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Consumo máximo de oxigênio como índice de saúde óssea

   
*Faculdade Metodista de Santa Maria/RS
**Universidade do Contestado - Concórdia/SC
***Académica do Curso de Educação Física
Universidade do Contestado UnC - Concórdia.
(Brasil)
 
 
Ms. Galina Kalinina*
kalinin@datacenter.psi.br  
Dr. Iouri Kalinine**
kalinin@uncnet.br  
Savani Müller***
 

 

 

 

 
Resumo
    Saúde óssea se caracteriza pelo densidade mineral óssea. A diminuição de densidade mineral óssea em por volta de 30% de densidade mineral óssea de idade de adultos jovens normais indica o aparecimento da osteoporose. Osteoporose é uma doença crônica, progressiva, de múltiplas causas e que representa redução da massa óssea que afeta todo o esqueleto humano, com microdeteriorização dos ossos, aumento da fragilidade óssea e aumento do risco de fratura óssea. A osteoporose é um processo que no final da meia-idade, pode ter efeitos devastadores no envelhecimento da maioria das mulheres. A incidência de osteoporose está ocorrendo em nível epidêmico, particularmente entre as mulheres brancas após a menopausa. Para detectar o nível de saúde óssea utiliza-se o exame de Densitometria Óssea. Este exame é caro e maior parte da população feminina brasileira não tem condições financeiras de realizá-lo. Sabendo que a Atividade física sistemática melhora a saúde óssea dos pessoas e que a mesma melhora seus VO2 max., o objetivo deste estudo foi pesquisar o seguinte problema: "Existe correlação alta e significativa entre densidade óssea e consumo máximo de oxigênio nas pessoas de sexo feminino após a menopausa?" A amostra de pesquisa foi composta por doze sujeitos de sexo feminino com idade de 50 a 60 anos e que já tenham feito o exame de Densitometria Óssea. Para determinação de VO2max foi utilizado o Teste de Caminhada de 400 metros de Kalinina (2002). Os resultados de pesquisa mostraram que a correlação entre VO2 max e Densidade mineral óssea de coluna, região L1 - L4, é de r = 0,802; p < 0,01 e VO2 max e Densidade mineral óssea, região colo do fêmur, é de r = 0,877; p < 0,01. Conclusão: O VO2 max pode ser utilizado como Índice de Saúde óssea nas pessoas de sexo feminino após a menopausa.
    Unitermos: Osteoporose. Atividade Física. Consumo Máximo de Oxigênio
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 74 - Julio de 2004

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Introdução

    Saúde óssea se caracteriza pelo densidade mineral óssea. Quando é maior a densidade óssea melhor é a sua saúde e, pelo contrário, quando é menor a densidade óssea pior é a sua saúde. A diminuição de densidade mineral óssea em por volta de 30% de densidade mineral óssea de idade de adultos jovens normais indica o aparecimento da osteoporose ( ARAÚJO MARCHAND, 2001).

    Atualmente adotada a definição de osteoporose sugerida pela OMS em 1994 (Assessment ..., 1994) seguinte: Osteoporose é uma desordem esquelética caracterizada por redução da massa óssea com alterações da microarquitetura do tecido ósseo levando a uma redução da resistência óssea e ao aumento da suscetibilidade a fraturas.

    A osteoporose é uma doença crônica, progressiva, de múltiplas causas e que representa na redução da massa óssea que afeta todo o esqueleto humano, com microdeteriorização dos ossos, aumento da fragilidade óssea e aumento do risco de fratura óssea (RENA, 2003). A osteoporose é um processo que no final da meia-idade, pode ter efeitos devastadores no envelhecimento da maioria das mulheres (GUELDNER & COLS, 2001).

    Aproximadamente 30% de todas as mulheres pós-menopausadas são afetadas pela osteoporose: As fraturas de quadril são 2 a 3 vezes mais freqüentes na mulher que no homem; o risco da osteoporose em coluna é 8 vezes maior na mulher que no homem; 40% das mulheres terão pelo menos uma fratura vertebral até os 80 anos; 15% das mulheres brancas terão uma fratura de quadril ao longo da vida; 15% das mulheres brancas aos 50 anos ou mais terão fratura de punho (http://www.uddo.com/osteoporose/fatos.htm).

    Isso resulta numa significativa queda na qualidade de vida e na capacidade de independência na família e sociedade. A incidência de osteoporose está ocorrendo em nível epidêmico, particularmente entre as mulheres brancas após a menopausa. Nos Estados Unidos a osteoporose é responsável por 1,3 milhões de fraturas por ano e no Brasil estima-se que cerca 15 milhões estão propensos a desenvolvê-la (http://www.uddo.com/osteoporose/fatos.htm).

