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Investigação da estrutura fatorial da
Escala de Dimensão Causal II (CDS II)

   
* Mestrado em ciências da Saúde pela Universidade de Brasília
** Doutor em Psicologia. Pesquisador Associado da
Universidade de Brasília. Professor do UNICEUB
(Brasil)
 
 
Rossana Travassos Benck*
rbenck@aip.com.br  
Hiram Valdes Casal**
hiramv@terra.com.br
 

 

 

 

 
Resumo
    Atribuições de causalidade influenciam decisivamente a motivação e a performance dos atletas. Dentre as escalas desenvolvidas para medir as atribuições de causas de atletas a Escala de Dimensão Causal II - CDS II, tem sido amplamente usada, mostrando boa validade e fidedignidade (7). Este estudo visa apresentar dados relativos a validade de construto da versão brasileira da CDS II, estabelecida mediante a investigação da sua estrutura fatorial. Duzentos e um atletas federados, de ambos os sexos, com idade entre 12 e 17 anos (média de 14,7 ± 1,5 anos) e de quatro diferentes modalidades esportivas analisaram suas performances utilizando a versão em português da CDS II. Foi realizada inicialmente a análise dos Componentes Principais (PC), seguida da extração e rotação de três e quatro fatores pelo Método dos Eixos Principais (PAF) e do critério de rotação oblíqua (Direct OBLIMIN). Diferentemente da estrutura de quatro fatores observada no original da CDS II, a versão brasileira revelou três fatores: controle pessoal, controle externo e estabilidade. Enquanto os fatores controle externo e estabilidade se mantiveram tais como os originais, o fator controle pessoal da versão brasileira integrou parcialmente itens dos fatores controle pessoal e causalidade da versão original. A estrutura fatorial encontrada na versão brasileira é semelhante à proposta pela Teoria Atribucional de Weiner. Os resultados mostram que a escala CDS II tem consistência interna e validez de construto que dão suporte para a medição de como os indivíduos percebem as causas de sua conduta através das dimensões causais.
    Unitermos: Atribuições no esporte. Mensuração de causalidade. Estrutura fatorial.
 
Resumen
    Las atribuciones de causa influyen decisivamente en la motivación y el rendimiento de los atletas. Entre las escalas desarroladas para medir las atribuciones de causa de los altetas, la Escala de Dimensión Causal II (CDS II) ha sido ampliamente utilizada, mostrando buen nivel de validez y confiabilidad. Este estudio tiene como objetivo determinar la estructura factorial de la versión brasileña de la CDS II. Doscientos y un atletas federados, de ambos sexos, con edades entre 12 y 17 años (Media de 14,7 ) y de cuatro modalidades deportivas diferentes, evaluaron sus rendimientos utilizando la versión en português de la CDS II. Fue realizado incialmente um análisis de los Componentes Principales (PC) seguido de la extracción y rotación de tres y cuatro factores por el Método de los Ejes Principales (PAF) y del critério de rotación oblicua (Direct OBLIMIN). Diferente de la estructura de cuatro factores hallada en la versión original de la CDS II, la versión brasileña reveló tres factores: control personal, control externo y estabilidad. Mientras los factores control externo y estabilidad se mentuvieron como los originales, el factor control personal de la versión brasileña integró parcialmente items de los factores control personal y causalidad de la versión original. La estructura factorial encontrada en la versión brasileña es semejante a la propuesta por la Teoría de Atribucional de Weiner. Los resultados muestran que la escala CDS II tiene una consistencia interna y validez de constructo tales que permiten la evaluación de como los indivíduos perciben las causas de su conducta.
    Palabras clave: Atribuciones en el deporte. Medida de la causalidad. Estructura factorial.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 84 - Mayo de 2005

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Introdução

    As várias abordagens psico-sociais para o estudo da motivação no esporte focalizam diretamente as construções cognitivas pelas quais os atletas são motivados. Segundo as teorias da atribuição (3, 9), a atribuição de causas a um desempenho, considerado como sucesso ou fracasso, tem influência decisiva na performance esportiva futura de atletas. Estas diferentes atribuições de causas afetam seus comportamentos motivados em termos de persistência e estabilidade de seus desempenhos.

