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Potência e capacidade anaeróbia de estudantes universitários

Potencia y capacidad aeróbica de estudiantes universitarios

 

*Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC

**Laboratório de Esforço Físico - LAEF/UFSC

(Brasil)

Rubens José Babel Junior* **

rubao_babel@yahoo.com.br

Fabia Rosa* **

fabia_rosa@hotmail.com

Fábio Schmidt Reibnitz*

fsreibnitz@hotmail.com

Fernanda Cacciatori*

fernanda.cacciatori@gmail.com

 

 

 

Resumo

          Em esportes intermitentes ou de curta duração, uma máxima velocidade num espaço curto de tempo (sprints e tiros curtos) pode ser decisivo para o sucesso nesses esportes, visto que determinadas ações, dependem do metabolismo anaeróbio. Em adição, durante tais exercícios, a ressíntese muscular de ATP deve ser realizada rapidamente para prevenir a fadiga e manter a contração muscular. Um bom desempenho nessas tarefas depende de duas variáveis, a potência e a capacidade anaeróbia (aptidão anaeróbia). A capacidade anaeróbia (CAn) de um indivíduo representa a capacidade de regenerar ATP a partir de fonte não mitocondriais, ou seja, através dos sistemas alático e glicolítico e se refere principalmente à capacidade recuperativa do sistema. Já a potência anaeróbia (PAn) reflete a máxima velocidade de execução de um dado trabalho representando predominantemente a velocidade de produção de energia pelo sistema alático. Para a avaliação da aptidão anaeróbia podem ser realizados testes de campo que tem como característica a quantificação e a comparação da performance atlética durante séries de exercício de alta intensidade O objetivo do nosso estudo foi verificar a potência e a capacidade anaeróbia de estudantes do curso de Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina. Participaram do estudo 9 alunos voluntários (5 homens e 4 mulheres;idade 22+1,8 anos; 65,7 kg + 9.9 kg; 171,6 cm + 10,7 cm; 22,2 kg.m-2 + 1,6 kg.m-2 índice de massa corpórea) estudantes do curso de educação física da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).O protocolo do teste consiste em sete sprints máximos de 34,2m. Cada sprint é realizado com mudança de direção, havendo um período de recuperação de 25s, onde o atleta deve se posicionar para uma nova largada. Para determinação da potência anaeróbia foi utilizado o melhor tempo (MT) dos 7 sprints. Já para determinação da capacidade aeróbia foram utilizados o tempo médio (TM) dos 7 sprints e o índice de fadiga (IF), que são calculados pela equação proposta por Fitzsimons et al.(1993). Um indivíduo apresenta uma boa PAn quando, comparado ao grupo, ele possui o menor melhor tempo, demonstrando que seu sistema anaeróbio alático é mais eficiente do que os demais, fazendo com que ele consiga realizar os sprints de curta duração com uma maior velocidade. A capacidade anaeróbia é representada pelo IF, TM e ST, quanto menor for o IF do sujeito mais eficiente é seu sistema anaeróbio lático. Porém, se o IF for analisado isoladamente pode não ser o índice que melhor avalia a CAn, pois se o indivíduo possui uma boa PAn a diferença do seu MT e do pior tempo será muito grande, fazendo com que seu IF seja mais alto. Desta forma, para se avaliar a CAn, os índices de TM e IF devem ser analisados conjuntamente. Visto isso, o principal resultado encontrado foi que os homens possuem uma melhor CAn e PAn que as mulheres. A diferença entre a produção de força muscular entre homens e mulheres pode ser explicada pelo fato de as mulheres possuírem uma menor área de secção transversa comparadas aos homens, este evento deve-se a menor concentração de testosterona nas mulheres quando comparada aos homens. Tendo em vista que a testosterona é um dos principais hormônios responsáveis pela hipertrofia muscular, que ocorre nas fibras do tipo II.

