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Alunos que realizam as pausas de cultura física
durante o dia letivo estudam melhor |
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*Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUI, RS. **Universidade do Contestado - UnC, Campos Concórdia, Concórdia, SC. (Brasil) |
Dari Francisco Göller* Ortenila Sopelsa** Iouri Kalinine** kalinin@uncnet.br |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 101 - Octubre de 2006 |
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Introdução
Atualmente as escolas aumentam continuamente a carga dos conteúdos do ensino em sala de aula e sob a forma de trabalhos de casa, o que conseqüentemente diminui o tempo da atividade física e aumenta a sobrecarga mental.
As pesquisas realizadas por Andropova e Cropcova (1982) mostraram que o estado de saúde dos estudantes piorava à medida que eles passavam para as series seguintes.
As mesmas autoras constataram que a capacidade de trabalho mental dos estudantes piorava em todas as séries na Escola, devido ao tipo de instrução que recebiam e à má organização do sistema de ensino.
Nas pesquisas de Baranov (1984), Nicogocian; Gasler (1977) foi estabelecido que no final do dia letivo, a diminuição do rendimento mental da criança se deve à sobrecarga mental, diminuindo a mobilidade do processo nervoso.
Diante desta constatação, é preciso buscar os meio que possam auxiliar o estudante a diminuir a tensão nervosa durante o dia letivo (ANDROPOVA & CROPCOVA, 1982), pois não podemos intensificar as atividades de estudo por parte dos estudantes, sem a utilização de recursos adequados à recuperação e manutenção de sua capacidade de trabalho intelectual. Se não utilizarmos tais recursos, iremos, inevitavelmente, prejudicar o estado de saúde dos alunos.
As investigações de Fomin (1964), Baranov (1984), Kalinin, (1990) mostraram que o desenvolvimento mental dos estudantes melhora quando eles usam os meios da Educação Física para estimular as capacidades de trabalho intelectual.
Os exercícios físicos praticados pelos estudantes para o descanso ativo durante o dia letivo eliminam a influência negativa das tensões nervoso-emocional excessivas e aumenta a qualidade das informações assimiladas pelos estudantes (PUTIVILHISKI, 1972).
Segundo Putivilhiski (1972) os exercícios físicos usados durante o dia letivo melhoram o estado funcional dos estudantes. Diminua o tempo de reação ao estímulo da luz, aumentam as possibilidades de execução das operações complicadas. As capacidades para atividades aritméticas e lógicas aumentam mais rápido.
Atualmente os problemas de manutenção e de recuperação da capacidade de trabalho intelectual dos estudantes através de meios da Educação Física são amplamente investigados (GANDUR, 1983; KALININ, 1990; KALININE; GÖLLER, 2002)
Nas pesquisas de Gandur (1983), Kalinin (1990), Kalinine; Göller (2002) foi confirmada alta efetividade das Pausas de Cultura Física realizadas durante as aulas, no decorrer do ano letivo. As Pausas de Cultura Física consistem em 5 ou 6 exercícios físicos executados durante 2 ou 3 minutos. Essa atividade aumenta a capacidade de trabalho intelectual dos estudantes, quando eles realizam no momento em que o cansaço começa a se revelar.
Outras investigações (FOMIN, 1964; RUBAN (1972) KALININ, 1990) mostram que a aplicação correta pode não só recuperar a capacidade de trabalho intelectual, mas também aumentar seu nível.
ObjetivoA partir do exposto o objetivo da pesquisa foi investigar a influência da realização sistemática das Pausas de Cultura Física durante o dia letivo no processo do ensino e da aprendizagem dos estudantes de Ensino Médio.
MetodologiaA amostra de pesquisa foi composta por estudantes das duas turmas da 7ª série (71 e 72) do Ensino Fundamental da Escola Estadual de Guilherme Klemente Kohler - Polivalente de Ijuí - RS, totalizando 63 alunos. Destes, 31 alunos pertencem à Turma 71 e 32 alunos pertencem à Turma 72. A turma 71 foi escolhida para ser a turma experimental e a Turma 72 foi escolhida para ser a turma controle.
