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Um estudo inicial sobre esportes de aventura na natureza: o pára-quedismo
José Francisco Grezzana

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 8 - N° 57 - Febrero de 2003

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    Neste sentido, a Educação Física está apta a cooperar para que os cidadãos alcancem seus objetivos de lazer junto ao meio ambiente, facilitando a transferência e a assimilação de novas tecnologias e conhecimentos técnicos, ambientalmente saudáveis e socialmente aceitáveis.

    A Escolha do esporte de risco calculado, o pára-quedismo ou salto de aeronaves, é porque consideramos que poucas atividades possam fornecer um estresse psicológico maior que os saltos de pára-quedas. A partir dessa afirmação, pode realizar-se uma abordagem objetiva de todos os esportes de aventura na natureza, traçando um quadro comparativo entre os níveis de ansiedade que geram os esportes de risco, descritos por seus aficionados como uma prática de alto grau adrenérgico.

    BETRÁN e BETRÁN (1995), em sua taxonomia estabelecem o critério de valorização da sensação. De um lado o prazer, o relaxamento quando se pratica com paz e harmonia e de outro lado, quando causa uma situação de estresse, gera incertezas, definem-na como sensação de risco/vertigem.

    Para COSTA (2000, p.20), risco é objetivo, característico do ambiente externo do indivíduo. Existe independente da percepção ou consciência do sujeito. A incerteza mesmo se eivada de objetividade, apresenta uma forte carga psciológica

    A psicologia do esporte, (CRATTY, 1983), sob o prisma da ansiedade é abordada, através da sua definição etimológica, (ROJAS, 1989) e (ROSAMILHA, 1971), e de seus componentes cognitivo, somático e de autoconfiança, (MARTENS e outros, 1990), os quais são estudados em diversas fases dos saltos de pára-quedistas militares experientes, executados pela equipe Petrobrás Cometa de Salto Livre do Exército Brasileiro e pára-quedistas civis, também experientes, dos Clubes Pato Loco de pára-quedismo, Clube Skydive Broa de pára-quedismo e Skydive Pato Branco Clube-Escola de pára-quedismo.

    A discussão dos resultados obtidos na pesquisa, descrevem, analisam, detalham, as diferenças e igualdades ocorridas entres os grupos nos componentes da ansiedade. Neste contexto, a escala de ansiedade para atletas CSAI-2 é utilizada em pára-quedistas experientes, permitindo a estimativa do nível de desempenho-ansiedade. Os resultados mostraram, ainda que de forma indireta, a hipótese de que esse desempenho-ansiedade se caracteriza por maior nível de ativação, conforme afirma MORAES (1990).

    Neste estudo observamos que civis ficam mais ansiosos que os militares pela diferença significativa ocorrida no nível somático. Esta afirmação está em conformidade com ROJAS (1989), que evidencia os efeitos causados pela adrenalina e condicionada pelas suas descargas, os quais são precedidos por estímulos no sistema nervoso simpático, onde brotam os sintomas físicos (resultados apresentados nas tabelas 34 a 40, onde foram comparados os dois grupos nas várias situações de salto, nos componentes da ansiedade e nos saltos 1 e 2.


Tabela 34: Comparação entre os dois grupos no salto 1, para a situação AI área de instrução.


* Diferença significativa para p<0,05, no componente somático


Tabela 35: Comparação entre os dois grupos no salto 1, para a situação Dc Decolagem.


* Diferença significativa para p<0,05, no componente somático


Tabela 36: Comparação entre os dois grupos no salto 1, para a situação PdS - preparativos para saída do salto.


* Diferença significativa para p<0,05, no componente somático


Tabela 38: Comparação entre os dois grupos no salto 2, para a situação AI área de instrução.


* Diferença significativa para p<0,05, no componente somático


Tabela 39: Comparação entre os dois grupos no salto 2, para a situação Dc decolagem.


* Diferença significativa para p<0,05, no componente somático


Tabela 40: Comparação entre os dois grupos no salto 2, para a situação PdS - preparativos de saída do salto.


