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Nível de atividade física e suas possíveis barreiras em docentes universitários de Toledo - PR |
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*Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Paraná. **Universidade Paranaense, Toledo, Paraná. ***Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Paraná. ****Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, Paraná. (Brasil) |
Hassan Mohamed Elsangedy* | Kleverton Krinski** Cosme Franklim Buzzachera* | Daniele Cristina Vitorino*** Fabrício Cieslak**** | Sergio Gregorio da Silva* hassanme20@hotmail.com |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 118 - Marzo de 2008 |
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IntroduçãoA prática regular de atividade física é considerada um importante aspecto para a manutenção do estado de saúde e qualidade de vida para diversas populações (Monteiro et al., 2003; Warburton, 2006; LaMonte e Blair, 2006), contribuindo ainda para a diminuição do risco de morbidades (Warburton, 2006) e mortalidade por doenças cardiovasculares e/ou todas as causas (Blair et al, 1989; Blair et al., 1995; Bauman et al., 2005). Apesar disso, as baixas taxas de atividade física continuam sendo um importante problema de saúde pública em inúmeros países desenvolvidos (Bauman et al., 2005) e países em desenvolvimento (Monteiro et al, 2003; Hallal et al, 2005). No Brasil, em estudo conduzido por Monteiro et al (2003), envolvendo 11033 sujeitos adultos com idade superior a 20 anos, verificou-se que somente 13% da população investigada reportou realizar um mínimo de 30 minutos de atividade física contínua em um ou mais dias da semana. Além disso, somente 3,3% desses indivíduos informaram realizar o mínimo recomendado de 30 minutos em 5 ou mais dias da semana.
Diversos fatores podem influenciar negativamente o comportamento relacionado à prática regular de atividade física, sendo estes denominados "barreiras" (Dishman, 1995). A identificação dessas barreiras nos diferentes grupos populacionais poderia contribuir para a estruturação de programas de atividades físicas mais direcionados, aumentando consequentemente a sua efetividade.
Desse modo, objetivo do presente estudo foi investigar o nível de atividade física e suas possíveis barreiras em docentes universitários do município de Toledo.
Procedimentos metodológicosO presente estudo adotou delineamento observacional, descritivo e transversal, sendo realizado na cidade de Toledo - Paraná, no ano de 2005. A amostra foi composta por 112 sujeitos, sendo 63 do sexo masculino e 49 do sexo feminino, com média etária de 39,06 ± 8,63 anos, todos docentes da Universidade Paranaense - UNIPAR, campus de Toledo. Após detalhado esclarecimento sobre os propósitos dessa investigação, procedimentos utilizados, benefícios e possíveis riscos atrelados, os participantes assinaram termo de consentimento, condicionando sua participação de modo voluntário. O protocolo de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, conforme as normas estabelecidas na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisa envolvendo seres humanos.
Para a determinação do nível de atividade física utilizou-se a versão curta do International Physical Activity Questionnaire (IPAQ), traduzido para a língua portuguesa, o qual apresenta sua validade e reprodutibilidade para a população adulta brasileira demonstrada em estudos prévios (Barros e Nahas, 1999; Matsudo et al., 2001). Baseado na auto-recordação dos respondentes nos últimos sete dias, esse instrumento permite estimar o tempo gasto em atividades físicas de intensidade moderada e vigorosa em diferentes contextos da vida (trabalho, tarefas domésticas, transporte e lazer). Atividades físicas de intensidade moderada foram operacionalmente definidas como aquelas que produziram uma elevação na taxa respiratória, freqüência cardíaca e sudorese por pelo menos 10 minutos diários. Por sua vez, atividades de intensidade vigorosa foram consideradas aquelas proporcionando um vigoroso aumento nessas mesmas variáveis. O escore de atividade física foi calculado pela soma do número de minutos gastos em atividades de intensidade moderada mais duas vezes o número de minutos de atividades de intensidade vigorosa. A aplicação do questionário foi realizada através de entrevista face-a-face por um pesquisador previamente treinado.
O diagnóstico da percepção de possíveis barreiras para a prática regular de atividade física foi obtido através da utilização do questionário proposto por Martins e Petroski (2000). Esse instrumento proporciona investigar quais são as principais barreiras à prática regular de atividade física a nível individual e coletivo, sendo composto por um quadro envolvendo dezenove questões, mais a opção outros. Em cada uma dessas questões, utiliza-se uma escala Likert de 5 pontos de item único, com ancoras variando de 0 ("nunca") para 4 ("sempre"). A percepção de barreiras é dada pela soma de pontos (mínimo 00 e máximo 76) obtidos mediante preenchimento do quadro. Novamente, a aplicação do questionário foi realizada através de entrevista face-a-face por um pesquisador previamente treinado.
Para a determinação dos valores descritivos foram aplicadas medidas de tendência central e variabilidade. A análise dos dados desse estudo foi realizada mediante a utilização do Statistical Package for the Social Sciences (SPSS, versão 13.0) for Windows.
Discussão de resultadosO sedentarismo é reconhecido como um dos principais fatores de risco modificáveis para o desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas não-transmissíveis nas sociedades ocidentais (Bauman et al., 2005). Apesar disso, um grande contingente populacional não apresenta os padrões mínimos de atividades físicas recomendadas para a manutenção do estado de saúde (Matsudo, 2000).
Os dados apresentados na Tabela 1 corroboram estes achados, onde o sedentarismo foi a condição prevalente em ambos os sexos, principalmente entre as mulheres. Além disso, aproximadamente 26% dos docentes universitários foram considerados insuficientemente ativos.
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De acordo com Tabela 2, verificou-se que as cinco barreiras percebidas para a prática regular de atividade física mais citadas foram: "Jornada de trabalho extensa", "Compromissos familiares", "Falta de interesse em praticar", "Falta de energia (cansaço físico)" e "falta de companhia". Somente as barreiras "Tarefas domésticas" (sexo feminino) e "Falta de companhia" (sexo masculino) diferenciaram-se entre os sexos.
As duas barreiras percebidas mais relatadas no presente estudo estão diretamente relacionadas à carência de tempo, apresentando semelhanças com os achados de Dwyer et al. (2006) que ao avaliar as barreiras para participação em atividade física moderada e vigorosa entre meninas adolescentes observaram a falta de tempo como principal fator determinante. De forma similar, em estudo realizado por Dutton et al. (2005), envolvendo 105 pacientes adultos com diabetes tipo 2, verificou-se também a falta de tempo entre as barreiras mais freqüentes.
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ConclusãoUma elevada prevalência de sedentarismo foi observada na população estudada, possivelmente devido às atividades ocupacionais realizadas pelos docentes, envolvendo na maior parte do seu tempo atividades de baixa intensidade.
O desenvolvimento de intervenções específicas é sugerido, conciliando o advento de atividades que se adaptem aos hábitos cotidianos dessa população, fazendo com que os locais de trabalho, o ambiente físico circundante e os encontros sociais passem a representar oportunidades de práticas físicas ao invés de representarem um incentivo ao sedentarismo.
Referências
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digital · Año 12
· N° 118 | Buenos Aires,
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