efdeportes.com
Estaríamos caminhando para uma implosão do
espaço-tempo e para a desrealização?
Algumas implicações das teorias de
Jean Baudrillard e Paul Virilio sobre
o virtual para a educação/educação física

   
Doutor em Educação - Unicamp
Professor do Programa de Pós-Graduação em
Educação Física da Universidade Católica de Brasília
 
 
Alfredo Feres Neto
alferes@uol.com.br
(Brasil)
 

 

 

 

 
Resumen
    O virtual não se confunde meramente com a produção/incorporação das novas tecnologias de comunicação (NTC). Ele é construído historicamente, e portanto, acompanha o próprio processo de humanização. Neste ponto, há duas vertentes principais: a que enfoca principalmente os "limites" e "perigos" presentes na utilização das NTC, e a que vislumbra grandes possibilidades de contribuição a construção de novas subjetividades, em uma perspectiva de heterogênese do humano. O objetivo deste trabalho é, por meio de uma abordagem comparativa, analisar os principais argumentos da primeira abordagem acima mencionada, com vistas a levantar alguns limites e possibilidades para a Educação/Educação Física.
    Unitermos: Educação física. Educação. Virtualização. Subjetividades
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 9 - N° 64 - Septiembre de 2003

1 / 1

I. Introdução

    Tenho procurado, há algum tempo, estabelecer um diálogo com dois autores que expressam as possibilidades de humanização e subjetivação contidas no movimento geral de virtualização contemporâneo, principalmente a partir do que se convencionou denominar "novas tecnologias de comunicação" (NTC), que são os filósofos franceses Félix Guattari e Pierre Lévy. Em linhas gerais, estas leituras expressam uma perspectiva otimista quanto aos rumos deste processo, ao mesmo tempo em que ambos mantêm uma postura cautelosa, na medida em que este movimento ontológico foi e é construído historicamente. Não obstante, esta não é a única vertente de pensamento relativo ao movimento geral de virtualização. A partir da contextualização histórica do virtual, principalmente desenvolvido por Lévy, temos um caminho em aberto pela frente, tanto na direção da construção de uma nova humanidade e subjetividade (ou subjetividades), conforme colocado acima, como para a catástrofe da massificação e homogeneização do homem, posição esta bastante marcada na produção intelectual de autores como Paul Virilio e Jean Baudrillard.

    Lévy (op. cit., p. 12) chama a atenção para o fato de que a noção de virtual já ter sido trabalhada por muitos filósofos, inclusive franceses contemporâneos como Gilles Deleuze e Michel Serres. Assim, desde logo explicita a sua possível contribuição com a presente obra: não se limitar em "definir o virtual como um modo de ser particular", nem tampouco "analisar a passagem do possível ao real ou do virtual ao atual" (o que, segundo ele, já foi feito pela tradição filosófica até os trabalhos mais recentes). É o movimento inverso que pretende abordar, ou seja, do atual e do real ao virtual.

    Guattari, em Caosmose (1992, p. 51), já lançava as bases das idéias acima que posteriormente foram desenvolvidas por Lévy. Ao descrever o conceito de máquina, argumenta que ela está sempre em situação de complementaridade com elementos exteriores (o homem que a fabrica, outras máquinas atuais e virtuais, etc.), que em última instância acarretam um processo autopoiético, que ocorre por meio de desterritorializações.

    Guattari (op. cit., p. 15) é cuidadoso ao analisar o processo de subjetivação operado pelas novas tecnologias de comunicação. Aponta um movimento duplo e simultâneo, de "homogeneização universalizante e reducionista da subjetividade e uma tendência heterogenética, quer dizer, um reforço da heterogeneidade e da singularização de seus componentes". Neste ponto é taxativo quanto ao futuro da virtualização da cultura: ou caminhamos para "a criação, a invenção de novos Universos de referência"; ou, no sentido inverso, (o pior), que é a "mass-midialização embrutecedora, à qual são condenados hoje em dia milhares de indivíduos" (Guattari, op. cit., p. 15-6).

