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Atividades de aventura na natureza:
investindo na qualidade de vida

   
LEL - Laboratório de Estudos do Lazer
UNESP/Rio Claro
(Brasil)
 
 
Alexander Klein Tahara
Gisele Maria Schwartz

alexipatinga@bol.com.br
 

 

 

 

 
Resumo
    A região de Minas Gerais oferece inúmeras oportunidades de aprimoramento da relação homem-natureza, principalmente por possuir como cenário trilhas, cachoeiras, montanhas, serras, entre outros. O Parque das Cachoeiras e a Cachoeira do Paraíso (ambas localizadas em Ipatinga/MG) são exemplos dessa diversidade de ambientes propícios à aventura e, por esta razão, escolhidas como local para o desenvolvimento da pesquisa, que teve por objetivo central investigar quais as principais atividades de aventura na natureza, usufruídas no âmbito do lazer, bem como, identificar os motivos de aderência, interesses da população e freqüência semanal de prática, em relação a tais manifestações. Tratou-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, desenvolvida por meio da utilização de uma entrevista aberta, como instrumento para a coleta de dados, sendo a amostra constituída por 25 pessoas freqüentadoras desses parques, de ambos os sexos, formação profissional diversificada e idades variando entre 22 e 58 anos. Os dados foram analisados descritivamente e os resultados do estudo evidenciam que as trilhas e o rappel são as atividades mais praticadas. A freqüência semanal foi de 3 finais de semana por mês e, melhorar a qualidade de vida, além da possibilidade de experimentar novos desejos e emoções, foram os principais interesses do público alvo do estudo nestas atividades. Com base nos resultados do estudo, há um significativo envolvimento com estas práticas, evidenciando-se o aprimoramento de níveis qualitativos da existência.
    Unitermos: Atividades de aventura. Natureza. Qualidade de vida.

Resumo apresentado sob a forma de painel (pôster) no III Congresso Internacional de Educação Física e
Motricidade Humana e IX Simpósio Paulista de Educação Física - Rio Claro/2003

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 8 - N° 58 - Marzo de 2003

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Introdução

    A busca pela aventura, pelo desconhecido, longe dos padrões urbanos, tem se mostrado mais frequente ultimamente, quando se percebe o aumento de vivências naturais, presente nas atividades físicas de aventura em contato direto com o meio ambiente natural, no sentido de buscar condições favoráveis à possibilidade de imprimir mais qualidade à vida.

    As relações mantidas entre homem e natureza já vêm sendo discutidas há algum tempo, segundo INÁCIO (1997), nos estudos referentes às várias áreas de conhecimento humano.

    Estes estudos procuram levar em conta a importância de reflexões sobre esta interação humana com o meio ambiente, apontando o compromisso com mudanças de atitudes e valores, que possam interferir positivamente nessa relação (BRUHNS, 1997).

    A potencialidade das vivências em integração com a natureza está associada a uma variedade de aspectos incisivos na aderência a tais práticas, os quais despertam crescente interesse humano, mesmo sob a premissa de existir alguns fatores negativos, entre eles o alto preço dos equipamentos, a dificuldade na locomoção aos melhores centros de prática, entre outros.

    A vivência de atividades intimamente ligadas à natureza, mesmo com estes fatores negativos, vem tornando-se uma nova perspectiva no âmbito do lazer, no sentido do preenchimento da inquietação humana em busca da melhoria da qualidade existencial, especialmente no que tange à área da Educação Física, cujo universo tem se ampliado em direção a novos segmentos de prática, como por exemplo, as atividades físicas de aventura na natureza.

    Sendo assim, é susceptível investir esforços acadêmicos, justificados no sentido de se compreender essas novas tendências, colaborando com a ampliação das reflexões pertinentes à área.

    Isto é, justamente, o que instiga a necessidade desta reflexão, no sentido de investigar os principais interesses na adesão e freqüência a estas atividades, assim como, identificar os tipos de atividades mais praticados, favorecendo um melhor entendimento e compreensão sobre o universo relativo às atividades físicas de aventura em íntimo contato com o meio ambiente natural, gerando indicadores que promovam a implementação de ações concretas, capazes de estimular a qualidade existencial humana.


Revisão de literatura

    É notória a expansão das atividades de aventura e, a escolha por tais atividades, pode ser traduzida pelo desejo de aproximação maior e mais intensa com o meio natural, movido por inúmeros ideais. Os esportes de aventura oferecem a possibilidade de vivenciar sentimentos de prazer, em função de suas características que promovem, inclusive, a ampliação do senso de limite da liberdade e da própria vida, conforme evidenciado nos estudos de TAHARA; SCHWARTZ (2002),.

    As atividades físicas de aventura são dotadas de características consideradas atualmente sob a premissa de "radicais", entre as quais configuram-se o risco, a vertigem e a superação de limites internos e externos, numa busca incessante pelo prazer, pela conquista do "estar livre", fazendo concretizar um ideal de liberdade de vida, e pela satisfação da superação pessoal em vivências significativas, onde os seres humanos, atraídos pelo entretenimento, por emoções e pela oportunidade de aventura, buscam as práticas alternativas e criativas, tais como os esportes radicais, os quais requerem o meio natural como cenário principal para sua realização.

    BRUHNS (1997), a este respeito, acredita que hoje vive-se uma fase complexa, com perdas de valores e estilos de vida, vazio existencial e incômodos permanentes. Busca-se algo desconhecido e indefinido, daí o interesse cada vez maior em tais atividades, as quais estão centradas na aventura e no risco controlado.

