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Distúrbios alimentares em
frequentadores de academia

   
Curso de Educação Física
Centro Universitário Toledo - Araçatuba, SP
(Brasil)
 
 
Ana Paula Baptista
Profª. Elaine Vaz Pandini

videolap@terra.com.br
 

 

 

 

 
    O objetivo foi determinar o Índice de Massa Corpórea, e o risco de distúrbio alimentar em indivíduos que freqüentam academia. Participaram da pesquisa 20 mulheres com idade entre 13 e 50 anos, que se exercitam em média 2 horas/dia. Foi utilizado para pesquisa a avaliação de Índice de Massa Corpórea (IMC), que serve para avaliar a normalidade do peso corporal de um indivíduo e como indicador de excesso de peso ou denutrição, e um questionário de triagem para detectar a qualidade da alimentação das participantes (Mini Avaliação Nutricional MAN), a soma de pontos de cada questão de cada participante será classificará como: 12 pontos ou mais = normal, e 11 pontos ou menos = possibilidade de desnutrição. O estudo apontou que 20% das participantes apresentam risco de desnutrição conforme o questionário de triagem, e na avaliação do IMC 5% apresentam-se abaixo do peso, 25% no peso ideal e 70% acima do peso. Os resultados da pesquisa evidenciaram que muitas participantes estão acima de seu peso ideal com relação a sua altura; uma pequena porcentagem apresenta o risco de induzir o aparecimento de um distúrbio alimentar por apresentarem seu Índice de Massa Corpórea abaixo do normal; estas participantes devem procurar orientação com um profissional da área de saúde para que seja avaliada e detectado quais as causas de seu problema.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 82 - Marzo de 2005

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Introdução

    Durante muito tempo os distúrbios alimentares eram entendidos como problemas secundários, até que adquiriram o direito de ser citado nas patologias do século XIX graças a Lasègue e Gull; os estudos a longo prazo destes doentes, que após alguns meses em muitos se resumia a uma recuperação de peso, fez com que a gravidade desta doença não fosse nesta época tão evidente.

    Atualmente, os distúrbios alimentares e o transtorno compulsivo de comer, estão alcançando níveis altos na sociedade e são responsáveis por grande números de mortes entre todos os distúrbios psíquicos conhecidos. As causas dos distúrbios alimentares são múltiplas, incluindo os fatores genéticos, biológicos e comportamentais.

    A pressão de uma sociedade cada vez mais competitiva, o estresse e experiências de vida traumáticas, associadas a imagem do corpo perfeito tem levado muitas pessoas, em destaque as mulheres a maltratar seu próprio organismo, seja passando fome ou comendo em excesso.

    As grandes distorções no processo alimentar continuam sendo ao meio cultural; em nações industrializados com excesso de alimento e uma visão voltada a estética como modelo para o sucesso interpessoal.

    O aumento marcante da participação feminina em atividades esportivas competitivas nas últimas décadas trouxe muitos benefícios; entretanto, infelizmente, além dos aspectos positivos alguns problemas relacionados à essa atividade têm se mostrado presentes. Tais situações e problemas podem ocorrer com aquelas atletas que se dedicam de forma compulsiva, chegando o esporte e a busca da perfeição do corpo a assumir um aspecto doentio devido a diminuição da vida social da atleta como um todo.

    Os distúrbios alimentares podem ser classificados como comportamentos anormais relacionados a alimentos e a nutrição, podem incluir negação da ingestão de alimentos, bebidas em excesso, vômitos, abusos de laxativos ou até mesmo exercícios excessivos; estes geralmente vem acompanhados de idéias irreais sobre a imagem corpórea, alimentação e transtornos psicológicos e de desenvolvimento ( Mahan; Arlin - 1995 ).

    A anorexia e a bulimia são dois tipos de distúrbios alimentares mais freqüentes, são formas de auto abuso alimentar suas causas são múltiplas incluindo fatores genéticos (parentes de 1º grau dos pacientes com distúrbios alimentares podem apresentar um risco 8 vezes maior de desenvolver a patologia do que a população em geral.); fatores biológicos (incluem alterações hormonais que ocorrem durante a puberdade e as disfunções de neurotransmissores cerebrais como a dopamina, a serotonina e a noradrenalina que estão ligados a regulação normal do comportamento alimentar e manutenção do peso.); e os fatores comportamentais (os modelos de sistemas familiares procuram identificar determinados padrões de funcionamento alimentar alterado como a minimização de conflitos, o envolvimento da criança com tensões familiares e pais ausentes.) (Balone, 2003).

