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Os diferentes tipos de avaliação física no basquetebol em cadeira
de rodas e suas implicações para o crescimento deste esporte

The different types of physical evaluation in the wheelchair
basketball and your implications for the growth of this sport

Los tipos diferentes de evaluación física en el basquetbol en
silla de ruedas y sus implicanicias para el crecimiento de este deporte

   
*Mestranda em Ciências da Saúde-UnB,
Professora da Universidade Paulista-GO
**Professor da Faculdade de Educação Física-UnB e
Orientador do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde-UnB
(Brasil)
 
 
Gabrielly Craveiro Ramos*
gabrielly.craveiro@terra.com.br  
Jônatas de França Barros**
jonatas@unb.br
 

 

 

 

 
Resumo
    O Basquetebol em Cadeira de Rodas tem crescido bastante nas últimas décadas, prova disto são as inúmeras pesquisas científicas que têm surgido nesta área. Como forma de estímulo e divulgação foi realizada uma análise das principais pesquisas que foram desenvolvidas desde 1990 até 2003 no âmbito de avaliações físicas. A finalidade do estudo foi promover uma revisão bibliográfica que desperte o interesse de outros pesquisadores para a área do desporto adaptado, além de orientar classificadores funcionais, técnicos e treinadores quanto ao melhor trabalho a ser desempenhado pelos atletas. Com este intuito, foram analisados 25 artigos das principais bibliotecas nacionais e internacionais e selecionados os melhores trabalhos já realizados que versem sobre o tema Basquetebol em Cadeira de Rodas. Conclui-se que muitas pesquisas ainda podem ser realizadas e que os resultados das já divulgadas estão sendo colocados em prática por treinadores, técnicos e classificadores funcionais. Com isto, pode-se dizer que o esforço de muitos começa a ser verdadeiramente reconhecido.
    Unitermos: Avaliação física. Basquetebol em cadeira de rodas. Esporte adaptado.
 
Abstract
    The in wheelchair basketball has been growing enough in the last decades; it proves of this they are the countless scientific researches that have been appearing in this area. As incentive form and popularization was accomplished an analysis of the principal researches that were developed since 1990 up to 2003 in the ambit of physical evaluations. A purpose of the study it was to promote a bibliographical revision that it wakes up other researchers' interest for the area of the adapted sport, besides guiding functional classifiers, technicians and trainers with relationship to the best work to be carried out by the athletes. With this intention, 25 goods of the main national and international libraries were analyzed and selected the best publications already accomplished that turn on the theme in wheelchair basketball. It is ended that many researches can still be accomplished and that the results of the already published they are being placed in practice by trainers, technicians and functional classifiers. With this, it can be said that the effort of many begins to be truly recognized.
    Keywords: Physical evaluation. Wheelchair Basketball. Adapted sport.
 
Resumen
    El Basquetbol en silla de ruedas crecido bastante en las últimas décadas, muestra de ello ellos son las innumerables investigaciones científicas que han estado apareciendo en este área. Como una forma del incentivo y divulgación creímos necesario un análisis de las investigaciones principales que se desarrollaron entre 1990 y 2003 sobre el tema de las evaluaciones físicas. El objetivo del estudio era promover una revisión bibliográfica que despertara el interés de otros investigadores por este área del deporte adaptado, además de guiar a los clasificadores funcionales, técnicos y entrenadores para realizar un mejor trabajo con los atletas. Con esta intención, se analizaron 25 trabajos de las principales bibliotecas nacionales y internacionales y se seleccionaron los mejores trabajos sobre el Baloncesto en silla de ruedas. Muchos de estos trabajos han llegado a resultados que entrenadores, técnicos y clasificadores funcionales están poniendo en práctica. El esfuerzo de muchos investigadores empieza a ser realmente reconocido.
    Palabras clave: Evaluación física. Básquetbol en silla de ruedas. Deporte adaptado.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 72 - Mayo de 2004

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Introdução

    O Basquetebol em Cadeira de Rodas surgiu como prática após a 2ª Guerra Mundial, quando as autoridades deviam uma reposta para a sociedade, pelos esforços e incapacidades que sofreram seus soldados (IWBF, 2003).

    Nas duas últimas décadas, houve um crescimento impressionante destes atletas, chamando a atenção de pesquisadores para esta área do esporte (Gorgatti e Bohme, 2002).

