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O sistema de formação esportiva e as possibilidades de ação
para o desenvolvimento do Tênis de Mesa Mineiro
(Uma Proposta da Direção Técnica da Federação Mineira de Tênis de Mesa - FMTM)
Luiz Henrique Porto Vilani

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 5 - N° 28 - Diciembre de 2000

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    Entendemos que descentralizar as atribuições técnicas da FMTM, poderia trazer grandes transformações iniciais em nosso atual sistema, uma vez que os coordenadores já conhecem os interesses, as necessidades e as possibilidades de cada região, logo, poderiam assessorar a FMTM, sobre as demandas regionais de ações e medidas a serem tomadas para o desenvolvimento da modalidade. Além disto, estes eventos teriam um retorno financeiro para a FMTM, de uma certa porcentagem que seria recolhida em cada torneio, mas que deveria ser repassada inicialmente à coordenação regional para investimentos na própria região (geração de recursos financeiros).

    Esta seria simplesmente a medida inicial para absorvermos futuramente a provável demanda e necessidades consequentes do cumprimento de nossa missão, que estaria ligada à parcerias e convênios dentro da estrutura político-institucional.

4.3 - Das Parcerias, Convênios, Projetos e Suas Possibilidades

    É fundamental considerarmos dentre outros aspectos, que quando estamos dispostos a elaborar um projeto qualquer para o desenvolvimento do esporte, a reflexão sobre as bases legais, os objetivos e interesses institucionais de ambas as partes, as possibilidades de uma ação em conjunto, as oportunidades, ameaças, forças e fraquezas, serão fundamentais para desenvolvermos nosso plano de ação dadas nossas possibilidades e riscos de alcançar as metas, etc. Estes são aspectos básicos que devem ser cuidadosamente analisados.

    Considerando-se a Estrutura Político-Institucional como pilar base de sustentação da ação das demais estruturas, não podemos deixar de investir no estabelecimento de vínculos que possam vir a facilitar e somar positivamente no desenvolvimento do esporte.

    A idéia de regionalizar a Direção Técnica via as coordenações, parte de um princípio, que engloba uma estratégia de estabelecermos vínculos com o maior número de instituições possíveis para otimizarmos a captação de recursos (Técnicos, financeiros, etc.) que jamais seria possível se estabelecer mediante apenas um restrito número de profissionais envolvidos neste contexto, como acontece no atual sistema administrativo da maioria das modalidades esportivas.

    Assim, voltamos à análise da Estrutura Político-Institucional, sob uma ótica mais prática. Inicialmente, citaremos o exemplo do INDESP, onde, mediante um Plano de Trabalho e Cadastro da Instituição e do Dirigente, qualquer instituição da esfera administrativa federal, estadual, municipal, não governamental e organismo internacional de natureza filantrópica ou não, pode se cadastrar e apresentar projetos característicos de recursos consignados ou não, que abrangem uma solicitação de recursos para fins de construção, ampliação, recuperação/reforma/adaptação, aquisição de equipamentos, cooperação técnica, bolsa de estudo, documentação/informação, capacitação de recursos humanos, evento, desenvolvimento tecnológico, material didático desportivo ou outros a se especificar. Tais projetos devem estabelecer sua área de atuação no desporto educacional, desporto para portadores de deficiência, desporto de rendimento, desporto de identidade cultural, assistência ao atleta, comunidade assistida e administração e marketing. Ou seja, há uma ampla possibilidade de elaboração de bons projetos que possam ser aceitos e gerar recursos para o desenvolvimento do esporte. Este plano de trabalho, também é possível de se estabelecer na administração estadual via Secretaria Estadual de Esportes - MG, SEESP e Secretarias municipais via os órgãos competentes sobre o esporte, dadas exigências específicas, mas que de forma geral assumem esta mesma conotação exemplificada através do INDESP.

    Portanto, estabelecendo-se ciclos menores limitando-se a uma estratégia gradativa, temos como principal objetivo criar uma estrutura básica que deverá ir crescendo e se encorpando aos poucos até tomar uma dimensão maior que possa adequar-se e realmente justificar a obtenção de recursos estaduais e ou nacionais para o desenvolvimento do esporte. Voltando-se para um exemplo, podemos descrever uma situação do desenvolvimento do Tênis de Mesa nas escolas, onde dificilmente conseguiremos créditos em uma grande proporção via INDESP ou SEESP/MG, se não tivermos uma estrutura mínima. Ou seja, se tivermos como pretensão organizarmos um evento escolar dentro de um projeto esportivo-pedagógico que busque envolver um grande número de escolas, esbarraremos na falta de condições e interesses das próprias escolas. Entretanto, se elaborarmos um projeto de divulgação da modalidade nas escolas, poderíamos abordar regionalmente através de diversas vias, como marketing de um clube filiado à FMTM, patrocinadores da Coordenação Regional que tenham interesse em divulgar sua marca no segmento escolar, plano de trabalho junto à secretaria de esportes e/ou educação do município, dentre outros que em menores proporções poderiam gerar o interesse necessário e estabelecer uma estrutura mínima que somada ao mesmo trabalho em outros municípios poderia atingir uma grande dimensão que possa despertar o interesse estadual e criar a devida demanda de investimento em nossa modalidade.