    Em geral, os comportamentos alimentares desordenados afetam mulheres e homens entre 15 e 35 anos de idade (McArdle, 2001).

    A anorexia é um transtorno alimentar que se manifesta pela forte recusa alimentar e a dificuldade de manter o peso corporal em níveis mínimos de acordo com a idade e estatura, assim ocorre a perda de pelo menos 85% do peso corporal, a oscilação no senso de controle, anormalidades nas relações familiares também estão presentes. Essa doença geralmente se inicia na puberdade e os indivíduos perdem peso de diversas maneiras as técnicas mais comuns são: exercícios em excesso, ingestão de laxativos e a dieta da inanição. Muitas vezes podem ser detectados através de certos hábitos como: recusa de comer perto de outras pessoas ou a de prepararem grandes jantares para outras pessoas.

    A anorexia é então um transtorno alimentar caracterizado pela limitação da ingestão de alimentos devido à obsessão de magreza e o medo mórbido de ganhar peso, o paciente apresenta uma imagem corpórea distorcida que o leva à escolha de obter pesos cada vez menores. O estoque energético é reduzido e o débito aumentado devido aos exercícios excessivos, pelos vômitos induzidos e pelo uso de laxativos ou diuréticos. Os distúrbios psicológicos e de desenvolvimento mostram um estado no qual o paciente anoréxico é incapaz de se auto-cuidar (Mahan, Arlin - 1995).

    Nesse caso onde os pacientes realizam uma alimentação totalmente restrita e rigorosamente controlada, apresentam um Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou inferior a 17,5 Kg. Se o IMC é abaixo de 15 pode ser considerado como uma fase crítica, pois ocorre o desaparecimento do tecido adiposo e uma atrofia muscular considerável além de outros fatores que contribuem para a gravidade da doença. Nesse caso de transtorno a doente se vê gorda no espelho mesmo estando extremamente magra, e o ato de perder peso se converte em sua principal obsessão.

    Outro tipo de transtorno alimentar é a Bulimia, este é considerado como psicológico e é caracterizado por crises de compulsões periódicas de excesso alimentar seguido de comportamentos inapropriados de controle de peso onde o paciente tenta a qualquer custo se livrar da comida ingerida. Tais métodos incluem o vômito forçado, fraqueza pela alimentação irregular, uso excessivo de laxativos e diuréticos e exercícios físicos intensos seguidos de sentimentos de culpa e vergonha. Em comparação com os homens, as mulheres com problema de peso exibem maiores abusos alimentares durante os períodos de emoções negativas (ansiedade, frustração, depressão ou raiva), cerca de 2 a 4% de adolescentes e adultos na população geral sofrem de bulimia.

    A maioria dos pacientes diagnosticados como bulimicos preenchem os padrões para um grande distúrbio depressivo, desinteresse, tristeza, nível de atenção reduzido, ruptura nos padrões do sono e idéias de suicídio. Tendem a abusar do álcool e das drogas em um nível mais alto que a população em geral. Em uma comparação do uso de substâncias em 134 mulheres com anorexia e 320 com bulimia, as bulímicas abusavam de álcool, maconha, tranqüilizantes e cocaína muito mais do que as anoréxicas (McArdle, 2001).

    Na bulimia os pacientes apresentam um Índice de Massa Corpórea (IMC) normal ou acima do Normal ( de acordo com sua altura) , IMC de 20 para cima. Seu peso está sempre em oscilação pelo fato da ingestão dos alimentos.

    Os anoréxicos se contentam com a sensação de controle sobre a comida enquanto se esforçam para alcançar um nível percebível da perfeição física, em contraste, os bulímicos experimentam um descontrole e reconhecem seus comportamentos como impulsivo e anormal (McArdle, 2001).

    Pode ter como aspecto participativo na causa dos distúrbios alimentares fatores biológicos, que incluem alterações hormonais que ocorrem durante a puberdade e estão ligados a regulação normal do comportamento alimentar e manutenção do peso, além dos aspectos genéticos, e outros fatores como o psicológico.

    Na anorexia as causas podem ser explicadas como forma de uma autocrítica onde o paciente nega a aceitação de seu corpo e constantemente se culpa por sua realidade corporal. A preocupação com a imagem corpórea e a estética corporal faz com que os anoréxicos tomem decisões e atitudes radicais em relação a alimentação se abstendo quase que totalmente da ingestão de alimentos o que causa uma grande deficiência nutricional.

