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Análise morfológica de atletas
de futebol da categoria sub20

   
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Educação Física e Desporto
(Brasil)
 
 
Paulo Henrique Santos da Fonseca | Cassiano Ricardo Rech
João Augusto Reis de Moura | João Luiz Zinn

p.h.s.f@bol.com.br
 

 

 

 

 
Resumo
    Este estudo teve como objetivo analisar os componentes morfológicos de atletas de futebol divididos por sua função tática. Utilizaram-se as medidas antropométricas, sendo estas: estatura, massa corporal, somatório de dobras cutâneas, perímetros do antebraço, tórax, abdômen e coxa média além da pesagem hidrostática. Foram avaliados 25 atletas da região de Santa Maria-RS, com valores médios de idade igual a 18,4±1,4 anos, estes foram divididos por sua função tática em quatro grupos: laterais, zagueiros, meio campistas e atacantes. Os resultados das avaliações nos mostram que a massa corporal é a única variável com nível de significância, sendo que o grupo dos zagueiros se diferencia dos demais grupos. Apesar das variáveis estatura, perímetro do antebraço e perímetro da coxa média não possuírem diferença estatística entre os grupos, podemos dizer que o grupo estudado era heterogêneo. Analisando as variáveis peso hidrostático, somatório de dobras cutâneas, perímetros do abdômen e do tórax é possível perceber que não há diferença significativa entre os grupos. Concluímos que o grupo dos zagueiros na amostra estudada é o grupo que se diferenciou dos demais nas variáveis massa corporal, estatura e perímetros do antebraço e da coxa média, assim os escores analisados dão indícios que em algumas variáveis há diferença quando comparando os atletas por sua função tática.
    Unitermos: Antropometria. Peso Hidrostático. Atletas.
 
Abstract
    The objective of this study was to analyze the morphological components of soccer athletes divided by their tactical function. The following anthropometric measurements were taken: stature, body mass, skin-folding sum, forearm, thorax, abdomen and medium thigh perimeter along with hydrostatic weight. Twenty-five athletes from the region of Santa Maria-RS with an age rate of 18,4±1,4 years old were evaluated and divided into four groups according to their tactical function: side players, fullbacks, midfielders and strikers. The evaluation results show that the body mass is the only relevant variable, juxtaposing the fullbacks, who differ from the other groups. Even though the stature, forearm and medium thigh perimeter variables don't have statistical difference among the groups it is possible to say that the group in study is heterogeneous. Through hydrostatic weight, skin-folding sum, thorax and abdomen perimeter analysis is possible to realize that there is no meaningful difference among the groups. In conclusion, the fullbacks group is the most different one relating to the body mass, stature, forearm and medium thigh perimeter variables. Taking these results into consideration, we can evidence that there are differences in some variables when athletes are compared by their tactical function.
    Keywords: Anthropometry. Hydrostatic weight. Athletes
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 75 - Agosto de 2004

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Introdução

    O futebol é considerado o esporte mais difundido no mundo e sua popularidade continua a crescer. Atualmente ultrapassa 190 o número de paises filiados a FIFA (Federation International of Football Association), onde mais de 60 milhões de jogadores estão registrados. À medida que as performances desportivas iniciam um processo evolutivo, a ponto de serem consideradas como variáveis pertencentes a equipes de alto rendimento (entre as variáveis estão às físicas, morfológicas, táticas, técnicas e psicológicas), as analises antropométricas (estudos da dimensão morfológica) tornaram-se imprescindíveis. Para Viana et al. (1987) antropometria é "o uso da medida no estudo do tamanho, da forma, da proporcionalidade, da composição e maturação do corpo humano", e Mantovani (1996) destaca ainda que, "podemos observar que as capacidades físicas funcionam como um suporte para o posterior desenvolvimento técnico individual e o correto cumprimento das funções táticas do atleta". Desta forma a antropometria vem sendo utilizada para uma definição morfológica adequada para atletas de várias modalidades, tornando-se evidente que há interesse na preferência por indivíduos de biótipo adequado para o desporto, com o intuito de obter um alto rendimento.