Optou-se em investigar as turmas 71 e 72, por serem consideradas semelhantes em relação aos seus processos do ensino e da aprendizagem, pois somente nestas turmas os professores foram os mesmos, portanto, o mesmo conteúdo sendo desenvolvido da mesma forma e aplicado o mesmo processo de ensino aprendizagem.
A pesquisa foi realizada em seis fases durante o segundo bimestre do ano letivo. Na primeira fase da pesquisa através da utilização da Prova Corrigida Complexa foi determinada a produtividade de trabalho mental inicial da amostra pesquisada. A Prova Corrigida Complexa foi aplicada as 8h 35min na terça feira da primeira semana do segundo bimestre letivo.
A Prova Corrigida Complexa é um teste, composto de um quadro com letras do alfabeto, colocadas em linhas e aleatoriamente na folha de tamanho A4 (Veja Anexo 1). Ela tem a duração de quatro minutos e consiste na realização de dois testes seguidos: teste 1, executa-se nos primeiros dois minutos, o aluno deverá procurar e marcar as duas letras (por exemplo A e B) solicitadas pelo pesquisador, percorrendo as linhas do teste, da esquerda para a direita. Ao se esgotarem dois minutos, o testado deverá fazer um círculo na última letra observada. Terminado o teste 1, o pesquisador explica para os alunos como deve ser feito o teste 2. O teste 2 também tem a duração de dois minutos. Durante a execução do teste 2, o aluno deverá continuar procurando e marcando as letras solicitadas. Mas se antes da primeira letra solicitada "A" está a letra "N" e antes da segunda letra "B" está a letra "T" é preciso marcar as letras do seguinte modo: NA e TB. Serão observados o número de letras percorridas (N) e o número de erros executados (E). A grandeza Q = (N/10)2 / [(N/10) + E] caracteriza a produtividade de trabalho mental do aluno. Um exemplo de Prova Corrigida Complexa é possível ser visto no Anexo 1.
A metodologia "Prova Corrigida Complicada" foi validada na Academia de Ciências Pedagógicas da URSS (ANDROPOVA; VAINRUB, 1978), e foi aprovada em inúmeras pesquisas realizadas por ANDROPOVA (1968, 1982), FISCHER (1976), BELOUS (1977), GANDUR (1983), KALININE (1990) etc.
Na segunda fase diariamente nos horários 8h 35min e 11h 10min durante o segundo bimestre do ano letivo com os estudantes de Grupo Experimental foram realizadas as Pausas de Cultura Física. A cada semana seguinte foram realizadas as Pausas de Cultura Física com os tipos de atividades físicas diferentes, pois segundo Kalinin (1990) o efeito positivo de aplicação das mesmas atividades físicas durante a realização das Pausas de Cultura Física mais de que uma semana pode desaparecer.
Na terceira fase através da utilização da Prova Corrigida Complexa foi determinada a produtividade de trabalho mental final da amostra pesquisada. A Prova Corrigida Complexa foi aplicada as 8h 35min na terça feira da ultima semana do segundo bimestre letivo.
Na quarta fase com estudantes do Grupo Experimental foi aplicado o Questionário: "Opinião do Estudante", que consiste de dez questões abertas a seguir:
Durante quanto tempo você participou de atividades físicas (PCF) durante as aulas?
Você acredita que, ao fazer atividades físicas durante as aulas, melhorou sua vontade de estudar? Justifique.
Você gostou de praticar atividades físicas durante as aulas? Justifique.
De quais atividades físicas você mais gostou?
Você gostaria de continuar praticar atividades físicas durante as aulas?
Houve momentos em que, antes do horário previsto para praticar atividades físicas durante as aulas, você já sentia necessidade, já queria que iniciasse as atividades físicas?