* Diferença significativa para p<0,05, no componente somático

    Neste trabalho estão contidos os valores intrínsecos dos esportes modernos e dos esportes de aventura na natureza, os quais querem romper com tudo o que se estabeleceu, procurando entrar numa nova era: a era dos esportes pós-modernos.


Considerações Finais

    Os esportes de aventura na natureza utilizados pelos profissionais de Educação Física estão integrados a uma educação ambiental (CASTILLO e outros,1995) e devem ser dirigidos ao âmbito escolar, os quais determinarão o comportamento do futuro usuário do meio ambiente.

    Finalmente, se os esportes de aventura exigem do praticante grande esforço no sentido dessa capacidade de auto-controle - como constatou-se no estudo realizado com pára-quedistas civis e militares experientes - estima-se, então, que o uso de técnicas intervencionistas podem contribuir para ajudar os praticantes de esportes de aventura na natureza a controlar melhor os seus níveis de ansiedade possibilitando um melhor desempenho.


Referências bibliográficas

  • AGENDA 21: http://www.wen.com.br/~helena ou http://www.mma.gov.br

  • BETRÁN, J.O. y BETRÁN A. O. La crisis de la modernidad y el advenimiengo de la posmodernidad: el deporte y las prácticas físicas alternativas em el tiempo de ocio activo. Apunts Educación Física y Deportes. INEFC, Barcelona, Les Punxes. nº 41, julio 1995. p. 108-123.

  • BETTI, Mauro. A Janela de Vidro: Esporte, televisão e educação física. Campinas, SP: Papirus: 1998.

  • Carta internacional de educação para o lazer. Associação Mundial de Recreação e Lazer (WLRA). Brasília, DF: Sesi-DN, 1995.

  • CASTILLO, D. FAJARDO e FUNOLLET. Necesidad de uma educación ambiental integrada em la práctica de la actividad deportiva em el medio natural. Apunts Educación Física y Deportes: INEFC: Barcelona: Les Punxes: nº 41: julio 1995. p. 53 - 69.

  • COSTA, Vera Lúcia de Menezes. Esportes de Aventura e Risco na Montanha: Um mergulho no imaginário. São Paulo, SP: Manole: 2000.

  • CRATTY, B. J. Psicologia no Esporte. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1983.

  • DIAS, J.C. e outros. Níveis de ansiedade de pára-quedistas militares iniciantes. Revista de Educação Física. CCFEx / FSJ, nº 123, 2º semestre, 1998. p. 14-22.

  • LYKKEN, L. Família do barulho: Neto e filho de aventureiros, Beertrand

  • Piccard dá a volta ao mundo num balão. Revista Veja: Edição 1591: ano 32: nº 13: março 1999. p. 64 - 65.
  • MARTENS, R., BURTON, E. D. & VEALEY, R.S. Competitive anxiety in sport. Champaign, Human Kinetics, 1990.

  • MORAES, L. C. Ansiedade e Desempenho no Esporte. Revista Brasileira de Ciência do Movimento. v. 04, Nº 02, 1990. p. 51-56.

  • OLIVEIRA, M.K. Vigotsky: Aprendizado e Desenvolvimento - Um Processo Sócio-Histórico. São Paulo, SP: Scipione: 1993.

  • PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Educação Física: ensino fundamental. Brasília: MEC/SEG, 1997.

  • ___________. Educação Física: ensino médio. Brasília: MEC/SEG, 1999.

  • PENTEADO, Heloísa D. Meio Ambiente e Formação de Professores. Questões da Nossa Época. Vol. 38. São Paulo, SP: Cortez, 1994 p. 16.

  • PIAGET, J. : Psicologia e Pedagogia: Tradução por Dirceu Accioly Lindoso e Rosa Maria Ribeiro da Silva. Rio de Janeiro: Florense, 1970. p.182: Tradução de Psychologie et pedagogie.

  • ROJAS, Enrique. A Ansiedade: Como superar o estresse, as fobias e as obsessões. Tradução por Fábio Fernandes da Silva. São Paulo: Mandarim, 1997.

  • ROSAMILHA, Nelson. Psicologia da Ansiedade Infantil. São Paulo, SP: Pioneira: 1971.


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