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Interferência da educação postural sobre algia na
coluna vertebral e a postura corporal com alunos da
4ª série da rede pública de ensino fundamental

 

*Fisioterapeuta Mestre em Promoção da Saúde (UNIFRAN)

Professora da Fundação Municipal de Educação e Cultura de Santa Fé do Sul (FUNEC-FISA)

**Enfermeira Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação no

Mestrado em Promoção de Saúde da Universidade de Franca (UNIFRAN)

***Biólogo Professor Doutor do Programa de Pós-Graduação no

Mestrado em Promoção de Saúde da Universidade de Franca (UNIFRAN)

Luciana Aparecida Guerra*

Maria Aparecida Tedeschi Cano **

Jose Eduardo Zaia***

lucianaapguerra@bol.com.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          Este estudo interferiu na educação postural com crianças da 4ª série da rede pública do ensino fundamental, para averiguar se o método isostretching associado à orientação pode prevenir desvios posturais. As ações desenvolvidas visavam diminuir a incidência, a freqüência e a intensidade de dor, aumentar sua flexibilidade da coluna vertebral e dos membros inferiores, certificar se os alunos tiveram informações sobre as maneiras corretas de sentar, dormir e carregar o material escolar e corrigir os hábitos posturais incorretos. Participaram do estudo 32 alunos, de ambos os sexos. Como instrumento de coleta de dados foi elaborado um questionário com questões fechadas, uma ficha de avaliação para verificar a flexibilidade. Ao término da aplicação, foi realizada uma entrevista com a professora dos alunos para verificar se houve mudança de postura em sala de aula. Constatou-se uma diminuição da incidência, da freqüência e da intensidade da dor na coluna vertebral. Foi observado um ganho significativo da flexibilidade da coluna vertebral e dos membros inferiores. Houve um expressivo aumento dos alunos que relataram que tiveram informações sobre as maneiras corretas de se posicionar, reduziram o peso do material escolar transportado, melhoraram a forma de carregá-los e adquiriram uma postura sentada regular em sala de aula. Dessa forma a educação postural foi capaz de minimizar a incidência de algia na coluna, melhorar as adaptações estruturais do tecido muscular e esquelético em função da postura inadequada e aumentar o conhecimento dos hábitos posturais corretos.

          Unitermos: Desvios posturais. Educação postural. Método isostretching. Escolares.

 

Abstract

          This paper aims to interfere on children’s postural education that course the 4th grade of a public school (fundamental level), to verify if the isostretching method associated with orientation can prevent postural problems. The developed actions aimed to reduce the incidence, frequency and the intensity of pain; to enhance the spine flexibility and of the inferior limbs; to confirm if the students had information about the right manners to sit, to sleep, to carry school material and to correct postural incorrect habits. Thirty two students took part of this study, both gender. To collect data we elaborated a questionnaire with closed questions and with an evaluation card to verify flexibility. At the end of application, we performed an interview with the students’ teacher to verify if it were students postural changes in the classroom. We encountered a reduction of incidence, frequency and intensity of spine and inferior limbs pain. There were incisive increase in the amount of students that reported anterior information about correct manners to position, reduced the school material weight, improved how to carry it and acquired a regular postural sitting in the classroom. Thus, postural education was able to minimize the incidence of spine pain, to improve structural adaptation of the muscle and bony tissues related to inadequate posture, and to raise the knowledge of correct postural habits.

          Keywords: Postural problems. Postural education. Isostretching method. Fundamental level students.

