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As características pessoais do bom professor na opinião dos acadêmicos da licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM

 

*Licenciado em Educação Física (UNICRUZ)

Especializando em Ciência do Movimento Humano (UNICRUZ)

Especializando em Educação Física Escolar (CEFD/UFSM)

Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física (GEPEF/UFSM)

**Doutor em Educação (UNICAMP/UFSM)

Doutor em Ciência do Movimento Humano (CEFD/UFSM)

Professor Adjunto do Departamento de Metodologia do Ensino (MEN/CE/UFSM)

Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE/CE/UFSM)

Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física (GEPEF/UFSM)

Rodrigo de Rosso Krug*

rodkrug@bol.com.br

Hugo Norberto Krug**

hnkrug@bol.com.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          Esta investigação objetivou conhecer e analisar as características pessoais do bom professor na opinião dos acadêmicos da Licenciatura em Educação Física do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A metodologia caracterizou-se pelo enfoque fenomenológico sob a forma de estudo de caso com abordagem qualitativa. O instrumento utilizado para a coleta de informações foi uma entrevista semi-estruturada. A interpretação das informações foi à análise de conteúdo. Os participantes foram trinta e oito (38) acadêmicos da Licenciatura em Educação Física (Currículo de 1990) do CEFD/UFSM. O que mais chamou à atenção nos resultados desta investigação foi o fato de que, no rol das vinte e seis (26) características pessoais do bom professor de Educação Física ficou evidenciado o seguinte: 1) O bom professor é aquele que em sua prática pedagógica cotidiana mostra como principais características pessoais uma ‘boa didática’, o ‘domínio do conteúdo’, sendo ‘respeitador’, ‘criativo’ e ‘gosta do que faz’; 2) Não foram valorizadas características como ‘reflexão’, ‘questionamento’ e ‘criticidade’; 3) Não foram citadas ‘nenhuma qualidade física’ nas características pessoais como necessárias ao bom professor de Educação Física, entretanto, foram citadas quatorze (14) qualidades intelectuais e doze (12) qualidades sociais. Para concluir destacamos que em nenhum momento as características pessoais citadas nesta investigação podem ser consideradas como um modelo acabado de desempenho docente, pois ser bom professor não é um ESTADO DE SER. É um permanente VIR A SER.

          Unitermos: Formação de professores. Educação Física. Bom professor. Características pessoais.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 126 - Noviembre de 2008

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Introdução

    Segundo Costa (1992) o mundo atual caracteriza-se pela velocidade das mudanças e pelo progresso, derivado das inúmeras descobertas no campo cientifico o que ocasiona um avanço tecnológico. Dentro deste contexto, os educadores têm a incumbência da capacitação de recursos humanos para a área da Educação, pois esta é a base do desenvolvimento da sociedade.

    Vários autores que tratam da Educação, como Cunha (1988), Luckesi (1992) e Pereira (1994) dentre outros, atribuem grande importância ao professor, a sua responsabilidade pedagógica e a sua capacidade didática.

    Neste sentido, surge logo uma dúvida: qual é o papel do professor na escola de hoje? Seria alguém com características paternalistas ou o professor sacerdote, ou um professor amigo ou aquele professor autoritário?

    Sabemos que a ação docente do professor e seus atributos, acompanham a evolução dos tempos, portanto, altera-se em função das mudanças do mundo, tal como outras ações culturais.

    Para Pereira; Garcia (1996) estudar o professor não é algo novo, pois muitos pesquisadores já o fizeram. Entretanto, estudar especificamente o professor de Educação Física, e em especial os bons professores, é algo que acreditamos que deva merecer uma atenção especial.

    Segundo Pereira e Garcia (1996) o conceito de ‘bom professor’, além de associar-se à categoria de professor, deve estar ligado a uma situação histórica dada, com implicações sociológicas, culturais e políticas, manifestadas na sua forma de ser, como pessoa e como profissional. O conceito de ‘bom’, também como categoria filosófica, é motivo de estudo desde o tempo dos sofistas gregos. O ‘bom’ está interrelacionado com o ‘bem’ e incorre em valor. Conforme Heller (1989) o valor é uma categoria ontológica-social dependente das atividades dos seres humanos, sendo resultado e expressão de relações e situações sociais.

