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Valores no desporto.
Estudo exploratório das atitudes desportivas e orientações
motivacionais em alunos de Educação Física

   
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
(Portugal)
 
 
Helder Fernandes | Henrique Costa
Miguel Moreira | Ionescu Bogdan
Luís Dias | António Serôdio-Fernandes

miguel_utad@hotmail.com
 

 

 

 

 
Resumo
    Este estudo pretendeu examinar os valores desportivos e orientações motivacionais, expressos por alunos de Educação Física, perante diferentes situações desportivas e comparar os comportamentos desses mesmos, de acordo com diferentes situações de envolvimento desportivo
    A amostra deste estudo foi constituída por 422 alunos (221 do sexo masculino e 201 do sexo feminino), com uma média de idades de 13.73±2.46 anos, tendo idades compreendidas entre os 9 e os 21 anos de idade. Os instrumentos utilizados foram o Questionário de Valores no Desporto (Gonçalves, 1998) e uma versão traduzida e adaptada para a língua portuguesa do "Task and Ego Orientation in Sport Questionnaire", desenvolvida por Duda (1989).
    Numa análise generalista, os indivíduos demonstraram concordar em assumir atitudes perante situações desportivas, consoante os princípios básicos do desportivismo e fair-play. Contudo, a variável que mais contribuiu para uma diferenciação significativa, foi a faixa etária, evidenciando como menos concordantes com atitudes desportivas e revelando uma orientação para o ego, os alunos com idades compreendidas entre os 13 e 15 anos.
    Assim, é sugerido que como princípio fundamental, a prática desportiva deve tomar em consideração e nortear-se pelo interesse do jovem que a pratica. Para tal, todos os agentes de socialização existentes no Desporto, devem a seu nível respectivo e em função das suas possibilidades de intervenção, velar pelo respeito deste princípio (Fernandes, Costa & Moreira, 2003).
    Unitermos: Valores desportivos. Orientações cognitivas. Fair-play
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 9 - N° 67 - Diciembre de 2003

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I. Introdução

    Na Escola, os professores tendem a esquecer, com frequência, os aspectos relacionados com a educação sócio-desportiva dos seus alunos adoptando uma atitude passiva e concordante com o que consideram ser a pressão da realidade social envolvente e os valores nela preferentemente difundidos e como tal, não consideram ser útil lutar contra tal situação que os transcende. E assim, pouco a pouco, com o esquecimento de uns, a demissão de outros e a indiferença quase generalizada, chegámos a uma situação que quem acompanha com assiduidade competições desportivas de diferentes modalidades nos escalões de formação não pode deixar de considerar preocupante, tal o comportamento frequentemente evidenciado pelos jovens praticantes.

    Tendo em conta o envolvimento desportivo que cada vez mais é notório nas camadas jovens, já foram identificadas algumas consequências positivas dessa participação social. No entanto, vários investigadores na área da psicologia desportiva, e em especial no processo de socialização dos jovens através da prática desportiva, assinalam que esses resultados se apresentam contraditórios (Gonçalves, 1991; Orlick, 1981; Stevenson, 1975).

    Alguns comportamentos que têm vindo a ser mais frequentes são: fazer batota, praticar agressões, adoptar comportamentos violentos e faltar ao respeito a adversários e árbitros. Embora as ocorrências mais frequentes e visíveis sejam observáveis no Desporto profissional, já se começa a encontrar cada vez mais esses maus comportamentos no Desporto jovem (Bredemeier, 1984; cit. por Gonçalves, Carreiro da Costa & Piéron, 1998).

    Tal como refere Rijo (2001), é irrefutável o facto de que o Desporto transmite uma série de valores, quer sejam próprios da sociedade em que está inserido ou por outro lado, pré-estabelecidos pelas sociedades antecedentes. De facto, o Desporto reflecte os valores culturais básicos do meio em que se desenvolve e portanto, actua como "transmissor de cultura" (Blanchard & Cheska, 1986; cit. por Rijo, 2001).