 

Resumen

          Este estudio interviene en la educación postural con niños del 4º grado de la escuela pública de enseñanza fundamental, para averiguar si el método isostretching asociado a la orientación puede prevenir desvíos posturales. Las acciones desarrolladas tenían como objetivo disminuir la incidencia, la frecuencia y su intensidad de dolor, aumentar la flexibilidad de la columna vertebral y de los miembros inferiores, certificar si los alumnos recibieron información sobre las formas correctas de sentarse, dormir y cargar el material escolar y corregir los hábitos posturales incorrectos. Participaron del estudio 32 alumnos, de ambos los sexos. Como instrumento de recogida de datos fue elaborado un cuestionario con preguntas cerradas, y una ficha de evaluación para verificar la flexibilidad. Al término de la aplicación, fue realizada una entrevista con la profesora de los alumnos para verificar si hubo cambios de postura en las clases. Se constató una disminución de la incidencia, de la frecuencia y de la intensidad del dolor en la columna vertebral. Fue observado un gado significativo de flexibilidad de la columna vertebral y de los miembros inferiores. Hubo un significativo aumento de los alumnos que relataron que recibieron información sobre la forma correcta de pararse, redujeron el peso del material escolar transportado, mejoraron la forma de cargarlos y adquirieron una postura sentada correcta en el aula. De esta forma la educación postural fue capaz de minimizar la incidencia de dolor en la columna, mejorar las adaptaciones estructurales del tejido muscular y esquelético en función de la postura inadecuada y aumentar el conocimiento de los hábitos posturales correctos.

          Palabras clave: Problemas posturales. Educación postural. Método isostretching. Escolares.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 123 - Agosto de 2008

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Introdução

    Posturas inadequadas durante períodos prolongados de tempo, quando não corrigidas, podem tornar-se hábitos, levando eventualmente o indivíduo ao desenvolvimento de alterações posturais. Estudos comprovam que existe uma grande variação fisiológica na postura e na mobilidade da coluna vertebral durante o crescimento e que o período de estirão de crescimento na adolescência está correlacionado com o desenvolvimento e acentuação de desvios posturais (BRACCIALI; VILARTA, 2000).

    Adams et al. (1985), ressaltam que no período escolar é necessário e imprescindível à criança executar exercícios tanto corretivo como preventivo, uma vez que a criança em idade escolar está mais suscetível às deformidades ósseas.

    Para as atividades físicas, o autor Redondo (2001) tem proposto o método isostretching que é série de exercícios que agem sobre o posicionamento físico de forma geral, pois trabalha com o fortalecimento da musculatura profunda e o alongamento da musculatura superficial, favorecendo assim o aumento da flexibilidade, a melhora da postura e pode ser aplicado a qualquer idade.

    Em razão da alta incidência de desvios posturais observados nos estudos de Pinho; Duarte (1995); Ferriani et al. (2000); Campos et al.(2004) e a incidência de algia na coluna vertebral constatados nos estudos de Combs;Caskey (1997); Guerra; Lopes (2002); Hakala et al.(2002) é que se propôs realizar uma interferência na educação postural para um grupo de crianças da 4ª série da rede pública do Ensino Fundamental, para verificar se o uso do método isostretching associado à orientação postural, proporcionará benefícios a estas crianças e contribuirá para atuação da fisioterapia na saúde escolar.

Material e método

    Este estudo caracterizou-se como uma pesquisa de campo, do tipo experimental. A amostra foi composta por 32 alunos, com idade média de 10 anos, peso corporal médio de 34,50 kg e altura média de 1,36 m, sendo 17 do sexo masculino e 15 do sexo feminino, estudantes da 4ª série do Ensino Fundamental da Rede Pública de uma escola municipal, interior de São Paulo, no ano de 2005 e que possuíam freqüência igual ou superior a 75% das aulas.

    Optou-se por esta escola pelo fato do horário disponível para execução da pesquisa ser o mais compatível com o da pesquisadora. As palestras, a aplicação de um questionário e as medidas antropometricas individuais foram realizadas na sala de aula. As avaliações da flexibilidade da coluna vertebral e membros inferiores foram realizados em uma sala de aula onde não havia alunos estudando naquele período. As aulas práticas com o método isostretching ocorreram no pátio da escola.

    Iniciou-se a pesquisa com a aplicação de um questionário para os alunos pela pesquisadora com 06 questões fechadas, para averiguar os hábitos posturais em sala de aula, assim como a incidência, freqüência, intensidade de dor na coluna vertebral segundo a escala análoga visual, de Sofaer (1994) e também, para verificar se os alunos tinham informações sobre as maneiras corretas de sentar, dormir e carregar o material escolar. Ainda foi usada uma ficha de avaliação para verificar a flexibilidade da coluna vertebral e dos membros inferiores.