    Ainda para Pereira e Garcia (1996) o conceito de ‘bom’ também possui diversos viézes, ligados da Psicologia à Sociologia, mas para o senso comum, cotidiano, no qual se apóiam os valores dos alunos, o ‘bom’ corresponde ao correto, ao eficiente, à satisfação, ao apropriado. Assim, a qualidade de ‘ser bom’, implica numa série de fatores que estão ligados à competência, à proeficiência, à habilidade, etc. Aquele que é considerado ‘bom’, relaciona-se à sua capacidade docente, com natureza e função educativa. Ser bom, relaciona-se à questão de negar o mau, o deficiente, o incompetente, etc.

    Segundo Xavier (1995) a concepção do que é ser um ‘bom professor’ já passou por diversas fases durante a evolução das pesquisas sobre eficácia pedagógica. Já, Souza; Tabanez; Silva (1998) ressaltam que as concepções sobre o que é ser um ‘bom professor’ foram significativamente modificadas, principalmente, após o contato e conhecimento das disciplinas pedagógicas durante a formação do professor.

    Ser ‘bom professor’, para Pimenta (1997), não é uma questão, apenas, de condições pessoais. O conhecimento das diversas e contraditórias realidades escolares vai possibilitando que se coloquem as bases do que é ser ‘bom professor’.

    Ainda segundo Pimenta (1997) ser ‘bom professor’ não é uma conquista perene, duradoura e transferível para qualquer circunstância, contexto ou época. É uma identidade em permanente construção. Desta forma, o ‘bom professor’ é um conceito polissêmico, que adquire significados conforme os contextos, os momentos histórico-sociais e pessoais, os valores e as finalidades que a sociedade, o professor e os alunos atribuem à Educação.

    De acordo com Cunha (1992) as instituições de ensino de qualquer um dos graus não têm projeto próprio, explícito, que delineie ‘o padrão ideal’ de bom professor. Assim, quando se fala de ‘bom professor’, as características e/ou atributos que compõem a idéia de ‘bom’ são frutos do julgamento individual do avaliador. A questão valorativa é dimensionada socialmente. O aluno faz a sua própria construção de ‘bom professor’, mas esta construção está localizada em um contexto histórico-social. Nela, mesmo de forma difusa ou pouco consciente, estão retratados os papéis que a sociedade projeta para ‘bom professor’. Por isto ele não é fixo, mas se modifica conforme as necessidades dos seres humanos situados no tempo e no espaço.

    Conforme Pereira; Garcia (1996) uma das maneiras de atestar as qualidades do professor, é através dos alunos que estão no trato diário e direto com este profissional. Também Luckesi (1992) considera os alunos como elementos importantes e capazes de opinar a respeito de seus mestres. São eles os que podem dar informações reais e fiéis a respeito das práticas cotidianas dos professores, pois as vivenciam concretamente.

    Souza; Tabanez; Silva (1998) consideram que durante sua formação os alunos se deparam com diversos modelos de ‘bons e maus professores’.

    Desta forma, concentramos a nossa atenção para o professor de Educação Física isto é, praticamente para o ‘bom professor de Educação Física’, e, mais particularmente, na visão do aluno do ensino superior.

    Assim, considerando as premissas descritas anteriormente, defrontamo-nos com a seguinte questão problemática orientadora desta investigação: quais são as características pessoais do bom professor na opinião dos acadêmicos da Licenciatura em Educação Física do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)?

    Consideramos neste estudo que características pessoais são todos os atributos e adjetivos relacionados aos aspectos/qualidades físicas, intelectuais e sociais dos professores.

    Conseqüentemente o objetivo geral desta investigação foi conhecer e analisar as características pessoais do bom professor na opinião dos acadêmicos da Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM.