    Atualmente, a composição corporal vem sendo analisada através de medidas antropométricas que incluem avaliações da estatura, massa corporal, dobras cutâneas, diâmetros e perímetro, e estes dados são então, empregados para a prescrição do treinamento através da transformação destes em componentes corporais. A identificação de todas as variáveis citadas acima é de inquestionável importância para uma adequada prescrição de treinamento, pois a simples identificação da massa corporal tem por vezes pouco significado para a população de atletas, a menos que haja alguma análise minuciosa sobre a composição da massa corporal tal como fracionar o corpo em componentes (Massa Gorda, Massa Magra, Massa Óssea, Massa Residual). Pois, um indivíduo pode ter massa corporal com índice considerado normal e estar com gordura acumulada e redução de tecido muscular, da mesma forma, atletas praticantes de modalidades esportivas que demandam força podem estar com a massa corporal excessiva quando na verdade, a sua massa reflete um grande desenvolvimento muscular e não acumulo de gordura.

    Então, existe a necessidade de um monitoramento sobre aspectos antropométricos destes atletas, uma colocação de Viana et al. (1987) a respeito da antropometria é "[...] a necessidades de estudos sobre a composição corporal em futebolistas se justifica à medida que, para o desenvolvimento de uma avaliação mais criteriosa sobre os efeitos do treinamento no organismo humano, existe a necessidade de fracionar o peso corporal em seus diferentes componentes, procurando analisar em detalhes as variações nas constituições de cada um desses componentes".

    O futebol apesar de sua natureza universal e de ter uma história de mais de cem anos, apresenta ainda muitas incertezas quanto as suas exigências fisiológicas, o tipo físico ideal para a sua prática, e os métodos de treinamento mais adequado a sua preparação (Viana, 1987; Peres, 1996). Estudos foram realizados a respeito do atleta de futebol, podendo se ter como referência De Rose et al. (1974), onde analisaram 209 jogadores profissionais brasileiros, White et al. (1988) observou jogadores da 1º Divisão da Liga Inglesa, Faina et al. (1988) realizaram suas pesquisas com uma amostra de jogadores da Itália, sendo todas estes trabalhos realizados com uma população de atletas profissionais e da categoria adulta.

    Analises antropométricas em categorias de base (Sub12, Sub14, Sub16, Sub 20) vem sendo uma área de emergente destaque em pesquisas publicadas no Brasil, mas o volume de trabalhos ainda é pequeno até agora para podermos chegar a uma conclusão do comportamento desta variável de performance em atleta destas faixas-etárias. Pode-se destacar no Brasil pesquisas como Peres (1996), Silva et al. (1999), Souza (1999) e Oliveira et al (2000) que analisaram aspectos relacionados ao melhor desempenho em atletas destas categorias.

    Tendo sido levantado na literatura que as variações morfológicas ocorrem de indivíduo para indivíduo e entre grupos com treinamentos específicos, é necessário que existam pesquisas procurando individualizar os componentes corporais respeitando a idade e o desenvolvimento maturacional do atleta. Peres (1996) ainda acrescenta "no futebol as exigências físicas que ocorrem durante um partida e as características de cada jogador são específicas e diferenciadas em relação as suas posições e função dentro de campo". Portanto, este estudo buscou verificar aspectos morfológicos de um grupo de atletas de futebol da categoria de base sub-20 em função da posição tática que desempenham dentro da área de jogo.


Material e método

    Este estudo caracterizou-se na abordagem do Paradigma Empírico Analítico, sendo uma pesquisa do tipo Descritiva. A amostra foi constituída de 25 atletas de futebol do Santa Maria Esporte Clube na faixa etária de 16 a 20 anos classificados na categoria Sub20. Todos os atletas estavam em uma exigência de treinamento de aproximadamente 4 horas diárias e há um ano e seis meses sofrendo treinamento específico de futebol, sendo os 2 últimos meses em estado de competição, também todos os atletas mensurados eram adaptados ao meio líquido.