          Unitermos: Potência anaeróbia. Capacidade anaeróbia. Ressíntese de ATP (Adenosina trifosfato)

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 133 - Junio de 2009

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Introdução

    Em esportes intermitentes ou de curta duração, uma máxima velocidade num espaço curto de tempo (sprints e tiros curtos) pode ser decisivo para o sucesso nesses esportes, visto que determinadas ações, como uma arrancada no futebol, uma corrida de aceleração, ou numa corrida de 100 metros utiliza-se grande parte do metabolismo anaeróbio (BANGSBO, 1994; POWERS & HOWLEY, 2005). Em adição, durante tais exercícios, a ressíntese muscular de ATP deve ser realizada rapidamente para prevenir a fadiga e manter a contração muscular (Robergs & Roberts, 2002).

    Para possuir um bom desempenho nessas tarefas é necessária uma boa aptidão anaeróbia, e esta é dependente de duas variáveis, a potência e a capacidade anaeróbia. A capacidade anaeróbia (CAn) de um indivíduo representa a capacidade de regenerar ATP a partir de fonte não mitocondriais (Robergs & Roberts, 2002), ou seja, através dos sistemas alático e glicolítico e se refere principalmente à capacidade recuperativa do sistema. Já a potência anaeróbia (PAn) reflete a máxima velocidade de execução de um dado trabalho representando predominantemente a velocidade de produção de energia pelo sistema alático (BISHOP;LAWRENCE;SPENCER, 2003).

    Atualmente, está bem estabelecido que durante a realização de exercício contínuo de alta intensidade o ATP (adenosina trifosfato) é ressíntetizado predominantemente pela glicólise anaeróbia, tornando a produção de ATP limitada e diminuindo a capacidade de sustentar o exercício de alta intensidade com conseqüente aparecimento de fadiga muscular causada pelo acúmulo de metabólitos, tais como, ADP (adenosina difosfato), Pi (fosfato inorgânico) e H+. Quando o exercício é realizado de forma intermitente, há um importante aumento da contribuição do metabolismo oxidativo no fornecimento de energia, aumentando o tempo de exaustão, diminuindo a produção de lactato (DENADAI; SILVEIRA, 2002; LIMA-SILVA et al., 2007).

    A capacidade de manter repetições em máximas velocidades depende em parte do metabolismo da creatina -fosfato (ATP-CP) e do tamponamento do íon H+, visto que uma grande demanda de ATP em uma velocidade muito rápida é utilizada. Porém os estoques intramusculares de ATP são esgotados em aproximadamente 1 ou 2 segundos, sendo necessária uma ressíntese de ATP muito rápida, utilizando-se assim dos sistemas ATP-CP e anaeróbio lático (Bishop;Lawrence;Spencer, 2003). Um sucessivo aumento na concentração muscular de H+ em uma seqüência de séries de exercícios de alta intensidade pode interferir na glicólise, pois a diminuição no pH possui um efeito inibitório tanto na fosforilase quanto na fosfofrutoquinase (PFK), que são consideradas as enzimas-chave reguladoras dos processos de glicogenólise e de glicólise respectivamente.

    As modificações que ocorrem na musculatura, como resultados do treinamento anaeróbio são expressas em maiores capacidades do sistema ATP-PC e da glicólise anaeróbica em gerar ATP. O sistema ATP-PC é aprimorado por duas modificações bioquímicas significativas: aumento nas reservas de ATP e PC no músculo e uma maior atividade das enzimas-chave que participam do sistema ATP-PC (FOSS; KETEYIAN, 2000).

    O principal objetivo dos treinamentos que duram apenas alguns segundos (sprints) é aumentar a capacidade glicolítica, permitindo ao músculo desenvolver maior tensão. Esses ganhos de força permitem ao indivíduo realizar uma determinada tarefa com um menor esforço, o que reduz o risco de fadiga. O que não se sabe ainda é se essas alterações permitem ou não realizar mais trabalho anaeróbio (WILMORE; COSTILL, 2001). Vale ressaltar que a eficiência nessas atividades também tem sido associada à duração dos períodos de descanso que intercalam às séries de treinamento (BANGSBO, 2003).