    Para realização do teste de flexão da coluna lombar, utilizou-se a fita métrica para mensurar a distância do dedo médio do aluno ao chão. No teste de flexão lateral da coluna lombar, foi mensurada a distância do dedo médio do aluno ao chão, com auxílio da fita métrica, verificando o máximo de flexão lateral da coluna lombar para a direita e para esquerda. Para verificar a extensão do joelho, utilizou-se o goniômetro universal em que o aluno permanecia em decúbito dorsal com o joelho e o quadril fletido e o terapeuta posicionava o braço fixo do goniômetro paralelo à superfície lateral do fêmur dirigido para o trocanter maior, o braço móvel do goniômetro paralelo à face lateral da fíbula dirigido para o maléolo lateral e o eixo sobre a linha articular da articulação do joelho.

    Foi usada uma balança antropométrica, marca Filizolla ( para verificar o peso corporal e altura dos alunos). Após os alunos terem respondido o questionário e realizado a avaliação da flexibilidade, eles participaram da primeira palestra. Em seguida os alunos iniciaram as aulas práticas, constituída de 10 minutos de aquecimento, 30 minutos do método isostretching nas posições deitada, sentada, em pé com inclinação anterior de tronco e 10 minutos de relaxamento. Os alunos participaram de 5 aulas práticas, sendo uma vez por semana e foi realizada a segunda palestra e retornaram a executar mais 05 aulas práticas.

    No total foram 20 aulas práticas com o método isostretching, 03 palestras, 03 aplicações do questionário e 03 avaliações da flexibilidade. Portanto no 1º teste foram coletados dados do questionário e da avaliação da flexibilidade para verificar o conhecimento dos alunos e seus encurtamentos musculares antes de dar início a interferência, no 2º teste os alunos participaram de 02 palestras e 10 aulas práticas e no 3º teste, os mesmos participaram de 01 palestra e 10 aulas práticas. Ao termino da interferência foi realizada uma entrevista com a professora dos alunos para verificar se houve mudança de postura em sala de aula. Para a conscientização dos alunos sobre os hábitos posturais corretos e os desvios posturais, foram realizadas as palestras com duração de 50 minutos cada uma, sendo que a primeira palestra, foi aula teórica explicativa pela pesquisadora com participação ativa dos alunos, utilizando-se um esqueleto artificial, para demonstrar as curvaturas da coluna vertebral e os desvios posturais, cartazes e panfletos, para evidenciar os hábitos posturais corretos e incorretos. A segunda palestra foi aula teórico-prática demonstrativa, na qual foram utilizadas simulações das curvaturas da coluna vertebral e os desvios posturais por meio do esqueleto artificial e demonstrações dos hábitos posturais corretos de sentar e carregar o material escolar. Na terceira palestra foi empregada a mesma metodologia da 2° palestra e o depoimento de um indivíduo com todos os desvios posturais, para conscientizar os alunos da importância de manter a postura correta, obtendo-se uma atenção maior dos alunos na 2º e 3º palestra. Foram utilizados bastões e tatames para execução do método isostretching durante as aulas práticas dos alunos.

    Esta pesquisa esta de acordo com os Princípios Éticos de Pesquisa em Humanos adotada pela Comissão de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade de Franca-SP, registrado no Ministério da Saúde sob o n° 128118/2005.

    No processo de análise estatística os resultados dos questionários foram analisados e representados em forma de gráficos de distribuição de freqüência. As comparações entre o ganho de flexibilidade entre o tempo inicial, 10 e 20 aulas práticas foram realizadas através da análise de variância (ANOVA) e a para verificar significância entre a freqüência , a incidência de dor na coluna vertebral com as aulas praticas e o nº de alunos que receberam informações sobre os hábitos corretos por meio das palestras utilizou –se o teste Qui quadrado mediante o programa Bioestatical Analysis ® ( KRONCA; ZAIA, 2006).