    As medidas foram realizadas no Laboratório de Cineantropometria e Medidas e Avaliação (LAPECIME) do Centro de Educação Física e Desporto (CEFD) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), nos turnos da manhã e tarde sem que antes os atletas houvessem sofrido sessões de treinamento anterior as mensurações. Foram avaliadas as medidas antropométrica da Estatura (ET), Massa Corporal (MC) sendo mensuradas segundo o protocolo descrito por Gordon et al. (1991).As Dobras Cutâneas (DCs) mensuradas foram: Bíceps (BI), Tríceps (TR), Subescapular (SE), Axilar Média (AX), Supra Ilíaca(SI), Coxa Média (CXm) e Panturrilha Média (PM), sendo seguido o protocolo proposto por Hurrison et al. (1991).Os Perímetros Corporais (PC) do Antebraço (Pant), Tórax (Ptr), Abdômem (Pabd), Coxa Média (Pcxm), foram coletados seguindo procedimento de Callaway et al. (1991).

     Os instrumentos utilizados foram balança Fiziola com resolução de 10 gramas, Estadiômetro Fiziola com resolução de 1cm. O adipômetro utilizado foi da marca CESCORFE com resolução de 1 mm e a fita métrica da marca Sanny com resolução de 1,0 cm. Os instrumentos Balança e Adipômetro foram aferidos a cada cinco medidas realizadas.

     Para obtenção do Peso Hidrostático (PH) os indivíduos foram pesados submersos totalmente em um tanque com água (com temperatura entre 25º e 29º) que se encontra no LAPECIME/CEFD/UFSM.

     A posição grupada, sugestão de Pires Neto e Petroski (1992), foi utilizada na pesagem e durante este processo era pedido para que os atletas expirassem o máximo de ar possível.

     O teste de Shapiro Wilk foi utilizado para o teste de normalidade dos dados. A Estatística Descritiva foi realizada descrevendo as variáveis por posição tática na área de jogo dos atletas e as verificações de diferenças significativas estatisticamente (p<0,05) entre as posições táticas de jogo, com relação as variáveis estudadas, foram observadas segundo Análise de Variância (ANOVA) One Way com Pos Hoc de Tukey. O pacote estatístico SPSS for Windows versão 8.0 foi utilizado no tratamento dos dados com nível de significância selecionado de p<0,05.


Resultados

     Os dados foram testados quanto a sua normalidade através do teste de ShapiroWilk com relação as variáveis estudadas e em função da posição na área de jogo. Verificou-se que as variáveis são normalizadas (p>0,05) e desta forma aceita-se a utilização da estatística paramétrica.(Vicent, 1995).

Tabela 01: Descrição dos valores médios, desvios padrões e nível de significância referente a ANOVA entre as posições na área de jogo para as variáveis estatura (ET) e massa corporal (MC).


* apresenta diferença estatisticamente significativa

    Os resultados indicam que o grupo dos zagueiros apresenta a maior média para as variáveis ET e MC analisadas na tabela 01, havendo diferença significativa para a variável MC em relação a todas as outras posições na área de jogo, que apresentaram médias similares. Tabela 02: Descrição dos valores médios, desvios padrões e nível de significância referente a ANOVA entre as posições na área de jogo para a variável Peso Hidrostática (PH) e Somatório de Dobras Cutâneas ( DC) .


Obs: O é referente ao somatório das dobras cutâneas subescapular, tricipital, bicipital, axilar média, supra-ilíaca, abdominal, coxa média, panturrilha.

    Assim como na tabela anterior, os resultados da tabela 02 mostra o grupo dos zagueiros possuindo média mais elevada para a variável PH e DC, devemos salientar também, o grupo dos laterais que obtiveram valores muito abaixo da média dos outros grupos.

Tabela 03: Descrição dos valores médios, desvios padrões e nível de significância referente a ANOVA entre as posições na área de jogo para as variáveis do perímetro do antebraço (P.ant) e tórax (P.tr).

Tabela 04: Descrição dos valores médios, mínimos, máximos, desvios padrões e nível de significância referente a ANOVA entre as posições na área de jogo para as variáveis do perímetro do abdômen (P.abd) e coxa média (P.cxm).

    Nas tabelas 03 e 04 estão os valores de perimetria, onde o grupo dos zagueiros alcançou os resultados mais elevados para as quatro variáveis analisadas. Nota-se que para P.ant e P.cxm, apesar de não haver diferença estatisticamente significativa, o grupo dos zagueiros obteve valores altos que se destacaram das demais posições. Para estas mesmas variáveis as demais posições apresentaram médias equivalentes.