    Segundo vários autores (MATSUDO & MATSUDO, 1992; SHARKEY; 1998; NIEMAN, 1999; JÄDER E COLS apud WEINECK, 2000 e etc.) o processo de envelhecimento e consequentemente o processo de desenvolvimento de osteoporose no ser humano pode ser retardado consideravelmente através do treinamento esportivo e atividade física bem planejada e orientada. Mas para realizar este trabalho com sucesso é necessário saber o nível de saúde óssea da pessoa.

    Atualmente para detectar o nível de saúde óssea utiliza-se o exame de Densitometria Óssea. Porem este exame é caro e maior parte da população feminina brasileira não tem condições financeiras de realizá-lo.

    Considerando a acima escrito e com o desejo de achar as metodologias mais simples e acessíveis para população feminina brasileira carente o objetivo deste estudo foi pesquisar o seguinte problema: "Existe correlação forte e significativa entre densidade óssea e consumo máximo de oxigênio nas pessoas de sexo feminino após a menopausa?"

    Pois a Atividade Física sistemática melhora não somente a saúde óssea, mas aumenta também o nível de condicionamento físico dos praticantes (SHARKEY; 1998; NIEMAN, 1999; JÄDER E COLS apud WEINECK, 2000 e etc.). E, segundo COOPER (1982), KARPMAN et al. (1988), FOX et al. (1991), McARDLE et al., 1998 o VO2 max. é índice, mais confiável atualmente, de predição de nível de condicionamento físico do ser humano.


Metodologia

    A Amostra da pesquisa foi composta por 12 mulheres voluntárias, sadias, brancas, residentes de Região Sul do Brasil e que já tiveram nas mãos os protocolos das exames de Densitometria Mineral Óssea, realizados no ultimo ano, com conclusões dos médicos especializados.


A pesquisa foi realizada em três fases.

    Na primeira fase de pesquisa foram coletados os dados de Densidade mineral óssea da coluna, região L1 - L4, (DMOC) e Densidade mineral óssea, região colo do fêmur, (DMOF) dos sujeitos de amostra pesquisada. Os dados foram retirados de protocolos das exames de Densitometria Mineral Óssea, realizados no ultimo ano e com conclusões dos médicos especializados.

    Na segunda fase de pesquisa foi determinado o Consumo Máximo de Oxigênio (VO2 max) dos sujeitos pesquisados. O instrumento metodológico de determinação de VO2max foi o Teste de Caminhada de 400 metros de Kalinina (KALININA, 2002).

    Na terceira fase de pesquisa foi realizado o analise dos dados adquiridos.

    Para tratamento estatístico foram utilizados os métodos de estatística matemática paramétrica (média e desvio padrão) e não paramétrica (correlação de PEARSON).


Resultados

TABELA 1 - Idade, Massa corporal, VO2 max, Densidade mineral óssea da coluna, região L1 - L4, (DMOC) e Densidade mineral óssea, região colo do fêmur, (DMOF) dos sujeitos brasileiros de sexo feminino de idade de 50 a 60 anos, média por amostra.

    Os dados apresentados na TABELA 1 mostram a densidade mineral óssea dos sujeitos de amostra, em média é menor do que da população feminina branca de mesma idade de cidade de São Paulo, que têm:

DMOC (região L1 - L4) = 1,08 +0,13 g/cm2
DMOF = 0,79+0,09 g/cm2 (Shlomo, L. et all., 1997)

FIGURA 1 - Correlação entre consumo máximo de oxigêio e densidade mineral óssea da coluna,
região L1 - L4 (DMOC), dos sujeitos brasileiros de sexo feminino
de idade de 50 a 60 anos.

DMOC x VO2 max, r = 0,802; p < 0,01

FIGURA 2 - Correlação entre consumo máximo de oxigênio e densidade mineral óssea,
região colo do fêmur (DMOF) dos sujeitos brasileiros de sexo feminino
de idade de 50 a 60 anos.

DMOF x VO2 max., r = 0,877; p < 0,01

    Os dados apresentados nas Figuras 1 e 2 mostram que existe correlação alta e confiável entre VO2 max e Densidade Mineral Óssea nas sujeitos de amostra pesquisada. A correlação entre:

  • VO2 max e Densidade Mineral Óssea de Coluna, região L1 - L4, é r = 0,802; p < 0,01 e

  • VO2 max e Densidade Mineral Óssea, região colo do fêmur, é r = 0,877; p < 0,01.