Houve momentos em que a turma, de uma forma geral, não queria atividades físicas no horário marcado?
Se houve, como você explica isso?
Você acha que as atividades físicas devem ser feitas na escola, durante o período de estudos em sala de aula?
Se a resposta for "sim", cite as disciplinas em que as atividades físicas devem ser feitas.
Na quinta fase foi realizado o levantamento de opiniões dos professores que trabalharam com os estudantes do Grupo Experimental. O levantamento de opiniões dos professores foi feito oralmente, através de diálogo e debates nos encontros, em número de dois e foram gravados em fitas cassetes.
As questões básicas que nortearam a discussão com os professores, com o objetivo de realizar o levantamento de opiniões, dos docentes foram:
Vocês perceberam alguma mudança nos alunos com a aplicação das PCF? Quais?
Vocês gostariam de continuar com um programa de PCF durante suas aulas?
Como deveria ser aplicado este programa?
Na sexta fase foi realizado o analise dos dados adquiridos.
Para tratamento estatístico foram utilizados os métodos de Estatística Paramétrica (médio, desvio padrão, teste "t" de Student para amostras dependentes).
Resultados e discussão![]()
Os dados apresentados na Tabela 1 mostram que a produtividade de trabalho mental dos alunos do Grupo Experimental (71), em média, melhorou em 29,9% (p < 0,05) no final do segundo bimestre, em comparação a seu início. Por sua vez, a produtividade de trabalho mental dos alunos do Grupo de controle (72) ficou no mesmo nível (p < 0,05).
Os resultados obtidas nesta parte da pesquisa vão ao encontro dos resultados das pesquisas feitas por Kalinine (1990), o qual provou que os alunos que participam de um programa prolongada com a aplicação de Pausa de Cultura Física melhoram sua produtividade de trabalho mental habitual.
Os resultados da aplicação do Questionário: "Opinião do Estudante", com estudantes de Grupo Experimental.As perguntas e as respectivas respostas dos alunos da turma experimental foram:
Primeira questão: Durante quanto tempo você participou de atividades físicas (PCF) durante as aulas?
Resposta: Todos os 31 alunos da turma experimental responderam que participaram das Pausas de Cultura Física por um período de 2 meses.Segunda questão: Você acredita que, ao fazer atividades físicas durante as aulas, melhorou sua vontade de estudar? Justifique.
Resposta: 31 alunos (100%) responderam que "sim". As justificativas foram muito parecidas, as argumentações baseavam-se no fato de a aula ser muito cansativa, monótona, pesada, e que as paradas com atividades físicas relaxavam, descontraíam, traziam mais vida, mais ânimo, mais energia, mais alegria, mais disposição para ouvir e se concentrar, os exercícios físicos "aliviavam a cabeça" para alguns e "tiravam o sono" para outros, voltando para a aula mais dispostos a "enfrentar" a aula.Terceira questão: Você gostou de praticar atividades físicas durante as aulas? Justifique.
Respostas: 30 alunos responderam que sim. A justificativa para o fato de gostar de praticar as atividades físicas durante as aulas foi, de modo geral, parecida com a resposta da segunda questão: as atividades físicas relaxavam os músculos, aliviavam a cabeça e deixavam mais dispostos para estudar, e as aulas ficavam mais alegres. Algumas respostas falavam em "dar um tempo para o estudo", prazer de sair da sala de aula, "tomar um ar" e algumas revelavam o gosto pela Educação Física.
Um dos aluno respondeu "sim" e "não", pois, conforme esse aluno "às vezes ajudava, mas também atrapalhava";Quarta questão: De quais atividades físicas você mais gostou?
Respostas: 12 alunos (39%) responderam que gostaram de todas as atividades, 19 alunos (61%) colocaram que as atividades mais atrativas foram aquelas feitas fora da sala de aula.As atividades mais citadas foram pela ordem:
52% - as atividades feitas em grupo;
16% - as corridas;
13% - os exercícios de imitação "sombra";
10% - os exercícios de alongamento;
6% - o caracol;
3% - apenas ficar livre.