    Os valores que a sociedade transmite ao Desporto, tais como a honestidade, a lealdade, a sinceridade, a limpidez de processos, a correcção de atitudes, o respeito mútuo entre quem participa na competição desportiva e o respeito inequívoco por regras de condutas cívicas e desportivas por parte de quem é responsável pela orientação desportiva, tendem cada vez mais a serem irrelevantes e a estarem em vias de extinção (Gonçalves, 1988; Gonçalves, Carreiro da Costa & Piéron, 1998; Rijo, 2001).

    Como referenciado anteriormente, a prática desportiva pode proporcionar uma correcta transmissão de valores, pelo que a sua qualidade, está dependente das situações que são criadas na prática desportiva (Gonçalves, 1991) e da importância dada pelo treinador/professor ou outros agentes de socialização (Kemp, 1991; Rijo, 2001).

    Desta forma, os objectivos deste estudo são: (i) examinar os valores desportivos e orientações cognitivas, expressos por alunos de Educação Física, perante diferentes situações desportivas e, (ii) comparar os comportamentos desses mesmos, de acordo com diferentes situações de envolvimento desportivo.


II. Metodologia

    Este estudo assume, essencialmente, um carácter descritivo, comparativo e exploratório, baseado numa pesquisa bibliográfica e na técnica de observação indirecta através da aplicação de questionários. A população alvo a estudar, é constituída pelos alunos de uma escola da região de Trás-os-Montes (Portugal).


2.1. Amostra e Procedimentos

    Da totalidade dos alunos da escola em questão, que ronda cerca de 520 indivíduos, participaram neste estudo 422 indivíduos (221 do sexo masculino e 201 do sexo feminino), com uma média de idades de 13.73±2.46 anos (idades compreendidas entre 9 e 21 anos). Estão englobados nesta amostra, todos os anos de escolaridade leccionados nesta instituição (do 5º ao 12º ano de escolaridade). Pretendeu-se obter a maior amostra possível, para ser representativa da população estudantil, que foi objecto de estudo. Os alunos que não responderem ao questionário, são elementos que já não realizam a disciplina de Educação Física e somente estão inscritos para a frequência de disciplinas em atraso, o que tornou difícil a obtenção da sua opinião. Contudo, foi-nos possível obter dados de 81,2% do total dos alunos, o que é bastante relevante para a amostra em causa.

    Para uma análise das diferenças existentes de acordo com diferentes idades, os resultados foram agrupados em 3 faixas etárias diferentes, considerando a proposta de Weiss (2000): < 12 anos (dos 9 aos 12 anos), 13-15 anos (dos 13 aos 15 anos) e > 16 anos (dos 16 aos 21 anos). Assim, existiam 140 alunos com menos de 12 anos (33,2%), 182 alunos com idades compreendidas entre os 13 e 15 anos (43,1%) e 100 alunos com idades superiores a 16 anos (23,7%).

    Por fim, quanto à actividade desportiva extra-curricular que os alunos praticavam, verificaram-se os seguintes valores: 215 não praticantes (50,9%), 178 praticantes de modalidades desportivas colectivas (42,2%) e 29 praticantes de modalidades individuais (6,9%).

    Quanto aos procedimentos, antes da entrega dos questionários foi feito um pedido ao Conselho Executivo, sendo explicado o propósito e objectivos do estudo. Após o consentimento, foi explicado aos docentes do Departamento de Educação Física, o modo de preenchimento e resolução dos questionários, pelo que estes encarregaram-se da sua distribuição nas turmas das quais são docentes. No início do preenchimento por parte dos alunos, foi enfatizado que as respostas seriam confidenciais e como tal, deveriam responder o mais honesto e sincero possível.


2.2. Instrumentos e Procedimentos Estatísticos

2.2.1. Questionário de Valores no Desporto (QVD)

    Este instrumento desenvolvido por Gonçalves (1998), pretende determinar os comportamentos e atitudes respeitantes à manifestação de valores e Espírito Desportivo. É um excerto do inquérito de Gonçalves (1998) e consta de 12 itens, que são respondidos de acordo com uma escala de Likert de 5 pontos, em que o valor 1 significa que não concorda nada; 2, que concorda pouco; 3, que concorda em parte; 4, que concorda muito e 5, que concorda totalmente. No questionário propriamente dito, aparecem as 12 questões de resposta fechada, em que cada item tem uma e uma só possibilidade de resposta. Concomitantemente, com este estudo pretendeu-se definir as propriedades psicométricas deste instrumento, dado não existirem referências anteriores quanto a este facto.