    De acordo com Martinez (2000), o Basquetebol em Cadeira de Rodas tem experimentado uma metamorfose nos últimos quarenta anos. Isto tem sido demonstrado com relação à sofisticação tecnológica e um aumento da aceitação popular em considerá-lo um esporte que gera esforço atlético e não como uma atividade reabilitadora.

    Com isto, benefícios e melhorias na qualidade de vida de pessoas portadoras de deficiência física quando submetidas a treinamento físico regular foram comprovados pelos autores Lopez e Melo (2002), que relataram melhora na condição cardiovascular, na flexibilidade e em fatores psicossociais de cada um.

    Por outro lado, ainda existem indivíduos que não têm consciência dos inúmeros benefícios que a atividade física e/ou esportiva pode oferecer qualitativamente às suas vidas. Essas atividades são pouco divulgadas e muitos dos portadores de deficiência física não acreditam que sejam capazes de executá-las (Gorgatti e Bohme, 2002).

    O Basquetebol em Cadeira de Rodas é praticado por indivíduos portadores de lesões medulares, amputações, seqüelas de poliomielite e outras disfunções que o impeçam de correr, saltar e pular como um indivíduo sem lesões. As regras são as mesmas do Basquetebol. A única diferença é um sistema de classificação funcional que foi criado para oportunizar a participação de indivíduos com diferentes seqüelas (IWBF, 2002).

    De acordo com Strohkendl (1996), o sistema de classificação funcional foi introduzido para produzir uma competição justa entre os atletas.

    Atualmente, são cinco classes funcionais, variando de 1,0 (um) ponto até 4,5 (quatro pontos e meio) pontos. Cada equipe é composta de cinco jogadores e poderá somar no máximo, um total de 14 (quatorze) pontos (IWBF, 2002).

    Com todo este aprimoramento desenvolvido, houve a necessidade de se promover um maior aprofundamento nas pesquisas científicas propiciando melhores meios e métodos de avaliação física para estes atletas, oferecendo bases mais consistentes para um melhor direcionamento no treinamento e técnica destes indivíduos.

    Assim, o objetivo do presente estudo foi pesquisar, através da revisão e análise de artigos científicos, quais os melhores tipos de avaliação física no Basquetebol em Cadeira de Rodas e suas implicações para o crescimento deste esporte.


Metodologia

    Para a elaboração deste conjunto de conceituações, foi submetido à análise um total de 23 artigos que abordam a avaliação física no Basquetebol em Cadeira de Rodas publicados no período entre 1990 e 2003. Deste total de publicações, 08 falam sobre testes específicos em quadra, 06 abordam testes em ergômetros adaptados para cadeira de rodas, como o treadmill, que é o mais utilizado e 09 especificam testes no ergômetro de braço.

    A fim de analisar quais os melhores testes e suas implicações para os atletas de Basquetebol em Cadeira de Rodas, optou-se por desenvolver uma revisão do assunto, como forma de divulgação e reconhecimento das pesquisas científicas que vem sendo realizadas nesta área, tão nova e que caminha para um grande desenvolvimento.


Desenvolvimento

Testes em Quadra (Field Test)

    O Basquetebol em Cadeira de Rodas é um esporte de resistência muscular (trabalho de força localizada) e força versus velocidade (potência) (Zuchi, 1996).

    Com isto, vários trabalhos começaram a serem realizados durante os treinamentos, para o desenvolvimento destas qualidades e, com eles, alguns testes.

    Atualmente, da totalidade de exames da performance dos jogadores de Basquetebol em Cadeira de Rodas, pode-se incluir uma avaliação da capacidade aeróbica e anaeróbica de testes em quadra. (Vanlandewijck et. al., 1999).

    Coutts (1991) trabalhou um método de avaliação com um indivíduo que percorreu 36 voltas em uma quadra de Basquetebol em Cadeira de Rodas, com velocidades variáveis entre 1,28 e 5,31m/s (4,6 até 19.1km/h). Um computador portátil foi colocado na cadeira de rodas para marcar cada giro da roda. A desaceleração ao completar o lado do quadrado também era registrada. Uma relação significante entre a desaceleração nos lados do quadrado e a velocidade foi anotada e analisada nas 36 voltas. O total da força e potência foi calculada em função da velocidade da cadeira de rodas, indicando que a potência aumenta em função do aumento da velocidade. Este estudo é importante para ser aplicado no momento do treinamento técnico.