Quinta questão: Você gostaria de continuar a praticar atividades físicas durante as aulas?
Resposta: Todos os 31 (100%) dos alunos responderam "sim".Sexta questão: Houve momentos em que, antes do horário previsto para praticar atividades físicas durante as aulas, você já sentia necessidade, já queria que iniciassem as atividades físicas?
Respostas: 26 alunos (89%) responderam que sim, três alunos responderam não e dois alunos não responderam.Sétima questão: Houve momentos em que a turma, de forma geral, não queria atividades físicas no horário marcado?
Respostas: 19 alunos (61%) responderam que sim e 12 alunos (39%) responderam não.Oitava questão: Se houve, como você explica isso?
Resposta: Os alunos que responderam que não era necessária a parada para praticar atividades físicas deram a seguinte explicação:
13 dos alunos pelo fato de a aula estar dinâmica, não cansativa, não chata, os alunos e o professor estavam de bom humor naquele instante;
4 dos alunos argumentaram que, no momento de fazer atividades físicas, o conteúdo era atrativo e estavam concentrados nas explicações do professor ou em debates com os colegas;
1 dos alunos respondeu que tinha preguiça de fazer atividades físicas;
1 dos alunos respondeu que em alguns momentos as atividades físicas eram "chatas".
Nona questão: Você acha que as atividades físicas devem ser feitas na escola, durante o período de estudos em sala de aula?
Resposta: 27 dos alunos (87%) responderam que sim e 4 alunos (13%) responderam que não.Décima questão: Se a resposta for "sim", cite as disciplinas em que as atividades físicas devem ser feitas:
Respostas: 78% responderam que as atividades físicas devem ser feitas na disciplina de História, 71% responderam Geografia, 60% responderam Português, 54% responderam Matemática, 44% responderam Ciências;A maioria dos alunos respondeu que mais de uma disciplina necessitaria de atividades físicas.
Conforme as respostas dos alunos às questões acima, concluímos o seguinte:
Todos os alunos que responderam ao questionário participaram durante 2 meses das Pausas de Cultura Física.
100% dos alunos afirmaram que gostaram de praticar as Pausas de Cultura Física; todos responderam que aumentou a vontade de estudar ao fazerem essas atividades físicas e que gostariam de continuar a praticá-las durante as aulas;
84% dos alunos responderam que em algum momento da aula solicitavam o início das PCF. Estas respostas identificam que, nessas oportunidades, as aulas não estavam sendo atrativas;
61% dos alunos afirmaram nas respostas que também houve momentos em que a turma, de forma geral, não queria as PCF no horário marcado, justificando, na questão seguinte, que nesses períodos as aulas estavam "dinâmicas", "não cansativas", "os conteúdos eram atrativos" e "os professores estavam de bom humor". Conforme nossa observação, nos momentos em que os alunos não queriam PCF, eles estavam em atividades de pequenos ou grandes grupos, analisando, discutindo, apresentando trabalhos ou fazendo teatro;
as respostas dos alunos mostram interesse maior da aplicação das PCF na disciplina de História (78%) e Geografia (71%). Para entender estas respostas se faz necessário um estudo específico sobre o assunto, o que não é propósito deste trabalho.
De acordo com as respostas dos alunos destacamos a importância das PCF relatada pelos 100% dos alunos que participaram da experiência. Isto comprova que de fato eles sentem o cansaço provocado pelas aulas e sentem a necessidade de parar com os estudos (trabalho mental) e passar a movimentar-se um pouco. Mesmo com a aplicação das PCF 84% dos alunos responderam que, em algum momento, queriam parar a aula e realizar atividades físicas. Este fato nos mostra que as PCF devem ser feitas nos horários em que os alunos estão cansados durante o dia letivo e não somente quando está previsto no programa. Segundo FOMIN (1964), GUR & VDOVITCHENCO (1971), LEONOV (1975), GANDUR (1983) e KALININE (1990), os alunos do 3o e 4o ciclos do Ensino Fundamental começam cansar-se mentalmente aproximadamente após 40 minutos de estudos, porém o professor ao observar o andamento da aula poderá aceitar ou propor aos alunos a PCF quando considerar necessário.