    Segundo Biddle (1, 2), Weiner que foi influenciado pelas diferenciações de Heider (1958) e pelos estudos de Rotter (1966) "Locus de controle", propôs um modelo atribucional de motivação para a realização adequada aos comportamentos de desempenho em geral e, especialmente, ao desempenho nos esportes. Neste modelo, os indivíduos utilizam quatro elementos causais distintos para julgar, antecipar, predizer e interpretar um evento envolvendo a realização, sendo eles: capacidade, esforço, dificuldade da tarefa e acaso, dos quais seria função todo e qualquer resultado da ação das pessoas (1, 4, 7).

    Para Weiner (19, 20) a atribuição causal resulta de julgamentos realizados de acordo com três dimensões, cada uma com dois pólos: Locus de causalidade (interno vs. externo), estabilidade (estável vs. instável) e controle (controlabilidade vs. incontrolabilidade). A atribuição de causa a habilidade, por exemplo, é considerada interna e estável e enquanto que a atribuição de uma causa ao esforço é considerada interna e instável. A dimensão controlabilidade significa atribuir a causa de seu desempenho a capacidade e eficácia e a incontrolabilidade, por sua vez, estaria relacionada as atitudes, humores, ações dos outros e sorte.

    Sabendo-se que a influência dessas dimensões causais sobre o comportamento é também mediada pelas expectativas futuras e reações afetivas (6, 13, 18), tornam-se fundamentais os estudos das categorias de Weiner para classificar e compreender as dimensões que influenciam as conseqüências psicológicas das atribuições, como a mudança de expectativa ou os sentimentos e impressões emocionais e finalmente poder atingir os comportamentos (5, 6).

    Todas as situações esportivas envolvem o processo social de comparação; a interação entre resultado e dificuldade da tarefa irá determinar fortemente as inferências de habilidade. Os ambientes desportivos, repletos de situações de sucesso e fracasso, fornecem grandes oportunidades para a testagem da teoria de atribuição (14, 15). O processo atribucional tem significativas implicações para situações esportivas, uma vez que os indivíduos envolvidos no esporte fazem atribuições baseadas no resultado da atividade. De maneira que, o estudo de atribuições de causalidade para a vitória e derrota em competições esportivas possui um grande potencial para o entendimento do comportamento motivado no esporte e na educação física.

    A existência dessas três dimensões tem sido apoiada por numerosos estudos (4,12,13), onde foram utilizados procedimentos de mensuração padronizados ou informais.

    Alguns instrumentos têm sido construídos para mensurar as atribuições feitas por atletas quanto aos seus desempenhos nos esportes. Tenenbaum et al. (14), criaram a Wingate Sport Achievement Responsability Scale - WSARS para medir a percepção de responsabilidade sobre resultados esportivos, levando em consideração somente à dimensão lócus de causalidade. A Sport Attributional Style Scale - SASS, construída por Hanrahan et al. (14), considera a interpretação subjetiva de sucesso e fracasso ao invés do resultado de vencer ou perder e julga as atribuições feitas de acordo com cinco dimensões: causalidade, estabilidade, controlabilidade, globalidade e intencionalidade. A WSARS e a SASS medem o estilo atribucional dos atletas, isto é, a tendência para fazer uma determinada atribuição em diferentes situações e em diferentes momentos. Ambas procuram medir características atribucionais individuais dos atletas. A Performance Outcome Survey - POS desenvolvida por Leith & Prapavessis (14) também procura medir o estilo atribucional dos atletas quanto aos seus desempenhos em geral.

    Ao contrário das mensurações de atribuições individuais, onde são feitas atribuições sobre o desempenho em um evento específico, as medidas de estilo atribucional são medidas "genéricas", pois permitem que os atletas façam suas atribuições em múltiplos eventos esportivos. As atribuições são feitas considerando o desempenho em situações hipotéticas gerais. Entretanto, a utilização destes instrumentos fica limitada, pois não se pode assumir que os atletas tenham experiências idênticas em diferentes situações.