    Portanto, torna-se imprescindível determinar índices relacionados à potência e capacidade anaeróbia, para prescrição e acompanhamento do treinamento em modalidades dependentes desses índices fisiológicos.

    Para a avaliação da aptidão anaeróbia podem ser realizados testes de campo que tem como característica a quantificação e a comparação da performance atlética durante séries de exercício de alta intensidade (Robergs & Roberts, 2002). Sendo assim, em esportes como futebol e Rugby que requerem inúmeros sprints em curtos períodos de tempo, com elevada intensidade, testes específicos com multi-sprints que identificam o índice de fadiga (IF), velocidade média e máxima têm sido utilizados (BANGSBO,1994).

    Com isso o objetivo do presente estudo foi verificar a potência e a capacidade anaeróbia de estudantes do curso de Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina.

Metodologia

    Participaram do estudo 9 alunos voluntários (5 homens e 4 mulheres;idade 22+1,8 anos; 65,7 kg + 9.9 kg; 171,6 cm + 10,7 cm; 22,2 kg.m-2 + 1,6 kg.m-2 índice de massa corpórea) estudantes do curso de educação física da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) campus Florianópolis. O estudo faz parte da disciplina DEF 5130 – Adaptações orgânicas ao exercício II.

Delineamento experimental

    Os participantes foram selecionados através de convite em sala de aula onde foi explicado sobre os objetivos e procedimentos necessários. Depois de se voluntariar para o estudo, os participantes foram orientados previamente para que não realizassem nenhum tipo de atividade física extenuante na no dia anterior ao teste. Os mesmos fizeram duas visitas ao Centro de Desportos (CDS) da UFSC.

    Na primeira visita, no ginásio um, realizaram o teste para determinação da potência e capacidade anaeróbia (BANGSBO, 1994). Depois de realizado o teste, foram orientados para uma segunda visita que aconteceu no laboratório do esforço físico (LAEF) do CDS para as medidas antropométricas de Massa corporal (MC), estatura (EST), perímetro (PER) e dobra cutânea (DC) de panturrilha .

Medidas antropométricas

    Os procedimentos utilizados para realizar as mensurações antropométricas seguiram os protocolos definidos em Petroski (2003). A MC foi medida utilizando-se uma balança com precisão de 0,1kg. Para a determinação da EST foi utilizado um estadiômetro com precisão de 1mm. A determinação do índice de massa corporal foi proposto a partir da equação (1), (Petroski, 2003).

    Para determinação da área muscular da panturrilha, foi utilizada a equação (2) proposta por Malina (1995).

Onde:

MC = kg.

EST = m.

PER panturrilha = cm.

DC panturrilha = cm.

Determinação de potência e capacidade anaeróbia

    O protocolo consiste em sete sprints máximos de 34,2m. Cada sprint é realizado com mudança de direção, havendo um período de recuperação de 25s, onde o atleta deve se posicionar para uma nova largada conforme figura 1 (BANGSBO, 1994).

Figura 1. Esquema ilustrativo do teste anaeróbio

    Para determinação da potência anaeróbia foi utilizado o melhor tempo (MT) dos 7 sprints. Já para determinação da capacidade aeróbia foram utilizados o tempo médio (TM) dos 7 sprints e o índice de fadiga (IF), que são calculados pela equação 3 e 4 respectivamente ambas propostas por Fitzsimons et al.(1993).

TM (Tempo médio) = ____Tempo Total____

                               Número total de sprints

(3)

IF (índice de fadiga) = _(Tempo Total*100) – 100_

                                         Tempo Ideal

(4)

Onde:

Número total de sprints = 7.