O fato de 61% dos alunos responderem que houve momentos em que estava marcada a PCF, porém não estavam com vontade de parar a aula para a prática de atividade física, mostra-nos que as PCF não devem ser planejadas para serem realizadas em horários fixos. Se a aula está se desenvolvendo de forma dinâmica e prazerosa os alunos não sentem necessidade das PCF e a aprendizagem ocorre, pois os alunos não demonstram estar cansados. Este fato vai ao encontro do que afirma ARANHA (1989). Segundo a autora em um método de ensino permeado pela ação e pelo prazer a aprendizagem ocorre com mais eficiência. COMÊNIUS (1997) também afirma que se os estudos são realizados de forma agradável o aluno aprende de forma mais rápida e segura.
Com relação à maior indicação para a aplicação das PCFs nas disciplinas de História (78%) e Geografia (71%), não podemos explicar exatamente este fato. Conforme indicativos de alguns professores destas disciplinas em diversas escolas estaduais e da universidade, os conteúdos destas disciplinas não têm significância para os alunos, tornando os estudos pouco atrativos e cansativos. Isto faz com que os alunos não queiram aula e sim outra atividade, neste caso as PCFs.
As questões básicas que nortearam a discussão com os professores, com o objetivo de fazer o levantamento de opiniões, dos docentes foram:
Vocês perceberam alguma mudança nos alunos com a aplicação das PCF?
Vocês gostariam de continuar com um programa de PCF durante suas aulas?
Como deveria ser aplicado este programa?No primeiro momento os professores, de forma geral, consideraram pouco o tempo de dois meses para destacarem grandes mudanças em nível de aprendizagem mental dos alunos em função da aplicação das Pausas de Cultura Física. Porém perceberam que as aplicações das Pausas de Cultura Física deixaram os alunos mais calmos e com melhores hábitos na forma de levantar, sentar, entrar e sair da sala de aula. Antes, conforme os professores, os movimentos corporais dos alunos eram "mais agitados, precipitados, desorganizados, com alguns empurrões e com muito barulho". Após a experiência com a aplicação do programa de Pausas de Cultura Física é possível perceber uma melhor organização dos alunos no entrar e sair da sala de aula, menos pressa em se deslocar e menos barulho com as cadeiras ao se levantar e sentar. Segundo os professores os alunos continuam conversando em sala de aula, porém notaram que houve uma diminuição na altura do som da voz dos alunos. Muitas das conversas referiam-se à solicitação de "fazer ginástica" complementou uma professora.
A opinião dos professores vai ao encontro dos resultados da pesquisa de NIFONTOVA (1981), que concluiu que os exercícios físicos provocam nos alunos a eliminação das tensões nervosas excessivas, fazendo com que os alunos se tornassem mais calmos.
Todos os professores concordaram em continuar com um programa de aplicação das Pausas de Cultura Física durante suas aulas, mas a sugestão é deixar que as Pausas de Cultura Física sejam aplicadas pelos professores em sala de aula, em horários e dias que estes e os alunos considerarem necessários.