Resultado

    Nesta pesquisa pode-se verificar que o material escolar carregado pelos alunos começou a diminuir após as orientações recebidas nas palestras, como podemos observar nas figuras 1 e 2.

Figura 1. Distribuição da quantidade de livros que os alunos transportavam para a escola antes, durante e após a interferência da educação postural, 2005.

    Pode-se constatar no 1º teste que a maioria dos alunos (76%) transportavam 3 livros, no 2º teste a maior parte dos alunos (35%) transportavam 4 livros, após 2º palestras e no 3º teste o maior numero de alunos (49%) transportavam 2 livros para a escola, depois da 3º palestra. Pode-se observar uma diminuição da quantidade de livros após a orientação sobre os problemas posturais que pode ocorrer com o excesso de peso.

    Na figura 2, a seguir, pode-se verificar a quantidade de cadernos transportados pelos alunos.

Figura 2. Distribuição da quantidade de cadernos que os alunos transportavam para a escola antes, durante e após a interferência da educação postural, 2005.

    Como os dados mostram no 1º teste a maioria dos alunos (37%) transportavam 3 cadernos para a escola, no 2º teste a maior parte dos alunos (41%) transportavam 4 cadernos após 2º palestra e no 3º teste o maior numero de alunos (43%) transportavam 4 cadernos depois da 3º palestra e pode-se observar uma redução de alunos que conduz mais que 4 cadernos no 3º teste quando comparados aos resultados do 1º e 2º teste. Portanto, após as informações recebidas, ocorreu uma diminuição do número de alunos que transportavam uma grande quantidade de cadernos.

    Vale ressaltar que no 1° teste foi realizado na primeira semana de aula, em que a maioria dos alunos transportava pequena quantidade de material escolar, já no 2° e 3º teste os alunos tinham que transportar o material escolar necessário às disciplinas do dia.

    No que se refere à forma de transportar o material escolar, a maioria dos alunos preferem levar o material escolar na mochila e na bolsa com alça, como mostra a figura 3.

Figura 3. Distribuição da forma com que os alunos carregavam seus materiais escolares antes, durante e após a interferência da educação postural, 2005.

    A seguir apresenta-se na figura 4, a maneira com que os alunos transportavam a mochila.

Figura 4. Distribuição da maneira com que os alunos transportavam a mochila antes, durante e após a interferência da educação postural, 2005.

    Pode-se observar que os alunos que carregavam a mochila de um lado só, após o programa mudaram a forma de carregar para os dois lados do ombro, diminuindo a possibilidade de gerar uma escoliose.

    Nota-se que houve uma diminuição gradativa da incidência de dor na coluna vertebral de acordo com o tempo da interferência da educação postural, como mostra a figura 5 a seguir.

**Diferença estatisticamente significante (p<0,01), entre os testes quando comparados com as aulas práticas com o método isostretching.

Figura 5. Distribuição da incidência dor na coluna vertebral antes, durante e após a interferência da educação postural, 2005.

    Observa-se no 1º teste que 55% dos alunos sentiam dor, no 2º teste 34% sentiam dor e no 3º teste, somente 18% sentiam dor na coluna vertebral, ocorrendo uma redução significativa após as aulas práticas com o método isostretching (p<0,01).

Após a interferência da educação postural, constatou-se que a freqüência das dores na coluna vertebral diminuiu como demonstra a figura 6.

**Diferença estatisticamente significante (p<0,01), entre os testes quando comparados com as aulas práticas com o método isostretching.

Figura 6. Distribuição da freqüência das dores na coluna vertebral antes, durante e após a interferência da educação postural, 2005.

    Notou-se que no 1º teste 12% dos alunos sentiam dor na coluna vertebral todos os dias, 37% uma vez na semana e 6% uma vez no mês. No 2º teste nenhum aluno sentia dor todos os dias, 25% sentiam dor uma vez por semana e 9% sentiam dor uma vez por mês e no 3º teste apenas 7% sentiam dor na coluna vertebral uma vez na semana e 11% dos alunos sentiam dor uma vez por mês e pode-se verificar uma diminuição significativa (p<0,01) com as aulas práticas com o método isostretching.