Discussão

    Pode-se observar que o valor médio do grupo para a ET (Tabela 01) encontra-se dentro de uma normalidade para futebolistas nacionais da mesma faixa-etária (Peres, 1996; Souza, 1999; Silva, 1999). Os valores também encontram-se na média para atletas de futebol internacionais (Kirkendal, 1985; Leatt et al, 1987; Chin et al, 1988).

    Quando comparado com atletas profissionais da mesma região (região sul do Brasil), a média da amostra analisada é inferior a dos achados deste estudo, onde foi relatado o valor de 180,2 6,0 cm (Schwingel et al, 1997). Mostrando coerência este resultado, pois o mesmo vai ao encontro das conclusões de que há um pequeno crescimento na ET conforme aumenta a categoria até um platô na categoria profissional (Silva, 1999; Souza, 1999).

    Analisando os atletas por suas funções táticas dentro da área de jogo podemos verificar que apesar de não haver diferença estatística significativa (p>0,05) entre os grupos, os zagueiros apresentam valores acima do restante do grupo, assim mostrando que há uma sensível diferença em relação a ET nos diferentes grupos. Foi verificado em outro estudo o mesmo comportamento desta variável para atletas adultos e profissionais, onde os zagueiros possuíam valores mais elevados em relação a outras posições (Schwingel et al, 1997).

    O escore achado na amostra para a variável MC (Tabela 01), são semelhantes a outros estudos nacionais (Peres, 1996; Silva, 1999; Souza, 1999; Osieck et al, Ano) e internacionais (Kirkendal, 1985; Leatt, 1987; Rochcongar, 1988; Chin et al, 1988) e são superiores a resultados de pesquisas que se utilizaram como amostra atletas asiáticos, sendo estes do Japão e Hong Kong (Peres, 1996; Chin et al, 1988).

    Encontrou-se diferença estatística significativa (p<0,05) para a variável MC entre os grupos analisados. Detectou-se que o grupo dos zagueiros é o único que se difere dos demais, estes tiveram os maiores escores de média e entre os grupos dos laterais, meio-campo e atacante os valores foram semelhantes.

    Verificando os valores da amostra para a PH (Tabela 02) por função tática na área de jogo demonstra-se não haver diferença estatisticamente significativa (p>0,05), sendo que o menor resultado das médias por posição foi a dos jogadores laterais com 4,058±0.41kg e maior média foram a dos zagueiros com 4,674±0.38kg.

    Vale esclarecer dois itens, primeiro, quanto maior o escore de PH menor apresenta-se o valor do percentual de gordura, ou seja, quanto mais magros forem os atletas maiores serão os seus valores de PH. Neste sentido, pode-se afirmar que, para o grupo de atletas analisados, os valores médios de PH em função da posição tática dentro da área de jogo são extremamente similares, demonstrando que em relação ao conteúdo de MCM e MG, não há divergências entre as funções táticas, pois independente deste o desporte praticado é o mesmo e as exigências físicas metabólicas no treinamento são similares, e segundo, a escolha pela análise dos valores brutos da PH não transformando estes em densidade corporal e por seguinte nos componentes corporais já citados, se justifica pela inexistência de um modelo matemático válido para esta população de atletas, assim evita-se qualquer erro de medida por uso inadequado do protocolo.

     Para a variável DC (Tabela 02) não houve diferença estatística significativa (p>0,05) entre as posições de jogo. A mesma apresentou a menor média por posição a dos laterais com 74,8±27,0 mm e a maior média a dos zagueiros com 91,6±27,0 mm, tais escores são justificados pelo motivo de que os laterais apresentam uma estatura e massa corporal menor que o grupo dos zagueiros, estes valores não indicam que o grupo dos zagueiros estejam com massa gorda em excesso, mas em percentual ela corresponde as suas dimensões maiores.

    O valor médio do perímetro do antebraço (Tabela 03), vai ao encontro de resultado de outro estudo com atletas nacionais e apresenta a mesma característica da analise da MC, onde, quando comparando jogadores do Japão com a amostra estudada, este último apresenta valores maiores (Peres, 1996). Apesar de não ser estatisticamente significante a diferença (p>0,05), nota-se que a posição do zagueiro teve a maior média por função tática na área de jogo com 28,4±1,8cm, as demais posições obtiveram escores semelhantes, este mesmo comportamento ocorrerá também para o perímetro do tórax (Tabela 03) e para o perímetro do abdomem (Tabela 04).