    Na bulimia as atitudes tomadas pelos pacientes são menos radicais pois não se privam totalmente da ingestão de alimentos; assim as deficiências nutricionais são menos graves principalmente na adolescência.

    Os sinais e sintomas dos distúrbios alimentares são praticamente iguais no que se refere ao medo compulsivo de ganhar peso; na bulimia os sintomas são mais leves e mais psicológicos e as deficiências nutricionais são menos graves e as vezes não percebíveis, enquanto na anorexia esses sintomas são mais rigorosos e visíveis acarretando deficiências nutricionais totalmente precárias.

    Na anorexia podemos citar como sinais de alerta,:

  • Preocupação em ser "por demais gordo(a)" apesar da manutenção de um peso corporal normal (grandes preocupações com a estética);

  • Perda de uma quantidade significativa de peso corporal;

  • Peso corporal muito baixo para um bom desempenho atlético;

  • Preocupação com a dieta, contagem de calorias, preparo e a ingestão de alimentos (grande preocupação com a restrição dos alimentos);

  • Necessidade compulsiva de realizar atividade física contínua e vigorosa que ultrapassa as exigências de treinamento para seu desporto específico (sempre acha que está acima do peso e precisa emagrecer);

  • Manutenção de uma aparência "magra" (peso corporal inferior a 85% do peso esperado);

  • Episódios esporádicos de exagero alimentar e de purgação (sentimentos de culpa);

  • Descontentamento com as partes corporais correspondentes ao dorso e às extremidades (várias áreas percebidas constantemente como "gordas" ou proeminentes).

    Na bulimia , estes são alguns sinais de alerta:

  • Preocupação excessiva com o peso, a estatura e a composição do corpo;

  • Aumentos e perdas freqüentes de peso corporal (devido a ingestão e logo após a purgação);

  • Idas ao banheiro após as refeições (para estimular o vômito);

  • Temor de não ser capaz de controlar a comida (medo de não ter auto controle sobre os alimentos);

  • Comer quando deprimido (uma forma de aliviar os problemas);

  • Dieta compulsiva após episódios de alimentação exagerada (se culpa pela ingestão dos alimentos, e tenta a qualquer custo se ver livre das calorias ingeridas);

  • Grandes desvios no humor , depressão, isolamento (devido a todos os outros fatores apresentados);

  • "Orgias alimentares" reservadas, porém nunca comendo em excesso diante dos outros (devido ao sentimento de culpa e depressão comem até que não consigam ingerir qualquer outro alimento);

    O diagnóstico para os distúrbios continuam na maioria dos casos a ser estabelecidos pela presença da perda de peso considerável que aparece nos dois tipos de distúrbios (na bulimia em alguns casos os pacientes ao invés de perderem peso podem apresentar o peso corporal acima do indicado para sua estatura e idade); os primeiros sintomas passam despercebidos tanto para os doentes quanto pelos familiares. Uma abordagem do diagnóstico precoce em muitos casos pode evitar perdas de peso acentuadas e outras complicações.

    Os seguintes subtipos podem ser usados para a especificação da presença ou ausência de compulsões periódicas ou purgações regulares durante o episódio atual da anorexia nervosa.

Tipo Restritivo: Nesse tipo a perda de peso é conseguida principalmente através das dietas, jejuns ou exercícios excessivos. Durante o episódio atual esses pacientes não desenvolvem compulsões periódicas ou purgações.

Tipo Compulsão Periódica / Purgativo: é quando o paciente se envolve regularmente em compulsões de comer seguidas de purgações. A maioria dos pacientes com anorexia nervosa que comem compulsivamente também fazem purgações mediante vômitos auto induzidos ou uso indevido de laxantes, diuréticos ou enemas. Alguns pacientes incluídos nesse subtipo não comem de forma compulsiva mas fazem purgações regularmente mesmo após o consumo de pequenas quantidades de alimentos.

    Geralmente esses pacientes apresentam esse tipo de comportamento pelo menos 1 vez por semana.

    Esses pacientes estão mais propensos a ter outros problemas de controle dos impulsos, a abusarem de álcool ou outras drogas, e exibem maior instabilidade do humor.