    Em outros estudos tradicionais de medição da atribuição de causalidade, o investigador, ao invés de utilizar escalas padronizadas, interpretava o discurso dos participantes em termos da representação dimensional da causa de acordo com a teoria da atribuição. Este procedimento supunha que o significado da atribuição, a causa relatada pelo sujeito atribuidor, era o mesmo que o significado subjacente na teoria da atribuição. Este erro metodológico foi descrito e classificado por Russell (8,13) como o erro fundamental do investigador.

    Uma metodologia mais apropriada consiste em medir como a pessoa que faz a atribuição vê a causa que ele mesmo tenha especificado (10). A Causal Dimension Scale - CDS (Escala de Dimensão Causal) foi desenvolvida por Russell (8, 10) como uma tentativa de medir as dimensões utilizadas pelos próprios sujeitos nas explicações das causas fornecidas para seus desempenhos. Na CDS, o sujeito-atribuidor analisa uma série de possíveis causas do seu desempenho, expressas em nove sentenças e elaboradas de acordo com dimensões propostas por Weiner: Locus de causalidade, dimensão de estabilidade e dimensão de controlabilidade. Embora inicialmente promissoras, as investigações empíricas das propriedades psicométricas da CDS revelaram baixa consistência interna entre a dimensão de controlabilidade e uma alta correlação entre esta dimensão e a dimensão de causalidade (8, 10).

    Vallerand e Richer (17) desenvolveram, então, vários estudos onde procuraram replicar a estrutura fatorial da CDS em situações reais ao invés de situações hipotéticas e realizar análises fatoriais confirmatórias para estabelecer a estrutura fatorial definitiva da escala. Seus resultados mostraram que o índice de consistência interna da dimensão de controle estava abaixo de 0,50 embora confirmassem um modelo com uma estrutura fatorial oblíqua de três fatores (com um padrão de cross-loadings entre alguns itens da escala).

    Levando em consideração as sugestões e os resultados obtidos por Vallerand e Richer (17), McAuley, Duncan e Russell (10), sugeriram uma nova escala (CDS II) com a divisão da dimensão controlabilidade em duas novas dimensões (controle pessoal e controle externo), resultando em uma estrutura fatorial composta de quatro tipos de atribuições (locus de causalidade, controle pessoal, controle externo e estabilidade). Na CDS II solicita-se inicialmente aos atletas que avaliem seus desempenhos atribuindo-se notas em uma escala onde 7 = sucesso absoluto e 1 = fracasso absoluto. Em seguida, o atleta avalia o grau no qual doze sentenças são descritivas das causas que eles consideram como responsáveis pelos seus desempenhos. Estas sentenças representam posições bipolares situadas nos extremos de uma escala de nove pontos e refletem os quatro tipos de atribuições supracitadas. Esta nova estrutura apresentou bons índices de fidedignidade e validade.

    McAuley, Duncan e Russell (10) também realizaram vários estudos demonstrando razoável consistência interna e boa validade de construto para a CDS II. Análise fatorial confirmatória também revelou boa adequação do modelo de quatro fatores (GFI = 0,96) quando comparado a qualquer outro modelo alternativo. Esta análise revelou uma correlação negativa entre os fatores controle externo e controle pessoal (- 0,56); correlação positiva entre o fator locus de causalidade e o fator de controle pessoal (0,71); correlação negativa entre locus e controle externo (- 0,65); e por último, pequenas, mas também significativas correlações positivas (0,16) e negativas (- 0,33) entre o fator estabilidade e controle pessoal e controle externo respectivamente.

    García, Sanchez e Nicolás, (8) traduziram a CDS II para o espanhol e também encontraram os mesmos quatro fatores nas respostas dadas por 250 estudantes universitários. Os índices de consistência interna foram superiores aos encontrados na solução inicial apresentado no estudo de Russell.

    A CDS II é, portanto, um instrumento proeminente na pesquisa da psicologia do esporte e do exercício, tendo sido amplamente empregada na mensuração das atribuições de causalidade que os atletas realizam quanto aos seus desempenhos.

    O objetivo do presente estudo é determinar a estrutura fatorial, bem como, avaliar a validade e fidedignidade de construto da CDS II traduzida para a língua portuguesa.