    Coutts (1992) continuou o seu estudo e, seguindo a mesma metodologia do teste anterior, analisou durante um jogo - o que traz maior relevância à sua pesquisa -, um homem e uma mulher praticantes do Basquetebol em Cadeira de Rodas. O mesmo tipo de computador foi colocado nas cadeiras e mensurava cada giro. Através dos resultados, constatou-se que 64% do tempo eram utilizados para atividades propulsivas e 36% para atividade de breque (parada). Depois de 40 minutos de jogo, os resultados demonstraram que ambos poderiam percorrer 5km/h, com uma velocidade de 2 m/s até 4 m/s.

    O estudo demonstrou ainda, uma pequena diferença a favor do homem com relação aos resultados, que foi explicada pela alta massa muscular e força de propulsão. Assim, concluiu-se que outros estudos deveriam ser realizados, levando em conta a massa muscular dos sujeitos e uma amostra maior.

    Em 1993, Chow e Mindock, mais ousados, partiram para uma avaliação ainda mais criteriosa: reuniram 14 homens jogadores de Basquetebol em Cadeira de Rodas para analisar os movimentos (características cinemáticas) que estes realizavam enquanto percorriam 10 voltas na quadra. Foram utilizadas duas câmaras ligadas a um computador que transmitiam os movimentos realizados tridimensionalmente. Concluiu-se, através da análise das imagens, que a velocidade e os movimentos do ombro são características importantes na determinação da classificação funcional. Foi o primeiro estudo que analisou as características dos movimentos através de voltas na quadra, porém, com grande qualidade e conseguiu atender e despertar para novos, que foram realizados posteriormente.

    Vanlandewijck, Daly, e Theisen, de quem voltaremos a falar mais adiante, em 1999, optaram pelo field test, analisando 46 jogadores de Basquetebol em Cadeira de Rodas do sexo masculino. O objetivo do estudo era validar uma série de testes de quadra. Para isso, os autores compararam cada teste específico de quadra com um semelhante, em laboratório.

    Primeiro, eles avaliaram a capacidade aeróbica com um teste de 25m de corrida e o compararam com exercícios no ergômetro de braço até a fadiga. O pico máximo de oxigênio (VO2 máximo) e a freqüência cardíaca máxima foram mensurados para ambos, e os resultados foram maiores para o teste de 25m em quadra.

    Num segundo experimento, os autores avaliaram o teste de capacidade anaeróbica com 30s de corrida em comparação com um ergômetro de braço (Wingate). Houve as mesmas mensurações dos testes anteriores, que demonstraram valores mais altos para o teste de 30s.

    E, por último, foram analisadas seis habilidades específicas do Basquetebol em Cadeira de Rodas. Como houveram diferenças significativas entre os vários testes realizados, a conclusão alcançada foi de que os testes em quadra eram válidos para análises anaeróbicas e aeróbicas.

    Vanderthomen et. al., aparecem em 2002 com um projeto field test. Testes de quadra, em múltiplos estágios, foram utilizados com a finalidade de desenvolver a aptidão física e o pico de consumo de oxigênio (VO2) de 37 atletas. Para isto, os jogadores deveriam percorrer um curso octogonal em quadra, aumentando suas velocidades a cada minuto, até à exaustão. A velocidade da cadeira de rodas e os parâmetros metabólicos foram mensurados em um sistema de espirômetro portátil e em um marcador de velocidade. As conclusões do estudo não encontraram diferenças significativas entre os resultados e atribuíram ao fato da amostra ser muito heterogênea para esse tipo de teste.

    Zwakhoven et. al., em 2003, pesquisaram 07 habilidades específicas (arremesso, drible, passe, rebote, propulsão, giro e freada) de 60 jogadores de Basquetebol em Cadeira de Rodas. O grupo foi dividido em três classes (bons, excelentes e avançados), seguindo um protocolo de exercícios descritos, e observados por outros atletas, que entendiam de regras e classificação funcional, e por classificadores funcionais. O objetivo do estudo era demonstrar que a classificação funcional deve ser uma análise do movimento funcional na cadeira de rodas (voluma de jogo) e não uma análise das habilidades de cada atleta. Os autores concluíram que o protocolo de exercícios pode ser utilizado no treinamento de classificadores funcionais profissionais para enfatizar a diferença entre o volume de ação e a habilidade individual de cada jogador.

    Como foram relatados pelos que a eles recorreram, os testes de quadra são importantes para mensurações de capacidades físicas aeróbicas, anaeróbicas, desenvolvimento de treinamentos e técnicas, e até aprimoramento da classificação funcional.