    Os seguintes subtipos podem ser usados para especificar a presença ou ausência regular de métodos purgativos em uma compulsão periódica no paciente bulímico:

Tipo Purgativo: O paciente apresenta regularmente a auto-indução de vômito ou o uso indevido de laxantes e diuréticos;

Tipo sem Purgação: Quando o paciente no momento do comportamento compensatório (após a ingestão dos alimentos), utiliza-se de jejuns ou exercícios excessivos e não se envolve regularmente na auto-indução de vômitos e uso de laxantes, diuréticos e outros. (Balone - 2003)

    Existem uma série de riscos a saúde associados aos distúrbios alimentares, na anorexia podemos citar tais conseqüências físicas:

Neuroendócrinas:

  • Falha do período menstrual mensal (amenorréia);

  • Temperatura central baixa à regulação térmica anormal e a uma gordura corporal baixa;

  • Taxa Metabólica Basal (TMB) baixa;

  • Baixos níveis de estrogênio que resultam em ossos quebradiços (por depleção mineral) e fraturas por estresse;

Dermatológicas:

  • Pele seca, escamosa

  • Pêlos finos, ásperos e quebradiços em virtude da desnutrição;

  • As unhas ficam secas e quebradiças;

  • Pele amarelada.

Cardiovasculares:

  • Freqüência cardíaca em repouso reduzida (bradicardia);

  • Arritmias cardíacas;

  • Massa Cardíaca diminuída, particularmente o ventrículo esquerdo;

  • Anemia relacionada à nutrição inadequada.

Digestivas:

  • Problemas dentários;

  • Constipação;

  • Esvaziamento gástrico lento;

  • Dor e distenção abdominais relacionada a atrofia pôr desuso do trato Gastro Intestinal.

Líquidos:

  • Estado de desidratação.

    Na Bulimia as conseqüências físicas são:

Neuroendócrinas:

  • Ciclo menstrual irregular devido à produção irregular de estrogênio;

  • Menores níveis de serotonina e de adrenalina.

Cardiovasculares:

  • Arritmias cardíacas (por desequilíbrios eletrolíticos).

Pulmonares:

  • Pneumonia por aspiração relacionada à regurgitação.

Digestivas:

  • Irregularidades digestivas (Gases, Distenção, Cólicas);

  • Constipação;

  • Refluxo do conteúdo gástrico, azia;

  • Perda do esmalte dos dentes e doença gengival em virtude da ação do ácido gástrico durante os vômitos;

Outras:

  • Bolsas debaixo dos olhos;

  • Vasos sangüíneos faciais quebrados;

  • Fraqueza muscular;

  • Desmaios; (McArdle - 2001)


Os distúrbios alimentares em atletas

    A maioria dos atletas amam comer e dão boas-vindas ao fato de que quanto mais eles se exercitam, mais eles podem comer. Mas alguns atletas são dominados por obsessões de comida e transtornos alimentares. Eles se preocupam constantemente com o que, quando e onde eles comerão, quanto peso eles ganharão se comerem uma refeição normal com seus amigos, quantas horas eles terão que se exercitar para queimar essas calorias, quantas refeições eles deveriam pular se eles comem demais através de alguns bocados e assim por diante. Eles são consumidos por uma aflição sem fim em torno de comida, peso, exercício e dieta

    Os transtornos alimentares entre os desportistas também aparece junto aos demais tipos de transtornos alimentares. Os treinadores normalmente expressam preocupações sobre alguns de seus atletas, principalmente os que se preocupam mais em manter o peso corporal como corredoras, ginastas, lutadores e atletas do peso leve.

    A maioria das pessoas com transtornos alimentares se exercita compulsivamente. Os atletas com tendências anoréxicas se exercitam como um meio para criar um déficit calórico e ficarem mais magras; os atletas com tendências bulímicas se exercitam para queimar as calorias consumidas durante uma refeição (Clark, 1998).

    Os transtornos alimentares extremos normalmente refletem uma inabilidade para lutar com as tensões diárias da vida (Clark, 1998).

    Os atletas se deparam com um conjunto de circunstâncias que os tornam particularmente vulneráveis aos comportamentos alimentares desordenados. Esses comportamentos prosperam quando as poderosas conotações atléticas negativas, associadas ao excesso de gordura corporal se fundem com a crença do atleta de que qualquer gordura irá dificultar o sucesso. As observações clínicas indicam uma prevalência de entre 15 a 60% para a alimentação desordenada, dependendo do esporte do(a) atleta. Com freqüência, os técnicos complicam ainda mais o problema. Em um estudo de mulheres ginastas colegiais, 67% relataram que seus técnicos haviam dito que elas tinham um peso excessivo e 75% dessas atletas recorriam a estratégias para redução ponderal que envolviam a indução de vômitos, ou abuso de laxativos ou diuréticos. Lamentavelmente, as tentativas de reduzir o peso corporal coincidem habitualmente com uma ingestão insuficiente de nutrientes (McArdle, 2001).