    No que diz respeito à intensidade da dor, pode-se observar na figura 7 a seguir:

Figura 7. Distribuição da intensidade da dor dos alunos antes, durante e após a interferência da educação postural, 2005.

    No 1º teste, 31% dos alunos sentiam dor de intensidade leve na coluna vertebral, 18% dor de intensidade moderada e 6% dor de intensidade forte. No 2º teste 18% dos alunos sentiam dor de intensidade leve na coluna vertebral, 13% dor intensidade moderada e 3% de dor de intensidade forte e no 3º teste 14% sentiam dor leve, 4% de intensidade moderada e nenhum aluno sentiam dor de intensidade forte. Constatou-se que com a interferência, mais precisamente após 20 aulas práticas do método isostretching, ocorreu uma diminuição da intensidade da dor.

    A figura 8 mostra o número de alunos que receberam as orientações sobre as posturas corretas para diminuir a algia.

**Diferença estatisticamente significante (p<0,01), entre os testes quando comparados com as palestras.

Figura 8. Distribuição do número dos alunos que receberam informações sobre a maneira correta de sentar, dormir e carregar o material antes, durante e após a interferência da educação postural, 2005.

    Por meio deste gráfico pode-se observar no 1º teste que 61% dos alunos já tinham recebido informações sobre as maneiras corretas de se posicionar contra 39% que não haviam recebido informações. No 2º teste, 69% dos alunos responderam que tiveram informações e 31% responderam que não tiveram orientação, sendo que todos haviam participado das palestras. Isto demonstra que somente duas palestras não foram suficientes para a aprendizagem dos alunos. Após o 3º teste constatou-se que todos responderam possuir informações sobre as maneiras corretas de se posicionar, evidenciando assim um processo de aprendizagem após a terceira palestra. Sendo assim o numero de alunos que receberam informações aumentou significativamente (p<0,01).

    De acordo com a entrevista realizada com a professora, esta relatou que antes da interferência os alunos tinham uma postura sentada péssima e após o término os alunos adquiriram uma postura sentada regular, demonstrando que houve uma melhora na postura dos alunos na sala.

    Pode-se observar na tabela 1, a média e o desvio padrão (DP) dos testes funcionais em cm e os testes dos ângulos articulares em graus do ganho de flexibilidade com aplicação do método isostretching obtidos para as variáveis estudadas.

Tabela 1. Resultado do teste flexão da coluna lombar, flexão lateral da coluna lombar à direita, flexão lateral da coluna lombar à esquerda, extensão do joelho direito e extensão do joelho esquerdo.

Testes funcionais

Início

(cm)

Após 10 aulas práticas (cm)

Após 20 aulas práticas (cm)

Flexão da coluna lombar **

35,4 + 10,3

21,6 + 9,2

10,7 + 9,2

Flexão lateral da coluna lombar à direita **

41,2 + 3,9

35,6 + 4,0

31,8 + 7,7

Flexão lateral da coluna lombar à esquerda **

41,5 + 3,8

37,4 + 3,0

32,4 + 6,4

Testes dos ângulos articulares

( ° )

( ° )

( ° )

Extensão do joelho direito**

43,7 + 8,2

37,5 + 7,6

30,9 + 9,6

Extensão do joelho esquerdo**

44,4 + 7,3

38,1 + 7,1

28,9 + 7,8

**Diferença estatisticamente significante (p<0,01), entre as avaliações.

    Pode-se verificar na tabela 1 um aumento da flexibilidade da coluna vertebral e dos membros inferiores após as aulas práticas com o método isostretching.

    Para todas as variáveis estudadas, observou-se diferença estatisticamente significante (em p<0,01) entre os resultados obtidos nas diferentes fases, demonstrando que após 20 aulas práticas houve melhora nos testes funcionais.

Discussão

    De acordo com os resultados encontrados no presente estudo, pode-se perceber que ocorreu diminuição do material escolar transportado conforme as informações coletadas por meio do questionário.