2.2.2. Questionário de Orientação Motivacional no Desporto (QOMD)

    É uma versão traduzida e adaptada para a língua portuguesa do "Task and Ego Orientation in Sport Questionnaire" desenvolvido por Duda (1989). Este instrumento pretende avaliar a orientação motivacional para a tarefa e/ou para o ego, em contextos desportivos, tendo por base o modelo teórico motivacional de Nicholls (1989). Mais concretamente, este questionário é constituído por 13 itens que reflectem uma orientação motivacional para a tarefa ou para o ego, relativamente à percepção de sucesso e êxito no Desporto. Os itens encontram-se distribuídos por 2 sub-escalas: a) orientação para a tarefa (7 itens) e b) orientação para o ego (6 itens). Os itens são respondidos optando por uma única alternativa, numa escala de tipo Likert de 5 pontos (1, discordo totalmente a 5, concordo totalmente).


2.2.3. Procedimentos Estatísticos

    Foi realizada uma análise exploratória inicial dos dados. Foram cumpridas as seguintes etapas, para cada uma das variáveis estudadas:

  • identificação de outliers através do método gráfico "Caixa-de-Bigodes" (Box-and-Whiskers);

  • testagem da normalidade das distribuições, recorrendo aos procedimentos Kolmogorov-Smirnov e skewness/kurtosis;

  • análise factorial de Componentes Principais, com rotação Varimax, sendo inicialmente tido em conta, a regra de Kaiser (eigenvalues de valor superior a 1) e três itens por factor; posteriormente, foi realizada a análise de consistência interna (a de Cronbach), para cada um dos factores obtidos.

    Dado que as variáveis em estudo, não revelaram uma distribuição normal, foram aplicados os seguintes procedimentos não paramétricos, quando se pretendeu comparar e analisar diferenças entre as variáveis independentes:

  • teste Mann-Whitney (comparação de 2 grupos);

  • teste Kruskal-Wallis (comparação de 3 ou mais grupos);

  • coeficiente de correlação de Spearman;

  • modelo de regressão linear simples.

    O nível de significância foi mantido em 5% (p<0,05*; p<0,01**; p<0,001***).

    É de salientar que para a obtenção da solução factorial final dos diferentes instrumentos, os critérios utilizados para reter um item num factor, foram os seguintes: (i) saturação igual ou superior a .40 no hipotético factor; (ii) o item não devia ser redundante com outro item no mesmo factor; (iii) a retirada do item não devia fazer baixar a fidelidade do suposto factor. Adicionalmente, a percentagem de variância total que é explicada pela solução factorial devia ser superior a 45% e a solução factorial final deveria ser coerente (Cruz & Matos, 1997). Paralelamente, também foram calculados os índices de consistência interna, através do cálculo do a de Cronbach.


III. Apresentação dos resultados

3.1. Análise Factorial do QVD

    Na sequência da análise factorial ao QVD, o seguinte quadro apresenta a saturação dos itens nos respectivos factores que emergiram. Como se pode verificar, obtiveram-se 2 factores principais, que explicam no seu conjunto 58,9% da variância total. O primeiro factor, designado de "Atitudes Anti-Desportivas" inclui itens relacionados com condutas e valores morais, contrários ao Espírito Desportivo e contribui para explicar 31,9% da variância, tendo um a de Cronbach de 0,83. O segundo factor, por sua vez inclui itens relacionados com "Atitudes Desportivas" e contribui para explicar 27,0% da variância, com um a de Cronbach de 0,72. O item 9 "...quando o árbitro ou o juiz tem dúvidas sobre quem foi o infractor ou o responsável pela violação de uma regra, sou capaz de me denunciar eu próprio como responsável.", não respeitou os critérios definidos para a saturação do item no factor, pelo que quando adicionado a qualquer um dos factores, fez baixar o valor de consistência interna. Como tal, foi eliminado da análise estatística realizada.