    A argumentação sobre a importância do acontecimento desta investigação, embasou-se nas seguintes considerações: a) o professor tem um papel importante no processo ensino-aprendizagem; b) é impossível desconhecer que sem professor não se faz escola e, portanto, é fundamental aprofundar estudos sobre o mesmo; c) atualmente, é preocupação de alguns pesquisadores, a busca de informações sobre os bons professores; d) a bibliografia especializada em Educação Física ressente-se da falta de estudos específicos sobre bons professores.

A metodologia da investigação

    A investigação caracterizou-se pelo enfoque fenomenológico sob a forma de estudo de caso com abordagem qualitativa. Os participantes foram trinta e oito (38) acadêmicos da Licenciatura em Educação Física (Currículo de 1990) do CEFD/UFSM. O instrumento utilizado para a coleta de informações foi uma entrevista semi-estruturada. A interpretação das informações seguiu a metodologia da analise de conteúdo (BARDIN, 1977), que prevê três etapas. São elas: 1ª) Pré-análise – etapa que trata do esquema de trabalho, envolve os primeiros contatos com os documentos de análise, a formulação de objetivos, definição dos procedimentos a serem seguidos e a preparação formal do material; 2ª) Exploração do material – etapa que corresponde ao cumprimento das decisões anteriormente tomadas, isto é, leitura de documentos, categorização, entre outros; e, 3ª) Tratamento dos resultados – etapa onde os dados são lapidados, tornando-os significativos, sendo que a interpretação deve ir além dos conteúdos manifestos nos documentos, buscando descobrir o que está por trás do imediatamente aprendido.

Os resultados da investigação

    Identificamos e analisamos as ‘características pessoais do bom professor de Educação Física’ a seguir destacadas pelos acadêmicos da Licenciatura (Currículo de 1990) do CEFD/UFSM. Entretanto, ressaltamos Cunha (1992) que diz que é difícil fracionar a imagem do bom professor, pois vários aspectos se entrelaçam e certamente se interrelacionam na prática pedagógica. Assim, salientamos que a forma de ser ‘bom professor’ é um todo e por isso analisamos todas as características pessoais que foram destacadas pelos acadêmicos, pois estas foram importantes na identificação do ‘bom professor de Educação Física’. Foram elas:

1.     Ter boa didática

    Quase metade dos acadêmicos (17) manifestaram que ‘ter boa didática’ (Acadêmicos 1; 2; 6; 7; 13; 14; 15; 18; 19; 22; 23; 26; 28; 30; 31; 37 e 38) é uma das características pessoais principais do bom professor de Educação Física. Segundo Ferreira; Krug (2001) o bom professor deve possuir conhecimento pedagógico do conteúdo, ou seja, além dele saber o conteúdo a ser desenvolvido, torna-se necessário também saber como transmitir o conhecimento aos alunos. Para Krug (1996a) é de fundamental importância o professor ter conhecimentos objetivos a respeito de tudo o que for relevante ao processo pedagógico, pois toda ação consciente depende da existência de conhecimentos.

2.     Ter domínio de conteúdo

    Mais de um quarto dos acadêmicos (10) informaram que ‘ter domínio do conteúdo’ (Acadêmicos 2; 7; 9; 10; 15; 18; 22; 27; 33 e 38) é uma das características pessoais principais do bom professor de Educação Física. A aparição desta característica do bom professor de Educação Física acima citada pode ser justificada pela seguinte colocação de Cunha (1992, p. 69-70): “(...) dificilmente um aluno apontaria um professor com BOM ou MELHOR (...), sem que este tenha as condições básicas de conhecimento de sua matéria de ensino (...)”. Ainda Cunha (1992) diz que para se trabalhar bem a matéria de ensino, o professor tem que ter profundo conhecimento do que se propõe a ensinar. Isto não significa uma postura prepotente que pressupunha uma forma estanque do conhecer. Ao contrário, o professor que tem domínio do conteúdo é aquele que trabalha com a dúvida, que analisa a estrutura de sua matéria de ensino e é profundamente estudioso naquilo que lhe diz respeito.