A partir das respostas dos alunos e professores também podemos destacar, refletir e discutir sobre outros aspectos importantes, como, por exemplo: nem todos os alunos mostraram-se sempre motivados para participar das Pausas de Cultura Física. Isto revela a unidade, individualidade do ser humano. Cada um tem o seu tempo, suas necessidades muito próprias. Portanto, apesar das respostas mostrarem que a grande maioria gostou das Pausas de Cultura Física, e isto foi o que tentamos comprovar neste trabalho, houve alunos que não se encaixaram prazerosamente no projeto. Estes casos merecem um estudo especial para entender o porquê de isto ter acontecido. O mesmo percebemos ter acontecido em relação aos professores, que em alguns momentos desejavam muito que as Pausas de Cultura Física iniciassem logo e em outros estes mesmos professores preferiam não interromper as aulas para a prática de exercícios físicos. No caso dos professores também podemos interpretar que cada professor sente e reage de uma maneira muito própria em cada momento do processo do ensino e da aprendizagem, mostrando suas carências e necessidades ou não do movimento físico nos diversos horários em sala de aula. O professor assim como o aluno é um ser humano que requer um processo dinâmico para poder melhor exercer sua tarefa de educador; porém, da mesma forma, cada professor tem sua individualidade e ritmos próprios, podendo ter necessidades em tempos e horários diferentes um do outro.
Reconhecendo as individualidades tanto dos alunos quanto dos professores, entendemos que um método de ensino e aprendizagem não é totalmente eficaz para todos em todo o momento. O que as respostas dos alunos e as manifestações dos professores mostraram é que existem as individualidades nem sempre contempladas por um processo que busca atender a média do grupo.
Nós não encontramos saídas que dessem conta das necessidades individuais de alunos e professores, por isto nosso trabalho busca atender o grupo como um todo, porém fica em aberto esta preocupação para futuras pesquisas.
O método de ensino com aplicação das Pausas de Cultura Física teve êxito na escola, pois os resultados da pesquisa mostraram aumento na produtividade de trabalho mental dos alunos. A opinião dos alunos, conforme respostas do questionário apresentado anteriormente, e parecer dos professores, através da comunicação oral, em reuniões de avaliação, também reforçam a validade da aplicação das Pausas de Cultura Física em sala de aula, durante o dia letivo. Houve pareceres favoráveis e interesse dos professores e alunos, porém não se transformaram em prática na escola pesquisada. Isto demonstra o quanto é complexa a mudança de paradigma na educação. Apesar de entenderem e acreditarem no processo, os professores não foram formados para trabalhar de forma diferenciada, com um processo de aprendizagem no qual o movimento corporal se faz necessário. Segundo Maldaner (2000), alguns professores não conseguem mudar porque não foram abalados em suas crenças, isto é, os professores ainda não foram completamente convencidos de que a nova proposta do ensino e da aprendizagem é melhor do que as tradicionais, prevalecendo as práticas pedagógicas que vinham aplicando anteriormente. Maldaner (2000) acredita que somente com um trabalho continuado de médio e longo prazo é possível pensar em mudança efetiva no processo pedagógico nas escolas, pois o professor também é inerte e fica constrangido em mudar e se tornar dinâmico e ativo no processo pedagógico. É necessário mais tempo para haver mais crença "epistemológica" e mudança do paradigma, criando um novo hábito no processo pedagógico do professor, que foi formado em uma perspectiva diferente, não dinâmica, afirma o professor.
ConclusõesCom base nos resultados da pesquisa podemos fazer seguintes conclusões:
A realização sistemática das Pausas de Cultura Física durante o dia letivo melhora o processo do ensino e da aprendizagem dos estudantes da Escola de Ensino Médio.
A produtividade de trabalho mental dos alunos que participam de um programa de dois meses de Pausas de Cultura Física aumentou em média 29,9%, enquanto a média de produtividade de trabalho mental dos alunos que não participam das Pausas de Cultura Física ficou no mesmo nível.
As aplicações das Pausas de Cultura Física deixaram os alunos mais calmos e com melhores hábitos na forma de levantar, sentar, entrar e sair da sala de aula. Apesar dos alunos continuarem conversando em sala de aula, houve uma diminuição na altura do som de suas vozes.Tanto estudantes do Grupo Experimental como os professores que ministraram as matérias gostariam de continuar com um programa de Pausa de Cultura Física durante suas aulas.