    Eles possuem maiores vantagens que os testes laboratoriais por serem baratos fáceis de administrar e por requererem poucos equipamentos especializados ou técnicas qualificadas - ensina Vanderthomen (2002) que usou tal metodologia.


Ergômetro de Braço (Arm Crank Ergometry)

    Ergômetros de braço são geralmente bicicletas ergométricas modificadas, com uma diferença importante: que os picos de potência são baixos para a população que os utiliza. Por outro lado, a potência externa produzida pode ser direcionada e quantificada com exatidão. O mais comum deles é o Wingate. Todos normalmente mensuram a potência máxima durante os trinta segundos de movimento, o que fornece o resultado ananeróbico do teste (Hartung, 2003).

    Hutzler, em 1993, resolveu comparar a performance aeróbica e anaeróbica de 11 atletas do sexo masculino de Basquetebol em Cadeira de Rodas. Para realizar o trabalho, foram utilizados o ergômetro de braço com um teste de 30s, e testes de 428m de corrida e 6 min. de endurance em quadra.

    Os examinadores relacionaram as variáveis pessoais de idade, peso, massa corpórea e classificação funcional. Os resultados demonstraram uma média cardíaca alta para testes em quadra e nenhuma relação foi encontrada entre os valores dos testes em quadra e no ergômetro de braço.

    O estudo comprovou que a média cardíaca pode ser usada para a avaliação da performance do jogador de Basquetebol de Cadeira de Rodas, e que a capacidade de trabalho no ergômetro de braço tem valores preditivos limitados para a performance de testes em quadra.

    Enquanto isso, em 1993, Van Der Woude et. al., realizaram uma pesquisa com 67 atletas de basquetebol em cadeira de rodas, com o objetivo de avaliar a capacidade anaeróbica e compará-la com as características pessoais (habilidade funcional, idade, sexo, peso e número de horas de treino).

    Para isto, eles utilizaram dois testes no ergômetro de braço, durante trinta segundos, em que mensuraram a capacidade máxima de trabalho anaeróbico em 5, 30 segundos e durante a fadiga.

    Os resultados indicaram que, um importante indicador de performance, além do sexo e peso, é o número de horas de treino, afinal houve diferença estatística entre os indivíduos que treinavam mais de três vezes por semana e os que treinavam somente para campeonatos.

    Já em 1998, Hutzler et al. realizou uma nova investigação em que utilizou 50 atletas - indivíduos com lesões medulares, amputações e seqüelas de poliomielite - para realizar uma avaliação aeróbica e anaeróbica no ergômetro de braço.

    O objetivo é comparar o rendimento de força em indivíduos com diferentes deficiências em membros inferiores e o processo de classificação funcional, além de criar valores de referência nas performances aeróbicas e anaeróbicas.

    Durante o teste, a idade tornou-se uma variável dependente da avaliação aeróbica. A média cardíaca máxima e o pico de força aeróbica e anaeróbica foram calculados.

    Os resultados demonstraram diferenças significativas para indivíduos com alto nível de paraplegia (pertencentes à classe funcional 1,0), entre indivíduos afetados por seqüelas de pólio em uma das pernas, e amputados (pertencentes à classe funcional 4.0 e 4.5). Atletas com baixo nível de paraplegia e seqüela de poliomielite em ambos membros inferiores (pertencentes à classe funcional 2,0 até 3,5) tiveram valores intermediários.

    Concluiu-se então que o tipo de lesão tem uma influência no pico máximo de oxigênio (VO2), mas não na média cardíaca.

    Voltemos a Valandewijck, Daly, Theisen e ao trabalho que realizaram em 1999. Em uma experiência à qual já nos referimos neste artigo de revisão, eles haviam recorrido ao field test para analisar 46 jogadores de Basquetebol em Cadeira de Rodas. O objetivo do estudo era o de validar uma série de testes em quadra. Para isto, os autores compararam cada teste específico da quadra com um semelhante feito em laboratório. Eles avaliaram a capacidade aeróbica com um teste de 25m de corrida e o compararam com exercícios no ergômetro de braço, até à fadiga. Os resultados demonstraram validação para os testes em quadra.

    Como foi relatado, o ergômetro de braço é um bom método a ser utilizado em mensurações anaeróbicas do que em aeróbicas, e, também, pode ser usado como método comparativo para outros testes em questão, que são utilizados no Basquetebol em Cadeira de Rodas.