Tempo total = Soma das 7 repetições.

Tempo Ideal = Melhor tempo multiplicado por 7.

Análise estatística

    Os dados são expressos em média e desvio padrão (DP). Para comparação de potência e capacidade anaeróbia entre homens e mulheres foi realizado o teste “t” de Student. Para relacionar a área muscular da panturrilha e o melhor tempo foi realizado o teste de correlação de Pearson.

    Todas as análises foram efetuadas através do pacote Microsoft Windows Office Excel® versão 2007, e em todos os testes foi adotado um nível de significância de p < 0,05.

Resultados

Tabela 1. Caracterização dos participantes do estudo referente a idade, massa corporal (MC), estatura (EST), índice de massa corporal (IMC), 

perímetro de panturrilha (PER), dobra cutânea medial (DC) e área muscular de panturrilha (AMP) e as respectivas médias e desvios padrões (DP).

Sujeito

Idade(anos)

MC(kg)

EST(cm)

IMC(kg.m-2)

PER(cm)

DC(mm)

AMP(cm2)

1

21

60,7

160

22,5

36,3

20

82,7

2

22

61,5

163

23,1

38,5

25

58,7

3

19

55,1

160

21,5

35,0

11

78,2

4

23

55,7

160

21,8

34,8

17

96,2

5

23

83,9

180

25,8

40,1

5

80,7

6

23

60,5

170

20,9

33,4

6

87,3

7

23

68,5

175

22,3

35

6

116,3

8

24

78,1

188

22,0

40,1

6

74,2

9

19

67,2

183

20,0

32,4

10

68,2

Média

21,89

65,69

171,00

22,21

36,18

11,78

82,50

DP(+)

1,83

9,86

10,94

1,62

2,80

7,24

16,64 

 

Tabela 2. Caracterização dos participantes do estudo referente a soma do tempos (ST), tempo médio (TM), 

melhor tempo (MT) e índice de fadiga (IF) do sprint test e as respectivas médias e desvios padrões (DP).

Sujeito

ST(s)

TM(s)

MT(s)

IF(%)

1

8,98

9,15

9,71

10,38

10,05

10,79

10,35

69,45

9,92

8,98

10,40

2

7,95

8,16

8,38

8,94

8,49

8,77

8,40

59,12

8,44

7,95

6,21

3

7,38

7,58

7,74

7,74

7,95

8,14

8,1

54,66

7,80

7,38

5,70

4

7,55

8,12

7,98

8,01

8,32

8,40

8,33

56,72

8,10

7,55

7,26

5

6,59

6,56

6,68

6,68

6,79

6,72

6,67

46,67

6,67

6,56

1,71

6

6,96

6,94

6,87

6,80

6,83

6,93

6,94

48,28

6,90

6,80

1,44

7

6,75

6,85

6,83

6,80

6,66

6,86

6,70

47,45

6,78

6,66

1,73

8

6,40

6,52

6,57

6,61

6,74

6,87

6,93

46,64

6,66

6,40

4,19

9

6,76

6,76

6,98

6,93

7,19

7,27

6,90

48,77

6,97

6,76

3,15

Média

7,26

7,41

7,53

7,66

7,67

7,86

7,70

53,09

7,58

7,23

4,64

DP(+)

0,82

0,91

1,04

1,29

1,14

1,34

1,23

7,72

1,10

0,84

3,03

    Os valores de MT, TM, ST e do índice de fadiga dos homens e mulheres estão expressos na tabela 2. A figura 1 mostra a comparação de MT, TM, ST e do índice de fadiga entre homens e mulheres.

Tabela 3. Valores médios e desvio padrão (DP) do melhor tempo(MT), tempo médio (TM), 

soma dos tempos (ST) e índice de fadiga (IF) e área muscular de perna (AMP) dos homens e mulheres.