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ReferénciasOs títulos marcados com (*), para melhor compreensão do texto, são traduzidas de idioma russa por Iouri Kalinine.
ANDROPOVA, M. V. Capacidade de trabalho intelectual dos estudantes e a sua dinâmica no processo da atividade de estudos e de trabalho. Moscou: Instrução, 1968.*
ANDROPOVA, M. V. CRIPCOVA, A.G. Adaptação do organismo dos estudantes com as cargas de estudos e de físicos. Moscou: Pedagogia, 1982.*
ANDROPOVA, M. V., VAINRUB, E. Programa e métodos da investigação do regime diário, da capacidade de trabalho e do estado de saúde dos estudantes. Moscou, Editira da Academia de Ciências Pedagógicas, 1978, 48p.*
ARANHA, M. L. A. História da educação. São Paulo: Moderna, 1989.*
BARANOV, V. M. Exercícios físicos durante a atividade de trabalho. Kiev: Saúde, 1984.*
BELOUS, P. D. Dinâmica da capacidade de trabalho intelectual dos estudantes da 3ª e 4ª séries da escola de 1º grau. Tese, Kiev: Editora da Universidade de Kiev, 1977.*
COMÊNIUS, 1592-1670 (Trad. Ivone Castilho Benedetti). Didática magna. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
FOMIN, N. A. A influência dos exercícios físicos dosados na capacidade de trabalho intelectual e algumas funções vegetativas dos estudos da escola de 1o. e 2o. Graus. Leningrado: LEU, 1964.*
GANDUR, A. R. Metodologia e efetividade das pausas de cultura física nas aulas de 6ª e 7ª séries da Escola de 1º grau. Tese, Kiev: Universidade Esportiva de Kiev, 1983.*
GUR, E. K. VDOVITCHENCO, E. A influência das pausas de cultura física nos índices da pressão arterial temporal e capacidade de trabalho intelectual dos estudantes de 2ª/3ª séries da escola de 1º grau - cultura física no regime do trabalho e do descanso. Relatório da conferência internacional de 13-17 de set. de 1971. Kiev, 1971, p.155-157.*
KALININ, I. P. A intensificação, o funcionamento intelectual dos estudantes da Escola de 2º grau por meio da individualização da atividade do movimento. Tese, Kazan, Ed. da Universidade Pedagógica de Kazan, 1990.*
KALININE, I. GOLLER, D. F. Ginástica laboral para saúde psíquico dos alunos na escola do ensino fundamental. Fitness Performance, Rio de Janeiro, v. 1, n. 4, p. 37-41, 2002.
LEONOV, A. Z. Educação física no regime do dia letivo. Moscou: Cultura Física na Escola de 1º e 2º Graus, n.3, p.30-34, 1975.*
MALDANER, O. A. A formação inicial e continuada de professores de química: professores/pesquisadores. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2000. (Coleção educação em química).
NICOGOCIAN, G. G; GASLER, R. N. Estado de saúde e a capacidade de trabalho intelectual dos escolares da cidade Erevan. Obras do Instituto de Higiene das crianças e dos adolescentes. Moscou, n.1, p.72-81, 1977.*
NIFONTOVA, L.N. Cultura física de produção. Moscou: Medicina, 1981.*
PUTIVILHISKI, I. I. As pausas de cultura física durante o dia letivo dos institutos superior. Teoria e Prática da Cultura Física. Moscou, n.7, p.54-57, 1972.*
RUBAN, V. P. A influência dos exercícios físicos na dinâmica da capacidade de trabalho intelectual dos estudantes da 1ª a 4ª séries da escola de 1º grau. Moscou: Teoria e Prática da Cultura Física, n.7, p.4042, 1973.*
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revista
digital · Año 11 · N° 101 | Buenos Aires, Octubre 2006 |