    O conjunto de traços de personalidade entre atletas compartilha um elemento comum com os pacientes vítimas dos distúrbios alimentares. Os mesmos traços que fazem o atleta se sobressair nos desportos, fazem aumentar o risco de desenvolver um padrão alimentar desordenado. Esse risco aumenta nos indivíduos cujo corpo de tamanho e formato normais, determinados geneticamente, se desvia do "ideal" imposto pelo desporto. O termo anorexia atlética descreve o contínuo comportamento alimentar de atletas que não obedecem os critérios para um distúrbio alimentar verdadeiro, mas que exibem pelo menos um método doentio de controle ponderal; isso inclui jejum, indução de vômito, e uso de pílulas diuréticas, laxativos ou diuréticos (McArdle, 2001).

    Para muitas atletas, os padrões de alimentação desordenada coincidem com a temporada competitiva e regridem quando a temporada termina. Para elas, a preocupação com o peso corporal não reflete uma patologia subjacente verdadeira, mas apenas o desejo de alcançar uma função fisiológica ótima e um desempenho competitivo. Para um pequeno número de atletas a temporada nunca "acaba" e elas (eles) desenvolvem um distúrbio alimentar clínico incontestável. O desafio para os pesquisadores consiste em determinar se o padrão extremo de dieta e de controle do peso tão comum entre muitas atletas resulta de um compromisso extremo com a excelência atlética ou de uma tendência para um distúrbio alimentar verdadeiro.

    Os freqüentadores assíduos de academia que se hiperexercitam na busca de um corpo perfeito ou como forma de melhorar alguma imperfeição em seu corpo, fazem parte de um grupo de pessoas que sofrem de vigorexia. Essas pessoas passam horas dentro das academias treinando que se tornam perfeccionistas consigo mesmas e obsessivas pelo exercício. Estes complexos podem ser agravados pela obsessão da beleza física e perfeição, acompanhadas de ansiedade, depressão, fobias, atitudes compulsivas e repetitivas (como olhadas seguidas no espelho). Esse tipo de distúrbio é classificado como emocional assim como a bulimia, e não um distúrbio estritamente alimentar


Tratamento dos distúrbios alimentares

    Uma das primeiras dificuldades na fase de tratamento é a que diz respeito a incluir o paciente ao tratamento, pois a negação da doença é muitas vezes parte integrante do quadro. Os pacientes com anorexia em geral desconfiam dos médicos, os quais eles percebem como inimigos e interessados apenas em realimentá-los, fazê-las perder a vontade de controlar seus pesos. Portanto o médico deve encorajar hábitos alimentares normais e ganhar peso sem que isto se torne o único foco do tratamento.

    Dependendo das condições clínicas do paciente é necessário proceder a internação do paciente para o restabelecimento de sua saúde em ambiente hospitalar. A família deve ser orientada sobre a gravidade do problema, sobre falsas expectativas de que a cura não será fácil.

    Se o tratamento é hospitalar procede-se a correção eletrolítica, dieta hipercalórica mesmo contra a vontade do paciente, correção de possíveis alterações metabólicas e início do tratamento psiquiátrico.

    Psicologicamente deve-se abordar o caso comportamentalmente, encorajando a adoção de atitudes mais sadias pôr parte do paciente, que é recompensada com elogios e diminuição de situações aversivas como restrição de sua mobilidade.

    A psicofarmacoterapia é indispensável, e normalmente se faz ás custas de antidepressivos, notadamente com tricíclicos que tenham como efeito colateral também o estímulo do ganho de peso.


Objetivos

    Sensibilizar técnicos desportistas e freqüentadores de academias que treinam rigorosamente, aos problemas que podem ser desenvolvidos em relação a sua saúde física e psicológica, em relação as necessidades orgânicas.

    Orientar atletas que estão sempre sendo cobrados de seus técnicos, sobre estar acima do peso mesmo que estejam dentro dos limites permitidos para sua idade e estatura.

    Recomendar atividades físicas moderadas e uma maior convivência social e familiar tanto para a prevenção quanto para o tratamento dos distúrbios alimentares.