    O perímetro do antebraço é localizado em um ponto anatômico de pouca influência de gordura corporal em homens, as dobras cutâneas no mesmo ponto não são elevadas nem mesmo em pessoas acima do peso, contudo este ponto anatômico sofre grande influência da massa muscular do antebraço. Portanto por apresentar o maior perímetro do antebraço, os zagueiros parecem apresentar-se em níveis de desenvolvimento muscular pouco superior aos demais atletas.

    Os resultados para o perímetro da coxa média (Tabela 04) é inferior ao encontrado por Thomas et al. apud Duarte (1988), que relatou em atletas pertencentes a 1º Liga Inglesa de futebol profissional escore em média de 57,0±5,0cm, este resultado já explicado anteriormente pode ser devido a amostra estudada estar em processo de desenvolvimento. Apesar de não ser estatisticamente significativa a diferença (p>0,05), nota-se que há uma desigualdade nas médias dos grupos estudados.

    Verifica-se, através da análise perimétrica, que apesar de não ter sido pronunciado diferença estatística significativas no teste da ANOVA, o grupo dos zagueiros apresentou-se com escores pouco superior aos demais grupos, induzindo a refletir que o desenvolvimento muscular deste grupo é pouco superior aos outros. A estatura, apesar de não apresentar diferenças estatisticamente significativas aos demais grupos, os zagueiros apresentaram valores superiores expressando um desenvolvimento da massa óssea elevada. Com massa óssea superior, bem como um provável desenvolvimento muscular também, pode-se explicar, através destes dois componentes corporais, a diferença significativa (p=0,025) encontrado para o grupo de zagueiros para a variável MC (Tabela 01).


Conclusão

     Realizando uma analise das variáveis por função tática na área de jogo, percebe-se que os grupos dos zagueiros alcançaram os maiores escores na média por grupo em todas as variáveis mensuradas. Pode-se relatar que para o grupo de atletas estudado os zagueiros possuem a maiores escores na ET, MC, PH, DC, Pant, Ptor, Pabd, Pcxm.

     Apesar do mesmo grupo apresentar a maior MC e DC isto não indica que este grupo possuía maior massa gorda, já que o grupo referido também possui os maiores escores na ET e PH.

    Os resultados encontrados para estas duas variáveis quando analisadas por posição na área de jogo dão a indicação de refletirem diretamente no desempenho dos atletas no momento da partida. Pesquisa realizada por Oliveira et al (2000) procurou analisar o esforço físico no futebol e mais especificamente na categoria sub-20, este detectou que em média os atletas quando divididos por posição (zagueiro, meio-campo e atacantes) percorrem durante uma partida distâncias similares, em média 7.974m, não havendo diferença significativa. Mas, quando analisada na pesquisa as três formas de deslocamento (que foram classificadas em andar, trotar e correr rapidamente) destes atletas nota-se que os zagueiros andam quase o dobro dos meios campistas e atacantes e isto corresponde a 54,2% de seu deslocamento, e os mesmos trotam menos da metade dos atletas do meio-campo e realizam a metade de corridas rápidas dos atacantes.

     Isto nos faz inferir que por possuírem maior estatura e massa corporal e somando-se as movimentações táticas, os zagueiros realizam ações mais lentas que os demais atletas de outras posições. Atletas de meio-campo e ataque necessitam realizar ações rápidas para conquistar espaço no campo de ataque, para isso necessitam massa corporal leve não ocorrendo assim dispêndio de energia.

    As demais funções na área de jogo (Lateral, Meio Campo, Atacante) possuem uma certa semelhança em seus escores, podendo afirmar que para este grupo estudado e em relação às medidas antropométricas e peso hidrostático os escores são similares.

     Para finalizar, esperamos que mais pesquisadores realizem estudos com categorias de base para auxiliar no conhecimento do biotípo adequado para a pratica do futebol ajudando na seleção e desenvolvimento de novos atletas.


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revista digital · Año 10 · N° 75 | Buenos Aires, Agosto 2004  
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