3.     Ser respeitador

    Também mais de um quarto dos acadêmicos (10) declararam que ‘ser respeitador’ (Acadêmicos 1; 6; 11; 12; 13; 17; 21; 24; 27 e 29) é uma das características pessoais principais do bom professor de Educação Física. Ferreira; Krug (2001) em seu estudo sobre bons professores formadores de profissionais de Educação Física constataram que ser respeitador é uma das características deste tipo de professor.

4.     Ser criativo

    Quase um sexto dos acadêmicos (6) informaram que ‘ser criativo’ (Acadêmicos 11; 20; 21; 26; 33 e 34) é uma das características pessoais principais do bom professor de Educação Física. Ferreira; Krug (2001) constataram em seu estudo que ser criativo é uma das características pessoais dos bons professores formadores de profissionais de Educação Física. Para Pereira (1988) a capacidade de criar, com a atual realidade da Educação Física, é uma característica que o professor deve possuir em alto grau para suprir a existência de condições adversas.

5.     Gostar do que faz

    Mais de um sétimo dos acadêmicos (5) disseram que ‘gostar do que faz’ (Acadêmicos 7; 18; 24; 31 e 38) é uma das características pessoais principais do bom professor de Educação Física. Em relação a esta característica Ferreira; Krug (2001) destacam que o gosto pelo que faz por parte do professor, é muito importante porque isto torna a aula agradável, que se traduz em um clima positivo de aula, o que incentiva a dedicação do aluno. Feil (1995) diz que gostar do que se faz é um fator determinante para que o professor faça bem o seu trabalho. Já Cunha (1992) salienta que é comum professores afirmarem que gostam muito do que fazem e que certamente repetiriam a opção profissional se lhes fosse dado um novo optar. Os fatores de influência sobre a origem desta opção são variadas. Entretanto, parece ser possível inferir que a experiência positiva com a docência realimenta o gosto pelo ensino.

6.     Ser educador

    Uma pequena parcela de acadêmicos (3) informaram que ‘ser educador’ (Acadêmicos 10; 25 e 32) é uma das características pessoais do bom professor de Educação Física. Para Luckesi (1992) o professor educador é aquele que tendo adquirido o nível de cultura necessária para o desempenho de sua função, dá direção ao ensino e à aprendizagem. Ele assume o papel de mediador entre a cultura elaborada, acumulada e em processo de acumulação pela humanidade e o educando. O professor deverá fazer a mediação entre os resultados da cultura, ou seja, o coletivo da sociedade e o individual do aluno. O seu papel é o de mediador social entre o universo da sociedade e o particular do educando. Para que possa exercer sua função, o professor deve possuir conhecimentos e habilidades suficientes para poder auxiliar o aluno no processo de elevação cultural.

7.     Ser planejador

    Uma outra pequena parcela de acadêmicos (3) manifestaram que ‘ser planejador’ (Acadêmicos 4; 18 e 31) é uma das características pessoais do bom professor de Educação Física. Esta característica identifica-se com o que Canfield (1996) destaca sobre planejamento. Ele é a pedra fundamental, a razão de ser de todo o trabalho pedagógico consciente. E o que orienta o professor na sua caminhada pedagógica em busca da aprendizagem de seus alunos.

8.     Ser atualizado

    Mais outra pequena parcela de acadêmicos (3) declararam que ‘ser atualizado’ (Acadêmicos 8; 12 e 19) é uma das características pessoais do bom professor de Educação Física. Sobre atualização citamos Silveira (1988) que em seu estudo realizado com professores de Educação Física da rede estadual sobre o professor e sua prática educativa, constatou que a atualização foi um dos requisitos necessários para o exercício da profissão docente citado pelos professores. Já Barros (1993) coloca que a sociedade exige serviços específicos e de alto nível na área de Educação Física com acesso à conhecimentos recentes, pois esta desperta para novas necessidades e exige serviços de qualidade na área, sendo necessário que os profissionais de Educação Física dominem esses conhecimentos, portanto à uma necessidade permanente de atualização.