    Também Pierre Lévy demonstra cautela quanto aos impactos da evolução em curso. Para ele, estamos caminhando para uma encruzilhada em que, numa direção aponta para a reprodução do que já está aí, ou seja, da espetacularização e da massificação, bases para o consumo, alicerce do capitalismo globalizado contemporâneo, e em outra a possibilidade de acompanharmos "as tendências mais positivas da evolução em curso e criamos um projeto de civilização centrado sobre os coletivos inteligentes: recriação do vínculo social mediante trocas de saber, reconhecimento, escuta e valorização das singularidades, democracia mais direta, mais participativa, enriquecimento das vidas individuais, invenção de formas novas de cooperação aberta para resolver os terríveis problemas que a humanidade deve enfrentar, disposição das infra-estruturas informáticas e culturais da inteligência coletiva" (1996, p. 118).

    Veremos a seguir o enfoque de dois autores - Paul Virilio e Jean Baudrillard - cujas idéias contrastam sobremaneira das anteriormente expostas, na medida em que enfatizam muito mais os limites e perigos em tese presentes no movimento geral de virtualização contemporâneo, respectivamente uma "implosão do espaço-tempo" e a "desrealização".


II. Algumas idéias de Paul Virilio e Jean Baudrillard a respeito do virtual

    Parece-me que o mesmo movimento geral de virtualização que Lévy enxerga como "busca de hominização" (1996, p. 11), e mais ainda, como "um dos principais vetores de criação de realidade" (1996, p. 18), é visto por Virilio (1993, passim) como principal causadora do que poderia ser chamado de uma "implosão do espaço-tempo", principal responsável pelo que entende ser uma crise da percepção destas duas dimensões ontológicas, pois este último se sobrepõe sobre o primeiro, na medida em que a velocidade de transmissão de dados se torna o referencial mediador das relações entre as pessoas nos mais diversos níveis (trabalho, lazer, etc.) Portanto, entendo que contrapor estes autores poderá contribuir, em um mesmo movimento - crise e oportunidade - para elucidar os fundamentos do processo em questão. É o que veremos a seguir.

    Vamos, então, ao pensamento de Virilio. O arquiteto e urbanista francês em seu livro O espaço crítico (1993, p. 8-9) argumenta que vivemos na contemporaneidade um rearranjo da Cidade, do ponto de vista espacial e temporal, a partir do que denomina "ruptura de continuidade", que se desdobra em, pelo menos, três aspectos: utilização das tecnologias eletrônicas de comunicação, reorganização industrial e revolução dos transportes. A primeira se caracteriza principalmente por se constituir em uma mediação eletrônica que substitui o contato face a face, a segunda pelo que vem provocando de desemprego, fechamento de empresas, aumento do trabalho autônomo e do teletrabalho, e a terceira por caminhar na direção de extinguir a oposição entre "intra-muros" e "extramuros" (o que, segundo Virilio, resulta no fenômeno de conurbação dos centros urbanos).

    Também Baudrillard (1996, p. 147) fará críticas à tela, mais especificamente à televisão. Para ele, que apresenta um pensamento mais negativo quanto ao virtual do que Virilio, a imagem televisiva, bem como as imagens de síntese (por exemplo, o videogame), ao contrário da imagem-foto ou da imagem-cinema, romperam com qualquer ligação com a história, na medida em que "se autoproduzem sem referência a um real ou a um imaginário, [são] virtualmente sem limite, e esse engendrar-se sem limite produz a informação como catástrofe".

    A questão de fundo para esta crítica, porém - e este é o ponto que particularmente nos interessa neste trabalho - reside na própria noção de virtual empregada pelo autor de, entre outros livros, A sociedade de consumo. Baudrillard (op. cit., p. 147), neste ponto, diverge radicalmente de Pierre Lévy. Ao se referir às imagens sintéticas e da televisão, argumenta que "são virtuais, e o virtual é o que termina com toda a negatividade, logo com toda a referência à história ou ao acontecimento". O filósofo francês exemplifica o seu entendimento de virtual a partir do que a televisão editou com relação ao massacre da Romênia (1989) e da Primeira Guerra do Golfo (1990). Em ambos os episódios, do seu ponto de vista, o virtual (a imagem) tornou-se a referência mais importante de informação e representação, o que ocasionou a "compulsão de aniquilar o objeto real, o acontecimento real, pelo próprio conhecimento adquirido sobre ele" (Baudrillard, op. cit., p. 148). Em outro trecho, é mais enfático quanto à gravidade que enxerga no virtual. "Escamotear o acontecimento real e substituí-lo por um duplo, uma prótese artificial, como aquela dos figurantes da carnificina de Timiosara, resume todo o movimento de nossa cultura" (Baudrillard, op. cit., p. 150).