Método

Amostra

    Participaram 201 atletas de ambos sexos com idades entre 12 e 17 anos (Média 14,7 ± 1,5), federados, atuantes e representantes de quatro esportes olímpicos. Na Figura 1 descreve-se o número de atletas participantes de acordo com o gênero e suas respectivas modalidades esportivas. Observe-se na Tabela 1 a predominância de modalidades esportivas individuais e de atletas masculinos.

Tabela 1. Número de atletas participantes de acordo com o gênero e modalidade esportiva


Instrumento

    A versão brasileira da Escala de Dimensão Causal II (CDS II) foi desenvolvida com a tradução para o português do original de McAuley, Duncan e Russell (10), através do sistema back translation, onde cinco juízes bilíngües realizaram a tradução reversa para o inglês e outros cinco traduziram para o português. A comparação das duas versões não revelou diferenças significativas na interpretação dos itens da CDS II.

    A CDS II em português (FIGURA 1) é idêntica a escala original sendo uma escala onde o atleta avalia seu desempenho geral na sua modalidade esportiva, atribui uma causa para este desempenho e avalia as possíveis razões para esta causa, respondendo doze escalas de nove pontos ancoradas em seus extremos por expressões bipolares que refletem quatro dimensões da atribuição de causalidade.

Figura 01

    Cada atleta responde inicialmente a uma questão onde se solicita que avalie seu desempenho geral em uma escala de sucesso e fracasso de sete pontos onde 1 = fracasso absoluto e 7 = sucesso absoluto. Em seguida, faz uma atribuição causal de sua atuação respondendo uma pergunta aberta: "Na sua opinião quais são as causas dos seus resultados esportivos?" O atleta é, então, solicitado a pensar sobre a razão ou razões que apresentou na questão anterior e responder doze escalas de nove pontos ancoradas nos seus extremos por sentenças opostas representativas de quatro tipos de causas: três escalas para locus de causalidade (p. ex., "está relacionada a você vs. está relacionada aos outros"), três escalas para controle pessoal (p. ex., "é gerenciável por você vs. Não é gerenciável por você"), três escalas para controle externo (p. ex., "está sob o poder de outras pessoas vs. não está sob o poder de outras pessoas") e três escalas para estabilidade (p. ex., "é permanente vs. é temporária").


Procedimentos

    Após a informação sobre os objetivos do estudo, a obtenção por escrito do termo de consentimento livre e esclarecido (preenchido pelos responsáveis no caso dos menores de idade), a garantia do caráter voluntário da participação, e da aprovação da pesquisa junto ao Comitê de Ética em Pesquisa - CEP - FS/UnB, os atletas foram orientados quanto ao preenchimento do instrumento. Os atletas do judô foram abordados num único encontro realizado pela Federação Metropolitana de Judô para treinamento dos melhores judocas da cidade. Os atletas da ginástica olímpica e da ginástica rítmica foram abordados durante a realização dos V Jogos da Juventude realizados em Recife-PE, onde foi possível reunir os melhores ginastas do país nas categorias infantil e juvenil. Os atletas do basquetebol e da natação foram entrevistados nos seus próprios clubes de atuação durante os treinamentos (Brasília, DF).


Resultados

    Inicialmente foi realizada uma análise dos componentes principais quando se verificou a adequação e o possível número de componentes presentes e a fatorabilidade da matriz de correlações (11, 16). O indicador KMO foi igual a 0,77 e Teste de Bartlett de esfericidade com índice de 565,87 e significância p < 0,001.

    O gráfico scree plot e os valores dos eigenvalues acima de 1, sugeriram a existência de três fatores na versão brasileira da CDS II. Realizou-se, então, uma análise fatorial com o método dos eixos principais (PAF) e rotação oblíqua (direct oblimim) (11, 16). A consistência interna dos fatores foi analisada pelo Alpha de Cronbach. Além da extração dos três fatores, sugeridos pela análise dos componentes principais, foi também solicitada a extração de quatro fatores (como prevê originalmente a CDS II), mas a agrupação dos itens nos fatores não foi interpretável mantendo-se, portanto, a solução dos três fatores.

    A solução fatorial dos três fatores encontrados (explicando 57,14% da variância total) com os respectivos itens, cargas fatoriais, comunalidades, percentual de variância explicada e índices de consistência interna estão apresentados na Tabela 2 (apenas itens com cargas fatoriais superiores a 0,30 foram incluídos).