    Rebellato et al. (1991) ao verificar a influência do transporte de pesos excessivos de material escolar sobre a ocorrência de desvios posturais em estudantes, evidenciaram que os mesmos transportam, em média, peso significativamente superior à capacidade de seus grupos musculares, resultando em vários tipos de alterações posturais.

    Segundo ACHOUR JR. (1995), o excesso de peso é um fator causador da lordose lombar, pois altera a linha do quadril em função do abdômen proeminente.

    Vitta, Madrigal e Sales (2003) observaram em seu estudo o peso do material dos escolares segundo o tipo de equipamento utilizado e constataram que os indivíduos que utilizavam carrinho transportavam maiores peso de material escolar comparados aos que utilizavam os demais tipos de equipamentos. Não foram observadas diferenças significativas entre os equipamentos bolsa escolar de fixação escapular unilateral e bolsa escolar com fixação dorsal. Além disso, os indivíduos que transportavam esses dois tipos de equipamentos transportavam mais peso do que os que não utilizam nenhum tipo de equipamento.

    Não foram encontrados estudos referentes às alterações posturais e aos prejuízos que o uso do carrinho estaria acarretando na coluna vertebral das crianças. No entanto, pode se observar que as crianças, ao puxarem o carrinho, realizam rotação e inclinação lateral de tronco, especialmente quando há um excesso de peso a ser transportado. Grieve (1994) descreve que a rotação é um movimento fisiologicamente acoplado à inclinação lateral que leva o disco intervertebral a ser comprimido em um dos lados e tensionado no lado oposto, fato este que aumenta a probabilidade de lesão nas estruturas do mesmo.

    Rebelatto, Caldas e De Vitta (1991) descrevem que o excesso de material transportado por meio de equipamentos como mochilas causa alterações na postura das crianças, sendo que estas podem estar criando condições de prejuízos significativos ao sistema músculo-esquelético, particularmente em relação às estruturas que compõem a coluna vertebral. Este estudo também verificou que as crianças que transportam o material escolar com uso de mochilas com fixação dorsal realizam flexão anterior do tronco com aumento da demanda da musculatura lombar e do nível de compressão intradiscal em L5- S1 e aquelas que usam mochilas de fixação escapular realizam inclinação lateral de tronco com menor compressão intradiscal se comparada às de fixação dorsal. No entanto, ambas podem determinar algias localizadas por alterações metabólicas e tensionais dos músculos da coluna vertebral.

    Negrini, Carabalona e Sibilla (1999) constataram em um estudo que 34 a 38% das crianças italianas carregavam mais do que 30% do seu peso corporal e também mostraram que este é um fator que contribui para o aparecimento da dor lombar durante a infância.

    Segundo um depoimento de Marvin Arnsdorff, médico e co-fundador da ‘’Backpack Saferty América” (Veja, 2000), a carga máxima a ser carregada por uma criança deve ser equivalente a 10% do seu peso, prevenindo assim futuras alterações posturais e outros sintomas. Portanto a interferência da educação postural foi capaz de reduzir o peso do material escolar transportado e melhorar a forma com que estes alunos carregavam seus materiais, diminuindo assim, o risco dos problemas posturais.

    Redondo (2001) afirma que após alguns meses de tratamento com o método isostretching ocorre diminuição da intensidade da dor na coluna, corroborando com os dados encontrados no presente estudo.

    Os distúrbios posturais acarretam inúmeras implicações. Sua conseqüência mais imediata, contudo, é a dor. Dores na coluna vêm sendo constantemente associados a fatores ocupacionais em adultos, no entanto, eles podem ser observados também com grande freqüência em crianças e adolescentes em fase escolar (ROSA NETO, 1991), como constatou no presente estudo.

    Dul e Weerdmeester (2000) citam que, é necessário evitar longos períodos sentados e que a posição sentada, muitas vezes, exige um acompanhamento visual. Isso significa que o tronco e a cabeça ficam inclinados para frente. O pescoço e a coluna ficam submetidos a longas tensões, que podem provocar dores. Conforme CAMPOS (2002), 80% dos problemas de dores na coluna lombar, são causados por músculos fracos no tronco.