9.     Ser profissional

    Também outra pequena parcela de acadêmicos (3) manifestaram que ‘ser profissional’ (Acadêmicos 4; 18 e 31) é uma das características pessoais do bom professor de Educação Física. Moraes (1996) afirma que a profissionalização do professor ocorre essencialmente na prática. É por meio de sua prática que o professor constrói suas crenças e pressupostos e estes o conduzem a construir seu próprio projeto de Educação. Esse processo pode ser concebido como um movimento de auto-educação que torna o professor um profissional cada vez mais autônomo e competente.

10.     Ser orientador

    Ainda outra pequena parcela de acadêmicos (3) declararam que ‘ser orientador’ (Acadêmicos 4; 18 e 31) é uma das características pessoais do bom professor de Educação Física. Ferreira; Krug (2001) constataram em seu estudo que ser orientador é uma das características pessoais do bom professor formador de profissionais de Educação Física.

11.     Ser justo

    Uma outra pequena parcela de acadêmicos (3) disseram que ‘ser justo’ (Acadêmicos 4; 18 e 31) é uma das características pessoais do bom professor de Educação Física. Para Ferreira; Krug (2001) ser justo é uma das características pessoais do bom professor formador de profissionais de Educação Física.

12.     Ser dinâmico

    Mais uma pequena parcela de acadêmicos (3) manifestaram que ‘ser dinâmico’ (Acadêmicos 4; 18 e 31) é uma das características pessoais do bom professor de Educação Física. Trombeta (1997) em seu estudo verificou a opinião de estudantes de um Curso de Psicologia sobre as características consideradas importantes de um bom professor, e uma das mais citadas foi a imagem de um professor dinâmico.

13.     Ser incentivador

    Ainda mais uma pequena parcela de acadêmicos (3) declararam que ‘ser incentivador’ (Acadêmicos 4; 18 e 31) é uma das características pessoais do bom professor de Educação Física. Conforme Castro (1989) o profissional de Educação Física deve ser um incentivador/motivador da aprendizagem, pois criando um clima de liberdade onde o aluno trabalha sem tensões e coações possibilita ao aluno uma aprendizagem significativa.

14.     Ser exigente

    Poucos acadêmicos (2) disseram que ‘ser exigente’ (Acadêmicos 27 e 28) é uma das características pessoais do bom professor de Educação Física. Segundo Ferreira (apud HOPF, 1997) os alunos valorizam o professor ‘exigente’. Este aspecto foi também encontrado no estudo de Ramos (apud HOPH, 1997) como sendo uma característica de um bom professor.

15.     Ser persistente

    Um raro acadêmico (24) declarou que ‘ser persistente’ é uma das características pessoais do bom professor de Educação Física. Em relação a esta característica nos reportamos a Pereira (1988) que destaca que ser persistente é uma característica importante para o professor de Educação Física, a fim de que busque insistentemente a aprendizagem do aluno.

16.     Ter cultura geral

    Também um raro acadêmico (9) destacou que ‘ter cultura geral’ é uma das características pessoais do bom professor de Educação Física. Munaro (1986) interrogou professores especialistas na área de Educação Física, encontrando um nível baixo de cultura geral para o perfil real deste professor, indicando o provável descomprometimento dos professores no que diz respeito aos acontecimentos e mudanças da sociedade em geral. Já Pereira (1988) diz que o professor é, antes de tudo, social e culturalmente, um insatisfeito. Entretanto, Hopf (1997) coloca que é a curiosidade que instiga as pessoas a procurarem se informar, atualizar os acontecimentos e seus conhecimentos. Esta é uma qualidade importante, principalmente para quem deseja ser professor, já que a curiosidade é o que impulsiona à leitura, à atualização e ao estudo em sua profissão.