    Assim, o ergômetro de braço tornou-se um excelente teste para mensurações anaeróbicas, em que o protocolo validado e utilizado é o de 30 (trinta) segundos de teste.


Esteira Elétrica Adaptada

    A esteira elétrica adaptada é utilizada pelo atleta inserindo sua própria cadeira de rodas, que pode ou não ficar presa com um cinto de 59,61cm ou 63,5cm. A avaliação poderá ser realizada aumentando a velocidade, a inclinação, ou ambos. As mensurações de média cardíaca máxima, pico de oxigênio e valores de lactato (fadiga) são realizadas através da ergoespirometria. A esteira mais conhecida é o motor driven treadmill, porém existem várias marcas e modelos (Hartung, 2003).

    A escolha do protocolo envolve muitas considerações com relação à população selecionada, porém, o que pode ser ideal é iniciar com 40% de velocidade, com base na média cardíaca máxima, aumentando-se, a cada 2 ou 3min, os estágios de velocidade e/ou inclinação, até a produção de fadiga, que ocorre entre 10 e 12 minutos de teste (Hartung, 2003).

    Veeger et. al., em 1991, reuniram 48 atletas (8 mulheres e 40 homens) para mensurar a capacidade cardiovascular através do pico de oxigênio, utilizando treadmill. Os indivíduos foram divididos por sexo e classificação funcional.

    Iniciou-se o protocolo com 2km/h de velocidade e, a cada 2min, procedia-se o aumento da velocidade e/ou inclinação. Os resultados apresentaram diferenças significativas entre homens e mulheres e entre indivíduos de classes funcionais diferentes. Isto demonstrou que os dados são bons para revelar níveis de performance com relação ao sexo, classificação funcional e capacidade em aumentar a aptidão física cardiovascular.

    Vanlandewijck, Spaepen, Lysens, em 1994, desenvolveram nesta mesma esteira, uma metodologia para análise do movimento e de padrões de atividade muscular, durante a propulsão na treadmill.

    Foram utilizados 40 atletas de Basquetebol em Cadeira de Rodas e aplicado um protocolo de dois níveis de exercícios (60% e 80% do pico de oxigênio individual - VO2) em três velocidades (1,11; 1,67; e 2,22m/s) e em força constante.

    Os dados cardiorrespiratórios e os parâmetros de técnicas de propulsão foram coletados e observados. Um efeito significante de força mecânica, causada por movimentos de braço e tronco, foi encontrado com o aumento da velocidade de 1.67 para 2.22m/s. Os achados indicaram que estudos da propulsão em cadeira de rodas dependem de força mecânica suficiente e não devem ser enfocados somente para análise de força durante a fase de propulsão, mas, também, para a análise de padrões de movimentos durante a parada (freada).

    Estes mesmos estudiosos, em 1994, Vanlandewijck decidiram avançar ainda mais na análise da geração de força que move esses atletas especiais. Assim, colocaram no campo de prova a força máxima aeróbica e a técnica de propulsão em comparação com a classificação funcional de 40 jogadores de Basquetebol em Cadeira de Rodas.

    Aplicando o treadmill com um protocolo de 1.67m/s de velocidade e três testes com 60% a 80% do pico de oxigênio individual, e mais duas velocidades (1,11 e 2,22m/s) com força constante, obtiveram dados cardiorrespiratórios e cinemáticos coletados simultaneamente.

    Como haviam dividido os atletas em três grupos de acordo com a classificação funcional, diferenças significativas foram registradas quanto à capacidade aeróbica máxima, entre os grupos 1 e 2 e entre 1 e 3. Nenhuma diferença foi encontrada com relação à eficiência mecânica e técnica de propulsão para os três grupos.

    Em 1994, Rostein et. al., ampliaram o uso de instrumentos de avaliação e passaram a avaliar, em um grupo de oito atletas, as capacidades anaeróbicas e aeróbicas de cada um, submetendo-os ao uso do ergômetro de braço e do treadmill.

    Parâmetros metabólicos e cardiopulmonares foram mensurados durante os testes de exercícios máximos. Baixas correlações foram obtidas entre o pico máximo de oxigênio, enquanto trabalhavam no treadmill e no ergômetro de braço.

    A conclusão dos pesquisadores é a de que o tipo de ergômetro pode ter, sim, importante influência nos resultados dos testes.

    Já em 1998, Schimid et. al., realizaram um estudo com 30 atletas femininas de basquetebol em cadeira de rodas e 10 mulheres sedentárias utilizando a esteira adaptada e teste em quadra, realizado durante um jogo de 2 tempos de 20 minutos.