    Os hábitos sedentários, a falta de atividade física, posturas inadequadas e o predomínio da posição sentada, levam à fraqueza muscular, a frouxidão ligamentar, sobrecarregando a coluna vertebral e desencadeando um desarranjo biomecânico, resultando em sofrimento, dor e incapacidades. O exercício físico restaura a força e a amplitude muscular, aumentando a capacidade de sustentação de carga sobre a unidade funcional vertebral (CARNEIRO E MOREIRA, 2005).

    Muitos estudiosos da coluna vertebral afirmam que a dor na coluna vertebral é conseqüência de espasmos musculares freqüentes que ocorrem na coluna, devido a um mecanismo de proteção contra as lesões. Estas últimas podem advir de anomalias ou posturas viciosas por tempo prolongado, levando-os a fadiga e ao alongamento. Se essa situação persistir os músculos podem sofrer degeneração e lesões irreversíveis podem se estabelecer. Além disso, o esforço continuado sobre ligamentos causa dor e se não corrigido causa encurtamento e hipertrofia dos ligamentos (ALEXANDRE, 1994).

    Uma forma de minimizar os efeitos adversos da postura sentada para as estruturas músculo-esqueléticas é o planejamento e/ou replanejamento do ambiente físico, com adoção de mobiliário ajustável a diferentes requisitos da tarefa e às medidas antropométricas individuais, no entanto, escola municipal do presente estudo não tinha mobiliário adequado para os escolares.

    Mas esta forma de intervenção, contudo, não é suficiente para minimizar o problema. Os programas de treinamentos preventivos são uma outra forma de reduzir sobre o organismo humano os efeitos da postura sentada. De acordo com Stammers e Patrick (1975), treinamento é o desenvolvimento sistemático de um modelo de habilidade comportamental – atitudes e conhecimento – necessário para promover mudanças no conhecimento e no comportamento dos indivíduos em relação aos seus hábitos e à sua saúde. Atualmente, as discussões acerca das práticas de treinamentos adotadas são vastas.

    Uma delas é a utilização de aulas expositivas dialógicas associadas a técnicas de demonstração e feedback. Essa abordagem possibilita a compreensão dos determinantes sociais da educação, porque permite o questionamento, ao mesmo tempo em que proporciona a aquisição de informações, favorece suas análises críticas, resultando na produção de novos conhecimentos, elimina a relação pedagógica autoritária, valoriza a experiência e conhecimentos prévios dos alunos, estimula o pensamento crítico por meio de questionamentos e problematizações (LOPES, 1995).

    A demonstração, técnica também utilizada nos treinamentos é empregada para ajudar a buscar explicações para os problemas levantados no cotidiano da sala de aula. Permite ao educador aproveitar as experiências trazidas pela criança e proporcionar-lhe uma visão mais elaborada da mesma, o que deverá contribuir para que os alunos busquem soluções para os problemas detectados e estejam habilitados a enfrentar outros problemas ou experiências. Propicia ainda a vivência, a reflexão e a sistematização dos conteúdos tecnológicos e científicos, favorecendo a incorporação das experiências dos alunos às atividades educacionais, tornando-as significativas (VEIGA, 1995).

    O aumento do conhecimento gerado pela interferência da educação postural pode ser explicado por meio de algumas hipóteses levantadas pela pesquisadora tais como: a atenção, o interesse, a motivação dos escolares, além dos recursos materiais utilizados. Garcia-Celay e Tapia (1996) relataram que a atividade educativa torna-se motivante para algumas pessoas e desmotivante para outras. O fato está relacionado aos conteúdos, ao modo como os mesmos são apresentados, ao tipo e à forma de interação do aluno com o professor, aos recursos e às mensagens de que ele se vale. Esses conjuntos de fatores motivam os participantes, facilitando a aprendizagem, pois despertam os interesses. Experiências deste tipo são relatadas por De Vitta et al.(2000), Brassolatti e Andrade (2002).