17.     Ser amigo

    “Ser amigo” é uma das características pessoais do bom professor de Educação Física citada por um raro acadêmico (27). Esta característica identifica-se com o que Silveira (1988) coloca sobre as habilidades para o exercício da profissão, salientando entre elas a amizade. Porém, cabe aqui destacar que embora o professor sinta-se um amigo e companheiro, não deve esquecer da sua função como professor. Mas, este fato de ser amigo, tem sido alvo de muitas discussões, como, por exemplo, na fala de alguns professores de Educação Física convidados a participar da reportagem do Jornal Zero Hora (1997).

    O professor de Educação Física, pela facilidade de contato que ele tem com o aluno, é antes de mais nada um amigo. Depois é que ele passa a ser professor. Se o aluno tem que contar alguma coisa para alguém, ele conta para o professor de Educação Física e não conta para os pais. Às vezes, o profissional precisa deixar o papel de professor e assumir a função de pai porque tem que aconselhar os alunos (p. 11).

    E é desta forma que o professor, segundo Canfield (1996), legitima uma prática de Educação Física que leva à perpetuação do papel do professor “camarada”, “amigo”, “companheiro”, para fazer com que o clima da aula seja positivo, deixando de lado o papel de professor. A partir desta declaração devemos então atentar para que não ocorra esta situação de abandono do papel de professor.

18.     Ser comunicativo

    Outro raro acadêmico (36) manifestou que ‘ser comunicativo’ é uma das características pessoais do bom professor de Educação Física. Para Hopf (1997) a comunicação do professor é um aspecto que merece muita atenção, pois basicamente a sua atividade depende da capacidade de transmitir aquilo que deseja de forma acessível aos seus alunos. Ried (1987) em seu estudo sobre linguagem na aula de Educação Física, coloca que a comunicação do professor deve ser clara e precisa, mas ao mesmo tempo curta e concisa, já que o movimento no qual se pretende interferir, normalmente ocorre com rapidez, onde as sensações cinestésicas difíceis de serem descritas, por serem experienciadas individualmente e não socialmente, requerem uma boa comunicação por parte do professor.

19.     Ser compreensivo

    “Ser compreensivo” é uma das características pessoais do bom professor de Educação Física destacada por um único acadêmico (17). Autores como Pereira (1988) e Cunha (1992) citam a necessidade do professor ser compreensivo, mas para isso não ser confundido com “piegüismo filantrópico”, mas sim com uma qualidade importante ao professor. Ferreira; Krug (2001) dizem que professor compreensivo é aquele que sabe analisar situações inesperadas da melhor forma possível, usando de franqueza com os seus alunos. Entretanto, salienta que isto não quer dizer que tenha que ser um professor ‘bonzinho’ que aceita tudo.

20.     Ser interessado

    Mais um raro acadêmico (12) manifestou que ‘ser interessado’ é uma das características pessoais do bom professor de Educação Física. Ramos (apud HOPF, 1997) encontrou em seu estudo sobre a descrição do que seja ser um bom professor de Educação Física, o fato de ser interessado como um dos atributos. O mesmo aconteceu com Xavier (1995), onde os alunos consideraram que para que acontecesse uma boa aula de Educação Física era preciso ter-se um professor que interagisse com eles, mostrando-se interessado.

21.     Ser inteligente.

    ‘Ser inteligente’ é uma das características pessoais do bom professor de Educação Física citada por um único acadêmico (35). Essa característica vai ao encontro com o que Pereira (1988) coloca de que o professor de Educação Física deve ser visto também como um intelectual, possuindo gosto pela leitura e incentivando seus alunos a escreverem, lerem e se interessarem sobre questões de cultura física, bem como em assuntos relacionados à escola como um todo. Já Chagas (1996) afirma que a leitura, assim como a escrita, constituem ferramentas à ação pedagógica do professor e à sua intervenção na realidade, sugerindo a discussão da necessidade de criar-se espaços nos cursos de formação de professores, onde as práticas como a leitura e a escrita ultrapassem o tradicional método de resenha, resumir ou mesmo reproduzir idéias de outros autores.