    É importante ressaltar, que estamos apenas citando exemplos e possibilidades gerais, ou seja, há ainda uma enorme possibilidade de se captar recursos com entidades privadas de assistência social, dentre outras que possam se interessar por projetos que demonstrem profissionalismo e viabilidade de sucesso. Acreditamos na competência e no potencial do estado de Minas Gerais para se configurar como um dos principais destaques no cenário nacional e internacional.

    A base para iniciarmos um trabalho de alta qualidade e sucesso, é elaborar um planejamento estratégico geral da FMTM, com a flexibilização para os planejamentos estratégicos Regionais onde estabeleceremos as primeiras metas de ação para que possamos desenvolver um trabalho de alto nível profissional no desenvolvimento do Tênis de Mesa mineiro.


5. Estrutura básica de funcionamento da direção técnica da FMTM

5.1- Organograma FMTM

    A organização necessária para alcançarmos nossos objetivos, baseia-se em uma relação hierárquica partindo da necessidade da coordenação de todas ações por parte da presidência da FMTM, para as diretorias subordinadas e finalmente as Coordenações Técnicas Regionais. Cada um destes setores deverão estabelecer os devidos vínculos e relações com as instituições destacadas na Figura 3, onde as linhas indicam as responsabilidades de estabelecimento de contatos e vínculos de cada uma estrutura.

5.2 Mapa Regionalizado

    Cada município interessado na prática da modalidade estaria vinculado ao Sistema Técnico da FMTM via o Coordenador Regional. Dependendo da demanda, algumas destas regionais seriam subdivididas como por exemplo a Região Sul onde: Itajubá e Poços de Caldas constituem-se grandes centros da prática do Tênis de Mesa, logo a região seria dividida em outras duas Sul 1 e Sul 2, cabendo um coordenador técnico para cada uma destas por exemplo. Caso isto ocorra em outras regiões, estaremos abertos a novas coordenações, delimitando é claro, para um controle mais efetivo, um número máximo de 10 regionais.


6. Conclusão

    O Sistema de Formação Esportiva envolve estruturas altamente complexas, que vão desde questões políticas a pedagógicas, passando por meios biológicos, psicológicos, sociais e filosóficos. Controlar estas estruturas, significa minimizar as diversas variáveis que envolvem o treinamento esportivo maximizando assim, o rendimento.

    A proposta da FMTM, envolve um profundo estudo de todas estas variáveis, visando o amplo desenvolvimento do Tênis de Mesa mineiro. Entretanto, esperamos dar o passo inicial para iniciarmos um processo de transformação de todos os estados brasileiros. Criar condições para reflexões, criações e adaptações, ao invés de simples reproduções de "receitas" de bons modelos de desenvolvimento do esporte, é o caminho ideal para este processo. Cada estado, possui suas características, estrutura, cultura e condições. É necessário estudar e analisar cada caso para se fazer uma proposta. Entendemos que, o conceito do SFE é básico, mas sua aplicação depende justamente de uma análise específica e detalhada das condições, potenciais, possibilidades, necessidades, etc. para estruturar de forma adequada o esporte estadual à efetividade do SFE.

    Assim, acreditamos que Minas Gerais deve servir como a espoleta para acionar uma imensa explosão de iniciativas conscientes e bem fundamentadas, que possam fazer parte da somatória das forças do desporto nacional em um processo bem direcionado pela CBTM, que enquanto estrutura do SFE, têm cumprido seu papel para o engrandecimento do Tênis de Mesa nacional. A constante avaliação deste processo, bem como os mecanismos de controle e ajuste são fundamentais para a consolidação de um trabalho de alto nível.

    Esperamos que a neutralidade seja o fator preponderante neste sentido, uma vez que ceder aos interesses de terceiros em detrimento dos esforços voltados para o todo, é como regressar à etapa zero, ou seja, é como se estivéssemos vendendo o potencial desenvolvimento de nosso esporte de forma democrática e eficaz, não fazendo distinção de nenhum estado, clube ,etc. em prol de uma única instituição, seja uma empresa, clube, etc.

    Esperamos que a presente proposta sirva pelo menos para uma maior reflexão das pessoas envolvidas, mais que isto, das pessoas efetivamente engajadas no desenvolvimento do nosso esporte, uma vez que sabemos que há divergências em vários ideais e setores do Tênis de Mesa nacional, mas pensar em meios alternativos de administração, e propostas concretas de transformação, é o mínimo que podemos fazer para alcançarmos um alto nível internacional de fato, e não através de exceções.


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