  

MT (s)

TM (s)

ST (s)

IF(%)

AMP (cm2)

Homens

6,63 + 0,16

6,79 + 0,14

59,99 + 6,57

2,44 + 1,18

85,3 + 18,74

Mulheres

7,97 + 0,72

8,57 + 0,94

47,56 + 0,95

7,39 + 2,11

79,0 + 15,53

 

Figura 1. Comparação da potência anaeróbia, capacidade anaeróbia e do índice de fadiga dos homens e mulheres.

    A tabela 4 nos mostra a correlação (r) entre área muscular de perna (AMP) e o melhor tempo (MT) para homens e mulheres. A figura 2 expressa o gráfico de dispersão relacionando a AMP com o MT de homens e mulheres concomitantemente.

Tabela 4. Correlação dos valores médios de área muscular de perna (AMP) e o melhor tempo (MT) em homens e mulheres e quando tratados juntos.

  

AMP (cm2)

MT (s)

Correlação (r)

Homens

85,3 + 18,74

6,63 + 0,16

0,18

Mulheres

79,0 + 15,53

7,97 + 0,72

-0,08

Homens

e

Mulheres

82,5 + 16,64

7,23 + 0,84

-0,17

 

Figura 2. Gráfico de dispersão da correlação da área muscular (AMP) e o melhor tempo (MT) de homens e mulheres quando tratados juntos.

Discussão

    Um indivíduo apresenta uma boa PAn quando, comparado ao grupo, ele possui o menor melhor tempo, demonstrando que seu sistema anaeróbio alático é mais eficiente do que os demais, fazendo com que ele consiga realizar os sprints de curta duração com uma maior velocidade. Um dos fatores que podem influenciar na eficiência deste sistema são os estoques de cretina fosfato (CP) no músculo, quanto maior forem esses estoques maior será a possibilidade de utilizá-lo para a ressíntese de ATP.

    A capacidade anaeróbia é representada pelo IF, TM e ST, quanto menor for o IF do sujeito mais eficiente é seu sistema anaeróbio lático. Levando em conta que com os sprints repetidos os estoques de CP são depletados, e sua reposição só se dá por meio de recuperação passiva, ocorre uma diminuição da participação do sistema alático e um aumento da participação do glicolítico (POWERS & HOWLEY, 2005). Porém, se o IF for analisado isoladamente pode não ser o índice que melhor avalia a CAn, pois se o indivíduo possui uma boa Pan a diferença do seu MT e do pior tempo será muito grande, fazendo com que seu IF seja mais alto. Desta forma, para se avaliar a CAn, os índices de TM e IF devem ser analisados conjuntamente.

    Existem três fatores que interferem diretamente na capacidade anaeróbia, a capacidade do organismo de tamponar e remover ácido lático, e o tamanho dos estoques de creatina. Sendo que quanto maior for este estoque maior será a possibilidade de se retardar a produção de ácido lático, e conseqüentemente atrasar o aparecimento da fadiga. Lakomy & Haydon, (2004) acrescenta ainda que a diferença na capacidade de ressíntese de mioglobina, tipo de fibra muscular, geração de ATP através da glicólise e maior capacidade oxidativa do músculo de tamponar H+ podem levar a uma maior discrepância entre PAn e CAn. Ressalta ainda, que há diferenças entre atletas de alto rendimento e amadores.

    Visto isso, o principal resultado encontrado foi que os homens possuem uma melhor CAn e PAn que as mulheres (figura 1). A diferença entre a produção de força muscular entre homens e mulheres pode ser explicada pelo fato de as mulheres possuírem uma menor área de secção transversa comparadas aos homens, este evento deve-se a menor concentração de testosterona nas mulheres quando comparada aos homens. Tendo em vista que a testosterona é um dos principais hormônios responsáveis pela hipertrofia muscular, que ocorre nas fibras do tipo II. (POWERS & HOWLEY, 2005).

