, que na capacidade máxima de deslocamento do corpo no seu conjunto assenta na capacidade que o indivíduo manifesta de realizar também deslocamentos segmentares muito rápido, quanto mais baixo a adiposidade corporal melhor será o gesto em si1.

    O desempenho nos testes de impulsão horizontal e na corrida de 9’ apresentaram correlação positiva significativa com o escore obtido na LSSPCI, assim os indivíduos com melhor desempenho nos referidos testes foram àqueles que percebiam com maior intensidade os sintomas de “stress”. Pode-se compreender tal relação ao levar em consideração que, nestes indivíduos os sintomas de “stress” indicaram uma compreensão das provas competitivas de forma mais desafiadoras e por este motivo procuraram se empenhar o máximo possível na obtenção de um melhor desempenho, no entanto, os treinadores devem atentar para o fato desses praticantes poderem a vir apresentar estresse agudo e crônico22.

Conclusão

    Os resultados evidenciados no presente estudo indicam associação entre algumas medidas antropométricas e de características psicológicas competitiva com escores de desempenho motor de praticantes de atletismo Pré-Mirins. Existe um considerável interesse em identificar as características físicas, psicológicas, funcional-motor, entre outras, associadas com o sucesso em diversas modalidades esportivas, e então da mesma forma identificar estas características em crianças e adolescentes que possuem potencial para o sucesso.

    Em relação ao perfil psicológico competitivo, a ansiedade e o “stress” competitivo, são de suma importância investigá-las para o desenvolvimento/aprimoramento do esporte competitivo e ainda estabelecer a relação com outras variáveis psicológicas (autoconfiança, atenção e negativismo) com o rendimento. Dessa forma, associar características antropométricas e de perfis psicológicos competitivo ao desempenho motor através de novos estudos permitirá a obtenção de maiores esclarecimentos e contribuições para um melhor entendimento dos fatores que interferem no esporte, principalmente no esporte competitivo infanto-juvenil.

    Embora considerando as limitações de um estudo de corte transversal, dentre elas a falta de controle em relação ao perfil sócio-demográfico, a pouca familiaridade com os testes de desempenho motor por parte dos avaliados entre outras, ainda sim, os resultados obtidos serviram para avaliar o perfil de praticantes de atletismo Pré-Mirins. Entretanto sugerem-se que este estudo seja continuado e que variáveis adicionais sejam investigadas, tais como a maturação sexual, entre outras.

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