Discussão

    Na bibliografia pesquisada nos não encontramos nem um trabalho sobre correlação entre VO2 max e Densidade Mineral Óssea dos sujeitos de sexo feminino na menopausa. Entretanto estamos convictos que tal correlação deveria existir, pois nas várias pesquisas (ARAÚJO MARCHAND, 2001; MATSUDO & MATSUDO, 1992; SHARKEY; 1998; NIEMAN, 1999; JÄDER E COLS apud WEINECK, 2000 e etc ) foram mostrados que atividade física sistemática melhora a saúde óssea das pessoas. Mas a atividade física sistemática melhora também o condicionamento físico do ser humano e o índice, mais confiável atualmente, de condicionamento físico da pessoa é exatamente seu VO2 max (COOPER (1982), KARPMAN et al. (1988), FOX et al. (1991), McARDLE et al., 1998 ). Por isso, apesar de amostra pequena, os resultados desta pesquisa mostraram a correlação alta e confiável entre VO2 max e Densidade Mineral Óssea nas sujeitos pesquisados, r = 0,877; p < 0,01 (região colo do fêmur) e r = 0,802; p < 0,01 (região L1 - L4 de coluna). Os mesmas resultados mostram também que, provavelmente, existe um limiar de VO2 max em cima qual os sujeitos de sexo feminino de idade de 50 a 60 anos não tem osteoporose nem na região L1 - L4 de coluna vertebral nem na região colo do fêmur. Nesta pesquisa os sujeitos pesquisados que tiveram seu VO2 max maior de que 34 ml min-1 kg-1 têm densidade mineral óssea normal tanto no região colo do fêmur como na região L1 - L4 da coluna vertebral.


Conclusão

    Baseada nas considerações expostas à cima, pode-se fazer as seguintes conclusões:

a. Existe correlação forte e confiável entre Densidade Mineral Óssea e VO2 max nos sujeitos de sexo feminino de idade de 50 a 60 anos.

    Nos sujeitos de amostra pesquisada a correlação entre:

  • Densidade Mineral Óssea na região colo do fêmur e VO2 max foi de r = 0,877; p < 0,01 e

  • Densidade Mineral Óssea na região L1- L4 de coluna vertebral e VO2 max foi de r = 0,802; p < 0,01.

b. Existe, provavelmente, um limiar de VO2 max em cima qual os sujeitos de sexo feminino de idade de 50 a 60 anos não tem osteoporose nem na região L1 - L4 de coluna vertebral nem na região colo do fêmur.

    Nesta pesquisa os sujeitos pesquisados que tiveram seu VO2 max maior de que 34 ml min-1 kg-1 têm densidade mineral óssea normal tanto no região colo do fêmur como na região L1 - L4 da coluna vertebral.

c. VO2 max das mulheres com idade de 50 a 60 anos pode ser utilizado como índice de sua saúde óssea.


Referencias Bibliográficas

  • Assessment of fracture risc and application to screening for postmenopausal osteoporosis. WHO Technical Report Series - 943, Geneva, 1994.

  • ARAÚJO MARCHAND, Edson Alfredo de. Exercício e saúde óssea. Revista Digital - Buenos Aires - Ano 6 - N° 33 - Marzo de 2001. Disponivel em: http://www.efdeportes.com/efd33a/saude.htm

  • BÍSCOLLI, Wladenize. Atividade física na prevenção e no combate da osteoporose. Trabalho de conclusão de curso. Concórdia, 1998.

  • COOPER, K. N. The Aerobics Program for Total Well-Being. Bantam Books: Toronto, New York ,London ,Sydney ,Aucland,1982.

  • GHORAYEB, Nabil; BARROS NETO, Turíbio Leite de. O exercício. Preparação fisiológica, avaliação médica, aspectos especiais e preventivos. 1. ed. São Paulo: Atheneu, 1999.

  • GUELDNER, Sarah Hall; BURKE, Susan; SMICIKLAS-WRIGTH, Helen. Osteoporose: prevenção e controle. 1. ed. São Paulo: Andrei, 2001.

  • KALININA, Galina. VO2max & saúde somática metodologia simplificada da determinação. Dissertação de Mestrado. Santa Maria, 2002.

  • MARTINS, Aldineia A. Menopausa sem mistérios: as mais recentes descobertas. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1996.

  • MATSUDO, S. M. & MATSUDO, V. K. R. Exercício, Densidade óssea e Osteoporose. Revista Brasileira de Ortopedia, vol. 27, n. 10, p. 730-742, 1992.

  • McARDLE, William D; KATCH, Frank I.; KATCH, Victor L. Fisiologia do exercício. Energia, nutrição e desempenho humano. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.

  • NIEMAN, David. Exercício e saúde. Como se prevenir de doenças usando o exercício como seu medicamento. 1. ed. São Paulo: Manole, 1999.

  • RENA, Reginaldo J.M. A mulher e a osteoporose: como prevenir e controlar. 1. ed. São Paulo: Látria, 2003.

  • SHARKEY, B. J. Condicionamento Físico e Saúde. 4.ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

  • SHLOMO, L. et al., Densidade mineral óssea vertebral e femoral de 724 mulheres normais brasileiras, 1997. Disponível em: http://www.uddo.com/osteoporose/osteo9.htm

  • SMITH, E. Osteoporose - Turnen tut gut. Medical Tribune 37 (1982). Aus: The Physician and Sportsmedicine 10, 1982.

  • WEINECK. J. Biologia do Esporte. Editora Manole Ltda. São Paulo, 2000.

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