Quadro 1 - Solução factorial e respectivos alphas de Cronbach, do QVD


3.2. Análise Factorial do QOMD

    A partir da análise factorial ao QOMD, o seguinte quadro apresenta a saturação dos itens nos respectivos factores que emergiram. Como se pode verificar, obtiveram-se 2 factores principais, que explicam no seu conjunto 48,3% da variância total. O primeiro factor, designado de "Orientação para a tarefa" inclui itens relacionados com este tipo de orientação cognitiva e permite explicar 25,2% da variância, tendo um a de Cronbach de 0,79. O segundo factor, por sua vez inclui itens relacionados com a "Orientação para o ego" e contribui para explicar 23,1% da variância, com um a de Cronbach de 0,81.

Quadro 2 - Solução factorial e respectivos alphas de Cronbach, do QOMD


3.3. Análise comparativa da variável sexo

    O quadro seguinte apresenta a média e o desvio padrão dos itens do QVD e QOMD, bem como das suas sub-escalas quando comparados entre o sexo masculino e feminino, sendo somente apresentados os que demonstraram diferenças significativas.

Quadro 3 - Resultados da análise comparativa por sexo

    No geral, verifica-se que os elementos femininos concordam mais do que os elementos masculinos, em demonstrar atitudes respeitantes ao Espírito Desportivo, revelando assim uma menor orientação para o ego.


3.4. Análise comparativa da variável actividade desportiva extra-curricular

    O quadro seguinte evidencia a média e o desvio padrão dos itens do QVD e QOMD, bem como das suas sub-escalas, quando comparando os não praticantes, os praticantes de modalidades colectivas e os de modalidades individuais, sendo de seguida apresentados aqueles que demonstraram diferenças significativas.

Quadro 4 - Resultados da análise comparativa por envolvimento desportivo

    Na comparação entre diferentes tipos de envolvimento desportivo, os resultados revelam no geral, que os indivíduos quando englobados numa modalidade colectiva ou individual, revelam maior vontade de praticar Desporto e considerando sempre o respeito pelo adversário e regras, possuindo assim níveis mais elevados de orientação para a tarefa.


3.5. Análise comparativa da variável independente faixa etária

    O quadro seguinte evidencia a média e o desvio padrão dos itens do QVD e QOMD, bem como das suas sub-escalas, tendo em conta a comparação entre as 3 faixas etárias definidas anteriormente, sendo de seguida apresentados aqueles que demonstraram diferenças significativas.

Quadro 5 - Resultados da análise comparativa por faixas etárias

    Tendo em conta principalmente a faixa etária mais nova, verifica-se que estes possuem uma orientação elevada para o ego, pela que a importância da comparação com a prestação dos companheiros, surge como uma das únicas formas de determinar e percepcionar os seus níveis de competência e sucessivamente, sucesso. O grupo dos 13-15 anos, demonstra ser aquele que possui níveis mais elevados de atitudes anti-desportivas e de orientação para o ego, conjuntamente com o grupo dos mais novos. A variável faixa etária, desta forma, assume-se como aquela com maior poder discriminante para o objecto de estudo.


3.6. Análise correlacional entre a idade e as sub-escalas do QVD e o QOMD

    Procedeu-se também à análise das correlações (através do cálculo do coeficiente de correlação de Spearman), entre as sub-escalas do QVD e do QOMD, determinando-se as relações entre as mesmas, bem como a relação entre a idade e as sub-escalas citadas anteriormente.

Quadro 6 - Resultados da análise correlacional entre a idade e as sub-escalas do QVD e QOMD

    Assim, verificaram-se relações positivas e significativas entre as atitudes desportivas e a orientação para a tarefa, bem como, entre as atitudes anti-desportivas e a orientação para o ego. A relação negativa entre a idade e a orientação para o ego, sugere que à medida que os alunos envelhecem, possuem uma menor orientação para o ego, utilizando cada vez menos a comparação normativa para definição dos seus níveis de competência e capacidades. Por fim, observou-se uma relação negativa entre as atitudes anti-desportivas e a orientação para a tarefa, sugerindo que à medida que os alunos adoptam uma orientação cognitiva para a tarefa, revelam menor número de condutas e atitudes contrárias à manifestação do Espírito Desportivo. Contudo, pode-se verificar o inverso, pelo que a influência predictora das relações entre as sub-escalas do QVD e do QOMD, é apresentada no sub-capítulo seguinte.