    Em estudo realizado com crianças e adultos praticantes de voleibol, com idades entre 9 e 18 anos, foi encontrado uma diferença significativa na fase adulta entre o percentual de gordura total e a força muscular. Onde mulheres apresentaram uma maior gordura corporal e os homens uma maior força, devido há uma maior massa magra (SCHNEIDER, 2004).

    Tanto as fibras do tipo I quanto as do tipo II em mulheres têm uma área de secção transversa menor do que em homens, sendo que as fibras musculares do tipo I nos homens possuem uma área de secção transversa menor do que as fibras do tipo II. As fibras do tipo I femininas podem ser equivalentes ou até maiores em sua área de secção transversa quando comparada as fibras de tipo II. O que pode ocasionar em menor produção de potência por área de secção transversa muscular nas mulheres em comparação aos homens (FLECK; KRAEMER, 2006).

    A área total ocupada por tipos específicos de fibras musculares é diferente entre os gêneros. Da maior para a menor área ocupada, a ordem dos tipos de fibras musculares em homens é: tipo IIA, I e IIB; em mulheres a ordem é: tipo I, IIA e IIB, o que também pode explicar as diferenças de potência entre os gêneros. A menor proporção da área das fibras do tipo II em relação à do tipo I também pode explicar a menor taxa de fadiga em alguns tipos de exercícios de alta intensidade em mulheres (FLECK; KRAEMER, 2006).

    Contudo, quando realizado o teste de correlação de Pearson entre área de secção transversa e PAn, esta relação não foi encontrada. Este fato pode estar ligado ao destreinamento apresentado pelos participantes da amostra e pelo reduzido número da mesma.

Referência bibliográficas

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  • FLECK, S.J.; KRAEMER, W.J.. Mulheres e Treinamento de Força. In: Fundamentos do Treinamento de Força Muscular. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

  • FOSS, M. L.; KETEYIAN, S. J. Bases fisiológicas do exercício e do esporte. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 2000.

  • LAKOMY, J.; HAYDON, D. T. The effects of enforced, rapid decelaration on performance in a multiple sprint test. J. Strength Cond. Res. 18(3): 579-583, 2004.

  • LIMA-SILVA, A. E.; FERNADES, T. C.; OLIVEIRA, F. R. de; NAKAMURA, F. Y.; GEVAERD, M. S. da. Metabolismo do glicogênio muscular durante o exercício físico: mecanismos de regulação. Revista de Nutrição, Campinas, 2007, vol.20, no.4.

  • MALINA, R. M. Anthropometry. In: MAUD, P. J.; C. FOSTER (Ed.). Physiological Assessment of Human Fitness. Champaign, IL: Human Kinetics, 1995, p. 205-219.

  • PETROSKI, E, L. (Org). Antropometria: Técnicas e Padronizações. 2ª ed. Porto Alegre: Palotti, 2003.

  • POWERS, S.K.; HOWLEY,E.T. Fisiologia do Exercício: Teoria e Aplicação ao Condicionamento e ao Desempenho. 5 ed. Barueri: Manole, 2005.

  • ROBERGS, R. A.; ROBERTS, S. O. Princípios Fundamentais de Fisiologia do Exercício para Aptidão, Desempenho e Saúde. São Paulo: Phorte editora, 2002.

  • SILVEIRA, L. dos R.; DENADAI, B. S. Efeito modulatório de diferentes intensidades de esforço sobre a via glicolítica durante o exercício contínuo e intermitente. Revista paulista de Educação Física, São Paulo, 2002, 16(2): 186-97.

  • SCHNEIDER, P.; BENETTI, G.; MEYER, F.. Força muscular de atletas de voleibol de 9 a 18 anos através da dinamometria computadorizada. Rev Bras Med Esporte. 2(5), 2004.

  • WILMORE, J. H.; COSTILL, D. L. Fisiologia do esporte e do exercício. São Paulo: Ed. Manole, 2001.

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