Tabela 2. Cargas fatoriais, comunalidades, percentual de variância explicada e índices de consistência interna dos fatores
que compõem a CDS II (apenas itens com cargas fatoriais superiores a 0,30 foram incluídos).

    Como pode ser visto na Tabela 2, a escala validada ficou com 11 itens, pois o item 6 da escala CDS II original ("está dentro de você" vs. "está fora de você") foi eliminado da versão brasileira por ser um item complexo apresentando cargas fatoriais em mais de um fator.

    O Fator 1, Controle Pessoal (alpha de Cronbach = 0,76), ficou constituído por cinco itens representativos da causalidade e controlabilidade interna (é gerenciável por você, você pode regular, está relacionada a você e é algo sobre a qual você tem o poder); o Fator 2, Controle Externo (alfa de Cronbach = 0,63), ficou constituído por três itens (é algo sobre a qual os outros têm o controle, está sob o poder de outras pessoas e é algo que os outros podem regular) e o Fator 3. Estabilidade (alfa = 0,69), ficou com três itens (é permanente, é estável no tempo e não é modificável).

    Na estrutura fatorial encontrada na versão brasileira da CDS II, o Fator 1, controle pessoal, envolve os itens 01 a 09 da escala que correspondem ao fator locus de causalidade da versão original da CDS II. Portanto, o Fator 1 da versão em Português da CDS II ficou constituído pelos itens 04, 02, 10, 09 e 01 ordenados em função de sua carga fatorial e justificado por sua alta correlação.


Discussão

    Como acontece em estudos psicométricos, deve-se considerar com cautela a estrutura fatorial encontrada, pois são muitas as variáveis das quais ela depende. Em relação especificamente ao estudo apresentado, deverá ser considerado o tamanho da amostra e também a faixa etária utilizada, restrita a jovens atletas de 12 a 17 anos. Estas considerações permitiriam no futuro realizar uma análise fatorial confirmatória da estrutura fatorial proposta.

    A estrutura fatorial encontrada aqui de três fatores - Controle Pessoal, Controle Externo e Estabilidade - corresponde às três dimensões causais propostas pela teoria atribucional original de Weiner (19, 20), sendo coerente com os pressupostos teóricos do próprio construto.

    Os estudos de García, Sanchez e Nicolás (8), com a CDS e a CDS II apresentaram e compararam os modelos de três e quatro fatores, pois certas incoerências entre os modelos já haviam despertado interesse de outros pesquisadores. Watkins e Cheng (8) já haviam proposto um modelo de três fatores para a CDS II, o qual une por conta da alta correlação (0,71), os fatores locus de causalidade e o controle pessoal, assim como ocorreu neste estudo. Além disso, Roberts e Pascuzzi (12) também criticam o modelo de quatro fatores, alertando para que se dê mais atenção às dimensões de estabilidade e controlabilidade nas pesquisas com esportistas, propondo que essas dimensões devem ser consideradas com mais cautela no esporte e na atividade física, pois as expectativas futuras e reações afetivas são provocadas pelas próprias atribuições: a atribuição de controle pessoal, por exemplo, pode aumentar ou diminuir a auto-estima e a auto-confiança, e em situações de sucesso terão influência positivas nas reações afetivas positivas do atleta, enquanto que a atribuição de uma causa sendo considerada estável pode aumentar a esperança de bons resultados no futuro.

    Além dos indicativos positivos de validez e fidedignidade da versão brasileira da CDS II encontrados na amostra estudada, os dados e as interpretações precedentes permitem, também, apoiar a validade da estrutura trifatorial encontrada nesta pesquisa.

    O estudo ilustra a importância da atribuição causal numa perspectiva desportiva de sucesso e fracasso além mostra a relevância deste instrumento na pesquisa da psicologia do esporte e do exercício, portanto sugere-se um contínuo esforço para investigar os fundamentos teóricos que estão por trás dele e desta forma viabilizar futuras pesquisas nesta área.


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revista digital · Año 10 · N° 84 | Buenos Aires, Mayo 2005  
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