3.7. Análise de regressão simples (influência das sub-escalas do QOMD na predição das sub-escalas do QVD)

    São apresentadas as análises de regressão simples que permitiram verificar a influência da sub-escala "Orientação para a Tarefa", na predição da sub-escala "Atitudes Desportivas" e a influência da sub-escala "Orientação para o Ego", na predição da sub-escala "Atitudes Anti-Desportivas", tendo em conta, os resultados anteriores.

Quadro 7 - Resultados da análise de regressão simples da influência da variável preditora Orientação para a Tarefa, na variável Atitudes Desportivas

    Como se pode observar, a orientação para a tarefa assumiu-se como uma variável predictora em mais de 16% de variância das atitudes desportivas, sendo esta relação significativa (p<0,000***). Assim, assume-se como um predictor significativo e importante para a promoção do Espírito Desportivo em aulas de Educação Física.

Quadro 8 - Resultados da análise de regressão simples da influência da variável preditora Orientação para o Ego, na variável Atitudes Anti-Desportivas (p<,05*; p<,01**, p<,001***)

    A orientação para o ego, também se assumiu como uma variável predictora em cerca de 15% de variância das atitudes anti-desportivas, sendo também esta relação significativa (p<0,000***). Desta forma, assume-se como um predictor significativo e importante para a promoção do Espírito Desportivo em aulas de Educação Física, pelo que sugere-se a adopção da orientação cognitiva referida anteriormente (tarefa/mestria), com vista ao desenvolvimento de valores morais desportivos, neste contexto.


IV. Discussão dos resultados

    A problemática que nos levou a realizar este estudo, há muito tempo que está emergente, e é estudada no contexto desportivo. Em vários países, têm-se analisado a importância dos valores no processo formativo dos jovens, enquanto futuros cidadãos de uma sociedade "desvirtuada" de comportamentos e princípios adequados. Como tal, incorporar princípios e valores de acordo com o fair-play numa sociedade cuja único valor é vencer independentemente dos meios usados, assume-se como uma "missão" muito difícil para os professores de Educação Física.

    Com este estudo, não pretendemos descobrir nem ponderar lacunas no processo formativo, mas sim, verificar de que modo foi conduzida a formação dos alunos no contexto escolar, bem como de que forma, irão ou não demonstrar os valores adequados à prática desportiva.

    Relativamente à amostra deste estudo e numa perspectiva de análise generalista, os alunos demonstraram concordar em assumir atitudes perante situações desportivas, consoante os princípios básicos do desportivismo e fair-play. Idênticos resultados foram obtidos por Gonçalves, Carreiro da Costa e Piéron (1998), o que sugere na globalidade, existir um processo de formação moral adequado e correcto. Concomitantemente, os itens com que a amostra discorda mais, i.e., os valores que são mais baixos, referem-se a atitudes ou comportamentos que revelam condutas antagónicas àqueles que são concordantes com a manifestação do Espírito Desportivo. Assim, se verifica que toda a formação do indivíduo, contribuiu para inculcar os valores positivos do Desporto (solidariedade, sentido de esforço, participação, Espírito Desportivo).

Quadro 9 - Média e desvio padrão dos itens analisados do QVD

    Neste âmbito, é de fulcral importância a intervenção do professor de Educação Física/treinador na formação técnica e psico-pedagógica dos jovens (Buñuel, Fuentes-Guerra & Robles, 2000). Para este processo de aprendizagem social entre os alunos e professores, Gonçalves (2000a) refere diversos estudos desenvolvidos em Portugal e em países estrangeiros (Alemanha, Estados Unidos e Inglaterra), que apontam no sentido do professor/treinador constituir no Desporto infanto-juvenil, o mais poderoso agente de socialização, em especial a partir dos 12-13 anos e de cuja actuação dependerá de forma relevante a qualidade das experiências que as crianças e jovens vivem no seu processo de formação desportiva. Assim, os professores/treinadores deverão considerar primordiais algumas áreas de intervenção como: (i) a persistente promoção dos valores éticos de conduta desportiva e princípios inerentes ao Espírito Desportivo; e, (ii) na defesa da ideia de que quem "usa a batota", a violência verbal ou física e que adopta processos que visam artificialmente aumentar o seu rendimento desportivo, para disso tirarem vantagem na competição, não compete de uma forma leal e correcta.