    Segundo Lopes (1995), as aulas expositivas exercem a função de valorizar a vivência do indivíduo, seu conhecimento do concreto; possibilitam o surgimento de dúvidas, problemas e a identificação das respectivas alternativas, auxiliando na reelaboração e na produção do conhecimento. Dessa forma, a interferência realizada nessa pesquisa, as situações, fatos, idéias, recursos audiovisuais ilustrativos e os modelos anatômicos estimularam a atenção, o interesse e, conseqüentemente, a aprendizagem dos participantes.

    De acordo com a entrevista, os alunos adquiriram uma postura sentada regular, demonstrando que houve uma melhora na postura dos alunos na sala.

    Coury (1998), ao discutir as alternativas de controle para redução de disfunções músculo-esqueléticas, relata que um dos grandes desafios dessa temática é o fato de que os indivíduos são altamente refratários a mudanças de hábitos e comportamentos. A mesma autora destaca que um ponto importante relativo ao aspecto educacional é que a idade escolar é uma fase favorável para a instalação de hábitos saudáveis.

    Essa constatação reforça a idéia de que é a escola o espaço responsável pela formalização da educação e pelo processo ensino-aprendizagem, que são nos primeiros anos de vida escolar, quando a criança ainda se encontra em fase de crescimento, o melhor momento de iniciar um trabalho de prevenção de problemas músculo-esqueléticos, tornando-os mais eficientes.

    Rosa et al. (2002) afirmam que a postura inadequada propicia algumas adaptações estruturais no tecido muscular e esquelético que resultam, muitas vezes, na perda flexibilidade corporal e na diminuição da mobilidade articular. Estas circunstâncias predispõem as lesões musculares, dor na região da coluna vertebral e com a passar dos anos favorece os processos degenerativos. Na seqüência, os reflexos posturais inadequados, tornam-se habituais, de forma que mesmo quando lhe forem oferecidos mobiliários adequados, a criança continua a sentar de maneira incorreta (OLIVER, 1999).

    Posturas adequadas, durante as situações do dia-a-dia, favorecem a harmonia nos movimentos corporais (ACHOUR JR., 2006). Os exercícios do método isostretching ajudaram a realinhar os tecidos e, conseqüentemente, a postura.

    A realização simultânea de exercícios concêntricos para a musculatura da dinâmica enfraquecida, e exercícios de alongamento excêntricos para a musculatura da estática retraída e às liberações expiratórias, proporcionou aumento da flexibilidade. Tais atividades podem permitir um reequilíbrio do tônus postural.

    Portanto, acredita-se ser necessária a utilização de exercícios do método isostretching, por serem prolongados e com baixo número de repetições. Isto pode permitir a manutenção da flexibilidade global do indivíduo e, conseqüentemente, uma “performance” melhor nas atividades físicas, uma maior conscientização corporal para a criança.

    Dessa forma, é relevante a interferência teórica e prática de educação postural em longo prazo, pois o mesmo, apresentou resultados nos alunos da 4ª série, demonstrando que o método isostretching associado à orientação postural, pode minimizar a incidência de algia e prevenir alterações na coluna.

Conclusão

    Após a análise dos resultados, pode-se concluir que ocorreu uma diminuição da incidência, da freqüência e da intensidade da dor na coluna vertebral. Foi observado um ganho significativo da flexibilidade da coluna vertebral e dos membros inferiores. Houve um expressivo aumento dos relatos de melhora da postura. Os alunos tiveram informações sobre as maneiras corretas de se posicionar, reduziram o peso do material escolar transportado e melhoraram a forma de carregá-los.

    Dessa forma, faz-se necessário dar continuidade a essa linha de pesquisa com estudos que investiguem a associação dessa interferência com a participação do professores e pais para identificar os fatores de risco e atuar no ambiente escolar, para verificar se ocorrerão maiores benefícios aos escolares.

Referências bibliográficas

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revista digital · Año 13 · N° 123 | Buenos Aires, Agosto de 2008  
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