    A noção de "desrealização" empregada por Baudrillard encontra eco em Virilio (1993, passim). Para o arquiteto francês, chegamos ao paroxismo de vivenciarmos o "desaparecimento" da cidade, a partir do mesmo movimento que a circunscreve na nova "topologia eletrônica", processo que considera já durar ao menos quatro décadas, ou seja, a partir do advento da televisão como meio de comunicação de massa. Deste modo, o que constitui a cidade (parece-me que ainda fortemente presente no imaginário coletivo), como as referências simbólicas, históricas, arquitetônicas e sobretudo as geométricas deixam paulatinamente de existir.

    Se por um lado a cidade, por conta dos meios eletrônicos de comunicação, sofre um processo de desaparecimento, por outro lado estas mesmas mídias são responsáveis pela "co-produção da realidade sensível na qual as percepções diretas e mediatizadas se confundem para construir uma representação instantânea do espaço, do meio ambiente. A observação direta dos fenômenos visíveis é substituída por uma teleobservação na qual o observador não tem mais contato imediato com a realidade observada. Se este súbito distanciamento oferece a possibilidade de abranger as mais vastas extensões jamais percebidas (geográficas ou planetárias), ao mesmo tempo revela-se arriscado, já que a ausência da percepção imediata da realidade concreta engendra um desequilíbrio perigoso entre o sensível e o inteligível, que só pode provocar erros de interpretação tanto mais fatais quanto mais os meios de teledetecção e telecomunicação forem performativos, ou melhor: videoperformativos" (1993, p. 23).

    Estas reflexões acerca da mediatização dos conhecimentos científicos traz à luz um problema, na minha opinião, dos mais pertinentes, qual seja, da inversão da relação histórica entre ciência e técnica. Em outras palavras, se até há pouco assistimos o desenvolvimento da primeira criar demandas de aperfeiçoamento desta última - processo responsável pela criação dos diversos instrumentos de separação, medição, controle de variáveis, sintetização de substâncias e fenômenos, hoje verificamos o inverso, qual seja, a validação científica, cada vez mais, passa pelo crivo da aferição tecnológica, colocando em segundo plano o papel do pesquisador, bem como o do conhecimento científico acumulado, tendo esta "pós-ciência" como uma de suas principais conseqüências a instauração de uma "guerra pura (intelectual e conceitual) menos afeita à destruição do que à desrealização do mundo, uma 'desrealização' em que a logística científico-industrial suplanta a estratégia político-militar como esta última, há muitos séculos, suplantou a tática de caça ao homem" (Virilio, 1993, p. 32).


III. Algumas perspectivas das teorias sobre o virtual para a Educação/Educação Física

    Estas considerações acima vão ao encontro, do meu ponto de vista, ao que Marilena Chauí (1989, p. 57-58) denominou "discurso competente", que se caracteriza por ser uma mediação entre o indivíduo e a sua experiência de vida. A autora em foco, ao analisar as reformas de ensino no Brasil a partir de 1968, observa que a Educação, a partir de então, transformou "a pedagogia em ciência, o educador em cientista prático (técnico), e o aprendizado em criação de força de trabalho". A prática educativa tornou-se assim excludente por enfatizar a noção de competência: segundo a autora, ela pode ser enunciada a partir da seguinte fórmula: "não é qualquer um que pode dizer qualquer coisa a qualquer outro em qualquer lugar e sob qualquer circunstância" (op. cit., p. 58). Deste modo, a ciência torna-se "elemento de dominação porque é fonte de intimidação", o que terá como consequência a interposição da fala do "especialista" entre "a experiência real de cada um e sua vida". (op. cit., p.58).

    Chauí (op. cit, p. 58) nos fornece alguns exemplos de como acontece esta mediação. "Entre nosso corpo e nossa sexualidade, interpõe-se a fala do sexólogo, entre nosso trabalho e nossa obra, interpõe-se a fala do técnico, entre nós como trabalhadores e o patronato, interpõe-se o especialista das "relações humanas", entre a mãe e a criança, interpõe-se a fala do pediatra e da nutricionista, entre nós e a natureza, a fala do ecologista, entre nós e nossa classe, a fala do sociólogo e do politólogo, entre nós e nossa alma, a fala do psicólogo (muitas vezes para negar que tenhamos alma, isto é, consciência). E entre nós e nossos alunos, a fala do pedagogo".