    Orientar os indivíduos em geral a levar sua vida diária o mais calmo possível, e a respeitar seus limites, vontades e horários, para que não absorva conhecimentos errôneos sobre a saúde que diretamente ou indiretamente são oferecidos pela mídia e a sociedade.

    Orientar os treinadores para que antes mesmo de um indivíduo iniciar a carreira desportiva, realizar um exame médico e físico para avaliar as condições de saúde do indivíduo.

    Estabelecer metas em harmonia, quanto a exercícios, composição corporal e necessidades nutricionais.


Metodologia

    Foram entrevistadas 20 mulheres com idade entre 13 e 50 anos, que se exercitam em média 2 horas/dia em academia. Utilizou-se avaliação de Índice de Massa Corpórea (IMC) e um questionário de triagem (Mini Avaliação Nutricional - MAN) que analisa a possibilidade de uma pessoa poder induzir o aparecimento de um distúrbio alimentar ou se ela está dentro dos padrões normais de uma boa saúde.


Resultados

    Através da Avaliação de Índice de Massa Corporal (IMC), que serve para avaliar a normalidade do peso corporal de um indivíduo e como indicador de excesso de peso ou denutrição, os resultados obtidos e expressos no gráfico 1 mostram que 70% das entrevistadas apresentam seu índice de Massa Corpórea acima do limite permitido. A média do Índice de Massa Corpórea para estas entrevistadas foi de 26, onde estas podem ser classificadas como sobrepeso de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

    Com relação ao questionário de triagem MINI AVALIAÇÃO (MAN) realizado com as participantes, os resultados foram obtidos através da soma de pontos de cada resposta das entrevistadas (Escore de Triagem), que classifica como: 12 pontos ou mais = normal; e 11 pontos ou menos = possibilidade de desnutrição. No gráfico 2, estão registrados a soma geral dos pontos das questões apresentadas, 80% das participantes estão classificadas como normal e estão fora da faixa de risco de poder desenvolver um distúrbio alimentar; porém 20% das participantes foram classificadas como tendo possibilidade de desnutrição, e de induzir o aparecimento de um distúrbio alimentar.


Conclusões

    O problema dos distúrbios alimentares vem, preocupando de forma crescente os profissionais da área de saúde. A oferta do alcance de um corpo perfeito, mostrado pelos meios de comunicação e muitas vezes estimulados por pessoas que nem ao menos se preocupam com as consequências que possam vir gerar uma má alimentação e a prática irregular e excessiva das atividades físicas, faz com que as pessoas tomem atitudes extremas para alcançar o objeto de desejo que seria um corpo magro e não um corpo saudável.

    Na busca pelo corpo perfeito as pessoas se sacrificam ultrapassando seus próprios limites. Nos casos onde prevalece os distúrbios alimentares, ocorre um descontrole quase que total do organismo. Não só pessoas sedentárias apresentam casos de distúrbios alimentares, há um grande índice de atletas e frequentadores assíduos de academias que na busca por bons resultados acabam ultrapassando o limite natural de seu organismo causando às vezes danos irreparáveis.

    Pode-se concluir com a pesquisa realizada que grande parte das entrevistadas apresentam-se acima de seu peso, o que pode ser um fator importante para o início de um transtorno alimentar já que este tem como aspecto importante a imagem corpórea, e se estas pessoas não forem orientadas por profissionais da área de saúde, sejam eles nutricionistas ou outros profissionais poderão desenvolver problemas sérios relacionados a sua saúde.

    Quanto as participantes que apresentaram a possibilidade de desnutrição, estas devem ser avaliadas mais profundamente por profissionais especializados para que se descubra as causas de seu estado de saúde.


Referências bibliográficas

  • BALONE GJ. Anorexia Nervosa, in. Psiq Web www.psiqweb.med.br/anorexia.html, revisto em 2003.

  • CLARK, Nancy. Guia de Nutrição Desportiva, Porto Alegre, Editora Artmed, 2ª Edição, 1998.

  • MAHAN, L. Kathleen; ARLIN, Marian T.. Krause, Alimentos, Nutrição e Dietoterapia, São Paulo, Editora Roca, 8ª edição, 1995.

  • McARDLE, Willian D.; KATCH, Frank I.; KATCH, Victor L.. Nutrição para o Desporto e o Exercício, Rio de Janeiro, Editora Guanabara Koogan, 1ª Edição, 2001.

Outro artigos em Portugués

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revista digital · Año 10 · N° 82 | Buenos Aires, Marzo 2005  
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