    Também se torna relevante que os professores/treinadores expliquem e acentuem o significado de fazer parte de um grupo (clube, equipa,...) e da importância da vivência colectiva e do contributo individual para a valorização do grupo; que estimulem os contactos sociais intra e inter-grupos (com companheiros de outras equipas); que promovam actividades que facilitem esses contactos onde rapazes e raparigas, possam participar conjuntamente; e, que definam regras de conduta e de comportamento dos jovens para com todos os intervenientes nas práticas desportivas (treinadores, árbitros, dirigentes, adversários,...). Desta forma, esta área de intervenção não pode continuar a ser um aspecto menosprezado pelos treinadores e professores na sua acção junto dos jovens, mas sim uma preocupação permanente da sua tarefa educativa e formativa.

    Quando comparados por sexos, os alunos desta amostra diferenciaram-se significativamente em diversos itens do QVD e QOMD. Em suma, os rapazes concordaram mais que as raparigas em itens relacionados com condutas anti-desportivas e orientação para o ego, verificando mesmo diferenças significativas nesses dois factores. Estes resultados tendem a confirmar os resultados da literatura neste âmbito, que menciona que os rapazes aceitam com mais facilidade certos comportamentos ilegais, como sendo perfeitamente legítimos, face aos objectivos pretendidos na competição em causa (Gonçalves, Carreiro da Costa & Piéron, 1998; McElroy & Kirkendall, 1980; Nixon, 1980; Silva, 1983), bem como, tendem a utilizar a "batota" num contexto desportivo, como forma de vencer a todo o custo (Lemyre, Roberts & Ommundsen, 2002). Para compreender os comportamentos associados ao género em contexto desportivo, é fundamental ter em conta as diferenças culturais, bem como também, as expectativas da sociedade respeitante à sua participação (Weinberg & Gould, 1997).

    Tendo em conta a comparação de acordo com diferentes níveis de actividade física extra-curricular, verificaram-se diferenças significativas em itens do QVD e QOMD, bem como no factor orientação para a tarefa. Em suma, os alunos praticantes (quer seja modalidade colectiva ou individual), tendem a demonstrar maiores níveis de orientação para a tarefa, bem como maior vontade de praticar actividades desportivas para além da aula de Educação Física. Assim, os resultados sugerem que a prática desportiva contribuiu para o desenvolvimento integral dos jovens e como tal para a sua formação. Mais uma vez, verificaram-se resultados contrários aos estudos de Gonçalves (1988, 1991), Gonçalves, Carreiro da Costa e Piéron (1998) e Silva (1983), tendo sido somente concordante com o estudo realizado por Fernandes, Costa e Moreira (2003). Como tal, neste estudo verificou-se que os praticantes desportivos possuem atitudes mais positivas na afirmação do Espírito Desportivo, quando comparados com os não praticantes. Concomitantemente, pode-se ponderar o facto desta prática ter proporcionado uma correcta transmissão de valores, tendo-se verificado muita qualidade nas situações criadas ao longo desta vivência desportiva (Gonçalves, 1991). Estes mesmos valores, revelam consequências positivas desta participação social, que é o envolvimento desportivo. Todavia, estes resultados contrários a muitos estudos existentes na literatura da especialidade, podem ser explicados tendo em conta o contexto em que foi feito o estudo. Sabrosa é uma vila do Interior Transmontano, onde as possibilidades e as infra-estruturas desportivas são reduzidas, culminando numa baixa oferta e consequente, reduzida vivência de práticas desportivas. Desta forma, pressupomos que os indivíduos deste contexto que pratiquem uma modalidade desportiva, façam-no com elevados níveis motivacionais e vontade de aprender e ser bem sucedido nessa tarefa. Assim, assume-se que estes concordem em manifestar atitudes e condutas concordantes com o Espírito Desportivo, aquando do seu envolvimento desportivo. Por outro lado, estes resultados também se podem dever à quase inexistente estrutura competitiva, pelo que não se verificando exigências de vitória a estes níveis, obviamente não se torna necessário utilizar atitudes contrárias ao fair-play, como forma de perseguir o objectivo do sucesso a "todo custo" (Matos, 1997).