    Segundo Chauí (1989, p. 59), estes discursos competentes "geram o sentimento individual e coletivo da incompetência, arma poderosa de dominação". As consequências deste processo de intimidação social se circunscrevem na própria manutenção da ordem vigente, o que se expressa em diversas maneiras "anti-democráticas de lidar com o pensamento", das quais a autora cita algumas que considera principais. Destas, gostaria de reproduzir a terceira, que trata da divisão social do saber tecnológico. "Em terceiro lugar, desenvolver um ideal de conhecimento tal que suas divisões internas não sejam determinadas pela própria produção do saber, mas por razões sociais e políticas determinadas, como é o caso, por exemplo, do desenvolvimento tecnológico que conhecemos, elaborado de maneira a excluir de seu conhecimento todos aqueles que deverão ser reduzidos à condição de meros executantes de um saber cuja origem, sentido e finalidade lhes escapa inteiramente".

    Para Virilio (1993, p. 59), esta mediatização do mundo, ao abranger todas as dimensões do humano, afetará também, de maneira já bastante presente, as relações interpessoais, particularmente aquelas tradicionalmente fundadas por laços de vizinhança e comunidade. Neste ponto, o urbanista francês menciona Walter Benjamin quando este afirma, a respeito da reprodutibilidade da obra de arte, haver cada vez mais a necessidade de se possuir o objeto, em sua cópia ou reprodução

    Nesta mesma direção, Carlos Rodrigues Brandão, em texto intitulado "Espaços de Lazer e Cidadania", vai além ao analisar de maneira geral a mediatização das relações humanas a partir da televisão, do telefone e da, naquele momento, emergente Internet. O antropólogo da Unicamp fala-nos de um processo de recastelamento, de medievalização, da vida social urbana. Refere-se à tendência cada vez mais presente das pessoas vivenciarem seu tempo de lazer (acrescentaria que, para alguns poucos, também seu tempo de trabalho) em seus próprios lares, operando computadores, assistindo televisão, falando ao telefone ou, algo ainda não tão difundido mas em crescente expansão, conversando com outras pessoas por meio de correio eletrônico via modem, buscando informações via Internet, etc.

    Assim, estaria havendo um aumento no relacionamento entre o que o autor em foco denomina de "iguais virtuais" de classe e/ou de extração intelectual, que podem estar a distâncias tão grandes quanto a de um país a outro, e portanto sem estabelecerem algum contato face a face, e uma conseqüente diminuição da convivência com pessoas da própria comunidade, vizinhos de rua, etc. "Eu não me relaciono mais com as coisas do mundo, com as cachoeiras, com belezas reais do real, com os pores-de-sol, com aqueles espaços concedidos, sobretudo pela natureza, assim como também não me relaciono mais com as pessoas. Mas, através da invenção tecnológica, posso tê-las, às pessoas e à natureza, repetidamente quantas vezes quiser, e nunca de uma forma pessoal e experimental mas, sim, dentro de uma relação de posse". (Brandão, 1994, p. 28).

    Vemos que, neste ponto, Brandão concorda com Virilio quanto ao sentimento de posse e superindividualização que a interação com a tecnologia suscita. Além disto, vejo com preocupação a crescente substituição da experiência concreta com as pessoas e a natureza, única e especial para cada indivíduo em seu momento de "estar" neste contato, pela sua mediação pela tecnologia, cujos parâmetros e dinâmica de funcionamento são padronizados, e, portanto, em grande parte previsíveis! Isto me faz refletir sobre as colocações de Régis de Morais a respeito de um ensaio de Max Scheler intitulado "O homem e a história". O autor de Estudos de filosofia da cultura sente-se provocado por duas expressões utilizadas pelo ensaísta: que o homem contemporâneo é o desertor da vida e que, sobretudo, se contenta com substitutos do viver. A partir daí, identifica na vivência humana contemporânea elementos que corroboram os dizeres de Scheler, como por exemplo, a estranheza que acomete alguns quando entram em contato com a natureza. "Isto chega, muitas vezes, ao paroxismo de as pessoas irem às praias ou aos campos, mas não se sentirem bem, pois perderam - lá no fundo de si - o gosto pelo natural". (Morais, 1992, p. 58).