    Durante os testes houve mensurações de lactato e consumo máximo de oxigênio.

    Os resultados demonstraram diferenças estatisticamente significativa com relação às mensurações estarem mais altas no grupo de atletas do que no grupo de sedentárias

    Um outro conceituado trabalho foi apresentado, em 2001, por Jassen et. al. tendo como meta encontrar o melhor meio para determinar a capacidade física, a eficiência total e o esforço físico de 16 atletas do sexo masculino, todos praticantes de Atletismo em Cadeira de Rodas.

    Bicicletas ergométricas foram adaptadas e programadas com um protocolo de 10km. Durante duas semanas os atletas se submeteram a testes de exigência máxima no treadmill. De acordo com os relatórios de Jassen e equipe, quanto à mensuração de média cardíaca máxima e de pico de oxigênio, os resultados demonstraram alto esforço físico durante a competição, concluindo-se daí, como sugestão dos pesquisadores, que a bicicleta ergométrica adaptada pode ser uma forma de treino aeróbico para atletas em cadeiras de rodas. Quem também trouxe importante contribuição científica para a evolução dos estudos na área foram Knechtle e Koppfli. Esta dupla, em

    2001, ( reuniu 11 atletas de Basquetebol em Cadeira de Rodas, e, com o uso do treadmill, definiu, como objetivo, descobrir se o protocolo que aumenta a inclinação do aparelho é melhor do que o protocolo que aumenta a velocidade para o cálculo do pico máximo de oxigênio (VO2).

    Realizados os testes, a relação entre a média cardíaca e o pico máximo de oxigênio foi estatisticamente significante em comparação com o grupo controle, que era composto por indivíduos sem lesões. Concluiu-se, pois, que o protocolo com aumento de inclinação é uma alternativa válida com relação ao protocolo com aumento de velocidade.

    Já em 2002, Finley et. al. realizaram um estudo com 10 indivíduos que não eram dependentes de cadeira de rodas, com o objetivo de determinar a confiança de mensurações biomecânicas durante repetidos testes de exercícios no ergômetro para cadeira de rodas.

    O protocolo utilizado foi com velocidade de 3 km/h e 0,3 kg de peso, aumentando o mesmo peso a cada três minutos. Foi avaliado o índice da fadiga muscular de todos os músculos envolvidos na propulsão em cadeira de rodas, entre eles, os do punho, cotovelo, ombro e tronco.

    Foram encontradas diferenças significativas entre os níveis de movimento e fadiga o que comprovou a confiança das mensurações biomecânicas realizadas no ergômetro.

    Esta síntese de artigos científicos traduz, dos mais importantes estudos, a segurança com que os especialistas da área podem alicerçar as suas ações. As experiências aqui resumidas deixam bem claro que o treadmill é um recurso mecânico que pode ser utilizado com eficácia para mensurações aeróbicas, com alto poder de fidelidade com relação aos resultados, incrementando o treinamento físico e auxiliando a classificação funcional, o que implica, evidentemente, na melhoria da técnica a ser aplicada.


Considerações finais

    Como pode ser observado em vários países do mundo, o Basquetebol em Cadeira de Rodas está em profunda evolução científica, demonstrando maturidade e resultados fidedignos quanto às pesquisas realizadas.

    Com certeza, os diferentes tipos de avaliação física promovem melhor crescimento e maior conhecimento para que se desenvolva, qualitativamente, o treinamento, a técnica e a classificação funcional.

    Riera, em 2000, promoveu um criterioso levantamento em que identificou os principais estudiosos, em todo o mundo, nas diversas áreas do Basquetebol em Cadeira de Rodas - lesões, nutrição, treinamento, biomecânica, dentre outros -, bem como os possíveis temas ainda a serem pesquisados.

    Mesmo os que já foram estudados, pesquisados, desenvolvidos, ainda podemos repeti-los com enfoques diferentes. Afinal, discorremos apenas sobre resultados significativos, que são importantes, mas ainda distantes do que podemos e devemos alcançar.

    Assim, a área do desporto adaptado em cadeira de rodas aguarda o surgimento de novos pesquisadores para que, somados à experiência dos atuais, possam estar contribuindo, com cientificidade, para a realidade que se materializa nas belas apresentações observadas em diversos campeonatos: o triunfo da vontade.


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Outro artigos de Jônatas de França Barros
em Portugués

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