    Assim, como princípio fundamental, a prática desportiva deve tomar em consideração e nortear-se pelo interesse do jovem que a pratica. Para tal, todos os agentes de socialização existentes no Desporto, devem a seu nível respectivo e em função das suas possibilidades de intervenção, velar pelo respeito deste princípio (Fernandes, Costa & Moreira, 2003). Em suma, é essencial referir que a organização das actividades desportivas infanto-juvenis, não pode deixar de prever a existência de quadro competitivo. Ignorá-lo ou exclui-lo do processo de formação desportiva das crianças e dos jovens, seria assim um erro (Gonçalves, 2000). A competição constitui para o professor/treinador uma excelente oportunidade para identificar os traços dominantes dos jovens praticantes, fornece-lhe elementos indispensáveis para avaliar a correcção do seu processo de ensino e possibilita-lhe reformular os seus planos de trabalho. Para os jovens, a competição constituirá o momento mais significativo da prática desportiva.

    Esta vai servir-lhes para a consolidação do seu estatuto no seio do grupo, vai solicitar-lhe uma valorização individual e a consequente estruturação de funções dentro do próprio "grupo" (Coakley, 1990). Desta forma, a competição tem de ser considerada como um instrumento pedagógico importante no processo de formação desportiva, extraindo desta as consequências indispensáveis à orientação da sua intervenção pedagógica. Competição significa treino periódico, esforço, atitude permanente de superação e perseguição permanente do melhor resultado. Logo, procurar a vitória não constitui qualquer problema, sendo inerente ao acto de competir. O problema está nos meios que se usam, assim como nas atitudes e comportamentos que se assumem quando aquele objectivo não é atingido (Silva, 1983).

    Relativamente à comparação das diferentes faixas etárias, estes valores não se assumem de forma linear, emergindo no entanto o facto de que a faixa etária com mais de 16 anos, ser aquela com níveis mais elevados de orientação para a tarefa e concordância com as atitudes desportivas. Por outro lado, os alunos dos 13 aos 15 anos, assumem-se como sendo aqueles que mais concordam com atitudes anti-desportivas em aulas de Educação Física, revelando assim maiores níveis de orientação para o ego. Tal facto é concordante com Vallerand e Losier (1994), que referem que os adolescentes estão mais predispostos a demonstrar uma atitude negativa perante a participação desportiva e mostram menor preocupação com o respeito pelas regras e oficiais de jogo. Concomitantemente, Duda et al. (1991) e Nicholls (1989), referiram que atletas orientados para o ego, revelaram comportamentos contrários à demonstração de atitudes morais respeitantes ao Espírito Desportivo, pretendendo obter a vitória a "todo o custo". Contudo para esta amostra, não se verificam as constatações apresentadas por Bredemeier (1987), Gonçalves (1990) e Lee e Williams (1989), que refere o facto de comportamentos agressivos serem mais aceitáveis em idades mais avançadas e com mais anos de experiência desportiva e de competição. Desta forma, sugere-se que a faixa etária dos 13 aos 15 anos, devido às constantes mudanças maturacionais e de factores emocionais (pertença a diferentes grupos, criação de novas amizades,...), provoque nos alunos uma necessidade de se salientarem, recorrendo para tal a uma comparação de competências, de carácter normativo. Assim, pode-se sugerir que este tipo de orientação cognitiva (ego) desponte um conjunto de atitudes e condutas contrárias à demonstração de Espírito Desportivo.