    Procurei, até o presente momento, discutir algumas das principais idéias de Pierre Lévy, Félix Guattari, Paul Virilio e Jean Baudrillard, quatro grandes teóricos do movimento contemporâneo de virtualização, bem como trazer a colaboração de autores nacionais como Carlos Rodrigues Brandão e João Francisco Regis de Morais, a respeito da mediatização das relações humanas fomentadas pelas novas tecnologias de comunicação. Comparativamente, o texto de Paul Virilio e Jean Baudrillard, por um lado, e de Pierre Lévy e Félix Guattari, por outro, traz, do meu ponto de vista, a combinação, já mencionada, da crise e da oportunidade.


IV. Considerações finais

    As novas tecnologias de comunicação, abordadas neste trabalho como aceleradoras do movimento geral de virtualização contemporâneo, podem ser interpretadas como potencializadoras da alienação presente no modo de produção capitalista, nas duas esferas da vida humana acima mencionadas. Encontramos esta perspectiva principalmente em autores como Jean Baudrillard e Paul Virilio.

    Mas, como o reverso da mesma moeda, podem se constituir como componentes do processo de produção de subjetividade, através de sua incorporação crítica e criativa. Deste modo, as novas modalidades esportivas, profundamente atreladas às últimas inovações tecnológicas, que por sua vez possibilitaram o desenvolvimento e difusão dos meios eletrônicos de comunicação contemporâneos, devem ser incorporados pelo conjunto da sociedade por se constituírem como resultado de uma produção social, e também por se caracterizarem como uma "exteriorização" da subjetividade, idéia presente nas teorias sobre o virtual de Félix Guattari e Pierre Lévy.

    Parece-me possível vislumbrar, em uma perspectiva utópica, a incorporação das novas tecnologias de comunicação que caminhe na direção da verdadeira democratização do acesso a estes novos recursos informacionais, o que certamente não se restringe apenas a compra de computadores e materiais audiovisuais nas escolas. Eis ai, do meu ponto de vista, a grande contribuição que a Educação/Educação Física pode dar, ou seja, a apropriação das idéias de alguns autores que vêm teorizando sobre o virtual direcionar a evolução do processo em curso.

    Compartilho com Pierre Lévy a idéia de que não devemos raciocinar em termos de impacto, o que traz a reboque o entendimento de que o virtual se opõe ao real, e portanto - conforme pudemos depreender de Jean Baudrillard - levaria a um processo de desrealização. Coloco-me a favor da abordagem de que a passagem do atual ao virtual se constitui como motor do processo de humanização. Deste ponto de vista, as "novas vivências eletrônicas", devem ser incorporadas crítica e criativamente pelo conjunto da população.


Bibliografia

  • BAUDRILLARD, Jean. Televisão/revolução: O caso Romênia. In: PARENTE, A (org.). Imagem máquina: A era das tecnologias do virtual. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993.

  • BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Espaços públicos de lazer e cidadania. Revista "A paixão de aprender". Porto Alegre: Secretaria Municipal de Educação, n. 6, 1994.

  • CHAUÍ, Marilena de Souza. O que é ser educador hoje? da arte à ciência: a morte do educador. In: BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O educador: vida e morte. Rio de Janeiro: Graal, 1989 [a].

  • GUATTARI, Félix. Caosmose: um novo paradigma estético. Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992.

  • LÉVY, Pierre. O que é o virtual. Tradução de Paulo Neves. São Paulo: Editora 34, 1997.

  • MORAIS, João Francisco Regis de. Estudos de Filosofia da Cultura. São Paulo: Edições Loyola, 1992.

  • VIRILIO, Paul. O espaço critico e as perspectivas do tempo real. Tradução de Paulo Roberto Pires. Rio de Janeiro :Ed. 34, 1993.

Outro artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
http://www.efdeportes.com/ · FreeFind
   

revista digital · Año 9 · N° 64 | Buenos Aires, Septiembre 2003  
© 1997-2003 Derechos reservados