22.     Ser eficiente

    Outro raro acadêmico (12) manifestou que ‘ser eficiente’ é uma das características pessoais do bom professor de Educação Física. Segundo Carreiro da Costa (1988) o professor eficaz pode ser considerado como aquele que mantém seus alunos empenhados na realização de tarefas, sem recorrer à estratégias repressoras ou punitivas. Destaca ainda que os professores mais eficazes possuem um repertório muito variado de habilidades de ensino, e apresentam uma grande versatilidade na ação educativa.

23.     Ser atencioso

    Ainda outro raro acadêmico (12) declarou que ‘ser atencioso’ é uma das características pessoais do bom professor de Educação Física. Ferreira; Krug (2001) também constataram que ser atencioso é uma das características pessoais dos bons professores formadores de profissionais de Educação Física.

24.     Ser honesto

    Mais um raro acadêmico (12) manifestou que ‘ser honesto’ é uma das características pessoais do bom professor de Educação Física. Para Ferreira; Krug (2001) ser honesto é uma das características pessoais do bom professor formador de profissionais de Educação Física.

25.     Ser objetivo

    Um único acadêmico (12) manifestou que ‘ser objetivo’ é uma das características pessoais do bom professor de Educação Física. Segundo Ferreira; Krug (2001) ser objetivo é uma das características pessoais do bom professor formador de profissionais de Educação Física.

26.     Ser consciente

    Finalmente, mais um raro acadêmico (12) manifestou que ‘ser consiente’ é uma das características pessoais do bom professor de Educação Física. De acordo com Ferreira; Krug (2001) ser consciente é uma das características pessoais do bom professor formador de profissionais de Educação Física.

Conclusão

    Esta investigação procurou conhecer e analisar as características pessoais do bom professor na opinião dos acadêmicos da Licenciatura em Educação Física (Currículo de 1990) do CEFD/UFSM e valeu como um esforço para tentar fazer uma leitura e uma reflexão sobre o perfil profissional.

    Estudar as características pessoais de professores escolhidos como ‘padrão ideal’ na opinião dos acadêmicos de um curso de Licenciatura em Educação Física é de suma importância para a construção da ciência pedagógica, mas em nenhum momento podem ser consideradas como modelo acabado de desempenho docente.

    Na opinião dos acadêmicos da Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM, o bom professor, é aquele que em sua prática pedagógica cotidiana mostra como principais características pessoais uma ‘boa didática’, o ‘domínio do conteúdo’, sendo ‘respeitador’, ‘criativo’ e ‘gosta do que faz’. Assim, inferimos que o professor que possui estas características principais, tem maior possibilidade de ser considerado um bom professor.

    Um fato que nos chamou à atenção nos resultados é que ao elencarmos todas as características pessoais do bom professor na opinião dos acadêmicos percebemos que os mesmos não valorizaram o professor ‘reflexivo’, pois não houve nenhuma citação em relação a este aspecto. Segundo Krug (1996b) a formação profissional que inclui no seu programa um forte componente de reflexão, a partir de situações práticas reais, contribui para que o futuro professor se sinta capaz de enfrentar situações novas e diferentes, de tomar decisões apropriadas e fundamentadas em um paradigma eficaz que interligue teoria e prática.

    Notamos ainda que os acadêmicos não citaram como características pessoais do bom professor o ‘questionamento’ e a ‘críticidade’. Moraes (1996) considera que o permanente questionamento e a crítica da prática são características de professores preocupados em avançar profissionalmente. O contínuo questionamento de seu trabalho habilita o professor a avançar em sua Educação através de constantes inovações e através do aprofundamento da compreensão de sua prática. A capacidade crítica é um catalisador poderoso para tornar-se um professor cada vez melhor. O professor que desenvolve uma habilidade crítica é capaz de perceber aspectos negativos em um trabalho por mais bem sucedido que ele seja.