    Quanto à definição da relação entre as sub-escalas do QVD, QOMD e da idade, verificaram-se relações positivas e significativas entre as atitudes desportivas e a orientação para a tarefa, bem como, entre as atitudes anti-desportivas e a orientação para o ego. Por outro lado, a relação negativa entre a idade e a orientação para o ego, sugere que à medida que os alunos envelhecem, possuem uma menor orientação para o ego, utilizando cada vez menos a comparação normativa para definição dos seus níveis de competência e capacidades. Estes factos são concordantes com os verificados por Stephens (1993) que estudou as tendências de jovens jogadores para violarem as normas morais. Este autor, verificou que os atletas que mostraram maior concordância com a violação de regras e normas, jogando de uma forma contrária à ética desportiva, possuíam níveis mais elevados de orientação para o ego. Outros autores, demonstraram esta situação no contexto desportivo, salientando que uma orientação para a tarefa visa a adopção de atitudes concordantes com os valores morais desportivos (Kavussanu & Roberts, 2001; Rascle, Coulomb & Pfister, 1998; Whitehead et al., 1999;). Lemyre, Roberts e Ommundsen (2002), salientam ainda que níveis elevados de orientação para o ego, estão relacionados negativamente com o respeito pelas regras e oficiais de jogo (árbitros) e preocupação com o adversário.

    Por fim, respeitante à analise da influência preditiva da orientação para a tarefa e ego, nas atitudes desportivas e anti-desportivas, respectivamente, verificou-se que a orientação para a tarefa, assume-se como um predictor significativo e importante para a promoção do Espírito Desportivo em aulas de Educação Física, pelo que sugere-se a adopção deste tipo de contexto, visando a definição de atitudes e condutas morais, de forma a diminuir a incidência de casos de indisciplina, em Educação Física. Tal como proposto por Lemyre, Roberts e Ommundsen (2002) e Vallerand e Losier (1994), estes resultados da regressão linear realizada, suportam o facto da orientação para a tarefa, actuar como uma determinante das atitudes desportivas, consequente Espírito Desportivo e demonstração de correctos valores em contextos desportivos.


V. Conclusões

    Emergindo dos resultados e análises efectuadas, foi-nos possível constatar que:

  • Com base na análise descritiva, dos valores médios dos itens do questionário, constatamos que os indivíduos da nossa amostra, demonstraram concordar em assumir atitudes perante situações desportivas, de acordo com os princípios básicos do desportivismo e fair-play. Por outro lado, os itens com os quais menos concordaram, dizem respeito a atitudes e comportamentos que se revelam contrários àqueles que são concordantes com a demonstração de espírito desportivo;

  • Quando comparados por sexos, os alunos desta amostra diferenciaram-se significativamente em diversos itens do QVD e QOMD. Em suma, os rapazes concordaram mais que as raparigas em itens relacionados com condutas anti-desportivas e orientação para o ego;

  • Tendo em conta o envolvimento desportivo dos indivíduos da amostra, os principais resultados revelaram diferenças significativas em itens do QVD e QOMD, bem como no factor orientação para a tarefa. Em suma, os alunos praticantes (quer seja modalidade colectiva ou individual), tenderam a demonstrar maiores níveis de orientação para a tarefa, bem como maior vontade de praticar actividades desportivas para além da aula de Educação Física;

  • Os alunos dos 13 aos 15 anos, assumem-se como sendo aqueles que mais concordam com atitudes anti-desportivas em aulas de Educação Física, revelando assim maiores níveis de orientação para o ego;

  • Verificou-se uma relação negativa entre a idade e a orientação para o ego, pelo que à medida que os alunos envelhecem, possuem uma menor orientação para o ego, utilizando cada vez menos a comparação normativa para definição dos seus níveis de competência e capacidades;

  • Concomitantemente, a orientação para a tarefa, assumiu-se como um predictor significativo e importante para a promoção do Espírito Desportivo em aulas de Educação Física, pelo que sugere-se a adopção deste tipo de contexto, visando a definição de atitudes e condutas morais, de forma a diminuir a incidência de casos de indisciplina, em Educação Física.

    Em suma, sugerimos que o princípio fundamental da prática desportiva de crianças e jovens, deve sempre tomar em consideração e orientar-se pelo interesse do jovem que a pratica, tendo todos os agentes de socialização e em especial, os professores de Educação Física e treinadores, a responsabilidade e obrigatoriedade de promover e zelar pelo respeito dos valores desportivos, durante a sua intervenção (Fernandes, Costa & Moreira, 2003).


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revista digital · Año 9 · N° 67 | Buenos Aires, Diciembre 2003  
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