    A busca pelo prazer, pela emoção e pela aventura podem representar, na visão de SCHWARTZ (2002), importantes elementos potenciais na perspectiva de alterações de atitudes e valores, características fundamentais ligadas ao hábito destas práticas, capazes de interferir na perspectiva de mudanças de estilos almejada no mundo contemporâneo.

    FEIXA (1995) e TERUYA (2000) apontam a possibilidade de maior presença de estímulos e sensações de prazer nas modalidades em contato direto com a natureza, quando comparadas a outras atividades realizadas em instalações esportivas convencionais, tendo em vista as características apresentadas por tais vivências.

    Aliada à caracterização própria destas atividades, denota-se, também, uma crescente conscientização da necessidade de vivências mais espontâneas e significativas, qualidades inerentes a estas práticas, surgindo uma vontade de fuga da rotina estressante e do caos urbano. Assim, as atividades físicas de aventura estimulam uma integração entre necessidade e prazer, oriundos dos diversos aspectos positivos provenientes das vivências em meio natural (TAHARA; SCHWARTZ, 2002).

    Mesmo com a produção acadêmica crescente sobre estas práticas, embora ainda tímida, muitas inquietações se fazem presentes, acentuando a necessidade de aprimoramento das reflexões acerca da temática em foco.


Objetivo

    A presente pesquisa teve, então, como objetivo central investigar quais as principais atividades de aventura na natureza, usufruídas no âmbito do lazer, bem como, identificar os motivos de aderência, interesses da população e freqüência semanal de prática, em relação a tais manifestações.


Material e Método

    O estudo, de natureza qualitativa, foi realizado por meio de uma pesquisa exploratória, com a qual pode-se penetrar diretamente no universo pesquisado, favorecendo o conhecimento da situação, conforme evidencia RICHARDSON (1989).

    Para o desenvolvimento dessa etapa, foi utilizado um questionário aberto, como instrumento para a coleta dos dados, o qual foi aplicado a uma amostra constituída por 25 adeptos dos diversos tipos de atividades em integração com o meio natural, com idades variando entre 25 e 55 anos, de ambos os sexos e frequentadores do Parque das Cachoeiras e da Cachoeira do Paraíso (ambas localizadas em Ipatinga/MG, Brasil).

    Os dados foram coletados pelo pesquisador e analisados descritivamente, utilizando-se a Técnica de Análise de Conteúdo. Este tipo de análise favorece o foco apenas nas questões mais relevantes para o estudo, representando, assim, uma ótima maneira para descrição, análise, compreensão e classificação de qualquer tipo de processo vivenciado, procurando retratar as questões qualitativas, conforme salienta RICHARDSON (1989).


Resultados

1 - Segundo suas preferências, quais os principais tipos de atividades de aventura mais praticados?

2 - Qual a frequência semanal de assiduidade à prática?

3 - Quais seus principais interesses na prática das atividades de aventura na natureza?


Considerações Finais

    Com base nos resultados do estudo, as trilhas e o rappel são as atividades de aventura mais praticadas na Cachoeira do Paraíso e no Parque das Cachoeiras (Ipatinga/MG/Brasil). A freqüência semanal mais citada foi de 3 finais de semana por mês e, concorrer na tentativa de melhoria dos níveis qualitativos de vida, além da possibilidade de experimentar novos desejos e emoções, foram os principais interesses do público alvo da pesquisa, quando o mesmo realiza atividades em contato direto com o meio ambiente natural.

    Tais práticas, através da experiência significativa por elas proporcionadas, tendem a despertar em seus adeptos sentimentos contemplativos e emotivos, filtrado em desejos e valores, fundamentados numa ética de profundo respeito perante a biodiversidade da natureza. Torna-se possível, com base nos resultados do estudo, reconhecer, de maneira mais facilitada, as potencialidades e abrangência dos níveis qualitativos que a interação humana com o meio natural pode representar.

    Torna-se, desta forma, bastante instigante aprofundar as reflexões sobre estas temáticas, a fim de ampliar as discussões e conhecer melhor o potencial do universo focalizado, no que tange às perspectivas de melhoria dos aspectos qualitativos da existência.


Referências bibliográficas

  • BRUHNS, H. T. Lazer e meio ambiente: corpos buscando o verde e a aventura. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v.18, n.2, p.86-91, 1997.

  • FEIXA, C. La aventura imaginaria. Una visión antropológica de las actividades físicas de aventura en la natureleza. Apunts: Educación Física y Deportes, Barcelona, p.6-8, 1995.

  • INÁCIO, H. L. D. Educação Física e Ecologia: Dois Pontos de Partida para o Debate. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v.18, n.2, p.133-36, 1997.

  • MARINHO, A. Do bambi ao rambo ou vice-versa? - As relações humanas com a natureza. Revista Conexões, Campinas, n. 3, p. 33-41, 1999.

  • RICHARDSON, R. J. Pesquisa Social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1989. 287p.

  • SCHWARTZ, G. M. Emoção, aventura e risco - a dinâmica metafórica dos novos estilos. In: BURGOS, M. S.; PINTO, L. M. S. M. (Org.) Lazer e estilo de vida. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2002, p. 139-168.

  • SILVA, A. M. A dominação da natureza: o intento do ser humano. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v.18, n.2, jan., 1997.

  • TAHARA, A. K.; SCHWARTZ, G. M. Atividades de aventura: análise da produção acadêmica do ENAREL. Licere, v.5, n.1, p. 50-58, 2002.

  • TERUYA, R. M. O lazer nas atividades em integração com a natureza, 2000. 44f. (Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Educação Física) - Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro.

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