    Talvez, a não valorização de características como ‘reflexão’, ‘questionamento’ e ‘criticidade’, pelos acadêmicos, sejam conseqüências de uma formação onde tais características não se fizeram presentes em seus professores formadores ou os professores não tenham conseguido desenvolvê-las em suas práticas pedagógicas. Nesse sentido, Menezes (1987) questiona o fato de como podemos manter o licenciando em sala de aula, passivo, ouvindo o professor que enche o quadro-negro, com o que ele tem que aprender, fazendo listas de exercícios e provas mensais, e depois pretender que, quando ele for professor, vá ter uma postura distinta?

    Já Munaro (1986) e Pereira (1988) afirmam que, para que o professor de Educação Física tenha condições de transformar uma determinada realidade, ele necessita ter uma postura crítica a respeito desta. Podendo assumir, assim um existir criativo e inovador. Se o professor for desprovido desta postura crítica, assumirá uma inércia igualando-se à maioria e trabalhando a favor da classe dominante.

    Outro fato que chamou à atenção nos resultados deste estudo é que não foram citadas pelos acadêmicos ‘nenhuma qualidade física’ nas características pessoais como necessárias ao bom professor de Educação Física. Foram citadas quatorze (14) qualidades intelectuais e doze (12) qualidades sociais. Este fato coincide com o que diz Munaro (1984) de que as qualidades intelectuais e sociais são mais relevantes do que as qualidades físicas nos professores de Educação Física no exercício de sua profissão. Ainda Munaro (1984) salienta que qualidades físicas como força muscular, flexibilidade, agilidade e resistência orgânica não são características físicas merecedoras de destaque para estes profissionais. Convém destacar que Munaro (1984) ao descrever o perfil profissional do professor de Educação Física destaca que as características pessoais são compostas pelas qualidades fisicas, intelectuais e sociais.

    De acordo com Gonçalves (apud HOPF, 1997) a aparência pessoal é um atributo essencial ao professor de Educação Física. Entretanto, Munaro (1984) e Medlev (apud COLL; PALACIOS; MARCHESI, 1996) afirmam que nenhum de seus estudos realizados trouxeram alguma evidência que permitisse constatar que os professores que possuíam uma boa aparência pessoal eram realmente mais eficazes, no sentido de serem mais capazes para ajudarem os alunos a conseguirem objetivos, do que os que careciam dela.

    Já sobre o fato de ser ex-atleta e ter domínio sobre as aptidões físicas, Betti (apud ROMBALDI, 1996) coloca que possuir boas habilidades motoras para executar os movimentos, não significa que o individuo será um bom profissional de Educação Física, e não basta somente saber ensinar, é necessário saber porque está ensinando, qual a finalidade.

    Para concluir queremos destacar que ao constatarmos que foram listadas vinte e seis (26) características pessoais do bom professor na opinião dos acadêmicos da Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM concordamos com Krug (2005) que diz que ser bom professor não é um ESTADO DE SER. É um permanente VIR A SER. Também relembramos CUNHA (1992) que coloca que os papéis exercidos pelo bom professor não é fixo, se modifica conforme as necessidades dos seres humanos situados no tempo e no espaço.

Referências

  • BARDIN, L. Tradução de Luis Antero Neto e Augusto Pinheiro. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

  • BARROS, J.M.C. Educação e esporte: profissões? Revista Kinesis, Santa Maria, n.11, p.5-16, jan./jun., 1993.

  • CANFIELD, M. de S. Planejamento das aulas de Educação Física: é necessário? In: CANFIELD, M. de S. (Org.). Isto é Educação Física! Santa Maria: JtC Editor, p.21-32, 1996.

  • CARREIRO DA COSTA, F.A.A. O sucesso pedagógico em Educação Física, 1988. Tese (Doutorado em Motricidade Humana na Especialização de Formação Educacional) – Faculdade de Motricidade Humana/Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, 1988.

  • CASTRO, J.J. de. A formação profissional de Educação Física em uma sociedade de transformação. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v.10, n.3, mai, 1989.

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revista digital · Año 13 · N° 126 | Buenos Aires, Noviembre de 2008  
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